sexta-feira, 26 de abril de 2024

Finch - Glory of the Inner Force (1975)

 

A cena progressiva holandesa é definitivamente prolífica! Embora pareça uma afirmação tola eu estou descobrindo-a a cada banda que tenho conhecido nesses últimos meses, anos.

Não há como se estabelecer na vasta e brilhante discografia do gigante Focus. Lamentavelmente grande parte das bandas não atingiram o êxito comercial do Focus, sendo difícil destas chegarem aos ouvidos dos fãs.

A não ser que os fãs sejam ávidos por desbravar, por conhecer bandas obscuras, que trafegam na escuridão do underground e que difundem, por intermédio dos mais variados veículos de comunicação, tais bandas, fazendo com que estas saiam do mais profundo ostracismo.

E a banda de hoje se enquadraria no grupo dos subestimados, não sendo apenas uma banda obscura, alternativa, pouco conhecida. Parece que um complementa o outro. Se é esquecida, logo incorre no risco de ser ruim, porque ainda aliam a falta de sucesso a qualidade sonora da banda.

Falo do FINCH. O nome, confesso, me parece ser bem, digamos, atípico. Em tradução livre significa “passarinho”. Não sei se os caras do Finch eram ornitólogos ou tinham algum apreço especial pelos pássaros, mas o fato é que a banda foi batizada com esse nome. Reza a lenda que o baixista fundador da banda, Peter Vink, alegou que a tradução de seu sobrenome, em inglês, era “Finch” e assim batizou o nome da banda.


Finch

Além de Peter Vink, no baixo, a banda contou, na sua formação inaugural com o forte apoio do virtuoso guitarrista Joop Van Nimwegen, Paul Vink, nos teclados e Beer Klaassena bateria. O Finch teve uma vida curta, saindo precocemente da cena progressiva sem deixar rastros, gravando também pouquíssimos álbuns, com três trabalhos, lançados entre 1975 e 1977, sendo formada em 1974. O álbum que falarei é o seu debut: “Glory of the Inner Force”, de 1975.

Mas antes de falar nesse petardo cheio de energia e entusiasmo instrumental, falemos no embrião do Finch que, como muitas outras bandas, surgiu das cinzas de outras bandas e geralmente com “pequenas tragédias”.

A banda se chamava Q65. O Q65 estava estabelecido na cidade de Haia Het Paard. Peter Vink era o baixista e Klaassen Beer era o baterista. Quando a banda acabou, ambos os músicos decidiram ficar juntos e criar em novo projeto chamado KJOE. Além deles ingressou o vocalista Johnny Fredericks e o guitarrista Frank Nyuyens. O último não ficou por muito tempo porque na época quebrou o braço e foi substituído Ronnie Mayer.

O KJOE tocou em vários clubes durante as noites, as madrugadas. Claro que bandas novas era sempre mais difícil conquistar espaços maiores, públicos e o caminho foi muito tortuoso, até que Ronnie Fredericks abandonaram a banda para tocar em bandas já estabelecidas.

O prejuízo aumentou. O KJOE precisava de recrutar novos músicos. Audições foram feitas com vários músicos, até que Vink e Beer descobriram um garoto de 19 anos chamado Joop Van Breukelen Nimvegen, tido atualmente como um dos mais influentes guitarristas da Holanda, que adorava jazz, blues e art-rock.

Joop Van Breukelen Nimvegen

Muito técnico e rápido o jovem logo ocupou o cargo de guitarrista da banda. O KJOE passou a ensaiar como um trio, quando Clem Determeijer assume a vaga de tecladista da banda. Convém ressaltar que Clem substituiu Paul Vink nos teclados, antes do lançamento do primeiro álbum já com o nome “Finch”.

O conteúdo instrumental foi tão bom, os ensaios surtiram um efeito tão positivo que decidiram ficar sem vocalista. Essa decisão não foi aleatória, mas tinham a intenção de focar, aprimorar a sua estrutura instrumental. Eis o embrião do Finch. Em 1974 a banda decide mudar de nome trazendo “Finch”.

A EMI holandesa estava disposta a investir em bandas novas de rock progressivo, afinal, era meados dos anos 1970 e o estilo estava um tanto quanto em alta e repassou recursos para o selo local, a “Negram” e a nova banda Finch estava à disposição para ser reparada e conseguiu, assinando contrato em 1975.

As gravações foram realizadas em apenas três dias, afinal custava caro bandas novas ficar muito tempo em estúdio, no “Intertone Studios”, em Heemstead, mixando e masterizando nesse período, com a produção de Roy Beltman e engenharia de Pierre Geoffroy Chateu. Assim nasceu “Glory of the Inner Force”.

Há apenas quatro faixas, mas o suficiente para impor virtuosismo, intensidade e muita energia. São composições dignamente empolgantes, com interações incríveis entre os músicos e seus instrumentos, tendo como sustentáculo os teclados e riffs e solos catárticos de guitarra, em uma espécie de salutar duelo entregando um progressivo sinfônico carregado de complexidade, mas muito orgânico.

