quinta-feira, 31 de março de 2022

Blue Phantom - Distortions (1971)

 


A banda que abrilhantará esta resenha faz jus ao conceito deste relés e humilde blog. Uma banda obscura, que pouco se sabe a respeito que sequer tem imagens, fotos ou registro histórico de seus músicos.

É só mesmo a Itália para proporcionar esse momento único de enaltecer a cena obscura do rock n’ roll que geralmente produzem verdadeiras pérolas indispensáveis para a audição de apreciadores do estilo.

Parece que a cena italiana é interminável. Grandiosa não só na dimensão qualitativa, mas quantitativa também. Por mais que sejam antigas trazem a novidade para o nosso rol, para a nossa história de bandas que conhecemos, é o velho novo.

Então como disse essa banda é obscura e talvez não possa ser considerada como uma banda que aspirasse a intenção de ter ou seguir uma carreira, construir uma história discográfica, mas um projeto que foi concebido, estudado e que teria fim quando atingisse seu êxito que era, evidente, da gravação dessas músicas.

A banda se chamava BLUE PHANTOM com o lançamento de seu único trabalho chamado “Distortions”, de 1971. Trata-se de um álbum que fora concebido por um compositor chamado Armando Sciascia que assinava seus trabalhos com um pseudônimo: “H. Tical”.

Sciascia, além de compositor, era produtor e editor de filmes italianos nos anos 1960 e também foi fundador do selo, da gravadora “Vedette Records”, onde o álbum foi gravado. Na tiragem original, em LP, consta que “Distortions” foi gravado pela subsidiária da Vedette Records, a “Spider Records”.

Armando Sciacia (H. Tical)

E aqui cabe uma breve história de Armando Sciascia e da sua gravadora e que muito pode explicar a razão de ser do Blue Phantom. Após turnês bem sucedidas pela Europa com a sua orquestra e uma série impressionante de gravações com a Fonit Cetra, então a grande gravadora da Itália na década de 1960, H.Tical formou a “Vedette Records” com sede em Milão, que acabou se tornando um importante selo que abrigou música clássica, jazz e repertório étnico em vários selos que logo foram distribuídos mundialmente.

A Vedette tornou-se a primeira gravadroa para, entre outros, The Equipe 84, the Pooh, Inti-Illimani, e depois incluindo Giorgio Gaber e o distribuidor italiano para toda a Elektra, gravadora norte americana, incluindo The Doors.

Os estúdios de gravação de Vedette também serviram como laboratórios de música experimental não apenas para música eletrônica, mas onde alguns dos melhores músicos de jazz e estúdio da Itália frequentemente se reuniam para sessões improvisadas ou gravações ao vivo.



E acredita-se que, como base na filosofia da Vedette Records pode se delinear a proposta do Blue Phantom e o motivo pelo qual os músicos responsáveis pela concepção de “Distortions” não serem creditados, pois provavelmente se tratavam de músicos de estúdio que passeavam, transitavam pela gravadora fazendo trabalhos de improvisação, de jazz rock, progressivo e psicodelia, música para jovens, de vanguarda à época.

Foi a partir dessas músicas improvisadas e espontâneas que o Blue Phantom nasceu, surgiu e podemos descrevê-la como uma das primeiras gravações, dos primeiros registros bem sucedidos do que se convencionou chamar de “heavy rock psicodélico” na Itália e o nome “Distortions” talvez explique o cerne da música dessa banda. É um som de pura distorção, lisérgico, experimental, com o peso dos riffs de guitarra, bateria pesada, o free jazz dava o tom para a construção dessa música.

E mesmo com a infinidade de aparelhos eletrônicos de hoje, a distorção do som já é uma prática normal e até comum, mas nos anos 1970, os músicos não tinham tal tecnologia à disposição, tudo ainda era muito rudimentar e ainda que o moog fosse um experimento e o digital algo distante e talvez inimaginável, o Blue Phantom produziu algo, diria, revolucionário e importante para a história da música. E os músicos sabiam o que estavam fazendo e sabiam também que a sua música seria discutida até os dias atuais, afinal música atemporal e de vanguarda é isso.

E aqui também cabe uma curiosidade: apesar de o álbum ser considerado obscuro e raro, “Distortions” foi distribuído não apenas na Itália, mas também no Reino Unido e na França. E com esse histórico profissional de Sciascia de ser editor e produtor de filmes italianos, grande parte das músicas de “Distortions” foram usadas como trilha sonora de um filme, de 1973, chamado “Sinner: Diary of a Nymphomaniac”, de Jess Franco, um pouco antes de bandas que ficou conhecida por gravar trilhas sonoras para filmes na Itália como o Goblin, por exemplo.

Quanto ao uso de “Distortions” no filme de Franco essa foi a decisão de seu editor na época, Gerard Kikoine. Muitos dos filmes de Franco que usaram a música de "Distortions", "Trafic Pop" e "Harlem Pop Trotters" foram produzidos por Robert de Nesle. Franco enviaria impressões silenciosas em preto e branco para Kikoine para trabalhar. A música foi sua escolha, pois ele tinha acesso a todas as gravações na época.

