domingo, 20 de fevereiro de 2022

Jumbo - "Vietato Ai Minori di 18 Anni?" (1973)


Sempre percebi, sempre observei que o rock n’ roll tinha e ainda tem, oportunismos mercadológicos à parte, um papel social e comportamental, de contestação, de abalar o status quo. É claro que há vertentes de composições, de letras voltadas para vários assuntos: festa, sexo, hedonismos em geral, mas sempre apreciei e me identifiquei com o rock protesto, aquele que coloca o dedo na ferida mesmo.

E sempre se atribuiu a isso ao punk rock, aos moleques que, como diz a letra de um exímio exemplar da cena, Richard Hell, com o seu “Blank Generation” que, na década de 70 para a de 80 se viram perdidos, sem perspectivas de uma vida digna ou coisa que o valha, mas não somente. Temos exemplos vívidos e plenos no rock progressivo! Rock progressivo? Que só fala de temas exotéricos, sobrenaturais? Não!

Encontramos bandas, poucas, é bem verdade que abordaram temas palpáveis, inquietos e difíceis. Verdadeiros tabus que nunca encontraram barreiras ou eras cronológicas para existirem, mas apenas o medo, a ojeriza daqueles conservadores em tratar sobre determinados assuntos ou aqueles que sempre tiveram medo de “comprar” a ideia de que tais temas fossem personificados, materializados, manifestados, artisticamente falando.

Que tal falar sobre sexo, masturbação, estupro, prostituição, drogas, religião e alienação social? Vilipêndio? Na certa! Tema nojento para se falar na mesa de uma “família perfeita”? Claro! Não se pode falar de temas como esse para não expor os puritanos que se escondem em um domo de ilibado estado de “acima do bem e do mal” e que certamente esconde seus lados mais podres.

E surgiu uma banda na Itália que teve a coragem de expor esses temas em 1973, sim, amigos leitores, há 49 anos, 1973, surgida na cidade de Milão, na Itália, tendo como o seu referencial o vocalista Álvaro “Jumbo” Fella, que se chamava JUMBO com o seu álbum, notoriamente, mais arrojado, de sua curta, mas significativa carreira discográfica, o “Vietato Ai Minori Di 18 Anni?” ou em tradução livre: “Vetado para menores de 18 anos?” Até o título do álbum, mesmo para quem não o conhece, traz aquela curiosidade, mas que deixa, meio que explícito temas desconcertantes para os conservadores de plantão.

Antes de falar sobre o terceiro e mais arrojado álbum, não só pelos temas abordados, mas também pelo fator sonoro, embarquemos na história do grande e obscuro Jumbo. A banda foi formada em 1969 e tinha no vocalista Álvaro Fella, a figura central, tanto que o nome da banda vem de seu apelido, Álvaro “Jumbo” Fella. Fella era baixista de uma banda de pouco nome quando foi notado por produtores de uma gravadora, assinando contrato em 1970.

Álvaro "Jumbo" Fella

Gravou uma música chamada “Due Righe Da Te” e dois covers. No primeiro single tocou com gente do naipe de Franz Di Cioccio e Flavio Premoli, ainda componentes do Quelli, depois passando a se chamar Premiata Forneria Marconi, e Mario Lavezzi, mais tarde tocando no Il Volo.

Já em outra gravadora, de mais renome, a Phillips, gravou em 1972 o primeiro álbum com a ajuda dos músicos que teriam constituído a primeira formação da banda, tais como: Daniele Bianchini na guitarra, Sergio Conte nos teclados e vocais, Dario Guidotti na flauta, violão, gaita e percussão, Vito Balzano na bateria e percussão e o baixista Alberto Agazzi, mas sendo substituído logo por Aldo Gargano. 

Um belo álbum, muito influenciado pelo blues, um pouco acústica na sua concepção, com muito instrumento de sopro e percussão e o destaque fica com o vocal de Fella, excepcional, potente, de grande alcance, um rosnado ameaçador, sem dúvida um dos melhores vocalistas que eu vi e ouvi até o momento. Mas a grande mudança do Jumbo e a mais significativa, pois levaria como identidade até o fim, seria no álbum “DNA” também lançado em 1972. Mudança essa que se daria devido a um trabalho simbiótico e de grande parceria entre os seus integrantes. A resenha deste clássico obscuro pode ser lida aqui.

