terça-feira, 29 de novembro de 2022

I Cocai - Piccolo Grande Vecchio Fiume (1977)

 

A cena progressiva italiana sempre foi muito forte, criativamente falando. Os anos 1970 na Itália foram difíceis em seu cenário político, com climas extremamente polarizados e intensos, beirando a violência. E muitas bandas assumiram seus lados, gerando nos shows embates tensos e intensos. Por conta desse caos político-partidário, algumas bandas sucumbiram, sendo impedidas de tocar, muitas delas sumindo do mapa, por questões ligadas também ao escasso apoio por parte da indústria fonográfica.

Mas sempre foi prolífica. Grandes álbuns foram lançados! Grandes trabalhos, mesmo que localmente, ganharam peso, relevância e influenciaram. Apesar desse clima polarizado, de violência que a Itália vivia nos anos 1970, as bandas eram amigas, se falavam, tocavam juntas. A cena era forte e rica, apesar de ter tido bandas que conseguiram seguir com certa longevidade discográfica.

E assim, com o passar do tempo, o rock progressivo italiano só ganhou força, sobretudo nos anos 1990 com uma nova e contundente safra, de bandas novas, trazendo um novo frescor, mas nunca deixando de lado o trabalho desbravador das pioneiras dos anos de 1970. Esse período ganhou força a cada banda que surgia, o interesse do público aumentou cada vez mais.

Algumas bandas antigas, sentindo o frenesi e a relevância dos novos tempos, ressurgiam, mas não trazendo apenas a nostalgia de seu tempo, mas gravando novos materiais, fazendo da cena noventista e posteriores um caldo de gerações que se harmonizavam maravilhosamente.

E dessa forma a Itália, mesmo que localmente, revela, a meu ver, uma forte consistência em sua cena que, a cada dia, se fortalece, com um público que se renova em todos os aspectos, na faixa etária também. E ainda assim há uma horda de bandas, seja no passado ou presente, que sucumbiram e não tiveram as suas obras em evidência.

Porém graças a abnegados fãs armados das redes sociais e seus canais de comunicação que ganham o mundo em uma fração de segundos, as bandas ganham luz, luz ao rock obscuro para essas bandas! E há uma que descobri dessa forma, garimpando, buscando nas entranhas, nos porões do rock n’ roll, parte dele esquecido, vilipendiado ou que tiveram suas expectativas dilaceradas pela má sorte do ostracismo.

E a banda em questão vem da região italiana do Vêneto, terra de ótimos vinhos solares e frutados, e se chamava I COCAI. A banda foi formada em 1970 e tinha, inicialmente, em sua formação Amedeo Biasutti (Theo), Pierluigi Pandiani (Gigi Pandy) e Luigi Turin (Tury). Em seguida, juntaram-se: Steny (Stefano) e Paul (Paolo), irmãos de Amedeo Biasutti, enquanto Gigi e Tury são primos. 

Sim, os integrantes usavam pseudônimos, apelidos, pois, à época, não tinham o interesse de aparecer, de revelar suas identidades. A ideia era que, como nenhuma banda veneziana havia sido bem-sucedida, pensaram que, com “nomes estrangeiros”, pudessem “internacionalizar” a sua música, rompendo o casulo do Vêneto, mas, nesse quesito, estavam errados.

Como toda banda sem apoio e no seu início tocou em vários clubes, pequenos, horríveis na sua estrutura, salões de dança, típico na época de transição das décadas de 1960 e 1970, que tocavam os beats italianos que estavam na crista da moda, festivais e concursos e a cada evento, cada um com sua peculiaridade, a banda mudava de nome, então o I Cocai se revelou, na sua gênese, com vários nomes, tais como: Draps, New Draps, Baronetti e finalmente Cocai que, em dialeto veneziano, significa “gaivotas”.

O nome Baronetti foi instituído em 1975, participando inclusive de alguns festivais e shows no Vêneto, ganhando alguma discreta repercussão e o nome I Cocai foi definido pouco antes do lançamento de seu único álbum, lançado em 1977, chamado “Piccolo Grande Vecchio Fiume”, seu único álbum, inclusive.

A cena musical nos anos 1960 era dominada pela música popular italiana, com um pouco do beat italiano, com levadas psicodélicas, em moda em centros como os Estados Unidos, por exemplo e o progressivo, ainda muito embrionário, já no início dos anos 1970, vivia em uma espécie de gueto, muito limitado em meio estudantis e intelectuais que ansiava por novidades. 

E assim o I Cocai foi construindo a sua música e que acabou reverberando no seu único álbum: música comercial e radiofônica da Itália, com algumas distorções de guitarra que o prog rock absorveu, com instrumentos de sopro, como flauta e hammond engatilhado e frenético.

A sociedade, nos anos 1970, a italiana, estava mudando, a política partidária polarizada e intensa influenciava na música e nas suas letras, grandes movimentos de pensamento afloraram e a música progressiva ganhou corpo e o I Cocai sentiu o turbilhão dessas mudanças, embora a concretização de sua arte tenha surgido, se materializado em seu álbum, tardiamente, apenas em 1977, sete anos depois de seu nascimento para o mundo da música italiana.

