quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Orange Peel - Orange Peel (1970)

 

A Alemanha parecia não estar preparada para bandas do naipe como ORANGE PEEL. Por que falo isso, dignos leitores? Porque ao ouvir o petardo do seu único trabalho lançado, simplesmente chamado de “Orange Peel”, em 1970, o petardo sonoro que se testemunha é incrivelmente pesado para a sua época, quando praticamente a cena krautrock estava embrionária.

O kraut, com suas viagens experimentais e psicodélicas, lá dos primórdios, com bandas como Popol Vuh, Amon Duul II, Can entre outros, não via similaridade sequer com o que fez o Orange Peel com seu álbum. Claro que algumas bandas já apresentavam alguns riffs um pouco mais distorcidos, algum peso na sua seção rítmica, mas o Orange Peel trazia em sua sonoridade o peso, o hard rock em sua gênese.

As performances experimentais, um tanto quanto “extraterrestres”, lisérgicas, com aquele space rock psicodélico, definitivamente não se observava nos traços sonoros do Orange Peel. Era hard rock, talvez não genuíno, mas um híbrido de rock progressivo, com sensacionais viradas rítmicas que entregava também nuances de blues rock.

O Orange Peel foi formado em 1968 em uma cidade chamada Hanau, que fica a 25km a leste de Frankfurt e tinha a seguinte formação quando “Orange Peel” foi concebido, ainda em 1969, sendo gravado nesse ano e lançado em 1970, pelo selo “Bellaphon”: o organista Ralph Wiltheib, o guitarrista Leslie Link, o baterista Curt Cress, o baixista Heinrich Mohn e o cantor e percussionista Peter Bischof.

Orange Peel

O álbum foi produzido pelo lendário Dieter Dierks no Dierks Studio em Colônia e tinha, até o lançamento do single "I Got No Time" / "Searching For A Place To Hide", em 1969, a participação do guitarrista Michael Winzkowski que logo saiu partindo para outra seminal banda, o Nosferatu e mais tarde para o Epsilon. 


Essa “laranja descascada”, tradução livre do nome da banda, “Casca de Laranja”, depois de espremida se mostrou ácida, progressiva, poderosa, intensa, pesada, indulgente, com “sussurros” pesados de órgão, guitarra distorcida e bluesy com músicas agradáveis, e emocionais.

E falando em guitarra, cabe aqui um destaque para ela. São lindas e nítidas e às vezes muito mais complicadas do que algumas de suas contemporâneas do hard rock setentista, mas isso ocorre porque as faixas longas permitem bastante espaço para solos que realmente permitem que as coisas se estendam.

O vocal também é bem interessante, é cru, alto, gritado em alguns momentos, que é excelente para as linhas de teclado e baixo que são bem pesados e frenéticos também. Não podemos negligenciar também a seção rítmica, com baixo possante e bateria pesada e marcada e os órgãos enérgicos e intensos.

A faixa inaugural, "You Can't Change Them All", que no auge dos seus longos dezoito minutos é uma faixa matadora, com peso, um ato lisérgico com guitarras distorcidas, de riffs grudentos e pesados. O teclado avança para um estilo meio prog, meio sinfônico, sendo sustentado pelas doses cavalares de guitarra, que por vezes se fazia discreta e jazzística. O teclado vai aumentado de intensidade, se mostra frenético, emocional que é reforça pelo vocal. E como essas camadas e texturas sonoras vem as improvisações com muita percussão, lembrando um pouco música latina. É uma faixa excelente e complexa, mas, ao mesmo tempo orgânica.

"You Can't Change Them All"

As faixas seguintes, “Faces that I Used to Know” e “Tobacco Road” são menos improvisadas, fugindo um pouco do conceito “espacial”, mas não deixam de ser especiais, trazendo uma percepção voltada para o hard rock e peças bluesy, um blues rock vigoroso, com o teclado impondo peso, sobretudo em “Tobacco Road”, onde é evidente a linha blueseira.