São realmente performances bombásticas onde arrisco dizer que há peso nas composições, com um Finch calcado no hard rock. Algo um tanto quanto atípico ver, ou melhor ouvir, um progressivo sinfônico com tamanha originalidade tendo no peso e na energia o seu viés sonoro.

Enquanto algumas bandas holandesas flertavam com a improvisão o Finch trazia elementos mais complexos, técnicos ao seu som. Em “Glory of the Inner Force” tudo parece estar meticulosamente no lugar, mas ainda assim não soa mecânico ou sem vida, muito pelo contrário, é uma música cheia de vivacidade, de um virtuosismo orgânico.

Adicione ao combo prog sinfônico e pitadas de hard rock, a pegada jazzística, jazz rock e fusion, em um caldeirão improvável e fantástico de um rock n’ roll enérgico e poderoso. É definitivamente algo solar neste trabalho inaugural do Finch.

E sem mais delongas vamos destrinchar faixa a faixa e não se enganem, caros e estimados leitores, são longas faixas que, diante dessa energia instrumental, não se torna nem um pouco enfadonha.

E começa com “Register Magister”! Aqui a composição, além de intensa, vívida e bombástica, traz muita inspiração, com o fogo do hard rock com a sofisticação do jazz rock, com riffs de guitarra, solos mais diretos, porém atraentes e inspiradores. Outro detalhe e que detalhe navega nas intensas variações e reviravoltas sonoras que definitivamente é e tirar o fôlego. É incrível o humor e o ritmo impresso na sonoridade dessa faixa. Ah não podemos negligenciar o prog sinfônico presente, com linhas cavalares de baixo. A “cozinha” nessa faixa é magistral.

"Register Magister"

Segue com “Parodoxical Moods” já te cativa com um mellotron assustador, avassalador que propicia as “travessuras” de guitarra de Joop. Aquele clima salutar de duelo tão presente em todo o álbum. Mas o melhor estaria de por vir, com um solo incrível de órgão com a cortesia de Determeyer. São compassos rápidos e loucos, algo atípico demais para um prog rock sinfônico que alternam em seções lentas, por vezes temperamentais que saltam sem forçar para os momentos mais animados. Não preciso dizer, com isso, das lindas alternâncias rítmicas.

"Paradoxical Moods"

E agora vem a majestosa “Pisces”, que pega um pouco mais leve nos andamentos, mas não foge muito à proposta estrutural do álbum. Aqui se, evidentemente, o frenesi das teclas com solos mais longos e a guitarra apenas dando uma textura, com o trabalho mais eloquentes da “cozinha” com uma levada mais jazz rock.

"Pisces"

E encerra com “A Bridge to Alice” que inicia mais soturno, sombrio, com um baixo mais pesado e bateria marcada. Riffs de guitarra são ouvidos e corroboram o peso da faixa. O peso “rivaliza” com passagens mais jazzísticas constatando as já percebidas, em todo álbum, variações rítmicas.

"A Bridge to Alice"

“Glory of the Inner Force” teve alguma repercussão pela imprensa local, não apenas pelos veículos especializados, mas pela mídia holandesa ampla, sendo, alguns meses depois sendo lançado nos Estados Unidos pela ATCO Records (subsidiária da Atlantic), onde impressões positivas também pipocaram, afinal, não era para menos, tratava-se de um excelente e arrojado álbum. Em 1994 o álbum foi relançado, sendo remasterizado por Peter Vink com a inclusão de duas faixas bônus: “Colossus Part I” e “Colossus Part II”.

O Finch lançou o seu segundo álbum, em 1976, chamado “Beyond Expression” e no ano seguinte traria ao mundo seu terceiro e último álbum de estúdio o “Galleons of Passion”, de 1977. A banda encerrou as suas atividades, precocemente, em 1978 sem deixar rastros.

"Beyond Expression" (1976)

"Galleons of Passion" (1977)

O Finch traz uma sonoridade complexa, com temas inspirados e arrojados e de extremo bom gosto, mas sem deixar de lado a presença humana, orgânica de seus músicos. “Glory of the Inner Force” traz quatro faixas que são primordialmente músicas de um hard prog sinfônico. São músicas densas, fortes e técnicas, sobretudo.

A conclusão que se tira desse excelente trabalho do Finch é de um trabalho múltiplo de vertentes do rock n’ roll recheadas de surpresas mais do que agradáveis, com evoluções técnicas e orgânicas que faz dessa obra, apesar de alternativa, uma das mais importantes da Holanda. Definitivamente trata-se de uma pérola mais do que recomendada!



