sexta-feira, 1 de maio de 2020

Pulsar - Halloween (1977)


Um dos grandes erros no rock é restringir em poucos países a sua importância e protagonismo e um dos argumentos é a questão quantitativa, o argumento de quem tem mais bandas surgindo nos Estados Unidos, Itália, Alemanha, Inglaterra, levando-se em conta, a música progressiva, por exemplo. O mercado fonográfico segue essas “tendências”, consolidando-as, em detrimento de outros tantos países que, apesar de apresentar desvantagens quantitativas não ficam atrás no quesito qualidade. 

Mas uma das poucas vantagens que se atribui aos dias contemporâneos que essa máxima, aos poucos, está caindo por terra, pois ferramentas de comunicação, tais como as redes sociais e internet faz com que as bandas obscuras e de centros poucos tradicionais surjam graças a abnegados fãs que as disseminam. É preciso globalizar a cena, principalmente a do rock progressivo, que não é tão popular atualmente, trazendo à tona bandas de países que não estão no topo da moda, as fronteiras não devem existir nesse caso. 

Então a próxima parada é na França com uma das bandas mais legais de rock progressivo daquele país chamada PULSAR. A banda foi formada em Lyon, em 1971 e o seu som, nos primórdios, tinha uma vertente mais psicodélica, experimental, bem viajante, que lembra o Pink Floyd e King Crimson. 

A formação original tinha os seguintes músicos: Jacques Roman (órgão, piano, sintetizador), Victor Bosch (bateria, percussão), Gilbert Gandil (guitarra, voz) e Philippe Roman (baixo), mas faltava algo, então eles recrutaram o flautista e músico de cordas Roland Richard. 

Pulsar

Em 1974 foi lançado seu debut, o belo álbum “Pollen”. Foi aclamado pela crítica especializada, apesar das baixas vendas e traz essa proposta que marcou a sua fundação. A visibilidade veio com o segundo álbum, “The Strands Of The Future”, tendo mais sucesso, com vendas superiores a 40.000 cópias, mas que seguia basicamente a proposta do primeiro álbum. 

"Pollen" (1975)

"The Strands of Future" (1976)

Mas a virada veio com o terceiro álbum, alvo desta resenha, chamado “Halloween”, de 1977. A banda passou a cantar em inglês com a nítida intenção de ganhar mais e novos mercados e mostrou um Pulsar mais maduro, com uma sonoridade mais particular e própria, arrojada, ousada, um rock progressivo sinfônico atípico, mais sombrio, soturno, obscuro, levando em conta que a presença da influência do Floyd e Crimson ainda esteja em evidência, mas com a cara e a concepção do Pulsar. 


A banda ainda estava em turnê divulgando o ótimo álbum “The Strands Of The Future” quando começaram a desenhar a concepção de “Halloween”. Apesar do sucesso de vendas de “The Strands of The Future”, o seu contrato com o selo Kingdom Records foi expirado e o mesmo não fora renovado.

Então assinaram contrato com a CBS, que logo incentivou a banda a escrever o material novo, nascendo o “Halloween”. Portanto, a banda trocou seu baixista, assumindo o instrumento Michel Masson e em seguida se mudando para uma fazenda nas montanhas da região de Savoy, onde a maior parte de seu trabalho fora escrito. 


Foram para o Aquarius Studios em Genebra com o ex-Yes Patrick Moraz ajudando na produção de “Halloween". É notório que este álbum foi o trabalho mais audacioso e ambicioso do Pulsar, tornando-o um dos mais importantes da história do rock progressivo francês e diria do mundo, sem dúvida alguma.

A formação da banda neste álbum consistia em: Jacques Roman no sintetizador, teclado e mellotron, Victor Bosch na batería e percussão, Gilbert Gandil na guitarra e vocal, Roland Richard no piano e flauta e Michel Masson no baixo. 

O álbum abre com "Halloween Parte I" com cerca de vinte minutos de duração abre com a voz de um menino muito aguda, introduzindo o ouvinte a uma música viajante e extremamente visceral no que tange a sua beleza, com ondas de mellotron, flautas e violão tocado delicadamente em uma atmosfera hipnótica e bela. Sons melancólicos, sintetizadores ao som de space rock e levadas sinfônicas são ouvidas nessa faixa, nos remetendo a abordagens floydianas e do velho King Crimson, sem contar com a viagem orquestral dirigida pelo mellotron. Excelente faixa!

"Halloween Part I"

“'Halloween Parte II'” tem mais ou menos a duração da faixa anterior. A diversidade sonora ainda se faz presente nesta faixa com adição de saxofone, violino e flauta, oferecendo também a levada space rock mesclado a um sinfônico bem elaborado e marcado. Percebem-se também linhas melódicas e harmônicas excepcionais tendo o vocal um grande destaque. 

"Halloween Part II"

“Halloween” mostra o ápice de uma banda que, a cada álbum que lançou, foi ganhando corpo e substância sonora, apresentando neste trabalho uma linha melódica incrível se tornando um álbum altamente recomendável. Um álbum introspectivo, cênico, com viés assustador, sombrio, mas deliciosamente sereno. 





A banda:

Jacques Roman no sintetizador, teclado e mellotron,
Victor Bosch na batería e percussão,
Gilbert Gandil na guitarra e vocal
Roland Richard no piano e flauta
Michel Masson no baixo

Com:

Sylvia Ekström (voz da criança na introdução da primeira faixa)
Jean-Louis Rebut  no vocal
Jean Ristori no cello e engenheiro
Xavier Dubuc nas congas


Faixas:

1 - Halloween Part I:

A - Halloween Song
B - Tired Answers
C - Colours of Childhood
D - Sorrow in My Dreams

2 - Halloween Part II:

A - Lone Fantasy
B - Dawn Over Darkness
C - Misty Garden of Passion
D - Fear of Frost
E - Time




"Halloween" (1977)






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