A banda, ao longo desse tempo, apesar dos entraves, fez alguns shows e participaram de alguns eventos como o "Musica Jeans", em 1974, "Rosa d'oro", em 1975, "Cantaveneto 76", em 1976 com resultados pouco afáveis, digamos, sem aquele feedback por parte do público, afinal a suas apresentações eram, para variar, pouco ortodoxas.

Quanto aos shows a banda fez a sua primeira apresentação no Teatro Arsenale, em Veneza, tocando na Praça de São Marcos dias depois do show da banda de Paul MacCartney, o Wings e mais para frente, em 1975, no teatro Rondanini (Villa Del Conte) tiveram melhor receptividade, talvez pelo fato de ser um evento “solo” e com interessados mais bem definidos. Esses shows se tornaram corriqueiros após o lançamento de seu álbum e até, por alguns momentos, as rádios FM tocavam as suas músicas talvez levadas por um momento de visibilidade do estilo.

A gravação de “Piccolo Grande Vecchio Fiume”sucederam-se com dias quentes da revolta estudantil, com climas políticos de muita tensão, sobretudo na região da Bolonha, onde partiram para gravar seu álbum. A cidade estava vigiada pela polícia e com confrontos em todos os cantos da cidade. Chegaram ao estúdio “Fonit Cetra” e contaram com a grande colaboração do técnico de som Maurizio Biancani, que mais tarde se tornaria um dos melhores da Itália e isso se reflete na qualidade do som da banda e do disco, em si.

E se depararam com um problema, pelo menos o I Cocai considerou isso como um entrave a ser superado. A banda teve que se isolar para gravar as suas partes (Studer 32) e eles, acostumados com a proximidade, com os shows e o calor humano das bandas amigas e o público, tiveram que superar isso e não deixar que o mesmo impactar no resultado final do álbum. Reza a lenda que precisaram de beber aguardente de mel para encontrar a concentração, o calor e a ênfase necessária para imprimir tal sentimento em estúdio. Sempre difícil superar o palco!

No entanto, parece que se saíram bem, afinal o resultado foi satisfatório, pois registraram as suas músicas em 48 horas o que levaria meses, tendo em conta a complexidade de suas músicas, porém levou um dia para mixar o que não permitiu cuidar com mais afinco e detalhes dos timbres e ainda assim os custos foram altos, pesados.

O Cocai tinha um empresário à época do lançamento de seu álbum, talvez um pouco antes, mas era muito antiquado para a música que a banda fazia e atrofiado, culturalmente falando e depois disso a banda decidiu se desfazer dele e seguiu se autoproduzindo. Os obstáculos não residiram apenas no quesito empresarial, mas artístico também, com relação ao vocal principal. A voz foi considerada “impópria” para o rock, pois era melódica demais, até porque o Theo Byty, o vocalista principal tocava à noite, para complementar a renda, covers de Deep Purple, Rolling Stones, Beatles, King Crimson, Clapton etc, mas, “por sorte”, dominava também o instrumento, pois tocava guitarra e teclados.

As letras foram escritas por Flávio Zanin (Flanin), que era professor de história da arte e dono do Estúdio Prisma (Studio Prisma) que supervisionou o trabalho da arte gráfica do álbum, uma aquarela com “grãos de café e, para variar, foi um trabalho conceitual, cujo tema contava a juventude de uma criança (o próprio Flanin) que havia vivenciado a tragédia de Vajont. Deste "pequeno rio velho" (o Piave) que, numa hora maldita, varreu aldeias inteiras e matou 1750 pessoas. Assim, o impacto emocional em definir um tema tão trágico para a música foi considerável.

“Piccolo Grande Vecchio Fiume”, quando concebido tinha a seguinte formação: Theo Byty (Amedeo Biasutti) nos vocais principais, guitarra e Moog, Stheny (Stefano Biasutti) nos teclados, Paul Blaise (Paolo Biasutti) no baixo, congas e vocais, Gigi Pandy (Pierluigi Pandiani) na segunda guitarra, flauta e vocais e Tury (Luigi Turin) na bateria e percussão. A faixa “La Mie Storie” teve a participação de outro baterista, de nome Massimo Iannantuono, que foi, nos anos 1980, o baterista da banda Blues Society de Guido Toffoletti.

O álbum é inaugurado por ”Milioni d'ani fa” que abre com ruídos, destruições, um momento certamente de tensão em virtude do trágico tema e logo aparece uma textura sombria e densa de teclados, me remetendo ao krautrock germânico, depois vem a bateria que cautelosamente vai encorpando a música, mas com as teclas em segundo plano, mas bem evidentes, com o vocal, baixo, discreto, quase sussurrante. Sem dúvida a faixa sintetiza a teor trágico do tema. E assim segue, sem maiores novidades até trazer algo mais radiofônico, as variâncias rítmicas se torna mais vivo nesse momento.