A banda:

Joop Van Nimwegen nas guitarras elétricas e acústicas

Cleem Determeijer no piano de cauda, ​​piano honky tonk, piano elétrico, órgão Hammond, Mellotron, sintetizador Arp Pro-Soloist

Peter Vink no baixo, pedais de baixo

Beer Klaasse na bateria

 

Faixas:

1 - Register Magister

2 - Parodoxical Moods

3 - Pisces

4. A Bridge to Alice


"Glory of the Inner Force" (1975)


 






 











 










quinta-feira, 11 de abril de 2024

Astaroth - Satanispiritus/Lady of the Moon (1975)

 

O cheiro do mofo nunca foi tão agradável! Esse tom de mistério, de empoeirado, de obscuro e quiçá, para meu deleite, oculto, é o que de mais delicioso pode proporcionar aos que, evidentemente, apreciam.

Quando ouvimos determinadas bandas e/ou músicas temos a nítida impressão de que é primitivo, cru, diria sujo, desafiador, indulgente e underground, sobretudo.

É por isso que esse blog, reles e humilde, existe! Para trazer à luz sonoridades totalmente marginalizadas pelo ostracismo, pela indústria fonográfica, inclusive pelos fãs de rock n’ roll.

E em uma de minhas incursões pela grande rede descobri uma banda que sequer lançou um álbum, nada oficial, apenas alguns singles que poderiam delinear o que não aconteceu, um “álbum cheio”. Falo da banda ASTAROTH.

Não negarei, caros e estimados leitores, que o nome me atraiu de imediato, afinal, nomes de demônios em bandas de rock são uma ode às audições de occult rock ou no mínimo um tempero a algo, digamos, pouco ortodoxo.

E de fato a sua sonoridade é típica de uma vertente esquecida e vilipendiada pelo rock n’ roll, tornando um gueto lá nos longínquos anos 1970, em seu início, mas não se enganem porque hoje, mais precisamente no início das décadas de 2000, o occult rock ganhou alguma visibilidade, dando a algumas bandas alguns prêmios do mainstream, como a sueca Ghost, por exemplo.

O que atualmente é sucesso, visível, graças a impulsos como as redes sociais, por exemplo, tudo era obscuro no passado distante, dando a bandas como o Astaroth, por exemplo, o título de desbravadoras do estilo.

Mas voltando ao passado o Astaroth surgiu na proeminente Detroit, Michigan, que testemunhou o nascimento de bandas agressivas e pesadas, como o MC5 e Stooges, tidas como os precursores do punk rock. Não me surpreenderia que o Astaroth, mesmo tendo lançado apenas um single com duas faixas, não tenha absorvido a aridez do som de um local igualmente tenso com as suas construções fabris.

Um som primitivo, um garage rock que corrobora a sua condição obscura, marginal, suja e perigosa que faz do som do Astaroth, sobretudo para a sua época, algo original e pouco palatável para os conservadores da indústria fonográfica e também de alguns pseudo fãs de rock.

E falando em tempo, há, para variar, uma dúvida quanto ao surgimento do Astaroth na cena rock. Há que diga que o lançamento de seu single, de nome “Satanispiritus/Lady of Moon”, teria sido em 1968 ou em 1975. Caso a primeira informação seja confirmada a importância dessa banda é gigantesca, levando em conta que são os primórdios do occult rock, juntamente com bandas do naipe de Coven, por exemplo.

As poucas fontes de informação espalhadas pela grande rede dão conta de que o lançamento desse trabalho, totalmente “artesanal”, se deu no fim dos anos 1960 e outros em meados da década de 1970, 1968 ou 1975, respectivamente. Então fiquemos com esses dois anos, porque são emblemáticos para a história da música pesada. 

Se considerarmos que o seu single foi lançado em 1968, pode-se dizer que é um dos pioneiros do occult rock e se foi concebido em 1975 certamente serviu de referência para o heavy metal. O fato é que esse single, mesmo raro e obscuro, ao ouvi-lo nos remetemos a esses fatos históricos da música pesada.

Ao ouvi-lo, se me permitem às “licenças poéticas”, me parece ser da transição dos anos 1960 para os anos 1970, pois é pouco polido no que tange a produção, tendo ainda “nuances” de psych rock, típico daqueles anos. Essa carga misteriosa definitivamente faz desse trabalho, convenhamos, algo singular.

“Satanispiritus/Lady of Moon” foi lançado originalmente pelo selo Adesta Records e relançado duas vezes pela Unseen Forces em 2011 e depois em 2015, com tiragem de 300 cópias, sem nenhuma atração, sem nenhum bônus o que reforça que a banda nada produziu depois desse single com as duas faixas já mencionadas, o que é triste para nós, pobres mortais sedentos por occult rock esquecido.

E falando do single e de suas apenas duas faixas, podemos dizer que entrega um rock pesado, um hard rock garageiro com elementos de hard rock e de um heavy metal antigo, de vanguarda, com texturas psicodélicas e de efeitos que dão um toque sombrio e temperamental. Aos que apreciam hard rock, occult rock e um heavy rock recomendo ouvir o quanto antes, sem pestanejar.

