O ano era 1973. A banda
britânica Atomic Rooster gravava o seu último álbum de estúdio, “Nice ‘n’
Greasy”, que tinha na formação a espinha dorsal da banda e seu único fundador,
o tecladista Vincent Crane, e o versátil e grandioso vocalista Chris Farlowe.
Nesse período, considerada a de ouro da banda, entre 1970 e 1973, o "Galo Atômico" contou com muitas idas e vindas de músicos, um verdadeiro rodízio que, de certa
forma, foi interessante para essa curta, mas significativa história
discográfica do Atomic Rooster, pois produziu álbuns que flertou do hard rock,
prog rock ao soul e blues.
Porém, nesse período, do lançamento do “Nice ‘n’
Greasy”, a banda estava um tanto quanto cansada, descaracterizada, inclusive
este último trabalho, apesar de razoável, não estava à altura dos álbuns
anteriores, embora esta mesma formação tenha sido responsável pela criação do
muito bom “Made in England”, de 1972, com exceção do baterista Ric Parnell que
participou de “Nice ‘n’ Greasy”. Tanto que a banda parou, finalizou as suas
atividades para retornar em 1980, quando Du Cann, o guitarrista, e Vicent Crane, o tecladista, decidem reestruturar a banda, após um hiato de longos sete anos. Convoca o
experiente baterista Preston Heyman e grava o sexto álbum de estúdio com o nome
“Atomic Rooster”, em 1980.
Entrando na nova onda do
heavy metal britânico, a New Wave of a British Heavy Metal, a banda decide
tocar ainda mais pesado, com mais agressividade, mais um ponto de reinvenção da banda, capitaneado por Crane e sem sombra de dúvida o guitarrista John du Cann que traz, em seu DNA, o peso do hard rock e que provou isso no próprio Atomic Rooster, no segundo trabalho da banda: "Death Walks Behind You", de 1970.
Atomic Rooster em 1970
Claro que tais propostas
sempre foi o cerne do Atomic Rooster, mas, mais uma vez, em sua inquietude
criativa, Crane e Cann não se ancoraram em estereótipos, embora o ano, 1980, tenha caracterizado o "boom" do heavy metal, sobretudo londrino e o trabalho do Atomic Rooster seja fortemente inspirado no peso do heavy metal.
O álbum também não foi tão bem recebido pela crítica e pelos fãs mais conservadores da banda, mas sim, é um grande e subestimado álbum. Contudo, essa “nova” vertente da banda não se limitou ao estúdio. O Atomic Rooster sempre, apesar dos rodízios, contou com músicos de excelente qualidade e que gozava de grande virtuosidade em suas exibições ao vivo, reproduzindo neles, a proposta concebida no estúdio quando gravou “Atomic Rooster”.
Ainda em 1980, a banda se apresentou no lendário
Marquee Club, em Londres e nele se percebe a agressividade, a nova vertente do
Atomic Rooster, com clássicos setentistas de sua áurea fase sendo executada de
uma forma avassaladora, poderosa e visceral. Esse registro ao vivo, alvo dessa
resenha, definitivamente é um obscuro trabalho da banda e surpreende pela
intensidade e força do Atomic Rooster que voltaria a todo o vapor.
Mas nessa
apresentação, como de costume, tem uma nova (velha) formação. O baterista, Preston Heyman, que participou da gravação do até então novo álbum de estúdio, sai da banda e dá lugar ao velho
dono do posto, o excelente Paul Hammond.
Talvez a intenção de Crane era voltar
as origens, trazer as raízes clássicas do Atomic Rooster e que foram
responsáveis por entregar ao mundo uma pérola da história do heavy rock chamada
“Death Walks Behind You”, de 1970, por exemplo. Claro que com Hammond esse
registro ganhou em brilhantismo.
John du Cann, John Hammond e Vincent Crane
Uma curiosidade sobre esse show é que não
existiam gravações conhecidas da mesa de som ao vivo da linha de 1980, as fitas
cassetes faziam parte dos arquivos pessoais de John du Cann e foi, de certa
forma, com o lançamento, em um formato quase que em bootleg, dado a algumas
imperfeições na qualidade da produção, responsável pelo retorno do Paul
Hammond.