"Milioni d'ani fa"

“La Mie Storie” chega basicamente da mesma forma com o protagonismo dos teclados em uma atmosfera densa e até, por vezes, contemplativa, com a bateria, ao fundo, trazendo vivacidade ao som, com a flauta remetendo a um distante folk rock. A música carrega o underground do prog rock com pitadas psicodélicas lembrando o Floyd com guitarras mais distorcidas.

“Dirò No!” começa mais solar, algo mais radiofônico, comercial, trazendo aquela música popular italiana, meio “macarrônica” dos anos 1960, mas melancólica, com um vibe um tanto quanto dramática.

“Piccolo Grande Vecchio Fiume" é solar, solos de guitarra altos, bem dedilhados, simples, mas altivos, com bateria seguindo o ritmo, ditando a dinâmica da faixa e o que ela entrega: energia e um viés comercial, evocando um pouco, mais uma vez, da música popular italiana dos anos 1960. Em alguns momentos traz um pouco da viajante “floydiana” com guitarras mais contemplativas e bem trabalhadas.

Segue com “Ti Amo Davvero” com a proposta mais voltada para o rock progressivo com uma introdução um tanto quanto introspectiva, os teclados corroborando essa textura, com um vocal límpido, intenso, com um nível alto de dramaticidade, típico da cultura musical da Itália.

“Le Mele Mature” continua na seara progressiva enaltecendo um pouco do prog sinfônico remetendo um pouco ao space rock, com uma pegada viajante e contemplativa. Sem sombra de dúvida uma das melhores faixas do álbum.

"La Mele Mature"

E o nome da última faixa já denuncia o seu belíssimo desfecho com “Conclusione” trazendo também aquela aura sinfônica e toda a sua altivez com os teclados entregando uma textura arrojada e complexa com as guitarras, em solos mais trabalhos, confirma essa atmosfera intensa e poderosa.

"Conclusione"

A dissolução do I Cocai foi determinada por vários motivos e em primeiro lugar deve-se colocar a história musical dos seus integrantes. Tury e Gigi Pandy são frutos de uma formação rock projetada, calcada em experimentação e pesquisa contínua enquanto os irmãos Biasutti vieram de experiências melódicas e sendo donos de empresas, decidiram se dedicar aos seus negócios, ao comércio, administrando lojas, hotéis e restaurantes. E depois pela incompreensão da sua música pela conservadora indústria fonográfica.

Tury e Gigi decidiram seguir na empreitada musical, Tury com muitas formações de músico de estúdio e até hoje ele está no mercado fonográfico, no mundo da música. Em 1979 Gigi gravou um álbum chamado “Irone”, onde todas as faixas foram escritas inteiramente por ele, bem como arranjadas e cantadas, assistidas por músicos importantes, incluindo o próprio Tury. Atualmente Gigi Pandy é cozinheiro em Veneza. “Piccolo Grande Vecchio Fiume” foi lançado, em 1977, em sua versão original em LP pelo selo “Style” e relançado, em formato CD, em 1994, pelo emblemático selo “Mellow” com a mesma arte gráfica.



A banda:

Theo Byty (Amedeo Biasutti) nos vocais, guitarra e moog

Gigi Pandy (Pierluigi Pandiani) na guitarra, flauta e vocais

Stheny (Stefano Biasutti) nos teclados

Paul Blaise (Paolo Biasutti) no baixo, percussão e vocais

Tury (Luigi Turin) na bateria

Com:

Massimo Iannantuono na bateria na faixa “La Mie Storie”

 

Faixas:

1 - Milioni d'ani fa

2 - La mie storie

3 - Diro no!

4 - Piccolo grande vecchio fiume

5 - Ti amo davvero

6 - Le Mele Mature

7 - Conclusione



I Cocai - Piccolo Grande Vecchio Fiume (1977)


 

 

 

 

 

 

 




























 



quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Dragon - Dragon (1976)

 

Nada como fugir um pouco do óbvio, sair um pouco dos grandes centros do rock n’ roll, tais como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha etc. Há sim vida pulsante sonora em outros cantos do mundo e não se enganem, estimados leitores, há grandes pérolas obscuras nos mais improváveis recantos esquecidos do planeta.

Há países, no entanto, que há uma cena pulsando, uma boa quantidade de bandas, com muita qualidade, mas vilipendiada pelo grande público e pela indústria fonográfica que só visualiza diante dos seus olhos o lucro que os países mais conhecidos e badalados podem proporcionar.

E graças a esse blog que, a cada dia, vem me estimulando a garimpar mais e mais o que há de melhor espalhado por esse mundo e me mostrando o que, confesso, há alguns anos atrás eu não percebia: que existem bandas fora do eixo Inglaterra-EUA e grandes bandas!

A viagem tem sido intensa e proveitosa. Os textos explodem em história, as sonoridades surpreendem pela sonoridade arrojada, complexa, orgânica e que não fica em nada atrás dos grandes clássicos, a única diferença é a falta de oportunidade para que essas bandas catapultem a sua arte.