"Tobacco Road"

E fecha com a excepcional “We Still Try to Change” que pode facilmente ser considerada uma obra-prima com a sua introdução de baixo implacável poderosos riffs de teclado, sempre intensos, frenéticos e enérgicos. Essa “salada” sonora te transporta imediatamente para outro planeta, revelando ainda ou melhor anunciando sons futuros do prog rock aliado ao krautrock com doses bem cavalares de hard rock.

"We Still Try to Change"

Apesar do início proeminente, promissor, o Orange Peel não conseguiu plantar uma trajetória longeva e consistente, embora certamente tenha deixado um pequeno, mas significativo legado dentro da cena rock alemã da virada dos anos 1960 para o 1970.

Este trabalho, em especial, mantém uma boa dose de complexidade, que parece ser um progressivo um tanto precoce, não pelo ano, mas pela sonoridade visceral e “rústica” do seu som, com intervalos de passagens cantadas, com sessões de improvisação pesadas nos teclados e guitarras.

Além de Winzkowski que ingressou no Nosferatu antes do lançamento oficial de “Orange Peel” e seguindo em seguida na banda Epsilon, Heinrich Mohn seguiria também para o Epsilon, Peter Bischof, vocalista, seguiria para a bela banda Emergency e Curt Cress seguiria uma prolífica carreira de baterista, tornando-se um dos melhores do rock e jazz da Alemanha.

“Orange Peel” teve outros relançamentos, em 1972, no formato LP, pelo selo “Bacillus Records”, na Alemanha, em 1972 e também pelo selo “Citystudio Media Production”, em 2003. No formato CD também pela “Citystudio Media Production”, em 2003, sendo remasterizado por Jürgen Crasser e também em CD pela “Bellaphon”, Alemanha, em 2001.


A banda:

Peter Bischof nos vocais e percussão

Leslie Link na guitarra

Ralph Wiltheiß nos teclados

Heinrich Mohn no baixo

Curt Cress na bateria e percussão


Faixas:

1 - You Can't Change Them All

2 - Faces That I Used To Know

3 - Tobacco Road

4 - We Still Try To Change


Orange Peel - "Orange Peel" (1970)




 










 











quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Joker's Memory - Joker's Memory (1976)

 

Quando falamos em uma banda rara e obscura, não se enganem, amigos leitores, não traz e não deve trazer, em hipótese alguma, a percepção de falta de qualidade, de algo ruim.

Quando falamos em banda que não atingiu sucesso e automaticamente associamos a também falta de qualidade, não se enganem também, não é porque a mesma é ruim. É só a ausência do sucesso comercial, que deve ser dissociado da qualidade.

É sabido que o conceito de qualidade é subjetivo, depende de quem “consome o produto”, mas essa máxima, carregada de estereótipo e visões pré-concebidas, não devem, penso, ser levadas em consideração sempre e servir como parâmetro de concepção de qualidade ou coisa que valha.

Mas na música e na arte como um todo devemos “carimbar” um padrão de qualidade, algo pré-determinado, algo definido por um “distinto” e magnânimo grupo seleto que foram escolhidos, sabe-se lá por quem, para escolher o que é melhor para todos?

A arte não pode ser concebida e entendida dessa forma. Ela é viva e latente e ela satisfaz ou deve satisfazer a todos da forma que cada um achar conveniente. E com a música, uma particular forma de arte, não foge à regra.

Mesmo que bandas sejam obscuras ou que, por algum motivo, não atingiu êxito comercial, podem sim promover grandes feitos sonoros e o único entrave, além do vilipêndio da indústria fonográfica, são os parcos recursos tecnológicos de que goza por conta exatamente desse ostracismo por parte dos executivos das grandes gravadoras.