Reza a lenda que o nome da banda ou diria do projeto “Blue Phantom” foi cunhado, construído para dar mais visibilidade nas lojas de discos, principalmente por ser tratar de um álbum que raramente fora lançado para o público em geral.

O álbum é inaugurado por “Diodo” e começa em grande estilo para quem curte peso e muitos riffs de guitarra, porque essa faixa entrega exatamente isso: tudo isso envolto com uma textura frenética de teclados, com a bateria marcada e um baixo pulsante. Fantástica faixa!

"Diodo"

“Metamorphosis” baixa um pouco o tom pesadão da faixa anterior e segue para um caminho mais jazzístico, mas os riffs de guitarra continuam a temperar o contexto sonoro desta faixa, e variando entre o jazz e o hard rock, aparecendo, de forma gradativa, na música. Muito experimentalismo e improvisação têm nessa faixa.

"Metamorphosis"

“Microchaos” abre com o peso do rock em evidência com um viés caótico, tenso, frenético, com destaque para os riffs de guitarra e a bateria quebrando tudo sem perdão, com os teclados seguindo a mesma toada.

“Compression” traz algo de experimental, algo de progressivo de vanguarda, algo lisérgico, psicodélico, percebendo-se um pouco de Pink Floyd da era psicodélica, mesclado a tudo isso uma levada jazzy com a bateria seguindo essa tendência.

"Compression"

Segue com “Equilibrium” basicamente com a proposta da faixa anterior: lisérgica, ácida, experimental, em dados momentos, tendo o destaque para as teclas, para o moog e alguns ruídos eletrônicos que corroboram a sua condição experimental.

“Dipnoi” traz de volta o peso, a agressividade do hard rock, com uma curiosa velocidade digna de bandas de heavy metal oitentistas, uma base proto metal extremamente representativa, com alguns solos simples e diretos de guitarra, mas interessantes que lembram The Doors, inclusive.

"Dipnoi"

“Distillation” mantém o peso e a sua introdução nos remete ao peso da guitarra de bandas como Black Sabbath, por exemplo. Um riff obscuro, tenso, intenso e poderoso, mas aquela bateria com uma pegada jazzística, meio que envolta em muito peso, se faz perceber lindamente.

"Distillation"

“Violence” é inaugurado com uns ruídos estranhos e débeis, mas depois, gradativamente, a bateria aparece em destaque com riffs alucinados de guitarra e o frenesi se faz a partir daí. Peso, denso e poderosa são características dessa faixa.

Na sequência vem “Equivalence” com solos viajantes de guitarra ao estilo David Gilmour, curtos, mas bem executados, trazendo um clima psicodélico a música e bem contemplativa também. 

"Equivalence"

O álbum fecha com a faixa mais ácida de todas: “Psycho-Nebulous”. A guitarra torna-se uma das protagonistas dessa faixa com uma camada obscura e intrigante dos teclados, trazendo algum experimentalismo e algo relacionado a um prog rock bem interessante.

"Psycho-Nebulous"

“Distortions” de fato é um álbum, além de obscuro, sombrio, estranho, em grande parte do seu momento e isso pode se explicar pelo fato do mesmo ter sido concebido para ser uma trilha sonora para um filme de drama e isso não soa tão estranho olhando para esse prisma, afinal significa que toda a música evoca cenas ou situações, dentro do filme, estranhas e sombrias. 

“Distortions” levou muito tempo para ser relançado, tendo conquistado isso apenas em 2008. Um clássico obscuro extremamente versátil, complexo, tenso, intenso, frenético e de suma importância para a história do rock progressivo italiano, bem como outras vertentes que vai do jazz rock ao hard rock daquele país. É música de vanguarda, revolucionária e altamente recomendado.


A banda:

Não creditada.

Apenas com a composição e produtor de H. Tical (Armando Sciascia)

Faixas:

1 - Diodo

2 - Metamorphosis

3 - Microchaos

4 - Compression

5 - Equilibrium

6 - Dipnoi

7 - Distillation

8 - Violence

9 - Equivalence

10 - Psycho-Nebulous 


Blue Phantom - "Distortions" (1971)



















 


 




domingo, 20 de março de 2022

Plus - The Seven Deadly Sins (1969)

 


Muitos trabalhos, muitos álbuns se perderam nos anos 1960 e 1970, sejam pela incompreensão de sua música, muitas delas nessas épocas, embrionárias e logo de difícil digestão, e consequentemente a rejeição pela indústria fonográfica. O número de bandas parece ser interminável, muitas caem na obscuridade, são esquecidas, trafegam no ostracismo, tendem a desaparecer, não vingam.

Mas não se enganem caros leitores que questões como essa são de ordem da qualidade, ou melhor, da falta de qualidade. Claro que temos bandas ruins nesse rol, mas acredite que os álbuns e as bandas são incríveis, o som revolucionário, de vanguarda, por isso esse blog existe: para tentar difundir a história e, sobretudo o som dessas bandas vilipendiadas.