"Jumbo" (1972)

"DNA" (1972)

Mas em 1973 veio ao mundo o álbum “Vietato ai minori di 18 anni?” com os seus temas fortes, expondo, trazendo à tona a podridão de uma sociedade hipócrita e pseudo moralista e que são traduzidas em oito monumentais faixas, umas de texturas sonoras mais complexas, outras mais raivosas, diretas. Assim é basicamente o álbum: intenso, agudo, visceral, mas com os seus temas meticulosamente conectados em uma estrutura conceitual bem definida e tratados de forma veemente, sem metáfora e alegorias. Temas abertos e sem filtros.

O Jumbo sofreu com a censura e foi excluído das rádios, dos programas de televisão da época. A banda teve sérias dificuldades de divulgar o seu trabalho e não é para menos: a natureza humana sendo escancarada a plenos pulmões de Álvaro Fella. 

E falando nos vocais de Fella, não há como negligenciá-lo neste trabalho do Jumbo. Sua voz, apesar de peculiar, esteve mais dramática neste álbum, mais cênica para expor a verdade dos temas nele proposto, mais poderosa, rasgada, somando a uma camada mais intensa dos instrumentos, com riffs de guitarra mais dilacerantes, teclados nervosos, um rock progressivo sinfônico complexo, mais denso, mais urgente.

Em “Vietato ai minori di 18 anni?” a banda soa mais forte, um pouco mais pesada. O grau de sofisticação se faz presente também, como nos seus trabalhos anteriores, a pitada blues rock progressivo também, mas se faz mais sofisticado pela energia aumentada com um trabalho instrumental mais diversificado: mellotron e sintetizadores são adicionados, com a participação especial de Franco Battiato, junto com o sixtro, um instrumento de cordas renascentista e algumas percussões traz um caldeirão de temperos sonoros.

E por falar em participações especiais, vamos elencar o time que entregou ao mundo esse petardo sonoro necessário: Alvaro "Jumbo" Fella nos vocais, piano, órgão e saxofone, Daniele "Pupo" Bianchini na guitarra, Sergio "Samuel" Conte nos teclados, Dario Guidotti na flauta, harpa, guitarra acústica, sixtro e vocais, Aldo Gargano no baixo, Mellotron e sixtro e Tullio Granatello na bateria, entrando no lugar de Vito "Juarak" Balzano. Além das ilustres participações de: Lino "Fats" Gallo na guitarra slide, Franco Battiato no sintetizador VCS3, Angelo Vaggi no sintetizador Minimoog e Lino "Capra" Vaccina na percussão.

Jumbo

O álbum é inaugurado com a excelente faixa “Specchio” já com o vocal rasgado de Álvaro Fella, já botando o pé na porta, cantado de forma áspera e urgente, sombria. Tem várias mudanças de compasso, entre pianos nervosos e riffs de guitarra, cobrindo e corroborando o “ódio” vocal de Fella, mas que, em dados momentos traz a suavidade da flauta, e vai mudando para solos de guitarra e delicados toques de violinos. Complexo!

"Specchio"

"Come Vorrei Essere Uguale A Te" começa meio acústica, baixa, despretensiosa, até o vocal de Fella aparecer. Solos de guitarras meio lisérgicas dão o ar da graça, algo meio Jethro Tull em seu início meio blues, o blues tão evidente nos primeiros álbuns do Jumbo também. O vocal de Fella vai ficando mais alto, os instrumentos seguem a proposta, vão aparecendo. Irrompe em uma explosão instrumental com bateria marcada, meio jazzy, solos desconcertantes de guitarra, a música atinge uma velocidade considerável, vai ficando mais dramática e intensa. Instrumentos de sopro aparecem, uma orquestra se faz presente, mas a mudança de compasso sonoro muda novamente, piano e um vocal mais melódico de Álvaro é ouvido. Lindo!

"Come Vorrei Essere Uguale a Te"

“Il Ritorno Del Signor K” traz algo meio de jam section, de improvisações, meio acústica, meio folk, me fez lembrar um pouco de Gentle Giant. “Via Larga” me fez lembrar os álbuns anteriores do Jumbo, trazendo a voz peculiar de Fella e um discreto instrumental trazendo um violão acústico de fundo e uma camada de teclado entregando uma atmosfera sombria, tendo eventuais solos curtos de guitarra, imprimindo relativo peso à música que logo se revela com o vocal rasgado de Fella e fechando como começou. Agrupa belos elementos sinfônicos italianos misturados com porções bonitas e transgressoras, mas o início experimental é bastante desafiador.