Então vamos às faixas, dissecando cada uma delas! A primeira, do lado A, é a “Satanispiritus” que começa turbulenta, pesada, agitada e, apesar do conceito lírico sobrenatural, a banda entrega uma música viva e alegre que parece se aproximar mais do proto punk do que o proto metal, pelo menos é a minha primeira impressão, mas traz as nuances típicas do hard rock e até o heavy rock. É rápida, barulhenta, com letras malignas e bem cativante, absurdamente alta para meados dos anos 1970 e principalmente para o fim dos anos 1960.

"Satanispiritus"

O lado B conta com a faixa “Lady of Moon” que é mais excêntrica e mais oculta ainda, o típico, mas indefectível som do occult rock! Uma balada tensa, que traz medo e apreensão, alo teatral na voz, os instrumentos dão toda a textura para essa atmosfera soturna e depois vai ficando mais agitada, mas cadenciando para o psych rock, algo como The Doors é percebido, mas nunca fugindo à sua proposta estranha e com doses cavalares de suspense.

"Lady of the Moon"

A título de curiosidade uma banda, formada recentemente, de Portland, chamada Disenchanter fez um cover “Satanispiritus” e está em uma compilação chamada “Doomed and Stoned in Portland Volume 2”, além de outra versão tocada por outra banda de nome Dead Sentries.

Disenchanter - "Satanispiritus"

Pode parecer incerto ou informações vazias que careçam de confirmação, mas confesso que gosto do mistério que cerca esse álbum, na realidade esse single, afinal para que sempre ter as respostas o tempo todo quando nós temos o que de melhor pode ser proporcionado: a música, a música de qualidade! Reza a lenda também de que a banda seria nova e que a gravação foi conduzida meticulosamente para parecer “vintage”. O fato é que gosto de pensar que Astaroth é uma banda sobre a qual nunca saberemos mais e que ficará da obscuridade.


A banda:

Não creditada

 

Faixas:

1 - Satanispiritus

2 - Lady of the Moon



"Satanispiritus/Lady of the Moon" (1975)









 







quinta-feira, 4 de abril de 2024

Lily - “VCU (We See You)” (1973)

 

Nem tudo é o que parece ser ou não julgue o livro pela capa. Certamente você já proferiu ou ainda ouviu esses termos, essas frases que já caiu no dito popular alguma vez na sua vida.

Não se enganem meus caros amigos leitores, tais frases também se aplicam na nossa famigerada e adorada música marginal, o bom e velho rock n’ roll. Quantas vezes, em um primeiro contato, olhamos para a capa de um álbum e não gostamos de que vemos, mas, quando nos colocamos a ouvir nos surpreende por completo?

A banda que apresentarei hoje é um exemplo clássico de que a imagem pode gerar rejeição, estranheza, mas ao ouvir, traz aquele impacto catártico que te deixa gloriosamente surpreendido.

E eu a conheci por intermédio de alguns abnegados amigos que também apreciam as obscuridades do rock em um momento de celebração, de festa e regado a música que teimava em tocar na vitrola.

Quando apresentaram a capa, com músicos trajados de uma roupa extremamente espalhafatosa, coloridas, de rostos pintados, parecendo ter surgido do movimento glam rock e logo pensei ser um álbum de glam metal de meados dos anos 1980 e fui taxativo: Não vou gostar!

Perguntei ao meu amigo que trouxe a novidade e ele disse: “Essa banda é alemã e se chama LILY e o seu álbum é de 1973! Aquilo me veio como uma bomba de injeção de ânimo para ouvir aquele álbum estranho e incomum. Afinal o meu “humor” mudou radicalmente quando ele falou se tratar de uma banda alemã do prolífico ano de 1973.

Lily

Nos colocamos a ouvir o cinquentão álbum chamado “VCU – We See You”. Claro que os primeiros acordes vieram travestidos de algum ceticismo quanto a sua qualidade, estava de coração fechado, após ter visto a capa que me gerou certa rejeição, mas quando a música começou a ganhar corpo percebi como era poderosa, intensa, diversa, complexa, agressiva ela era.

Mas não quero, pelo menos por enquanto, tecer maiores comentários acerca do álbum agora, mas falar um pouco da história do Lily, que é bem representativa para a cena obscura de Frankfurt e de toda a Alemanha, porque a sua sonoridade não se diferenciava das bandas germânicas e europeias do início dos anos 1970 que combinavam jazz, prog rock, hard rock, do som áspero ao complexo.

Ainda assim trazia um pouco da aspereza do que os seus contemporâneos faziam e de acordo com alguns críticos musicais da época o primeiro e único trabalho do Lily estava à frente do seu tempo.

A história do Lily começa em 1968 quando o guitarrista Manfred Schmid e o baixista Wilfried Kirchmeier, que tocavam juntos desde 1965 em uma banda beat chamada “Mods”, decidiram criar uma banda que cantasse em alemão com um viés político radical. Uma missão difícil naqueles tempos bélicos de partidos e sistemas políticos bélicos e ultraconservadores.