E pasmem, amigos leitores, o show foi gravado por intermédio de um único microfone no palco!
Inacreditável como conseguiu captar tanta energia de uma banda como o Atomic
Rooster. Essas gravações foram as últimas ao vivo dessa formação clássica, com
Du Cann, Crane e Hammond feitas no Marquee Club, onde tocavam regularmente.
Era
um Atomic Rooster puro, genuíno, sem filtros, energética, a versão power trio
de outrora, com a roupagem heavy metal que faria, facilmente, qualquer
headbanger balançar incessantemente a cabeça. Era o tecladista Vincent Crane,
era o guitarrista John du Cann e o baterista Paul Hammond, afinal de contas.
O
line up trazia músicas dos primeiros trabalhos da banda e outras mais recentes
à época. A começar com “They Took Control Of You” que é um verdadeiro petardo
que faria qualquer banda heavy metal dizer “amém”, peso e agressividade são as
palavras que definem.
"They Took Control Of You", do álbum "Atomic Rooster", de 1980
Na sequência tem o hino “Death Walks Behind You” que,
além de manter aquele clima sombrio, é encorpada por uma tensão sonora pesada e
ameaçadora, mais rápida e veloz também. “Watch Out!” traz de volta a pegada
heavy rock, com muita velocidade e intensidade, um show à parte no quesito
instrumental. “Tomorrow Night” surge na sequência, o clássico da banda, bem
viva e rejuvenescida, mas com aquela inevitável vontade de dançar.
"Death Walks Behind You" - "Live at The Marquee", de 1980
“Seven Lonely Streets”
ressuscita o Atomic Rooster setentista, um poderoso hardão. “Gershatzer” traz
uma eficácia ao set, carismática e poderosa, cativa aos fãs apreciadores do
estilo mais hard n’ heavy. “I Can’t Take No More”, outra clássica, segue a mesma
proposta da faixa anterior, é excelente ao vivo, ganha mais força e peso, em
qualquer época.
"I Can't Take No More", live at Beat Club, 1971
“In The Shadows” é
igualmente avassalador, um heavy metal vanguardista e que podemos dizer ter
sido a pedra fundamental para o estilo, sem sombra de dúvida. Outro clássico que ganhou uma bela
roupagem foi “Devil’s Answer” com guitarras estridentes, vocais rasgados e
teclados ao nível patológico do frenesi.
"Devil's Answer", live at Top of the Pops, 1971
Fecha com “Do You Know Who’s Looking
For You?” que já entrega com um riff pesado no início e diria, sem medo, que
tem uma levada punk, suja e despretensiosa.
"Do You Know Who's Looking for You?", do registro ao vivo "Live at The Marquee"
Assim é “Live at Marquee Club”, um
Atomic Rooster sujo, rasgado, agressivo, poderoso, uma, até então, nova faceta,
que revelava o que sempre foi o Velho Atômico. Pesado e arrogante!
“A banda consumiu tanta
energia que, imediatamente ao sair do palco, eles entraram em colapso, e que o
pensamento de um bis era incapacitante”.
O rock tem vivido nessas últimas décadas em uma
espécie de oligopólio. Explico. Para muitos a cena se limita a poucos países:
Inglaterra e EUA são os centros do rock n' roll mundial. Se a banda não tem as suas bases fincadas nesses países o
futuro é incerto ou, para atingir êxito em sua carreira é preciso atingir esses
mercados, onde a indústria fonográfica determina como a “meca” da música.
É
inegável a importância desses países para a música, o rock e a cultura em
geral, mas em tempos contemporâneos de globalização esse cenário deveria mudar.
Mas a mudança está ocorrendo, mesmo que a passos lentos graças a verdadeiros abnegados que difundem a todo custo a música sem fronteiras e muros.
O advento das
ferramentas de comunicação também, tais como as redes sociais, tem encurtado as fronteiras, os
seus muros vem ruindo e algumas bandas vêm ganhando luz após décadas de
obscuridade, graças também as alternativas gravadoras que revisitam materiais antigos esquecidos,
vilipendiados pelo tempo.