A banda de hoje vem da Bélgica! Sim, a Bélgica! As improbabilidades existem e excitam por ser tão plenas e vivas. A pungência dessa banda surpreende e nos faz chegar a óbvia confirmação de que as fronteiras não deveriam existir para a música, os muros da desconfiança e do preconceito, a cada audição, estão ruindo. E essa banda traz essa grata sensação!

O nome dela é DRAGON! Não se enganem, não se trata de uma HQ, um personagem de desenho animado ou coisa que o valha, mas a síntese do que há de mais genuíno do rock progressivo bem tocado, bem elaborado, complexo, mas orgânico, porque é vivo e sincero a sua música. E a descoberta se deu de uma forma totalmente ocasional, mas sempre planejada, pois quando nos permitimos a garimpar a intenção é sempre achar algo.

Originalmente chamado de Burning Light, esta banda da região de Ath foi formada em 1970 pelos irmãos Georges e Jea Vanaise, tendo dois vocalistas, além do multi-instrumentista Jean-Pierre Houx.

Inicialmente o Dragon teve muitas aparições em festivais, fazendo alguns shows locais e com isso foi ganhando alguma repercussão. Eles costumavam, no seu início, a tocar usando máscaras, maquiagens e máquinas de fumaça nos palcos, elevando a qualidade visual e teatral nas suas apresentações.

Em 1976 o Dragon se juntou ao tecladista e saxofonista Christian Duponcheel, que havia tocado no Lagger Blues Machine e finalmente gravaram seu primeiro álbum, auto-intitulado nos estúdios Acorn, alvo desta resenha de hoje. A banda também contou, na guitarra, com Bernard Callaert.

São poucas as informações sobre a gravação de “Dragon”, em 1976. Reza a lenda que ele foi gravado no Reino Unido, mas, como muitos casos, fora engavetado, esquecido pela indústria, até que, em 1989, o selo Muséa Records o tirou dos escombros do esquecimento e o lançou em um formato CD.

Por outro lado, há informações de que a banda teria lançado, de uma forma totalmente alternativa, pelo selo Gamma Records, uma quantidade baixíssima de cópias, cerca de 1.500, uma prensa privada distribuída principalmente pela banda e pelo referido selo. Mais alternativa do que isso não há!

A arte gráfica denuncia esse trabalho quase que artesanal e manufatureiro do Dragon com o seu primeiro trabalho, embora bonito, parece ter sido desenhado a mão, tornando-o obscuro, pouco conhecido. O Dragon era o tipo de banda para quem a palavra “obscura” foi definitivamente inventada.

“Dragon” revela um som “descolado” do seu tempo, afinal eles entraram em estúdio em 1976, pois combina uma dinâmica arrojada, com mellotron em profusão em uma levada extremamente jazzística e em algum momento entrega estranhos e intrigante sonoridade solar e repletos de humor surreal, com alguma impetuosidade, algum peso e ambições que levam o álbum a uma complexidade que nos remetem aos primórdios do rock progressivo, por isso enalteci a questão de estar “descolado” no tempo, afinal 1976, apesar do prog rock ainda estivesse em alguma evidência, já não gozava de tanta popularidade, como a realidade, convenhamos, nunca esteve.

Você percebe, neste debut do Dragon, um som complexo e arrojado, mas por outro lado, é genuíno por ser deveras orgânico, intenso e vivo. A sua sonoridade definitivamente é, diria, ingênua! Como? Explico: é encantador, é envolvente, pois não se preocuparam com tendências, não se entregando a elas, envolvendo-se com a sua verdade musical, independente das urgências do tempo em que o álbum fora concebido.

Isso torna “Dragon” original, charmoso corroborando a sua atemporalidade, atribuindo-lhes uma originalidade, uma veracidade de sua arte. A ingenuidade a qual me refiro traz a sua verdade, sem amarras, por isso que a banda sucumbiu sob o aspecto comercial, sendo sequer apoiada pela oportunista indústria fonográfica.

Resumidamente “Dragon” evoca o progressivo sinfônico britânico com algum tempero psicodélico e muita vivacidade, atingindo tal plenitude com um pouco de peso, sintetizado em belos riffs de guitarra e bateria marcada. A formação da banda, quando gravou “Dragon”, tinha: Bernard Callaert na guitarra e backing vocals, Christian Duponcheel nos teclados, sintetizadores e mellotron, Jean-Pierre Houx no baixo, sintetizadores, trombone, paino e backing vocals, Georges Venaise na bateria e flauta e Jean Venaise nos vocais e guitarra.

O álbum é inaugurado com a faixa “Introduction” (Insects) com um órgão meio espacial, menos circense, mais introspectivo, algo místico, diria, que me remete a linhas de Pink Floyd e Novalis com um hammond provendo um ritmo de textura simples, mas eficiente com uma melodia sinuosa de guitarra que tece seu caminho dando fomento a esse redemoinho cósmico, de space rock. E um adorável piano ao fim.