Logo eles se juntaram ao saxofonista Hans-Werner Steinberg e ao vocalista Helmut Burghardt que estavam tocando em uma banda de soul music Pinchfeld Association, bem como ao baterista e percussionista Manfred Schlagmuller.

A banda, durante alguns anos, por algum motivo desconhecido, permaneceu sem nome até que, em 1969, frustrado com as perspectivas não realizadas o vocalista Burghardt acabou por sair da banda, promovendo também algumas mudanças na concepção sonora da mesma. O que era uma visão de mundo um tanto quanto criativa acabou focando em uma visão puramente instrumental.

Mas eles ansiavam por um vocalista, algo estava faltando, até que os caras descobriram um potencial de canto que não tinha sido anteriormente reclamado, mas muito promissor, do baixista Kirchmeier.

Em 1970, após um longo ano de trabalho bem intenso, a banda já tinha as suas “demandas” bem definidas com Ulla Meinecke participando ativamente na tradução das letras de Manfred Schmid para o inglês e já tinha também, finalmente, um nome: “Monsun” e no final do ano de 1970, mais precisamente em dezembro, faria seu primeiro show.

O show foi intenso, forte, extremamente agitado e impressionou o público. No ano seguinte, em 1971, já era parte importante da cena progressiva de Frankfurt e na esteira de um frisson pela música do Monsun, na primavera de 1972, gravaram a sua primeira demo.

Steinberg, o saxofonista, passou seis meses na Índia em busca de novos horizontes filosóficos, novas experiências de vida e inspiração musical, claro, sendo temporariamente substituído pelo guitarrista Klaus Lehmann. Após o retorno de Steinberg Lehmann não saiu encorpando ainda mais o quantitativo da banda, logo a sua qualidade sonora também.

Tendo feito alguns belos shows no “Zoom Club”, famosa casa de shows de Frankfurt, a banda atraiu a atenção de Peter Hauke, que havia tocado na banda berlinense “The Rollicks”, além de ser produtor do selo germânico “Bellaphon” e assinou contrato com o Monsun.

Em janeiro de 1973 a banda ocupou o “Dierks Studios” por três dias para gravar e mixar o seu primeiro trabalho, o seu primeiro álbum de estúdio, mas dois dias foram gastos com o processo de gravação por motivos técnicos. Os vocais ficaram para o último dia e foram gravados de acordo com a memória dos músicos em ritmo acelerado e sem tomadas desnecessárias.

A cúpula do Bellaphon, com o objetivo de impulsionar, comercialmente, o álbum da banda e levando em consideração algumas tendências do rock n’ roll à época, decidiu “travestir” a banda com uma roupagem glam rock que estava com alguma evidência, principalmente pelo David Bowie, o New York Dolls etc, insistindo também que os músicos mudassem o nome de Monsun para “Lily”.

Toda a estrutura cênica estava montada: a banda vestindo roupas femininas extravagantes, emprestada de uma boutique de moda de Frankfurt e usando uma quantidade incrível de cosméticos e maquiagem, além, claro, do nome extremamente feminino: Lily. Mas ainda tinha a ambiguidade, afinal a estética não correspondia com a sonoridade pesada e arrojada para a época.

“VCU (We See You”) foi lançado na primavera de 1973 pela filial “Bacillus”, com uma baixíssima tiragem de 1.000 cópias e foi atacado severamente pela crítica especializada pelo seu marketing voltado para o glam rock em contraste com a música pesada e progressiva que já tinha construído na cena de Frankfurt.

O som de “VCU (We See You)” traz uma estrutura jazzística complexa, um rock progressivo áspero um tanto quanto áspero para quem está acostumado com bandas britânicas e o sinfônico das italianas. Tem um saxofone plugado, enérgico enfatizando no fuzz e wah-wah.

O seu estilo distinto e arrojado foge do “estereótipo” do krautrock, porque dispensa daquela natureza melódica e atmosférica dos teclados e mellotron, tendo a guitarra como protagonista. A banda que gravou este álbum tinha: Wilfried Kirchmeier no baixo, vocal e percussão, Manfred Schlagmuller na bateria e percussão, Hans-Werner Steinberg no saxofone, Manfred Josef Schmid na guitarra, Klaus Lehmann na guitarra, além da participação do icônico Dieter Dierks no mellotron e Armin Bannach no gongo.

O álbum é inaugurado com a faixa “In Those Times” o que já de imediato percebo algo de “Canterbury Scene” o que soa bastante estranho para uma banda alemã com um viés mais pesado. O trabalho de saxofone, aliado às linhas de guitarra é de tirar o fôlego porque traz à tona bons trabalhos de psych rock e progressivo. Temos cativantes solos de guitarra que, embora não sejam bem elaborados, são diretos, vorazes e solares, encaixando-se perfeitamente no contexto sonoro do Lily.