Mas há um país muito peculiar que, além de ser um
mercado consumidor muito grande e interessado está em constante expansão: Falo
do Japão. Apesar de seu povo ser disciplinado, calcado em antigas tradições,
gozam de uma extrema paixão e avidez pelo rock n’ roll, o rock n' roll faz parte de suas manifestações comportamentais desde sempre.
Muitas das bandas, sejam elas conhecidas,
consagradas ou obscuras, de todas as vertentes tem espaço entre os jovens
japoneses que seguem e respiram intensamente as suas prediletas bandas. A
realidade mercadológica se faz forte pela forma democrática pela qual inúmeras
bandas registram seus shows ao vivo naquele país e reservam dias e mais dias em
suas agendas para extensas turnês.
E, não se enganem que há além dos
interessados fãs, uma proeminente cena de bandas, de mais diversa gama
de estilos, mas infelizmente muitas delas não ganham o mundo, não fazem tão sucesso,
a não ser em seu país de origem. Uma dessas bandas é o BLUES CREATION. A banda
foi formada no fim dos anos 1960 pelo guitarrista Kazuo Takeda que ganhou
alguma notoriedade e edificou uma boa história na cena rock underground.
Blues Creation com Takeda na ponta direita
Takeda nasceu em 1952 e foi criado em Tóquio. A música sempre esteve presente em sua vida por intermédio de sua irmã e sua mãe, ávidas ouvintes de música pop e rock n' roll americano do início dos anos 1950. Ganhou um Ukulele aos nove anos, mas se rendeu a guitarra graças a uma onda de surf music que "contaminou" o país naquela época, principalmente o guitarrista do The Ventures, Nokie Edwards que era um ídolo da guitarra para os estudantes japoneses.
Takeda logo formou a sua primeira banda, de surf music, claro, chamada "The Falcons", tocando com eles por um ano. Depois disso começou a ouvir R&B e outras bandas britânicas de sucesso como The Rolling Stones, The Kinks, The Yardbirds etc. E isso de alguma forma o atraiu para o blues.
No início de 1968 a sua banda começou, graças a sua influência, a tocar blues, blues rock. Começou a fezer covers de Paul Butterfield Blues Band, John Mayall, Electric Flag e outros. Foi difícil agendar shows por conta dessa nova vertente porque simplesmente era complicado dançar blues, principalmente diante de músicas psicodélicas e de surf music que ainda reinavam nas casas de shows japonesas. O blues não era popular no Japão, pelo menos ainda, porque o Blues Creation foi sem dúvida aqueles que introduziram a vertente em seu país.
No verão de 1968, o jovem Takeda foi convidado por um amigo de sua irmã a tocar em uma banda que estava se apresentando em Tóquio como profissionais. Se chamavam "The Bikkies" e tocavam em clubes "go-go" e bases militares americanas em Tóquio e Yokohama e tocavam primordialmente rock n' roll, blues rock. Então para o jovem Takeda foi extremamente importante para o seu crescimento como músico e guitarrista de blues.
Foram longos e intensos seis meses com o The Bikkies, decidindo deixar a banda e formar uma nova banda para tocar apenas blues, blues rock e foi assim que nasceu a primeira banda japonesa de blues: o Blues Creation.
No dia primeiro de janeiro de 1969, Takeda e sua trupe estavam no trem para a cidade de Hachinohe, província de Aomori, rumo a sua primeira turnê como Blues Creation. Estavam tão animados e cheios de energia que carregaram todos os seus equipamentos como amplificadores, bateria, guitarras, tudo no trem, porque ninguém na banda tinha carteira de motorista, afinal todos eram muito jovens, na faixa dos dezesseis e dezessete anos de idade!
Ficaram um mês em Hachinohe e logo se mudaram para Nagoya por um mês inteiro e lá que o Blues Creation nasceu e foi construindo a sua identidade sonora. O nome "Blues Creation" foi concebido porque à época muitas bandas tinham o "s" nos seus nomes, então para se destacar decidiram nomear sua banda sem o "s". E por ser uma banda com viés do blues deveria ostentar a palavra "blues" em seu nome, afinal, também eram a primeira banda do estilo no Japão e precisavam difundir isso. Por isso que em tradução livre "Blues Creation" significa "Criação do Blues". Muito significativo!