"Introduction (Insects)"

“Lucifer” é um verdadeiro passeio selvagem, frenético e poderoso, uma verdadeira força da natureza. Com uma introdução descontraída e contemplativa de pássaros e oceanos, uma guitarra limpa ao estilo blueseiro se faz aparecer com baixo pulsante e pesado com vocais estridentes, despretensiosos quase humorísticos, com solos de guitarra trazendo o contexto, em uma camada hard. Mas as variâncias rítmicas, claro, se fazem presente e, diante dessa parte mais pesada e animada, surge um trecho instrumental calcado no space rock com espessa nuvem de sintetizadores e flautas.

"Lucifer"

“Leave Me With Tears” tem letras sombrias, mas emocionantes, com um adorável Mellotron choroso e um expressivo solo de guitarra apoiado por um piano de cauda no final. É uma música emocional, com um nível alto de dramaticidade.

"Leave Me With Tears"

“Gone In The Wind” traz uma faixa bem rock com trabalho matador de guitarra e uma melodia extremamente cativante, mas com uma levada pop, diria comercial e radiofônica com rajadas absurdas de mellotron no refrão da música. Trata-se de uma música cheia de vida e cheia de vida!

"Gone In The Wind"

“In The Blue” começa com alguns efeitos eletrônicos que remetem, em algum momento, com a cena minimalista germânica krautorck, com uma atmosfera sombria com algumas experimentações, trazendo interessantes e intrigantes solos de guitarras viajantes e teclados cintilantes e agradáveis que te faz voar ao ouvir, com inclusive as trompas, o bom trompete azeitando todas as instrumentações. Uma faixa muito bem construída com prolongados solos de guitarras e teclados que evoca o psicodelismo dos anos 1960.

"In The Blue"

E fecha com “Crystal Ball” basicamente traz a mesma proposta da faixa anterior, quase, diria, uma continuação dela com um vocal mais lento, discreto, introspectivo, algo caótico, atormentado, com golpes pesados e intensos do órgão e guitarra e os sintetizadores se revelando espaciais, uma levada space rock. As paredes sonoras do mellotron e riffs de guitarra termina a música de forma sombria.

"Crystal Ball"

O Dragon viria gravar, em 1977, o seu segundo trabalho chamado “Kalahen” nas mesmas condições que seu debut, "Dragon”, sem apoio e sem gravadora. Em 1992 o selo Mellow Records o trouxe a luz em um formato CD. “Dragon” também ganhou um novo lançamento, em 2012, em formato LP com belo e arrojado encarte, pelo selo Golden Pavillion.

"Kalahen (1977)"

Por mais que o Dragon tenha se descolado do tempo em que concebeu os seus álbuns, suas composições, dando-lhe o caráter de banda ingênua e até mesmo amadora, traz ideias sonoras inventivas e interessantes, algo extremamente instigante que realmente impressionam. E o que chama a atenção é o contraste de momentos sombrios e soturnos com momentos alegres, edificantes e solares. O que fascina e enaltece a cena progressiva, são essas nuances rítmicas que faz do som complexo e fascinante, ao mesmo tempo.

O Dragon mostrou potencial, mostrando ter sido uma grande banda de rock progressivo, digna e excitante, em alguns momentos. Uma pena não terem produzido mais, ter tido uma longevidade discográfica e terem saído de cena. Bem pelo menos é o que parece ser, pois pouco se tem de informação sobre o paradeiro de seus integrantes e que destino teriam rumado dentro da música. O fato é que, como um cometa, deixou alguma marca pela sua verdade sonora registrado em seus álbuns simples, mas significativos. Recomendado!


A banda:

Bernard Callaert na guitarra e backing vocals

Christian Duponcheel nos teclados, sintetizadores, mellotron

Jean-Pierre Houx no baixo, piano, sintetizadores, trombone e backing vocals

Georges Venaise na bateria e flauta

Jean Venaise nos vocais e guitarra

 

Faixas:

1 - Introduction (Insects)

2 - Lucifer

3 - Leave Me with Tears

4 - Gone In the Wind

5 - In the Blue

6 - Crystal Ball

 

 

Dragon - Dragon (1976)


 

 

 

 























quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Necronomicon - Tips Zum Selbstmord (1972)

 

Rock n’ roll é celebração, é festa, é o estado de êxtase corpóreo e mental, mas também é capaz de nos entregar a agonia da reflexão de tempos sombrios de ontem, hoje e sempre. Bandas e álbuns sintetizam, contam e catapultam, por intermédio de sua arte, para o mundo, as nossas fraquezas enquanto sociedade, enquanto civilização e, por vezes, é combatido e ridicularizado por esta mesma sociedade, pois esta tem medo de vislumbrar as suas vulnerabilidades.

Há rock para todos os tipos e percepções, como costumo dizer, o universo é vasto e inexplorado, não apenas no quantitativo das bandas espalhadas por este mundo, mas também pelos temas por estas propostas em seus trabalhos.

E como o rock n’ roll é a antítese, a contra mão de tudo que preconiza essa sociedade podre, doente e extremamente conservadora, os cenários são melancólicos, pessimista, mas real, duro, perigoso.