"In Those Times"

Na sequência vem “Which is This” é bem semelhante a faixa de abertura, com uma pegada envolvente de psych rock, hard rock e prog rock, já “Pinky Pigs” traz um “tempero” mais calcado no blues rock, com uma nítida sensação de que está mais solta, despretensiosa, também com uma pegada mais psicodélica, diferentemente da veia mais jazzy das duas primeiras faixas.

"Which is This"

“Doctor Martin” consegue fundir os elementos jazzísticos e de blues, além da pegada pesada, criando um ambiente mais místico, exótico e arrojado que acaba tendo destaque de belos e pesados riffs de guitarra, com o sax sempre entoando uma sinergia intensa.

"Doctor Martin"

Em “I’m Lying on my Belly (Including Tango Atonale) traz uma sensação, digamos, familiar com a batida de blues dos anos 1960, com uma boa performance de vocal entoando um inglês bem convincente sem muitos sotaques alemães.

"I'm Lying on my Belly (Including Tango Atonale)"

E fecha com “Eyes Look From the Mount of Flash” que é bem distinta da faixa anterior diante de uma envolvente diversidade. É uma faixa em que a banda expande, de forma evidente, suas influências psicodélicas e progressivas com algumas incursões no space rock. É nítida as mudanças de compasso, as variações rítmicas corroborando a linha progressiva dessa faixa.

"Eyes Look from the Mount of Flash"

Além das críticas pesadas que o Lily recebeu no aspecto estético, a gravadora não fez muita coisa para salvar também o álbum da banda do fracasso comercial. Os músicos tiveram que ir para Londres para tentar vender a sua já escassa circulação nas agências e clubes, fazendo alguns shows, mas sem sucesso. A aventura falhou miseravelmente.

Ainda no ano de 1973, após o colapso dos planos do Lily para o avanço comercial de seu álbum de estreia, o estado emocional e psicológico de Manfred Schmid mudou muito e para pior. A sua criatividade artística, tão vívida dentro da banda, tornou-se imprevisível e até mesmo caótica, sendo muito difícil de trabalhar com ele.

No final das contas Manfred foi demitido do Lily após um acesso de loucura destruindo a bateria de Schlagmuller e toda a sala de ensaio juntamente com todo o equipamento de som. O fato de Manfred ter sido expulso da banda que fundou foi um golpe duro ao seu já combalido estado mental. Ele vendeu a sua guitarra e se afastou-se da música não tocando mais profissionalmente.

Seu estado mental esmigalhado foi piorando cada vez mais, seu “alienismo” progrediu permanentemente e em meados dos anos 1990 ele morreu em circunstâncias misteriosas. Seu corpo foi encontrado em um parque florestal da cidade de Frankfurt.

O guitarrista e tecladista Bjorn Scherer-Mohr foi convidado para preencher a vaga, mas mesmo com o seu grande potencial criativo, não conseguiu substituir Manfred Schmid. Em agosto de 1974, depois de não corresponder às expectativas, decidiu sair do Lily.



Apesar dos obstáculos que a banda passou, desde a morte de Schmid e também o fracasso comercial de seu debut, conseguiram gravam gravar uma nova fita demo com cerca de seis músicas na primavera de 1974 para um segundo álbum e a intenção era trazer uma espécie de reviravolta criativa com elementos mais mainstream na sua música, algo mais voltado para o teatral ou cômico, mas a gravadora “Bellaphon” não esperava o afastamento da banda devido aos problemas já mencionados, decidiram descarta-los, dando preferência a bandas mais novas e que, na percepção da gravadora, eram mais promissoras.

O descaso da indústria fonográfica, o desalento com as frustrações que surgiram e o grave problema com um dos faróis do Lily, o Manfred, a banda continuou a deslizar cada vez mais pela inclinação criativa e os seus shows tiveram uma gradativa redução de público.

Em 2002 o abnegado selo underground “Garden of Delights”, da Alemanha, relançou o álbum em CD, completo com um livreto de 32 páginas e outras quatro faixas bônus, que foram gravadas em 1972, sem Klaus Lehmann, no estúdio de gravação da escola de engenharia de som em Detmold. O último show do Lily aconteceu em abril de 1976.

O Lily perdeu para sempre a sua fantástica identidade musical que foi extremamente arrojada e revolucionária para o seu tempo, quando se rendeu aos estereótipos estéticos que a gravadora e seus produtores lhe impuseram, fora algumas tragédias particulares que fizeram com que desmoronasse a espinha dorsal da banda, a começar pelo inquieto e criativo Manfred Schmid. E assim acionaram o botão vermelho da autodestruição desaparecendo para sempre da cena musical alemã.