E a banda de hoje é o exemplo fiel e contundente do esquecimento, por conta da incompreensão de sua textura sonora e do consequente esquecimento. Chama-se PLUS e surgiu na Inglaterra na transição dos anos 1960 e 1970, férteis para o rock n’ roll e suas vertentes mais importantes e significativas.

A sua história, a formação da banda, quase tudo está envolta em uma camada nebulosa, escura, obscura mesmo, misteriosa, o que aguça ainda mais o interesse, admito. Eles lançaram apenas um álbum. Eles nunca fizeram um show, nunca se apresentou em lugar algum, não há registro disso, pelo menos. 

Não tocaram em nenhuma rádio à época, não tiveram nenhum tipo de publicidade, na imprensa, absolutamente nada. Então se pode dizer que não teria longevidade, sobretudo por este aspecto mais comercial.

Mas ao ouvir “The Seven Deadly Sins”, lançado em 1969, entrega uma joia, uma pérola, de uma singularidade sonora, complexa, flertando com inúmeros estilos que no final da década de 1960 eram apenas maquetes, estavam começando, sendo construída. Definitivamente o Plus foi um fracasso comercial, estava de fato fadado a esse fim, mas ainda assim esteve muito a frente do seu tempo por conta deste clássico obscuro.


Mas os mistérios não terminam por aí. Até mesmo a formação da banda traz dúvidas. Não há fotos dos músicos e parece que nem todos foram creditados no álbum. Conta com os irmãos Newman, Tony, na guitarra e Mike, na bateria, além de Max Simms no baixo. 

A única parte conhecida dessa história obscura é o ex-baixista e produtor do The Yardbirds, Simon Napier-Bell que apadrinhou os músicos mencionados e que também ajudou a compor metade do álbum, cerca de seis músicas, aproximadamente, além de Ray Singer, este último foi um cantor de bandas nos anos 1960, e mais tarde ajudou a iniciar as carreiras de pessoas como David Sylvian, Japan e Joan Armatrading. Napier-Bell foi e é um empresário que gerenciou The Yardbirds, Marc Bolan e T Rex, Ultravox, Wham! , e, por um tempo o Asia.

Simon Napier-Bell

Ouvindo algumas faixas de “The Seven Deadly Sins” nota-se a presença de vocalistas, um coro inteiro, às vezes, além de piano, órgão, violinos, violoncelos etc. levando a crer que se trata mais de um trabalho dos produtores, do Napier-Bell e Ray Singer do que da própria banda, embora os irmãos Newman sejam creditados com alguma importância, tendo criado a outra metade das músicas contidas no álbum.

“The Seven Deadly Sins” é um álbum conceitual e como o título sugere (tradução literal significa: “Os Sete Pecados Capitais”), fala claro, sobre os pecados capitais. Isso está evidente também na arte gráfica. A capa do disco é gritante nesse sentido com a cruz ao centro e sete pessoas com indumentárias denotando um forte viés religioso sinalizando uma missa católica.

Gravura "Os sete pecados capitais" de Flamengo Frans Huys

“The Seven Deadly Sins” foi concebido, inspirado na peça homônima de Bertolt Brecht e também diante de um cenário um tanto quanto badalado, do interesse renovado do público para com a religião ligado ao rock n’ roll ou algo mais, diria, arrojado, desse conceito, sobretudo devido a peça teatral “Jesus Christ Superstar” e do álbum do Electric Prunes chamado “Mass in F. Minor”.

E quando falamos em obscuridade, mas trazendo uma revolução sonora, carregada de vanguardismo, é porque “The Seven Deadly Sins” é um álbum conceitual baseado nos setes pecados capital com um toque sombrio, obscuro, estranho, docemente estranho e que, em 1969 era uma novidade, afinal poucas bandas se aventuravam nessa proposta de construção de álbum. Poucos foram lançados, como “Tommy”, do The Who, por exemplo.

“The Deadly Seven Sins” traz uma variedade sonora, um mix de sons que faz deste trabalho único e importante, onde podemos destacar uma lisergia psicodélica, no ápice em 1969, com seções de hard rock envolto em uma camada bem experimental, com temperos de jazz rock e blues. Um álbum versátil, complexo e poderoso.

O disco começa com a faixa Introit: "Twenty Thousand People" que soa como algo soturno e distante, um feitiço evocado por um padre de uma belíssima estranheza. Traz um vocal melancólico e comercial, algo melódico e marcante aos ouvidos com uma bela sequência de piano e um solo de guitarra com muita personalidade, diria até mesmo pesada.

Introit: "Twenty Thousand People"

Na sequência temos “Gloria In Excelsis: Toccata” começa com "Toccata i fugą d-mol" de Bach, que depois de um tempo se transforma suavemente em uma melodia simples, um rock direto e que evolui para uma entonação coral dos pecados capitais, escrita por Napier-Bell e Singer, que pode ser ouvida em uma igreja local. O texto foi ligeiramente atualizado para se adequar ao tema abrangente.

Gloria In Excelsis: "Toccata"

Escrita pelos irmãos Newman, Avarice: "Daddy's Thing" abre com interessantes sons clássicos de viola, mas quando os teclados e a guitarra aparecem, a faixa se transforma em um hard rock intenso e viril. Ao ouví-la me faz lembrar uma faixa mais acessível, mais comercial, pop, diria, dos anos 1960, tais como Beatles, por exemplo.