Expulsar a raiva, abraçar a dor, seguir por caminhos tortuosos e documentar as tribulações da humanidade e apresentar por contornos de uma arte marginal e dura parece ser uma característica de bandas oriundas de uma estrutura e realidade periférica, de músicos que padeceram para construir não apenas a sua carreira musical, mas seguir a sua vida sob o aspecto social, econômico etc. Essa é a sua inspiração, tão concreta, real e próxima.

E não se enganem que na cena Krautrock, na Alemanha, no fim dos anos 1960, essa era a realidade que estava impregnada, intrínseca na base de seus músicos e da realidade que os cercava. Uma realidade de uma Alemanha destroçada em um pós-guerra, com um país mergulhado em um caos econômico, social e político, sendo fatiado por blocos de sistemas políticos que se duelavam.

Jovens sem perspectivas, tendo que viver em uma sociedade com baixa autoestima, sem referências culturais, ofuscadas e absorvidas por enlatados dos países que o fatiou. Esse era o panorama naqueles sombrios tempos na Alemanha nos anos 1960/1970 e foi com esse triste panorama que foi concebido o krautrock: um amontoado de moleques hippies, que queriam mudar o mundo ou pelo menos a Alemanha e a música não era o cerne da causa desses jovens, mas que foi surgindo aos poucos até se constituir como uma cena sólida.

De alguns sons minimalistas e pouco ortodoxos e sonoridades pesadas, densas, de atmosfera carregada. Todas as expressões sonoras, diante de tanta diferença e num quadro pintado com tantas tintas e contornos, convergiam independente de letra ou ausência desta, para um fim: subverter o status quo. É isso que, pelo menos para mim, atrai no rock alemão daquela época. Sonoridade diversificada com um único fim: se colocar em uma posição marginalizada.

E uma banda merece uma menção, pois se adequa a esse cenário dos anos 1970 e que, construiu a sua obscura e precoce história discográfica com base nessas perspectivas sociais e comportamentais. Falo da banda NECRONOMICON. Talvez o seu nome não figure entre os grandes e conhecidos nomes do rock germânico, tem um status de banda cult, mas sempre trafegou na obscuridade e o seu nome e teor das letras, bem como a sua peculiar e estranha sonoridade parece corroborar a sua condição de outrora.

Necronomicon

O Necronomicon se formou em Aachen e foi uma das poucas bandas em sua época, lá para o ano de 1970, quando foi concebida, que ousou tocar músicas em sua língua nativa, em alemão. Walter Sturm (vocal, guitarra), Norbert Breuer (vocal, guitarra) e Gerd Libber (baixo) se juntaram no verão de 1970. O baterista Harald Bernhard logo se juntou ao grupo, assim como Fistus Dickmann um pouco mais tarde no teclado. Detlev Hakenbeck assumiu o baixo em 1971 e passou para Bernhard Hocks em 1972.

Necronomicon em 1970

Aachen tinha uma forte efervescência musical, com uma grande cena jovem, em clubes que, pode parecer louco, eram dirigidos pelas igrejas locais, mas muito abertos para as manifestações culturais da juventude. Alguns músicos, que viriam a formar o Necronomicon, tinham algum sucesso com as suas primeiras bandas e o exemplo era Walter Sturm que tinha uma banda chamada “The Crickets” (adaptado da banda Buddy Holly), enquanto Norbert e Gerd com a banda “Love of Tune”. Em 1971, por exemplo, Aachen abrigou um festival ao ar livre com Deep Purple, Pink Floyd etc.

A origem do nome, claro, vem das obras do escritor seminal HP Lovecraft e em seus primeiros dias a banda se fixou em tocar covers de bandas conhecidas e estabelecidas como John Mayall, Pink Floyd, Ten Years After, Black Sabbath, Uriah Heep e Deep Purple. A banda, embora tenha gravado seus poucos álbuns em alemão e tenha sido consequentemente, uma das poucas bandas a gravar em alemão, começou a cantar em inglês, gravando material, inclusive, para a “History of a Planet”, mas depois decidiu mudar para textos em alemão, escritos por Norbert Breuer, que escreveu sobre destruição ambiental impensada, superpopulação, exploração, injustiça e violência.

A decisão pelo nome da banda, Necronomicon, veio com Walter Sturm, logo no nascimento da banda, em fevereiro de 1970, mais precisamente nos primeiros ensaios que começaram no verão daquele ano. Sturm, até então estudante de psicologia, se deparou com as histórias sombrias de HP Lovecraft e a sua invenção do livro proibido dos mortos, “Necronomicon”, propondo ao resto da banda tal nome. Os demais não estavam muito interessados em histórias de terror e depois de algum tempo tocando covers, Norbert Breuer veio com algumas composições que havia feito com a ideia de criar uma obra sobre a “História de um Planeta (“History of a Planet”).