"Via Larga"

“Gil” tem uma levada mais psicodélica e progressiva, um experimentalismo chapante que destoa um pouco do álbum, mas não se torna nem um pouco ruim, pelo contrário. Tem o destaque de Franco Battiato com o seu sintetizador VC-3, que traz toda a aura lisérgica dessa faixa. A música gira em torno de sintetizador, violão, voz de Fella, percussão e Mellotron.

"Gil"

"Vangelo?" tem uma atmosfera misteriosa, mas linda liricamente, uma melodia espetacular com guitarras viajantes e vocais limpos. A flauta enreda todo o clima contemplativo da música, mas as variâncias rítmicas traz também o atrativo da faixa, dando um caráter mais jazzístico graças a sua bateria.

"Vangelo?"

“40 Gradi” na sua introdução soa um pouco folk, um pouco acústica, mas logo revela a face destruidora capitaneada pelo vocal de Fella, com uma veia mais hard, mais pesada. Mostra um Jumbo mais rico instrumentalmente falando, mais cheio de recursos.

"40 Gradi"

E fecha com “No!” seguindo basicamente a proposta da faixa anterior: peso e suavidade sendo tratada na medida. Uma música curta conduzida por flauta, com Mellotron, e há algumas risadas de Fella bem tenebrosas.

"No!"

O Jumbo em “Vietato ai minori di 18 anni?” trabalhou como uma unidade bem oleada: as partes de teclado bem definidas de Conte, a multifuncionalidade de Guidotti (flauta, violão, gaita) e o sólido trabalho de baixo de Gargano estabelecem um forte esquema para a música de Jumbo, dando espaço para a guitarra elétrica de Guidotti. 

Solos e a bateria guiada pelo jazz de Granatello. A fundação de uma unidade estilística em todo o repertório mostra-se eficaz e adequada, já que este é na verdade um álbum conceitual que gira em torno de alguns dos tabus mais urgentes e por isso atemporais, que são escancarados sem máscaras que não deveria ser impedido de vir à tona, sendo discutido com vista a efetivamente do tombamento das aflições e frustrações humanas, pois fazem parte do seu arquétipo físico e comportamental e o Jumbo fez a sua parte com o viés e a manifestação artísticas de tais assuntos.

A banda se desfez em 1976 e não se sabe ao certo se esse álbum acarretou o seu fim, sobretudo pelos aspectos comerciais, mas o fato é que com “Vietato ai minori di 18 anni?” o Jumbo deixou uma marca indelével para a história do rock progressivo italiano e mundial, mesmo que poucos o reconheçam como tal.




A banda:

Alvaro "Jumbo" Fella nos vocais, piano elétrico, órgão e saxofone

Daniele "Pupo" Bianchini na guitarra

Sergio "Samuel" Conte nos teclados

Dario Guidotti na flauta, harpa, violão, sixtro e vocal

Aldo Gargano no baixo, Mellotron, sinos e sixtro

Tullio Granatello na bateria

Com:

Lino "Fats" Gallo na guitarra slide

Franco Battiato no sintetizador VCS3

Angelo Vaggi no sintetizador Minimoog

Lino "Capra" Vaccina na percussão

Faixas:

1 - Specchio

2 - Come Vorrei Essere Uguale A Te

3 - Il Ritorno Del Signor K

4 - Via Larga

5 - Gil

6 - Vangelo?

7 - 40 Gradi

8 - No!

 


 

 

 

 





























 




 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Novalis - Konzerte (1977)

 


Costuma-se dizer que determinadas bandas assume uma personalidade sonora em estúdio e outra ao vivo, nos palcos. Algumas se sobressaem primorosamente ao vivo, no palco, mostrando nuances de improviso, mais peso, mais substância, outros se mascaram na tecnologia do estúdio e se mostra incipiente nos palcos, entre outras particularidades.

A banda germânica NOVALIS mostra-se grandioso em estúdio e principalmente ao vivo, é o que revela o excepcional registro ao vivo chamado “Konzerte” gravado em abril de 1977. A banda havia passado por várias modificações desde o lançamento de seu debut “Banished Bridge”, de 1973, sofreram as tormentas de mares revoltos da incerteza, não obtiveram êxito comercial nos seus álbuns de estúdio lançados em um passado não muito distante.