"Daddy's Thing"

“Pride: Pride” soa como uma balada também ao mesmo estilo Beatles, com um viés mais acessível aos ouvidos, mas com um caráter mais soturno, mais desafiador nesse quesito, um som belíssimo, mas extremamente obscuro.

Sloth: "Open Up Your Eyes" é outra faixa de rock com um baixo forte de Simms, super pulsante, que traz uma pegada meio funk, meio dançante diria, com pitadas experimentais e um dos melhores solos de guitarra de Tony Newman.

Sloth: "Open Up Your Eyes"

“Wrath: Gemegemera” traz de volta o peso e algo um tanto quanto perturbador remetendo aos primórdios da música pesada com o choro de uma criança e os gritos de torcedores de futebol, com um baixo poderoso e esmagador que entrega o tempero da música com a cozinha poderosa e a bateria dando o ritmo também.

"Wrath: Gemegemera"

Uma voz maníaca gritando "Vire seus olhos!" é precedido por um curto canto gregoriano, e então The Secrets: "Devil's Hymn" se transforma em uma música pitoresca com a uma atmosférica jazzística, é definitivamente sublime e diabólica, ao mesmo tempo, é de sentir arrepios e faz com o conceito harmonize plenamente com a música.

The Secrets: "Devil's Hymn"

“Lust: Maybe You're The Same” soa como aquelas músicas sessentistas do The Who, cheia de toques pop, mas com muito brilho, força e intensidade e ótimas harmonias vocais. Uma bela faixa!

Envy: "I'm Talking As A Friend" é outra joia! Excelente faixa que introduz com uma atmosfera meio experimental, um som meio minimalista mas que irrompe em uma balada pop ao som de um violão acústico tocado magistralmente.

Envy: "I'm Talking As A Friend"

“Gluttony: Something To Threaten Your Family” inicia um som dissonante do violino trazendo uma atmosfera sombria que nos faz lembrar um filme de terror em seu ápice de sustos e mortes, mas a guitarra acústica e boas harmonias vocais contrabalanceiam com o som apocalíptico em uma balada rock.

“The Dismissal: Twenty Thousand People” fecha o álbum com uma proposta experimental aliado ao peso do hard rock, com viagens psicodélicas e progressivas e sintetiza a proposta complexa e versátil do álbum.

“The Seven Deadly Sins” criada em seu tempo, mas que rompeu com todos os seus paradigmas, foi algo arrojado, singular, espetacular. A música é impressionante, apesar de esquecida e obscura, cercada de mistério e fatores desconhecidos. A seção rítmica é enérgica, intensa, eclética, em um período de experimentalismo e ode à criatividade. 

Eis aqui neste álbum um exemplo sincero da precursão do rock progressivo que conhecemos hoje. É inusitado, é interessante, pois colocou o rock n’ roll, meio que em voga nesta fase transitória de décadas, em um patamar popular e de construção do conceito de sua música valorizando a letra, as composições, a história.

O que era pouco digerível na época, talvez seja esse um dos fatores do seu ostracismo, “The Seven Deadly Sins” conseguir trafegar no obscuro e pop com uma ponte experimental como poucos conseguiram produzir à época. Os músicos sumiram, a banda finalizou, deixou de existir, mas talvez ela tenha surgido com um tempo de vida já determinado, com um fim estipulado, um projeto talvez. 

Porém, pela sua representatividade sonora, ganhou a eternidade e a referência para várias vertentes sonoras de que tanto amamos hoje. Segundo informações, 30 anos depois de seu lançamento o álbum fora relançado, mas não há registros de que isso tenha sido de fato verdade. Altamente recomendado!



A banda:

Tony Newman na guitarra

Mike Newman na bateria

Max Simms no baixo


Faixas:

1 - Introit: Twenty Thousand People

2 - Gloria In Excelsis: Toccata

3 - Avarice: Daddy's Thing

4 - Pride: Pride

5 - Sloth: Open Up Your Eyes

6 - Wrath: Gemegemera

7 - The Secrets: Devil's Hymn (instrumental)

8 - Lust: Maybe You're The Same

9 - Envy: I'm Talking As a Friend

10 - Gluttony: Something To Threaten Your Family

11 - The Dismissal: Twenty Thousand People

 

Plus - "The Seven Deadly Sins" (1969)





















 












domingo, 13 de março de 2022

Eela Craig - Eela Craig (1971)

 


Pós-guerra, anos 1950, próximo a Salzburg, Áustria. Crescia um menino que se chamava Harald Zuschrader. Ainda nesta década, em 1950, ele se muda, com seus pais, para Leonding, perto de Linz. Lá ele aprende a tocar o seu primeiro instrumento, o acordeão. Os pais também tocavam instrumentos musicais e eram bons cantores.

Como toda típica história de jovens e crianças que tem o seu primeiro contato com a música, o começo sempre vem com muito entusiasmo, euforia, alguns contratempos, claro, frustrações, medos, inseguranças, mas sempre carregados de esperança para alçar grandes voos, fazendo shows, se apresentando em vários palcos pelo mundo.