A banda:

Wilfried Kirchmeier no baixo, vocal, percussão e sintetizadores

Manfred Schlagmüller na bateria, percussão

Hans-Werner Steinberg no saxofone

Manfred-Josef Schmid na guitarra

Klaus Lehmann na guitarra

Com:

Dieter Dierks no mellotron

Armin Bannach no gongo

 

Faixas:

1 - In Those Times

2 - Which Is This

3 - Pinky Pigs

4 - Doctor Martin

5 - I'm Lying on my Belly (Including “Tango Atonale”)

6 - Eyes Look from the Mount of Flash 


"VCU (We See You)" (1973)

"VCU (We See You)" - Versão estendida















 












 




 


 


quinta-feira, 21 de março de 2024

Andrew - Woops (1973)

 

A existência deste blog não efetiva meramente conteúdos de bandas obscuras e raras que caíram no mais puro ostracismo, não é apenas para seguir questões temáticas, mas para contar, primordialmente, histórias.

Histórias que, embora tragam especificidades comuns às bandas e álbuns, mas que contam momentos em comum que são, no mínimo, pitorescos: o fracasso. Ao amigo leitor que lê deve achar que eu estou um tanto quanto louco para achar interessante o fracasso.

A questão é trazer o submundo da música, que pode trazer algo de genuíno à essas bandas, algo de verdade em sua sonoridade, pois não se curvaram aos ditames comerciais, carregados de modismos que sempre perecem, cedo ou tarde.

Não há glamour sempre, não há referências de sucesso sempre, não há cases de sucesso sempre, mas o fracasso comercial que entregam histórias fabulosas, de persistência que denota pura e simplesmente o amor à música que faz, logo a crença nela.

E isso nos revela sonoridades que deveriam revolucionar, que deveriam deixar uma história indelével para o rock n’ roll e servir de referência para tantas outras bandas novas, tantos outros músicos jovens que queiram subverter o mercado e suas músicas pasteurizadas.

A missão deste humilde e reles blog que você, estimado leitor, lê é trazer o alternativo, é trazer algo arrojado, que suscite em todos o exercício do exorcismo à temível zona de conforto que parece teimar em pairar, como nuvens negras, nas nossas cabeças. Afinal o rock traz a capacidade de subverter, em todos os aspectos da vida!

E recentemente, graças às minhas incessantes aventuras desbravando a grande rede, descobri uma banda que personifica, de forma evidente e clara, tais características por mim mencionadas até agora, bem como o cerne deste blog e que, além de ser extremamente rara, apresenta um país que não tem tradição para o rock n’ roll, a Islândia.

E o que me levou a essa banda foi uma relação com outra, de mesmo país, que já conhecia a algum tempo e de que sou imensamente fã pela sua relevância sonora, que é o Icecross que, inclusive fiz um texto e que pode ser lido aqui.

O nome da banda em questão é o ANDREW surgida na fria Islândia. Um nome louco e atípico para uma banda extremamente rara até mesmo em seu país de origem e que, corroborando essa máxima, pouco se tem de informações sobre o seu passado.

Não se tem informações, para variar, do início da banda, de quando foi formada, mas tudo indica, se me permitem a “licença poética”, se tratar de um projeto de estúdio, sem maiores pretensões, tanto que lançaram apenas um álbum, de nome “Woops”, em 1973, que foi gravado no “Incognito” e remixado no Morgan & Soundtek Studios e lançado pelo selo Najö Productions, com uma tiragem privada e limitada, em torno de 500 a 600 cópias. Atualmente não se sabe se há álbuns originais disponíveis no mercado, mas os que tem e querem vender estão oferecendo, reza a lenda, em uma bagatela de US$ 600! Pasmem!

E a relação do Andrew com o Icecross de que me referi e que propiciou para que eu conhecesse o Andrew se deu porque dois integrantes do Icecross estiveram envolvidos na banda, são eles: Omar Oskarsson, baixista e vocalista e Asgeir Oskarsson, baterista e vocalista.

Mas não se enganem que em “Woops” encontrará as mesmas características sonoras do álbum homônimo do Icecross, que é predominantemente o peso do hard rock. O que podemos encontrar no único rebento do Andrew é uma miscelânea de sons, o que, lamentavelmente justifica o desdém do público e da crítica “especializada”, que certamente não entenderam a proposta que é exatamente não ter uma proposta.

Omar Oskarsson

Acalmem-se, estimados leitores, que eu me explicarei: não há proposta definida, não há estilo determinado, mas um flerte evidente à várias vertentes do rock que estavam em evidência, variando entre hard psych, pela sofisticação do rock progressivo, pela viagem lisérgica do space rock, do funky, variando entre baladas acústicas, guitarras estranhas e divagações psicodélicas instrumentais, com jams instrumentais. Tudo em uma abordagem enigmática e underground.

Não há nada de excepcional ou vanguardista, o Andrew colocou em sua sonoridade o que se ouvia no rock n’ roll em meados dos anos 1970, mas o que faz de seu único álbum especial é exatamente o flerte com tudo o que se ouvia à época, sem soar deslocado.

“Woops” é sólido, é intenso, é um álbum vívido e solar e mostra uma banda totalmente azeitada, embora traga, pelo que parecia, apenas um projeto de estúdio. Esse é o charme deste trabalho, porque é estranho, diversificado e que não se prende a estereótipos.