A banda esteve a ponto de findar suas atividades. Mas, a partir de seu segundo álbum, “Novalis”, de 1975, a banda começou a se situar musicalmente falando, com uma temática sinfônica que passaria a se tornar popular na Alemanha em meados da década de 1970, passando a cantar na sua língua mãe, o alemão, mas não obteve aquele êxito comercial que se esperava, de que eles, enquanto banda aspirava, mas ganhou certa credibilidade em sua terra, na Alemanha, embora alguns ditos “formadores de opinião”, alguns pseudos especialistas digam que a banda não impactou na cena musical local.

Mas foi sim, graças ao Novalis que essa cena frutificou, sendo o Novalis um pioneiro no estilo naquele país. A mudança interna, que poderia trazer certa insegurança e gerar descaracterizações, não ocorreu, a banda encorpou, encontrou-se com a sua identidade, adquiriu personalidade sonora, amadureceu, o mérito criativo chegou com o esforço e o empenho, juntamente com o risco de que não tinham nada a perder e o resultado está estampado em “Konzerte”, onde a banda, em seu estágio natural, vívido, apresenta clássicos de seus álbuns anteriores, de suas grandes obras, sem sujar a sua história, a sua essência.


O álbum “Konzerte” sinaliza a vocação progressiva do Novalis, nos brindando com músicas do calibre de “Sommerabend”, uma linda suíte de quase dezenove minutos; as viajantes e instrumentais, “Es Färbt Sich Die Wiese Grün” e "Impressionen" e “Wunderschätze”. Verdadeiras pérolas do progressivo sinfônico, do clássico e reverenciado Novalis que merece uma parte na história da música progressiva. Os heróis dessa façanha sonora foram: Fred Mühlböck nos vocais, guitarra acústica e elétrica e flauta, Detlef Job na guitarra elétrica e vocais, Lutz Rahn nos teclados, hammond, moog, piano e clavinet, Heino Schünzel no baixo e Hartwig Biereichel na bateria.

Novalis

E esse registro ao vivo do Novalis contara com estreia do vocalista austríaco Fred Mühlböck. E ele de fato tinha uma presença vocal, foi uma grande aquisição para o Novalis à época. Ele traz dramaticidade às músicas, sem soar chato e histriônico demais, dando peso e força a banda e também é um multi-instrumentista, tocando guitarra e flauta em algumas faixas de “Konzerte”.

Analisando esse registro como um disco, um vinil, o primeiro lado de “Konzerte” traz 70% do grande álbum “Novalis”, de 1975 e o outro lado entregam 70% do álbum que deu alguma visibilidade a banda: “Sommerabend”. Talvez pudesse ser incluído algo de “Banished Bridge”, debut da banda de 1973, que fiz, inclusive, uma resenha que pode ser lida aqui, mas talvez quisessem se desvencilhar dessa curta fase de sua história pelo simples fato de cantar as músicas em inglês, mas as faixas escolhidas caíram como uma luva para versões ao vivo.


E o grande destaque fica para os momentos de improvisação, trazendo novos olhares e sentimentos aos ouvintes da música, sendo também impactadas pelas novas formações musicais dos novos integrantes da banda fazendo com que o Novalis trouxesse em sua textura sonora, além do já característico progressivo sinfônico, umas pitadas generosas, diria, de hard rock tudo envolto em uma camada complexa e linda de som.

“Konzerte” sinaliza um Novalis progressivo, fincado nos teclados, tendo a guitarra a função de trazer a harmonia e o corpo às músicas, a força e o peso de hard rock sofisticado, bem delineado no que tange às melodias.

Mas a improvisação, como destaque de “Konzerte” traz um Novalis mais cru, mais direto e revelam músicas mais arrojadas, com um caráter mais irreverente e poderoso.

Depois de uma introdução que é uma amostra do bolero de Ravel a banda começa com a curta, porém significativa instrumental “Dronsz” que tem como destaque um riff intenso e pesado de órgão com a guitarra dando a sustentação necessária criando uma salutar “rivalidade”.

E aí depois desse “pequeno aperitivo” começam os verdadeiros exemplos de épicos sinfônicos personificados em faixas como “Es färbt sich die Wiese grün” com aquela introdução de teclado obscura, contemplativa, introspectiva com o vocal quase que em evidência, que depois irrompe em uma explosão sonora de guitarras em solos curtos mas envolventes e bateria marcada e baixo pulsante.