E com o jovem Harald não foi diferente. Ele foi aprendiz de orquestra, tocou em grupos de dance music, quando em 1970, auge do “flower power”, do Woodstock, e de uma embrionária cena progressiva, ele formou a banda EELA CRAIG. 

Em 1974 começou seus estudos musicais: flauta, violão, composição, além de formação pedagógica para a docência. A música na sua personificação didática ajudou e muito a Harald se tornar um grande instrumentista.

Harald Zuschader

Mas os primórdios do Eela Craig estava nas raízes do funk rock! Sim! Pode parecer improvável levando em consideração que seus trabalhos mais contundentes versam pelo progressivo sinfônico, mas, além do funk, algumas vertentes clássicas já fluíam e a partir dessa premissa o som do Eela Craig moldou, cada vez mais, o som da banda, tendendo também para o classic rock, sendo bombardeada também pelo som da época, marcada majoritariamente pelo rock psicodélico e também pela música experimental, lisérgica.

E a partir dessas inspirações, do modismo sonoro do rock n’ roll, que ganhava alguma credibilidade, graças a alguns festivais de grandes proporções, as bandas tinham a intenção de se apresentar, apresentar suas composições e gerar impacto a um público ávido por novidades no caráter de revolução.

O Eela Craig surgiu na escola e formada por jovens e isso já soava como revolução. O nome da banda surgiu nos pátios da escola e dois dos colegas de banda de Harald, Gerhard Englisch e Heinz Gerstmair que trouxeram o nome “Eela Craig” e é uma composição de palavras pura. Sempre pensaram que o nome da banda deve soar bem e ter certa mística, causar certo mistério em torno de seu nome e claro, deu certo.

Devido ao estilo sonoro do Eela Craig uma agência de música clássica chamada de “Konzertdirektion Schlote”, tomou conhecimento de sua existência, trabalhando com sucesso com esta agência por muitos anos fazendo shows pela Alemanha, Suíça, Itália, Turquia e, claro, a própria Áustria.

A influência que marcou o pontapé inicial da história do Eela Craig trazia na música experimental, eletrônica, tendo como base o sintetizador Moog, o órgão Hammond, tendo como referência a cena Krautrock alemã, além de bandas como King Crimson, ELP, Pink Floyd etc.

E foi com base nessas referências e instrumentos sonoros que se edificou o som do Eela Craig e do seu primeiro álbum lançado em 1971, o homônimo, alvo da resenha de hoje.

“Eela Craig” é um álbum obscuro, pouco conhecido, mas relevante para aquele pequeno país que nunca foi considerado o polo do rock progressivo mundial, mas que revelou para o mundo, apesar de não ter tido o devido crédito, um álbum de extrema importância para a formação de uma cena progressiva que, à época, era embrionária.

Ele foi gravado em um pequeno, modesto estúdio, na cidade de Linz, na Áustria, por um pequeno selo chamado Pro-Disc e foram prensadas apenas 1000 cópias do álbum. Ele foi produzido por um técnico de hobby da Universidade de Linz por 14 dias, afinal, os jovens músicos não tinham dinheiro para alugar um estúdio por muito tempo. O álbum foi relançado, no formato CD, pelo selo underground, mas emblemático alemão Garden of Delights.

Raro e extremamente belo, excepcional nota-se que, dada a sua qualidade experimental e viajante, é um álbum recheado de psicodelia, música progressiva e uma forte veia clássica, graças a história musical de um de seus fundadores. 

A banda possuía três tecladistas o que atenua a sua formação clássica e voltada para um rock mais experimental, mas complexo, de textura mais estruturada. E ainda contava com um pianista, além da flauta e do saxofone. A formação do Eela Criag neste álbum era: Horst Waber na bateria, Harald Zuschrader no órgão, flauta, guitarra e sax, Hubert Bognermayer nos teclados, Gerhard English no baixo, Heinz Gerstenmair na guitarra, órgão e vocal e Will Orthofer no sax e vocal.

Eela Craig

Comecemos a falar da faixa “New Born Child (Part 1 & 2)” cujo órgão é tocado de forma introspectiva, obscura que rompem em gritos agudos e aterrorizantes que logo suaviza com um piano e uma flauta, em uma balada linda e viajante, com temperos psicodélicos. Essa música é repleta de passagens desconcertantes, logo descamba para um baixo cadenciado e um jazz fusion lindo com um sax frenético e um sol de guitarra simples, mas finaliza a música magistralmente. Excelente faixa!

"New Born Child" (Part 1 & 2)

“Self Made Trip” começa também suave ao som discreto de um violão acústico e desabrocha em um solo lindo de guitarra e uma “cozinha” só fazendo aquela camada para dar o tempero ao som lindamente tocado e produzido nessa música. E assim permanece com uma levada até surgir o solo de flauta, espetacular! Outro grande destaque.