Isso foi altamente influenciado pelas ideias então vindouras (e agora ainda mais importantes) da humanidade destruindo seu próprio planeta pela poluição, guerras, exploração e superpopulação. Deve de ter apresentado este novo material aos amigos mais próximos, decidiu-se fazer as letras em alemão (antes estava em inglês) para levar a mensagem ao público. Em 1971 o Necronomicon foi convidado como banda de apoio para um grande show da banda holandesa Livin' Blues. Para este show alugaram uma torre de guitarra de 100 Watts London City que fez uma mudança de 100% no som da banda. Este concerto foi muito bem sucedido e de alguma forma serviu como um avanço para o desenvolvimento musical da banda. Nesse show a banda pela primeira vez tocou algumas dessas músicas para um público maior e o público correspondeu bem. Depois disso, decidiu-se publicar algumas das novas músicas em vinil. E assim nascia “'Tips zum Selbstmord”, ou melhor, seis faixas desse projeto, o “The History of a Planet”, foram escolhidas para compor este álbum.

Na primavera de 1972, o Necronomicon gravou essas seis músicas para “Tips zum Selbstmord” em um pequeno estúdio em Kerkrade, na Holanda, mas gerido por dois alemães, das quais tiveram 500 cópias produzidas por Carl Lindström, em Colônia. A decisão por este estúdio se deu devido ao custo baixo, onde a banda poderia pagar.

Demorou cerca de cinco dias para gravar o álbum e foi mais ou menos ao vivo por causa do equipamento técnico um tanto quanto limitado. Se a banda não tivesse um “patrocinador” (Hubert Herwartz, um amigo de Norbert com um pai “rico”… e um fã do Necronomicon desde o início) não seria possível a produção do álbum, afinal todos os integrantes da banda eram estudantes.

O título não tem nada a ver com suicídio, que, traduzindo significa (“Instruções para o suicídio”), mas se refere à devastação ambiental, do planeta Terra, da devastação da sociedade, da humanidade, com relação aos seus destrutivos costumes. Não te soa algo atual? Uma pena!

E aqui vale uma curiosidade com o lançamento do álbum, no que tange a sua estética gráfica: ela pode ser dobrada de cinco maneiras, ou seja, é composta por seis superfícies quadradas que ao serem abertas formam uma cruz. O conceito holístico do nome da banda, a sua música, letras alemãs e o título do LP, realizado pela primeira vez em 1972, encontrou sua conclusão artística no design da capa de Harald Bernhard. Bernhard estudou gráficos no politécnico de design em Aachen e trabalhou muitos anos como professor de artes em uma escola secundária em Colônia. A contribuição de Harald Bernhard para a arte gráfica de “Tips zum Selbstmord”' foi grande.

A música do Necronomicon, em “Tips zum Selbstmord”, atraiu aqueles que dificilmente ou nunca lidaram com os fatos da guerra, queixas sociais e ameaças socioambientais, por isso que combinaram sua música com textos em alemão, para criar nitidamente um estilo sonoro e que este se adequasse ao tema, muito denso e complicado de se tratar, ou seja, o estilo musical do Necronomicon é característico do Necronomicon. Assim é o primeiro álbum da banda: música clássica, jazz, folclore e rock, com hard rock, har psych e prog rock. O canto polifônico é usado como um importante elemento sonoro. Tem sido mostrado em muitos shows que a música da banda atraiu um grande público.

A concepção de “Tips zum Selbstmord”, ou seja, das letras, claro, veio, em sua maioria de Norbert Breuer, que vinha com a ideia e as letras e o resto da banda começava a trabalhar nela, adicionando partes de guitarras, teclados, baixo etc. No álbum quatro das seis faixas foram ideias de Breuer, já as outras duas músicas iniciadas por Sturm e Hocks. Portanto a formação do Necronomicon que gravou “Tips Zum Selbstmord” trazia: Walter Sturm na guitarra e vocal, Norbert Breuer na guitarra e vocal, Fistus Dickmann no órgão, sintetizadores e vocais, Bernhard Hocks no baixo e vocal e Harald Bernhard na bateria.


“Prolog” começa com um vocal a cantarolar e rindo, ao mesmo tempo, mas de repente entra a guitarra, poderosa, imitando uma linha que o vocalista acabou de cantar e assim segue com as guitarras sujas, arrogantes, logo depois entra na “briga” o órgão no mesmo compasso com altivez, com uma bateria marcada e forte, com solos empolgantes de guitarra e um baixo pulsante e intenso. A mensagem da música aborda um aviso para não ser descuidado com o planeta.

"Prolog"

"Requiem Der Natur" tem uma introdução meio space rock, meio assustadora, a guitarra se junta, suavemente a essa proposta meio contemplativa, pastoral, bem como o vocal, o órgão e o baixo. Mas depois de algum tempo a bateria e guitarra se unem em um frenesi fantástico, em uma massa agressiva e poderosa. Agora a guitarra, bateria e baixo assumem o controle e logo depois os teclados. Uma levada meio jazzy também se faz evidente e traz um coro de igreja na parte final. A letra trata de memórias de um mundo intacto com pássaros voando por florestas ainda verdes, ar não poluído, lindas flores crescendo por toda parte.