E, mais uma vez, não se enganem amigos, mesmo diante dos poucos recursos a seu favor bandas conseguem, à duras penas, na base da persistência e amor à música, gravar seus álbuns, independente das péssimas e adversas condições de produção.

Essa é a diferença das bandas que imprimem as suas verdades aos seus trabalhos, que deixam aflorar as manifestações criativas e a essas se rendem magistralmente, onde mesmo diante das dificuldades produzem grandes obras.

E perante a tudo que produzi nessas linhas eu preciso falar de uma banda que muito pouco se sabe, essa é verdadeiramente uma banda que podemos dizer que é obscura, rara ao extremo, mas que aqui, neste reles e humilde blog, merece a luz, a luz ao seu exuberante rock progressivo sinfônico.

A banda que me refiro é a JOKER’S MEMORY. Banda sediada na cidade de Ottawa, capital do Canadá, gravou apenas um álbum, homônimo, em 1976 e simplesmente desapareceu sem deixar rastros. Há fontes, poucas, diga-se de passagem, que dizem que o álbum fora lançado em1975. Teria sido gravado entre agosto de 1975 e janeiro de 1976. Não há registro de fotos, de imagens da banda atuando em estúdio, absolutamente nada, o que impõe a sua condição de obscura e rara.

O álbum, que contém apenas uma faixa de vinte minutos no total, é dividida em três partes, cujos nomes das músicas trazem o nome da banda, como: “A Joker’s Memory Part One”, “A Joker’s Memory Part Two” e “A Joker’s Memory Part Three”.

A faixa, a música foi escrita e arranjada por James Arthur Holt e Christopher Arthur Ellis, sendo concebido no estúdio “MARC”, em Ottawa. Este último, Chris Ellis, era da banda sendo o pianista, o técnico e o engenheiro de som.

A arte da capa, linda, por sinal, trazendo uma figura um tanto quanto primitiva e que, me perdoem a licença poética, me remete a uma figura que pensa, reflete ao estilo “O Pensador”, de Claude Monet e que talvez explique o nome da banda: “A memória do palhaço” ou “A memória do coringa”.

A arte apresenta uma pasta na capa e na contracapa, com uma tiragem mínima, de cerca de 100 cópias, pasmem! Vejam o tamanho da obscuridade dessa banda que produziu um álbum quase que artesanalmente e que hoje certamente se tornou um artigo de luxo, de colecionador e que deve valer uma fábula de dinheiro.

O projeto de “Joker’s Memory” é do baterista Steve Hollingworth, oriundo de Ottawa. A banda, numerosa, era formada por: Steve Hollingworth na bateria, percussão, sinos e vocal, Peter Fredette no baixo e vocal, Dave Binder na guitarra, Brian Sim na guitarra e vocal, Chris Ellis no piano, órgão elétrico e sintetizadores, Floyd Bell no vocal, Joey Hollingworth no vocal, Jim Ounsworth no backing vocal e Jim Holt também no vocal.

“Joker’s Memory” foi um trabalho majoritariamente de rock progressivo sinfônico com passagens comerciais denunciadas principalmente por vocais melódicos e melodiosos que vagam pelo rock clássico e o soft rock.

“Joker’s Memory Part One” inaugura com a predominância dos teclados e piano, com um forte viés do progressivo sinfônico, bem como comercial, algo acessível, mas de qualidade superior, primando pelo instrumental, com discretas passagens de guitarra, com apenas alguns dedilhados que me trazem à recordação um folk music e um vocal extremamente melódico. A música trafega em mudanças de ritmo, com boas e simples variações tendo sempre o sinfônico como o carro-chefe.

"Joker's Memory Part One"

"Joker’s Memory Part Two” começa mais intenso com guitarras mais vívidas e intensas, mas ainda com discretos riffs com a companhia de baterias mais secas e batidas igualmente fortes e marcadas, tendo ainda a presença do piano que traz uma textura mais evidente de um soft rock com passagens de folk rock também, evidenciando, diria, algo mais psych com viés radiofônico.