"Self Made Trip"

“A New Way” é outra linda balada com uma levada meio jazz, com ótima performance vocal e mais uma vez da flauta que conduz toda a música em sua questão harmônica. “Indra Elegy” fecha o álbum com uma introdução caótica de órgão, teclados e hammonds, uma faixa com uma veia bem sinfônica que lembra e muito o Emerson, Lake & Palmer. A música vai tomando corpo e substância com solos de guitarra assume uma cara mais hard. É impressionante a progressão da música e com uma passagem rítmica de invejar fica suave com um piano que descamba para um solo de guitarra arrepiante, algo meio Floyd, sabe? E quando entra o vocal, pronto! A viagem é garantida! Uma das mais lindas músicas de prog rock que já ouvi, até então, ouso dizer isso.

"Indra Elegy"

Era uma época de experimentações, de manifestações artísticas à flor da pele, a criatividade era o carro chefe, independentemente de como ela surgia, emanava e o Eela Craig a deixou dominar as intenções dos seus músicos, sem estereótipos, sem rótulos e foi com essa pretensão que a banda fez uma intensa turnê em 1972, ganhando alguma credibilidade em países como Itália, Alemanha e, claro, em seu país natal.



Garantiu, com isso, um contrato com uma grande gravadora, a Virgin Records, tendo, a partir daí, assumido uma nova vertente sonora em seus álbuns posteriores, ganhando um viés mais sinfônico e mais solar às suas músicas, mas isso já é outra história.



A banda:

Horst Waber na bateria

Harald Zuschrader no órgão, flauta, guitarra e saxofone

Hubert Bognermayer nos teclados

Gerhard English no baixo

Heinz Gerstenmair na guitarra, órgão e vocal

Will Orthofer no vocal e saxofone


Faixas:

1 - New Born Child

2 - Self Made Trip

3 - A New Way

4 - Indra Elegy

1st Movement: From Nowhere

2nd Movement: Burning

3rd Movement: Elegy

4th Movement: To Nowhere


 












 




sábado, 5 de março de 2022

Wicked Lady - Psychotic Overkill (1972-1994)

 


As origens primitivas, o big bang! O início que começa do nada! A história que não diz por ela só, devido a regras “documentais” acaba por não dar existência a quem merece dado a certos “infortúnios” no caminho tortuoso e difícil. Um álbum não lançado, o vilipêndio da indústria fonográfica, a fraqueza psicotrópica dos músicos. Tudo irrompe no ostracismo, na obscuridade do rock n’ roll. Isso faz com que o pioneirismo não seja credenciado a determinadas bandas?

Infelizmente essa se torna uma pergunta recorrente, talvez seja pela falta de consistência dela, algo que não se deve levar em consideração, pois o início sempre é questionável, muito por conta da riqueza da sonoridade e da cena e de algumas situações hipotéticas e relativas referente a concepção da música para cada ouvinte.

Mas algumas bandas que não gozam da pedra fundamental da origem da música pesada, por exemplo, precisa ser lembrado, serem colocadas no seu devido lugar, independente das agruras que sofrera no passado ou se essas redundaram em seu fracasso comercial.

Bandas britânicas, polo da música pesada nos anos 1960, 1970 e 1980, como The Who, The Yardbirds, Black Sabbath, Led Zeppelin, Deep Purple, Iron Maiden, Saxon, cada qual em sua geração ditaram moda no hard rock, imprimiram o seu modo de tocar e inspiraram cenas, comportamentos, tudo relacionado a música pesada em todas as sua encarnações, mas o que dizer das bandas obscuras que são contemporâneas aos figurões? Devem ser apagadas da história por motivos comerciais?

Claro que as bandas conhecidas são dignas de seu status, mas são aquelas à margem, as undergrounds que pereceram pelo simples fato de ter “existido” comercialmente falando. Estamos falando de música ou negócios?

E diante dessa discussão um tanto quanto existencial, surge da escuridão, na efervescente Inglaterra no final da década de 1960, mais precisamente em 1968, o WICKED LADY, que já é underground e provocador já no nome, que navegou no obscuro da cena, ainda embrionária da música pesada, na cidade de Northampton.

A banda era a personificação da cena contracultural da época, e aquela máxima, muito em voga em 1968, de “paz e amor” do hipismo definitivamente não era a vibe dos moleques do Wicked Lady. A música era pesada, crua, direta, arrogante, totalmente indulgente, um tapa na cara das músicas experimentais, chapantes do movimento hippista.

A banda era formada por Martin Weaver (vocal/guitarra), “Mad” Dick Smith (bateria) e Bob “Motorist” Jeffries (baixo) e como muitos jovens músicos começaram a tocar em pubs sujos e altamente perigosos, de pessoas que eram verdadeiras bombas relógio, sempre interessadas em brigar, tocando músicas dos outros. A primeira banda de Weaver, por exemplo, era cover, e que logo foi demitido pelo empresário com a alegação de que não se encaixava no som e que o baterista Dick e o baixista Bob também faziam parte dessa banda, mas que logo saíram e a formação, o embrião do Wicked Lady fora formado.