"Requiem Der Natur"

"Tips Zum Selbstmord" abre com poderosos solos de guitarra enquanto a bateria entra. Os vocais chegam quase que gritando, estridente. A bateria soa poderosamente, enquanto a guitarra rasga na mesma toada! A faixa acusa a humanidade de ser descuidada, sem consideração e responsabilidade para salvar o ambiente de sua própria vida.

"Tips Zum Selbstmord"

"Die Stadt" abre suavemente com vocais frágeis e uma guitarra tranquila, mas, para variar, o peso retorna, enquanto o vocal cuspia as palavras com uma guitarra mais pesada também. A letra fala de cidades impessoais com pessoas que não se conhecem, morando em apartamentos pequenos, mas caros, interessados apenas no lucro, no lucro pessoal.

"Die Stadt"

“In Memoriam” abre mais pesada, direta ao ponto! Mas logo fica mais suave com vocais mais discretos. Um contraste interessante característico do álbum, da banda. A música traz reflexões sobre um mundo com distribuição injusta dos mais ricos, comida, espaço para viver, superpopulação.

"In Memoriam"

"Requiem Vom Ende" abre com uma ótima sonoridade de guitarra que é substituída por melodias vocais rápidas e órgão. De volta à guitarra enquanto a bateria segue forte, consistente. Os vocais trocam com alguns solos de guitarra repetidas vezes, sem contar com excelentes linhas de baixo bem pulsantes. A letra traz a visão de um mundo após a autodestruição. É Fim da “História de um Planeta”.

"Requiem Vom Ende"

O estilo complexo do Necronomicon sempre foi motivo de debate e críticas dentro e fora do Necronomicon e isso, claro, suscitou algumas saídas. Fistus Dickmann saiu em 1973, um ano após o lançamento do debut da banda, entrando Dieter Ose, um belo tecladista que, graças ao seu estilo pouco ortodoxo de tocar se adequou à proposta da banda, bem como comungava das ideias sociais do Necronomicon. No início daquele ano Ose e Norbert começaram a fazer novas composições ainda mais complexas do que “Tips zum Selbstmord”.

Sturm também fora assediado para sair da banda recebendo uma proposta para tocar em outra grande banda obscura oriunda de Aachen, o Rufus Zuphall. O Rufus sempre foi o principal concorrente do Necronomicon na cena rock de Aachen. Em 1973, Günther Krause, o frontman e guitarrista de Rufus Zuphall deixou a banda e Udo Dahmen e Manfred Spangenberg (baterista e baixista de Rufus Zuphall) contatou Walter Sturm para entrar na banda e a ideia do Rufus Zuphall era levar mais peso a banda com a entrada de Sturm. E diante da crise instaurada no Necronomicon Sturm saiu da banda para respirar novos ares, isso ainda em 1973.

Mas depois de uma passagem até que bem-sucedida no Rufus Zuphall Walter Sturm retorna ao Necronomicon encontrando um panorama sonora completamente novo, com músicas mais complexas que duravam cerca de 30 minutos, inclusive.

Necronomicon em 1976

O Necronomicon não chegou a realizar shows e turnês com “Tips zum Selbstmord”, tinham pequenos grupos de amigos bem leais a sua música, não sendo, claro, muito fácil divulgar seu trabalho, até porque também sua música estava muito a frente do seu tempo e demorou cerca de 15 anos após o seu lançamento para que a banda ganhasse alguma visibilidade, custando a dissolução de sua formação original. Em 1974 a banda chegou a fazer alguns shows, mas o público foi ficando cada vez menor.

“Tips zum Selbstmord” teve alguns relançamentos, seja em CD e LP, em 1996, 2004 e 2008. Reza as boas informações de que a banda estaria disposta em relançar oficialmente de 'Tips zum Selbstmord' em qualidade de som original retirada das fitas originais e um “Live LP” de gravações feitas em um show em 2019.

Diante desses reveses a banda findou as suas atividades em 1976, retornando apenas em 2012, mas com ensaios em 2010, gravando um álbum de estúdio chamado “Haifische” e mais tarde o álbum “Verwundete Stadt”, em 2017. A expectativa é de que em um futuro próximo possamos ter novos trabalhos dessa obscura e gigante banda germânica setentista.


A banda:

Walter Sturm na guitarra solo, vocais

Norbert Breuer na guitarra, vocais

Fistus Dickmann no órgão, sintetizador, vocais

Bernhard Hocks no baixo, vocais

Harald Bernhard na bateria

Com:

Annegret Finken, Irmgard Lambertz, Maria Wirtz, Sophie Finken no alto vocal

Michael Breuer, Wilhelm Busacker no baixo vocal

Elisabeth Schlingmann, Maria Gartmann no soprano vocal

Karl Lenz, Manfred Wirtz, Rudolf Schlingmann, Willi Mertens no tenor vocal


Faixas:

1 - Prolog

2 - Requiem Der Natur

3 - Dicas Zum Selbstmord

4 - Die Stadt

5 - In Memoriam

6 - Requiem Vom Ende


Necronomicon - Tips Zum Selbstmord" (1972)