Assinou o seu primeiro contrato com a Polydor Records e o que estimulou esse contrato foi quando o Blues Creation começou a tocar na área de Shinjuku e a banda estava se tornando popular naquelas áreas e o público estava procurando por bandas mais pesadas que estavam surgindo e as gravadoras estavam atentas a essa tendência.
As principais gravadoras também estavam em busca de bandas novas e a Polydor era uma delas. E muitas bandas pesadas estavam surgindo e o Blues Creation estava na hora certa e no lugar certo e apesar de alguma reticência a Polydor resolveu contratá-los, mas o que definiu essa contratação foi quando alguns representantes da gravadora os viram tocar e gostaram.
O primeiro álbum da banda,
chamado de "Blues Creation", alvo de minha resenha de hoje, foi
gravado no estúdio Polydor em Tóquio. O estilo de gravação foi feito
principalmente ao vivo no estúdio e ele foi concebido em apenas dezesseis horas
no total, passando dois dias no estúdio completando as outras etapas de
gravação. Um recorde!
O Blues Creation
pouco promoveu o seu debut, nenhuma atividade promocional foi realizada, exceto
tocar em alguns programas de TV, poucos na realidade e algumas entrevistas para
revistas de músicas, mas a banda manteve a sua regularidade de shows em clubes na
área metropolitana de Tóquio.
Blues Creation tocando em festival em 1970
A formação do Blues Creation
quando gravou o seu primeiro álbum, em 1969, tinha: Fumio Nunoya no vocal,
Kazuo Takeda na guitarra, harmônica e vocal, Yoshiyuki Noji no baixo, Shinichi
Tashiro na bateria e Hugh Cutler na harmônica. O álbum é primordialmente calcado
no blues rock com pitadas de psych rock e um hard rock de vanguarda e contava
cm clássicos do blues.
É inaugurado com um clássico de Sonny Boy Williamson “Checkin’ Up On My Baby” encorpada pelo classic rock dos japoneses, mas que não foge, claro, muito a sua essência blueseira. Destaque para a bateria marcadinha e a gaita nervosa e solos de guitarra animados e diretos.
"Checkin' Up on my Baby"
Segue com "Steppin'
Out" de Memphis Slim, uma faixa instrumental cheia de energia que traz um
Blues Creation mais agressivo, mais hard rock, com solos longos e arrebatadores
de guitarra e uma "cozinha" afiadíssima dando uma camada mais solar à
música.
"Steppin' Out"
"Smoke Stack
Lightning'", de Howlin Wolf, traz um blues mesclado a psicodelia, algo
mais lisérgico se ouve nessa faixa com o destaque para a gaita que "chora"
entregando ao ouvinte o "Delta do Mississipi. Uma excelente versão,
repleta de alternâncias rítmicas.
"Smoke Stack Lightning'"
A sequência tem "Double
Crossing Time" gravada originalmente pelo John Mayall & The
Bluesbreakers com Clapton e traz a essência dos blues sem fugir da essência da
gravação original, mas traz nuances mais pesadas e indulgentes, com pitadas
psych e lisérgicas.
"Double Crossing Time"
“I Can’t
Keep From Crying”, do Ten Years After, ganha uma versão basicamente parecida com
a sua original, com uma levada psicodélica, guitarras ácidas, um som mais
acessível e radiofônico, mas de muita qualidade, claro.
"I Can't Keep from Crying"
A seguinte é a clássica
“Spoonful” de Charley Patton, que também fora gravado pelo Cream, traz o blues
dançante, com base e destaque, mais uma vez, da gaita, diria ser mais animada que
a versão do Cream.
"Spoonful"
“Rollin’ And Tumblin’”, clássico magnânimo de Muddy Waters,
tem a introdução marcada da bateria e solos de guitarra curtos e diretos, cheio
de mudanças de tempo, um trabalho sensacional rítmico, instrumental.
"Rollin' and Tumblin'"
O álbum
finaliza com “All your Love”, também do John Mayall & the Bluesbreakers com
Eric Clapton, um blues rock fincado nas bases primordiais do rock n’ roll mais
rebelde, despretensioso, outra grande versão para fechar um álbum dos moleques
japoneses.