O guitarrista e vocalista Martin Weaver

Mas e o nome? Por que Wicked Lady? Diz a história de que os caras estavam em um pub bebendo muito, tentando pensar em um nome, porque tinham já um show marcado e o promotor do evento queria o nome para anunciar o show. O nome não saía, estavam bêbados e pouco inspirados, mas, sem querer, em um olhar despretensioso para um papel que anunciava uma cerveja que estava sendo lançada chamada “wicked Lady” e que estava ali sobre a mesa. O guitarrista Marti Weaver pegou o papel e disse: “Que tal o nosso nome?” Os demais estavam tão chapados e cansados de pensar que decidiram aceitar sem contestar.

Os shows eram explosivos! A banda queria ser a mais barulhenta e pesada da cena e isso causava problemas nos pubs e casas de shows da região. A banda costumava deixar o feedback da guitarra quando terminavam uma música, enquanto “Mad Dick” quebrava a bateria e jogava seus destroços para a plateia e fazia isso antes do show acabar o que fazia, claro, que o precoce fim se materializasse deixando os donos das casas de show irritados e os promotores também, perdendo dinheiro.

O Wicked Lady tinha muito seguidores de motoqueiros que causavam problemas e os shows terminavam em um verdadeiro inferno, brigavam com a polícia nas ruas, os moradores reclamavam da música alta e chamavam a polícia e muitos dos pubs pelos quais o Wicked Lady passava deixava sua marca destruidora, pois, por conta desses “distúrbios” perdiam sua licença e eram impedidos de colocar música. Dá para notar que a reputação da banda não era das melhores.

Reza a lenda que a banda gravou os seus primeiros materiais, as suas primeiras composições em um porão, não tinham recursos para alugar um estúdio decente para compor seus riffs, arranjos e letras. O guitarrista Martin Weaver, em algumas entrevistas que concedeu, disse que as faixas, gravadas entre 1968 e 1972, foram gravadas durante alguns ensaios em um revox de quatro faixas e dizia ainda que as faixas foram colocadas para que pudéssemos lembrar como foram as músicas, não com a intenção de lançá-las. Em nossas mentes, éramos apenas uma banda ao vivo; a música gravada sempre parecia fraca e estéril em comparação com o som ao vivo.

Daí chega-se a conclusão, apesar da baixa qualidade na forma em que tais faixas foram produzidas, que a verdade, a crueza, a sujeira da música do wicked Lady é evidente e notável, a grandeza do seu som é evidenciada pela sua decadência, pela sua adversidade e total falta de estrutura.

E esses registros sonoros traduziram em dois álbuns chamados “The Axeman Cometh” e “Psychotic Overkill” e o último será tema dessa aventura, dessa resenha. Mas por que o “Psychotic Overkill”? Porque traz a banda como ela foi, o auge, o ápice de sua condição, com todos os entraves técnicos e sonoros, trafegando do rock de garagem, na música pesada, no proto metal, no punk de vanguarda, no anti “paz e amor” da cena psicodélica, mas que, em algum momento, gozava de alguns “temperos lisérgicos” mesclados a hoje conhecida cena stoner rock das décadas de 2000. Esse álbum é concepção de tudo que conhecemos e entendemos de rock n’ roll, com clichês à parte.


O material de “Psychotic Overkill”, bem como também de “The Axeman Cometh” não foram lançados à época, sendo redescobertos e lançados em CD pelo selo “Kissing Spell” na década de 1990, sendo o primeiro lançado mais precisamente em 1994 e mais recentemente lançados no formato em vinil pelo selo “Guerssen”.

Mas voltando aos primórdios, devido às dificuldades impostas pelo atual cenário a qual o Wicked Lady estava inserido o fim da banda foi iminente, acontecendo, precocemente, em 1970, mas Smith e Weaver logo se reagruparam com o novo baixista, Del “German Head” Morley e a partir daí retomaram as suas gravações em caráter, como dizia Weaver, mais desleixado e sem nenhum interesse em registrar formalmente e assim surgiu a estrutura ideal para o “Psychotic Overkill”, segunda leva de materiais gravados, que consistia em uma seção intensa de riffs de guitarra, com alguns wah wah ao estilo Jimi Hendrix Experience, peso aliados à lisergia, a famosa crueza, sujeira, agressividade e um quê de dançante em alguns momentos.


“I'm a Freak” inaugura o álbum em uma espécie de petardo sonoro, um proto metal de encher os olhos e acalentar a alma, além de fomentar o desejo ato de headbangear. É pesado, é direto, é agressivo, é veloz e já começa com riffs pegajosos, com o vocal gritado de Weaver, a bateria batendo forte e agressiva com um baixo pulsante. É a ode ao peso em uníssono! A uma participação intensa e magistral de toda a banda nessa excelente faixa.

"I'm a Freak"

“Tell the Truth” corrobora, na sequência, o que foi inaugurado em “I’m Freak”: o riff sujo e pegajoso, algo meio doom metal, mas em uma “voltagem” mais lenta, mas não menos pesada. Uma vibe pesada, um hard agressivo e arrogante, mas em um tom mais obscuro, escuro, perigoso. Percebe-se também um pouco mais de complexidade, estrutura nos solos de guitarra, mais bem elaborados.