"Joker's Memory Part Two"

“Joker’s Memory Part Three” traz um vocal bem melódico e dramático quase que à capela, apenas acompanhado por delicado piano em uma concepção acústica e de atmosfera psicodélica, mas pouco experimental. O vocal vai ficando mais intenso e descortina um solo de teclado viajante denunciando a sua faceta sinfônica.

"Joker's Memory Part Three"

“Joker’s Memory” lamentavelmente não conta com uma boa produção, soa um pouco “abafado”, mas que, em momento algum denuncia a má qualidade na música, pelo contrário. Um som cativante, solar, introspectivo e sombrio, às vezes, e assim trafega em vários aspectos que vai do soft rock, ao prog rock e a rock psych.

A obscuridade merece luz, o rock obscuro precisa sair do ostracismo e ganhar vida, alçar voos e pousar nos nossos ouvidos, corações e almas e o trabalho abnegados de seus apreciadores são preponderantes para essas movimentações ganhando corpo, substância e barreiras como o estereótipo e intolerância a questões “técnicas” como produção e sucesso comercial e deixar a arte falar por si só em suas várias encarnações.




A banda:

Steve Hollingworth na bateria, percussão, sinos, vocal

Peter Fredette no baixo, vocal

Dave Binder na guitarra

Brian Sim na guitarra, vocal

Chris Ellis no piano, órgão elétrico, sintetizadores

Floyd Bell no vocal

Joey hollingworth no vocal

Jim Ounsworth no backing vocal

Jim Holt no vocal

 

Faixas:

1 – Joker’s Memory Part One

2 – Joker’s Memory Part Two

3 – Joker Memory Part Three


Para ouvir o álbum na íntegra acesse aqui!



















segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Capitolo 6 - Frutti per Kagua (1972)

 

O ano era 1969. O rock progressivo italiano era apenas uma “maquete”, embrionário. Sequer falava em rock progressivo em qualquer parte do mundo, inclusive, no máximo se tinha músicas de improvisação, experimentais, sem a tal nomenclatura que se convencionaria no seu auge, lá pelo ano de 1971, 1972, aproximadamente.

O beat italiano, baseado na psicodelia norte americana, com um viés comercial, porque adicionava um “tempero” da música popular italiana era o que se ouvia nas rádios de música italianas e tinham em bandas como Le Orme, por exemplo, como seu principal expoente, sua principal referência.

E bandas como essas que edificariam o estilo progressivo que tomaria conta dos olhares de algumas gravadoras e selos que surgiriam investindo nessas bandas de jovens transviados que gostariam de ousar na música, importando o prog rock da Inglaterra, sobretudo de bandas icônicas como Emerson, Lake & Palmer.

Algumas bandas italianas, como Premiata Forneria Marconi, o próprio Le Orme, foram bandas que beberam dessa cena beat e que logo reformulariam a sua sonoridade aderindo ao rock progressivo que, nos idos de 1971 e 1972, estava em voga.

Mas apesar da prolífica cena progressiva que invadia a Itália no início dos anos 1970, algumas bandas caiam no mais puro ostracismo, tornando-se obscura, pela sua estrutura sonora, pelas mensagens afiadas de suas letras, muitas de cunho político e comportamental que, em virtude de uma sociedade conservadora, são relegadas ao esquecimento.

E uma banda, rara e obscura, pode se adequar a esse cenário com segurança é o CAPITOLO 6 com o lançamento de seu único álbum, em 1972, chamado “Frutti per Kagua”. A banda, para variar, permaneceu desconhecida na Itália, a despeito da qualidade de sua música, que entrega um progressivo vigoroso e repleto de complexidade, uma sonoridade inquieta e “escrava” da livre criatividade de seus músicos.