E já que falamos da banda, vamos elenca-los! Além dos ex-integrantes do Icecross, Omar Oskarsson, no baixo, Asgeir Oskarsson, na bateria, que tocou também no Pelican, apresenta ainda o tecladista Björgvin Gíslason, que tocou nas bandas Náttúra e Pelican, o guitarrista Julius Agnarsson, que também era responsável pela execução do moog, o vocalista Andri Clausen, o pianista e violinista Egill Ólafsson, que tocou nas bandas Thursaflokkurinn e Spilverk Þjóðanna.

“Woops”, que é cantado todo em inglês, é introduzido com a faixa “Rockin and Rollin” que explode em um hard rock potente e cheio de riffs de guitarra e solos desconcertantes e vocais de grande alcance. Nada melhor para abertura de álbum do que um “hardão” tipicamente setentista.

"Rockin and Rolling"

Segue com a faixa “Himalaya”, que muda consideravelmente o andamento, uma balada viajante com atmosfera sombria, com o teclado ditando todo a sua estrutura sonora. Solos de guitarra são igualmente viajantes e bem executados, apesar de simples.

"Himalaya"

“I Love You (Yes I do)” segue na linha mais balada, algo mais radiofônico que me remete aos beats dos anos 1960, com solos lindos de guitarra, límpidas, solares. Um exemplo típico de uma música um tanto quanto pop, mas bem executada.

"I Love You (Yes I do)"

A sequência traz a faixa “Look” que retoma ao hard rock com uma introdução típica com riffs pesados de guitarra, bem pegajosos, vocais despojados, solos diretos e bem cru. A famosa música de “festa”, bem animada e solar. Mas ainda me traz algo de lisérgico, de psych.

"Look"

“Dawning” inicia progressiva, o destaque do moog traz a sensação de viagem, de contemplação. O vocal é dramático e melódico, e entrega uma atmosfera lisérgica, que suscita a uma introspecção.

"Dawning"

“Sweetest Girl” rememora os anos 1960 e que remete a coisas do Animals ou coisa parecida. É dançante, a guitarra te lembra algo meio funky. O sax corrobora tal momento da música. Impossível não ficar parado com essa faixa.

"Sweetest Girl"

Segue com “Heathens” que retoma a “ala” mais pesada do álbum. Os riffs de guitarra são pesados, indulgentes, agressivos que faz jus a um heavy metal de vanguarda. Vocal rasgadão, de bom alcance. A “cozinha” rítmica se mostra entrosada, baixo pulsante, bateria marcada. Excelente!

"Heathens"

“Ballad of Herby Jenkins” é meio engraçada, algo de sarcástico se ouve na música e a brincadeira é para estereotipar a música sessentista. Piano alegre, vocal debochado.

"Ballad of Herby Jenkins"

“Purple Personality” é lisérgica, guitarras distorcidas e estranhas, meio aleatório, um típico som de rock psicodélico, mas com peso, sobretudo nos riffs de guitarra. Uma faixa que personifica o álbum: que flerta com algumas vertentes do rock.

"Purple Personality"

E finalmente fecha o álbum com “Age” talvez a mais progressiva de todas as faixas, mas que introduz com sons espaciais, um space rock curto e grosso, mas evidente e que vai e vem de uma forma mais discreta ao longo da música. Teclados ao estilo The Doors são percebidos e entrega uma vibe mais psicodélica e dançante. Solos traz uma textura mais complexa e corrobora o quão é prog rock essa faixa.

"Age"

Esquecido, obscuro, raro...Palavras que, no show bussiness da música podem sintetizar o fracasso, para muitos abnegados e apreciadores da música underground, isso pode ser o suprassumo do que há de melhor no rock n’ roll. O fracasso comercial não inviabiliza a qualidade do que está contido em um determinado álbum. O Andrew sintetiza fielmente tudo isso e nos revela um caminho oposto ao glamour e o equívoco de sempre o que faz sucesso ter a melhor música.

O Andrew e seu álbum único, “Woops”, corrobora a necessidade premente e urgente de que há e muito a se desbravar nessa selva intocável que é o rock n’ roll. Permitir-se desbravar significa render-se às músicas empoeiradas que, por um infortúnio comercial, caiu no ostracismo. Pérola mais do que recomendada!


A banda:

Asgeir Oskarsson na bateria

Julius Agnarsson na guitarra e moog

Omar Oskarsson no baixo

Andri Clausen nos vocais

Egil Olaffson no piano e vocais

Bjornvin Gislason no moog

 

Faixas:

1 - Rockin and Rollin

2 - Himalaya

3 - I Love You (Yes I Do)

4 - Look

5 - Dawning

6 - Sweetest Girl

7 - Heathens

8 - Ballad of Herby Jenkins

9 - Purple Personality

10 - Age



"Woops" (1973)