sábado, 1 de janeiro de 2022

Novalis - Banished Bridge (1973)

 


Meus amigos amantes da música progressiva sou um grande fã do rock progressivo alemão e quando descobri o NOVALIS atingi um nirvana sonoro e um arrepio de felicidade dada a emoção da audição e isso se descreve com fidelidade progressiva no seu debut chamado “Banished Bridge”, de 1973. O Novalis, oriundo da cidade de Hamburgo, foi formado em 1971, a partir de um anuncio em jornal convocando músicos para complementar o grupo, por iniciativa de Heino Schünzel e Jürgen Wentzel, baixista e vocalista respectivamente. 


O Novalis, em seu início, não se adequava ao estilo krautrock ou experimental, mas em um progressivo sinfônico com harmonias luxuosas, passagens excepcionais tendo no órgão, nos teclados o seu grande cerne sonoro, a espinha dorsal de sua música. 

São camadas melódicas fantásticas que te faz viajar, músicas belas e majestosas que faz do Novalis e seu primeiro álbum, “Banished Bridge”, um dos pioneiros do rock sinfônico na Alemanha e que teve seu ponto alto em meados da década de 1970.  

Convém falar das origens do nome da banda: Novalis. Muitas das letras da banda foram baseadas na poesia do poeta do século 16 Friedrich Freiherr von Hardenberg, onde “Novalis” era seu pseudônimo. O poeta Novalis era muito conceituado em sua época. Era um homem romântico e sofreu muito pela perda de sua amada. Como em muitos casos não enlouqueceu pela tal perda, mas sofreu de tristeza e morreu apenas com 28 anos de idade.

O poeta Novalis

Colaboraram neste álbum os seguintes músicos, Jürgen Wentzel nos vocais, Heino Schünzel no baixo, Lutz Rahn nos teclados, Hartwig Biereichel na bateria e Carlo Karges nas guitarras, sendo o único álbum gravado em inglês, passando a produzir os trabalhos seguintes em alemão e tendo alguma repercussão comercial. 

Novalis

O álbum abre com a faixa título, com uma atmosfera viajante, transcendental com órgãos tocados com suavidade, um violão acústico dando toda uma atmosfera linda e delicada, uma suíte fantástica, criativa, que me remete o Pink Floyd em épocas remotas, com passagens fantásticas de um rock sinfônico tocado com competência e carregada de emoção. 

"High Evolution" é uma faixa mais direta, com um excelente órgão de igreja, com um toque também sinfônico, de melodia limpa e forte.

"Laughing" mostra um lado frenético do Novalis, de mais energia, mas ainda tendo os teclados de Lutz Rahn como a parte mais importante, mais edificadora do álbum e da banda. Conta com grandes passagens e uma seção rítmica excepcional.

“Inside of Me (Inside of You)” também tem uma linha mais rock, mais pesada, com teclados e riffs de guitarra poderosos e frenéticos, mas que descamba para o sinfônico que é a marca registrada deste grande álbum, fechando-o com maestria e qualidade.

O Novalis é assim, músicas intricadas, complexas e lindas, uma banda que soube seguir sua diretriz com muita ousadia, arrojo e dedicação e “Banished Bridge” foi o grande pontapé inicial para uma carreira de grandes álbuns.

Não há neste álbum o experimentalismo, o minimalismo do krautrock dos primórdios, não há o peso e a agressividade de riffs de guitarra, não há o space rock, há sim, uma sofisticação, mas, ao mesmo tempo inteiramente acessível aos ouvidos que vai direto à alma, ao coração e que nos arrebata de forma indelével.

Um clássico obscuro que desmistifica de uma vez por todas que o rock alemão é só psicodelia do krautrock e o peso do hard rock. Novalis com “Banished Bridge” nos entrega um rock alemão diversificado, competente e muito pouco estereotipado.

Os álbuns seguintes não teria essas camadas sonoras tão sofisticadas, tendo uma vertente, inclusive, mais comercial, talvez seja por isso que o debut do Novalis entrega algo singular para a história criativa da banda e também para a música alemã.


A banda:

Jürgen Wenzel vocais e guitarra acústica

Lutz Rahn  no órgão, Mellotron, piano e sintetizador

Heino Schünzel no baixo

Hartwig Biereichel na bateria

Faixas:

1 - Banished Bridge

2 - High Evolution

3 - Laughing

4 - Inside of Me (Inside of You)