"Es Farbt Sich Die Wiese Grun"

Segue com “Impressionen” que remete ao krautrock mais viajante, psicodélico, algo de Pink Floyd, aliando a lisergia a complexidade do progressivo, com algo solar, poderoso, pesado que vai crescendo, se manifestando de forma espetacular, o solo da guitarra é forte e evidente, entre solos de flautas e uma bateria meio jazzy. Que faixa caros leitores!

“Wer Schmetterlinge lachen hört” traz o seu inconfundível teclado introdutório muito típico da discografia do Novalis e o vocal alto, potente e dramático aparece em destaque e que ganha, mais uma vez peso, com a guitarra em solos curtos e diretos, mas cheios de vida. Psicodelia e prog rock em perfeita sinergia aparecem novamente.

"Wer Schmetterlinge Lachen Hort"

“Wunderschätze” tem, mais uma vez nas teclas, o seu destaque. Aquela atmosfera contemplativa e viajante enche de satisfação os ouvidos e alma de qualquer ouvinte. Uma balada linda, com dedilhados de guitarra que faz te tirar os pés do chão involuntariamente, de faz viajar de forma plena e delicada. Uma sonoridade delicada sim, mas traz a força e o corpo sonoro de uma banda infalível para a história do rock alemão. Uma performance arrepiante!

E eis que finaliza com “Sommerabend”, o clássico da banda tocada na sua plenitude, cada nota executada integralmente, tudo estava ali diante dos ouvidos e olhos daqueles que estiveram neste show, alvo de minhas linhas neste blog, e para aqueles que ouviram e ouvem até hoje nos formatos de lançamento de “Konzerte”. Um épico, um desfile de como se tocar rock progressivo na sua mais fiel essência: dramaticidade, complexidade, um som encorpado, delicado, poderoso, cheio de variâncias rítmicas, vocal de excelente alcance, guitarras explodindo em solos elaborados, teclados complexos, tudo conspirou a favor dessa faixa em sua versão ao vivo. Que clássico obscuro!

"Sommerabend"


“Konzerte nos brindou com a vocação progressiva do Novalis, mas com o arrojo de uma banda que soube usar, de forma incrível, o seu repertório sonoro, com jam sections, com improvisações dignas de um show ao vivo que deve sim entregar uma banda competente, visceral, passional, técnica e cheia de vida. O Novalis estava na plenitude, no ápice de suas condições sonoras, criativas, mostrando que, apesar de não ter tido êxito comercial, mas ter entrado para a história do rock alemão pela sua incrível capacidade melódica e harmônica.

As músicas do Novalis definitivamente te fazem levitar e te deixar em total estado de êxtase. Talvez “Konzerte” tenha sido o último grande lançamento discográfico do Novalis, o trabalho que fecha a história honrosa de uma banda que sempre soube defender a sua verdade sonora sem amarras de indústria fonográfica e de estereótipos que escravizam músicos e bandas.


A banda:

Hartwig Biereichel na bateria

Detlef Job na guitarra e vocais

Fred Mühlböck nos vocais, guitarra e flauta

Lutz Rahn - Hammond H100 organ, PPG synth, Mellotron, piano e clavinet.

Heino Schünzel no baixo e vocal


Faixas:

1 - Bolero (Ravel)

2 - Dronsz

3 - Es färbt sich die Wiese grün

4 - Impressionen

5 - Wer Schmetterlinge lachen hört

6 - Wunderschätze

7 – Sommerabend

...a) Wetterleuchten

...b) Am Strand

...c) Der Traum

...d) Ein neuer Tag

...e) Ins Licht




 

 








 





 


 



domingo, 13 de fevereiro de 2022

Primevil - Smokin' Bats at Campton's (1974)

 


Histórias que caíram no ostracismo. Bandas vilipendiadas em detrimento do sucesso avassalador de outras tantas que bebendo das suas vitórias se tornaram pioneiras, as primeiras, aquelas que criaram um conceito sonoro, uma moda, ditaram comportamentos, formaram opiniões.

E as bandas que pereceram que fracassaram? Fracassaram? O que é fracasso para você, ouvinte de roco n’ roll? O fracasso comercial incorre em uma pretensa falta de qualidade sonora? Será que as bandas obscuras, esquecidas, que não tiveram sucesso comercial não podem ser consideradas como pioneiras?