E já que falei em Jimi Hendrix Experience por aqui há sim um cover, relembrando o passado dos músicos, da icônica banda de Hendrix, o clássico “Voodoo Chile (Slight Return)”. Nessa excelente versão a original, tomada por uma levada mais blueseira, é esquecida pelo Wicked Lady, mas o wah wah, marcante identidade na forma que Hendrix tocava com a sua guitarra, foi copiada, mas o hardão comeu solto com a versão de Wicked Lady, menos sofisticada, mas desleixada e poderosa, e isso não se pode negar. Uma versão arrojada, arriscada e que não ficou no básico da cópia, na arriscada zona de conforto, muito pelo contrário. A música ganhou uma cara, um DNA todo especial do Wicked Lady. 

"Voodoo Chile (Slight Return)"

“Why Don't You Let Me Try” segue com a mesma proposta do album, riffs pesados e marcantes, mas traz uma pegada mais dançante e diria até mais acessível aos ouvidos, podendo cativar a todos os ouvidos e espectadores possíveis. A bateria traz o cerne dessa percepção sonora, dando certo groove, com o baixo confirmando tudo isso e dando a textura necessária ao som.

Na sequência tem, a meu ver, uma das melhores faixas do álbum: “Sin City” e segue aquele vibe mais “solar” da faixa anterior, bem dançante, os riffs ainda vivazes e presentes, com solos lindos de guitarra que faz você viajar e que provoca arrepios. Baixos e riffs de guitarra me remeteram ao heavy metal que, uma década depois se notabilizou com o Iron Maiden, aquele meio “cavalgado”. Excelente faixa!

"Sin City"

“Passion” já surge tirando o fôlego! Pesada, intensa, com bateria arrebentando com tudo, riffs de guitarra acompanhando, com um vocal mais trabalhado, mais melódico. Outra ótima faixa que é bem mais direta e perigosa que as faixas anteriores talvez.

Mas o épico do álbum é guardado para o fim, para fechar com chave de ouro: “Ship of Ghosts”, com os seus 22 minutos de duração, que antes dos comentários acerca da música, vale aqui uma curiosidade da sua origem: nos pubs e casas de shows que a banda tocava essa música, eles a tocavam repetidamente, improvisavam, até para “alongar” a duração dos shows porque não tinham repertório para tocar, a ponto de serem retirados do palco pelo dono do local ou serem ameaçados pelo público que não aguentavam mais. Não esperem, pelo tempo de duração, que “Ship of Ghosts” é uma suíte, uma viagem progressiva, apesar de suas variâncias de som, mas sempre privilegiando o peso, a agressividade, mas com certa dosagem de complexidade e arrojo na composição, embora, em algumas entrevistas, o guitarrista Martin Weaver discordar de que as músicas do Wicked Lady tenham sido submetidas a um processo de composição e arranjos ou coisa que o valha, mas apenas como ele disse: “riffs e palavras”.

"Ship of Ghosts"

Riffs e palavras que traria um eldorado para a história da música pesada, um caminho que foi desbravado para muitos seguirem e construírem a música pesada a partir do pilar deixado pelo Wicked Lady. O passado pode não ter sido favorável, sob o aspecto comercial, para a banda, mas a música fala por si só e entrega ao mundo, cedo ou tarde, a capacidade de desbravar de uma banda que deixou registrado não apenas músicas, mas as suas verdades e que resistiu ao tempo, às intempéries causadas pelo cenário adverso de conservadores medrosos, de uma indústria fonográfica míope e ávidas apenas por dinheiro que esquecem, marginalizam as grandes obscuras bandas. Wicked Lady é uma daquelas bandas cuja história às vezes pode ofuscar sua própria música, mas não evita a sua importância que, graças aos abnegados gestores de selos alternativos trouxe à luz o rock obscuro do Wicked Lady. E falando em vilipêndio da indústria fonográfica cabe aqui mais uma curiosidade: Weaver, em uma de suas entrevistas, disse que quase conseguiu um contrato de gravação na época, mas havia batido na cara do executivo da gravadora A&R porque ele insultara a sua namorada. É isso, são histórias pitorescas que definem o seu curso.

Martin Weaver quando o Wicked Lady finalizou pela segunda vez, se juntou ao Dark e participou da gravação do álbum “Round The Edges” que fora gravado em uma semana no estúdio SIS em Northampton, Inglaterra, sendo feitas cerca de 80 cópias entregues nas mãos dos músicos para serem repassados às pessoas mais próximas.

Dark - "Round The Edges"

Weaver formou uma banda chamada Radar nos anos 80 e depois se concentrou na música solo tocando sintetizadores e guitarra. Dark se reformou nos anos 90 e ele judou a gravar o álbum The “Anonymous Days”. Fizeram um show beneficente em 2011.



A banda:

Del "German Head" Morley no Baixo

Dick Smith na Bateria

Martin Weaver na Guitarra, Vocais

Faixas:

1 - I'm A Freak

2 - Tell The Truth

3 - Passion

4 - Voodoo Chile ( Jimi Hendrix )

5 - Why Don't You Let Me Try

6 - Sin City

7 - Ship Of Ghosts