"All your Love"
Depois do lançamento do
primeiro álbum o Blues Creation passou por mudanças em sua formação. O
baterista original Shinichi Tashiro deixou a banda, mas apresentou ao jovem e
talentoso baterista Masayuki Higuchi que estimulou a banda a tocar mais hard
rock, mais blues rock, nascendo o segundo trabalho chamado "Demon &
Eleven Children", de 1971.
"Demon & Eleven Children" (1971)
Estimulou Takeda a escrever
suas próprias músicas, suas músicas originais. A sua intenção, com essa
transição sonora da banda, era explorar novas camadas sonoras, novas
experiências e transformar o Blues Creation em uma banda de rock, de hard rock.
E conseguiu!
No mesmo ano a banda
se reuniu com a cantora excelente de música pesada e heavy metal Carmen Maki.
Na segunda semana após a concepção de "Demon & Eleven Children"
eles se juntaram a Carmen Maki para gravar "Carmen Maki & Blues
Creation".
"Carmen Maki & Blues Creation" (1971)
Carmen era uma cantora muito
popular à época e o seu contrato com a CBS Sony havia finalizado e muitas
gravadoras passaram a disputá-la a tapas, mas Maki, muito teimosa e arrojada,
decidiu seguir em sua nova vertente musical: o rock! E o Blues Creation a
ajudou a mudar, acreditando em seu potencial. Takeda e Carmen se conheceram em
1971 e ela passou a frequentar as gravações e ensaios do Blues Creation e assim
desenvolveram a sua relação musical.
Carmen Maki
No final de 1971 o Blues
Creation estava se sentindo desgastado, a banda não tinha mais a mesma
intensidade em palco, que os tornou conhecidos em vários clubes e casas de
shows em Tóquio. Uma nova necessidade de mudança estava em evidência e Takeda
se viu em mais um desafio pela frente. Mas a banda, essa formação que gravou
dois álbuns em 1971 se desfaz. Takeda então forma um "power trio"
chamado "Bloody Circus" mas não durou mais do que seis meses.
Takeda então decide se mudar
para Londres, na Inglaterra. Lá viu muitas bandas ótimas tocarem. Tocou também
com muitas bandas locais e pouco conhecidas. Também fez alguns testes. Ficou
por lá cerca de seis meses e retornou ao Japão para formar uma nova banda: o
Creation. Isso foi em 1972.
Nos próximos três ou quatro
anos trabalhou duro com a nova formação para polir a sua banda, escrevendo
novas músicas, fazendo muitos ensaios, shows ao vivo, turnês etc. Chegou a
abrir shows de bandas internacionais que tocavam no Japão. Tocaram com o Faces
e o Mountain, por exemplo e foi assim que conheceu o baixista e produtor dessa
última banda chamado Felix Pappalardi.
Felix Pappalardi
Pappalardi veio, juntamente com
o Mountain, ao Japão em 1973. Em 1975 aconteceu um grande festival de rock no
Japão, chamado carinhosamente pelos japoneses de "Festival Mundial de
Rock". Felix veio ao Japão para aquela turnê e convidou Takeda para entrar
na banda do festival e foi assim que começaram a desenvolver um relacionamento
musical. Além disso o Creation estava prestes a fazer o segundo álbum e de
alguma forma Felix se envolveu como produtor.
Passaram três meses na casa
do produtor e baixista do Mountain em Nova York, na Ilha de Nantucket. Durante
esse processo de gravação se divertiram muito e no fim Felix acabou se tornando
também o vocalista do Creation No ano seguinte fizeram uma grande turnê pelos
Estados Unidos.
No final dos anos 1960
Takeda queria focar no blues novamente e construiu, dessa forma, fundindo o
blues com o jazz, conhecido com jazz swing antigo ou jazz bebop antigo, o que
difere do fusion ou jazz contemporâneo.
Uma banda memorável,
excelente e que deixou uma indelével marca na história do blues rock japonês,
sendo pioneira, desbravando o estilo quando nada tinha no Japão relacionado ao
blues, apenas rejeição e pouco caso por parte da indústria. "Blues
Creation", de 1969, pode não ter sido o primeiro no mundo, mas certamente
ostenta essa condição em qualidade sonora. Clássico mais do que recomendado!