Capitolo 6

O Capitolo 6 foi formado em 1969 a partir da fusão de duas bandas: I Rangers, de Livorno e o Gli Eremiti da região de Viareggio. O quinteto original, que continha dois bateristas, consistia em Riccardo Bartolotti (vocal, guitarra, flauta), Jimmy Santerini (teclados, vocais), Giovanni Galli (baixo e bateria) imediatamente substituído por Mauro Romani (baixo), Lorenzo Donati (bateria, voz) e Luciano Casa (guitarra, bateria). Entretanto há alguns desencontros de informações divulgadas sobre a banda, principalmente quanto ao local em que foi formada, onde aventou-se que os mesmos tenham surgido em Roma.

Contudo não é apenas essa informação que gera discussão e questionamento, pois de acordo com algumas informações divulgadas, o Capitolo 6 teria lançado um single para o selo “Acto” praticamente assim que foi formada, que é a “Cool Jerk” e “Please, Please, Please”, ambos covers da banda Capitols, mas a notícia é discutível a ponto, inclusive, de ser categoricamente negada por um dos membros da banda.

O Capitolo 6 conseguiu um contrato, em Roma, com a subsidiária da RCA, a IT, que era dirigida por Vincenzo Micocci, graças à intercessão do amigo e produtor de Viareggio, Franco Tessandori, lançando seu primeiro e real single chamado “Mi Innamoro di Te”, em 1971.

A banda já estava radicada em Roma e o novo quinteto com Loriano Berti, da região de Grosseto, aconteceu, substituindo Luciano Casa. É provável que o Capitolo 6 tenha sofrido várias mudanças de formação nesse período e a prova contundente é de um clipe da TV iugoslava chamada “Tele Capodistria”, já os mostra como um quarteto, com Donati como vocalista, Santerini (no baixo), sax/flautista Berti e o guitarrista Roberto Ghiozzi (ex-tecladista e cantor do grupo beat de Livorno, I Satelliti), este último como substituto temporário de Bartolotti que não tinha passaporte para ir para o exterior.

A banda esteve bem ativa fazendo vários shows pela Itália e ganhou alguma visibilidade no Viareggio Pop Festival em 1971 abrindo shows, inclusive, do Led Zeppelin. Finalmente veio o momento de gravarem o seu álbum de estúdio que passaria a se chamar “Frutti per Kagua”, em 1972. A capa do álbum denuncia um trabalho conceitual, que fala sobre a origem dos “Redskins americanos” e as complicadas negociações de terras indígenas pelo homem branco.

“Frutti per Kagua”, quando foi gravado e lançado, tinha, em seu line up cinco integrantes, que são Riccardo Bartolotti nos vocais, guitarra e flauta, Jimmy Santerini nos teclados e vocais, Loriano Berti no saxofone e flauta, Maurizio Romani no baixo, Lorenzo Donati na bateria e vocais. Mas foi reduzida para um quarteto, com a efetivação de Santerini e Bortolotti.

O álbum tem duas faces bem distintas, mas homogeneizadas por uma sonoridade bem dura, substancial, consistente e enérgica com grandes trechos de rock progressivo, sinfônico e até mesmo um volumoso hard rock. Tem quebras de ritmo bem ousadas, com passagens de tirar o fôlego com quebras entre um verso e outro das músicas com destaque para os vocais com a flauta e o sax sobressaindo em alguns ótimos momentos.

O álbum é composto por apenas cinco, mas fabulosas faixas, sendo a primeira uma verdadeira joia digna do que conhecemos como rock progressivo italiano. A faixa título, “Frutti Per Kagua”, de quase 19 minutos, é conduzida com extrema perfeição por Berti com belas passagens de flauta ao longo de seu percurso. Traz também uma forte seção de blues rock que me faz lembrar os primeiros trabalhos do Jethro Tull e até algo de “Benefit”. A guitarra é carregada de emoção, com bons e elétricos riffs. E quando os instrumentos se “desligam” por um momento arpejos de órgão se estabelece dando entornos evidentes de rock progressivo, mantendo um forte diálogo com a flauta. É sem dúvida uma faixa aclamada, definitiva da banda.