São perguntas que me faço desde que “construí” este blog que publica as bandas “fracassadas” e seus trabalhos esquecidos. Muitas dessas bandas que, abnegadas, ajudaram, inclusive simultaneamente com as bandas de sucesso, a construir uma cena, um núcleo sonoro, mas que por quaisquer infortúnios não seguiram em frente, mas que, de certa forma, foram os embriões de uma história qualquer.

Essa banda que falarei agora, eu achei em minhas incursões pela grande rede e confesso que o que me atraiu foi o aspecto visual. A capa, embora pouco arrojada graficamente falando chama a atenção com um morcego tenebroso e bizarro que parece mesmerizar, hipnotizar quem o olha com requintes de detalhes.

Claro coloquei os fones de ouvido, lembro-me bem, com a ansiedade de uma criança que ganha o seu primeiro brinquedinho e os acordes se fizeram ouvir, adentrando os ouvidos e impactando, de forma avassaladora, diria arrebatadora, o coração, a alma. Um hard rock poderoso, envolvente, cru, seco, o famoso “direto ao ponto”. A banda se chama PRIMEVIL, baseada na cidade de Indiana, EUA, e o álbum, único da banda, chama-se “Smokin' bats at Campton's”, gravado em 1974.

Mas como muitas bandas obscuras e sem nenhum apoio não conseguiu lançar à época esse trabalho, sendo engavetado, talvez pelo fato do álbum não ter sido bem digerido pelas gravadoras que, com medo de uma sociedade conservadora, bem como alguma parcela dos “tais amantes do rock n’ roll” também são, decidiram não lançar o material. Pois é leitores amigos, vai saber o motivo!

“Smokin' bats at Campton's” é um album poderoso, pesadão, um legitimo hard rock setentista, mas se percebe uma “sopa sonora” que adiciona rock psicodélico, algumas viagens de teclados, músicas acústicas e agressivas convivendo em um trabalho arrojado e revolucionário.

Por que digo revolucionário? Respondo: o álbum foi relançado anos depois, mais precisamente em 2006, no formato CD pelo selo Outer Limits Of Sound e uma frase estava ligada a esse álbum ou quando ele é mencionado por fãs garimpadores dessa pepita de ouro que, na realidade, tem um caráter de afirmação: “A Touchstone of Stoner Rock”. A pedra fundamental do stoner rock! Será? A cena stoner, tão em evidência atualmente, com tantas bandas na ativa teria, mesmo que inconcientemente, bebido da água do Primevil? Seria o Primevil a pedra fundamental do stoner rock?

É sempre muito difícil pontuar uma situação dessas, levando em consideração o surgimento, antes, inclusive, de várias outras bandas com a mesma pegada do Primevil, mas ouvindo “Smokin' Bats at Campton's” reconheci, falo por mim, essa sonoridade em um caráter embrionário! Sem sombra de dúvida encaro esse trabalho como um proto stoner!

Mas tentemos falar um pouco do álbum antes dos comentários “faixa a faixa”. E comecemos com uma curiosidade que, no mínimo vai contra os conceitos conservadores. O título do álbum faz referência ao consumo de maconha na casa do vocalista do Primevil, Dave Campton. Pois é sempre as bandas fazendo referências as drogas e as tendo como inspiração para as suas composições, entre outras coisas, sendo destrutivo ou não.

Ah já que falamos do vocalista da banda, Dave Campton, façamos a escalação do resto da banda que gravou esse único registro de estúdio: Mel Cuppa na bateria, Larry Lucas na guitarra, violão e vocal, Mark Sipe no baixo e Jay Wilfong na guitarra e sintetizador (teclados).


Primevil

E pelas imagens da banda à época se percebe que eram jovens, muito jovens, eles ainda estavam na adolescência, não podiam sequer sair da cidade sem a autorização dos seus pais, seus responsáveis. E é incrível que, ao ouvir seu álbum, mostra um Primevil forte, poderoso e visceral, faziam um som de gente grande.


Smokin' bats at Campton's é complexo, mas cru, traz momentos de Black Sabbath, com o peso, de Led Zeppelin com o viés prsicodélico, solos de guitarra de tirar o fôlego, bateria funkeada e marcada, baixo pulsante e um vocal alto, gritado, as vezes. Um álbum a frente de seu tempo, certamente.

A faixa de abertura, “Leavin’” começa com uma passagem acústica, vocais suaves, violão dedilhado ao fundo, mas não espera uma faixa inteiramente lenta, porque explode com riffs desconcertantes de guitarra sendo acompanhado por uma batida forte de bateria e um baixo frenético. Os solos de guitarra vão e voltam, o hard rock irrompe de forma desbundante.