"Frutti per Kagua"

“Grande Spirito” é uma linda balada acústica, bem cativante, traz uma levada bem contemplativa, viajante, em uma atmosfera bem dramática, intensa. A faixa não é brilhante, mas linda e visceral.

"Grande Spirito"

“Il Tramonto di un Popolo” começa com um breve canto e ruídos de bateria, antes que a instrumentação traga uma alternância sólida de passagens de rock furioso e passagens pastorais. A diversidade que levou 18 minutos para se desenvolver e se acomodar na suíte está aqui compreendida sem perder um pingo de tensão. 

"Il Tramonto di un Popolo"

O encerramento do álbum é com a faixa 'L'Ultima Notte' carrega uma vibração muito semelhante, embora com maiores doses de expansão e fluidez, o que é bom para seus quase doze minutos de duração. O baterista trabalha eficientemente na base, enquanto o guitarrista principal oferece o que são indiscutivelmente seus melhores solos no álbum. 

"L'Ultima Notte"

“Frutti per Kaqua” foi relançado em 1999 pelo selo Akarma com uma capa dobrável. As primeiras cópias desta reedição tinham o desenho da capa impresso ao contrário e abrindo-a não dá para ver todo o cacique, pois as duas metades são giradas 90 graus uma em relação à outra. Este defeito foi corrigido em cópias posteriores.

Novas reedições de vinil foram lançadas em 2017 e 2020. O álbum foi relançado em CD em março de 2003 pela BMG, com capa “mini-LP” gatefold e obi, como parte de sua série “Dei di um Perduto Rock” e, posteriormente reimprimido em outubro do mesmo ano, quando um segundo lote desses CDs saiu.

O álbum foi relançado em CD em março de 2003 pela BMG com capa mini-LP gatefold e obi, como parte de sua série "Dei di un Perduto Rock", e posteriormente reprimido em outubro do mesmo ano, quando um segundo lote desses CDs saiu.

Como muitas bandas e artistas assinaram com a RCA, o Capitolo 6 foi destaque em algumas compilações lançadas por esta gravadora. Um deles foi o “Sanremo 1972”, um álbum que incluía originais e remakes da edição daquele ano do concurso de canções da TV italiana.

O Capitolo 6 não apareceu no show, mas foi incluído no LP com suas músicas cover: “Jesahel” e “T Voglio” do Delirium. Uma compilação semelhante chamada “Hit Parade Itália número 4 – Sanremo ‘72”, foi lançada na Alemanha, novamente pela RCA.

Outras compilações foram lançadas na América do Sul, uma delas na Venezuela chamada “Em Español: Los Finalistas del Festival de Sanremo 1972 e incluiu algumas faixas do Capitolo 6. Na Argentina uma outra compilação foi lançada, mas agora do festival de Sanremo de 1971 intitulada “Festival de Sanremo 1971.

O segundo single do Capitolo 6, “M’innamoro di Te”, foi lançado em versão em espanhol (“Me Enamoro de Ti” e “Amabamos Tres”) foi lançado na Argentina e no Uruguai, bem como na Venezuela. Algumas faixas, para o mercado sul americano, foram gravadas pela banda após este single, porém nunca lançadas.

Uma reedição de “Frutti per Kagua” foi lançada no Japão em 2008, em CD, pela BMG com uma capa de mini-LP reproduzindo o original.



A banda:

Riccardo Bartolotti nos vocais, guitarra, flauta

Jimmy Santerini nos teclados e vocais

Loriano Berti no sax e flauta

Maurizio Romani no baixo

Lorenzo Donati na bateria e vocais

 

Faixas

1 - Frutti per Kagua

2 - Grande Spirito

3. Il Tramonto di un Popolo

4. L'Ultima Notte 


Capitolo 6 - "Frutti per Kagua" (1972)