"Leavin'"

“Progress” já começa com o pé na porta! O baixo meio “funky”, bem dançante, a bateria, forte, segue no mesmo compasso, a guitarra ao fundo disparando seus riffs e solos desconcertantes, talvez uma guitarra gêmea à la Wishbone Ash se percebe nessa excelente faixa.

"Progress"

A faixa seguinte “Fantasies” começa discreta, suave, lenta, com um doce instrumental capitaneado pelo violão, trazendo referências de country, de música sulista, mas que vem com a guitarra ácida e psicodélica dando uma textura sonora mais complexa, sim, essa é a faixa mais complexa do álbum. Vai ao longo do tempo ficando mais pesada graças aos solos de guitarra. Grande música!

"Fantasies"

“Pretty Woman” é dançante até o osso! Não há como ficar parado ao ouví-la! Impressionante a qualidade musical desses moleques, uma introdução meio “jazzy”, mesclado a um funky, colocando tudo isso no caldeirão do hard rock com o tempero dos solos de guitarra de tirar o fôlego, com vocais competentes e sóbrios.

"Pretty Woman"

“Tell Me If You Can” traz o vocal rouco e potente como destaque, bem como riffs sujos de guitarra remetendo a um heavy rock, a um proto metal de vanguarda, com velocidade e muito, muito peso.

"Tell Me If You Can"

“High Steppin' Stomper” traz o classic e necessário hardão setentista ao álbum, mas com aquela levada funkeada de novo, o peso, mais uma vez, aliado ao fator dançante que faz desse álbum algo carismático aos ouvidos e alma. Destaque, mais uma vez, para os vocais muito competente, gritados e de grande alcance.

"High Steppin' Stomper"

Na sequência tem "Hey, Lover" que já começa com o pé na porta, com bateria pesada, bem marcada, riffs pegajosos, mas poderosos, agressivos e um vocal incrivelmente rasgado que poderia se adequar sem medo de ser feliz aos pesados anos 1980 na cena thrash metal. Uma faixa curta, direta e avassaladora.

"Hey, Lover"

E a derradeira faixa que fecha este excepcional mostra mais uma faceta dos gratos de Indiana: o blues! Um blues rock de altíssima qualidade, mostrando que a banda tinha recursos! Algo meio lamentoso tem nessa música, trazendo a essência do estilo que logo descamba para um solo de guitarra extremamente competente e dedicado. A “cozinha” em total sinergia com a atmosfera da música, tudo conspirou a favor nessa faixa. É a verdadeira “música de banda”, onde todos participam de forma intensa e incondicional.

"Your Blues"

“Smokin' Bats at Campton's” é uma relíquia, um petardo sonoro que trouxe hard rock, rock psicodélico, blues e protos toner de bandeja para os aficionados pelos estilos. Mais algumas curiosidades acerca do álbum: foi gravado durante a noite, acreditem, no New Palestine Studio, de propriedade de Moe Whittemore.

E reza a lenda de que as pouquíssimas cópias geradas, cerca de 1.000, dessa gravação circularam, de forma irregular e não oficial em alguns poucos pontos de Indianápolis, mas que um brechó local ganhou alguma reputação por ser o local que abrigou varias cópias dessa gravação, mas que não gerou muito rebuliço. Hoje materiais como esse poderiam ser disputados a tapa por colecionadores ávidos por aí espalhados nesse mundão.

Depois de um relançamento em 2006, o álbum teve novo relançamento, em 2007 pelo selo Radioactive Records. Você pode ler uma entrevista da banda para a “Psychedelic Baby Magazine” neste link: Primevil | Interview | “Hard rock monster from Midwest”Altamente recomendado!






A banda:

Dave Campton nos vocais, percussão

Mel Cuppa na bateria

Larry Lucas na guitarra, violão, vocais

Mark Sipe no baixo

Jay Wilfong na guitarra, sintetizador


Faixas:

1 - Leavin'

2 - Progress

3 - Fantasies

4 - Pretty Woman

5 - Tell Me If You Can

6 - Hey, Lover

7 - High Steppin' Stomper

8 - Your Blues



Primevil - "Smokin' Bats at Campton's (1974)






 









 






quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Suck - Time to Suck (1970)

 


Sabe aquelas bandas de efêmera vida, mas que chega e causa um grande alvoroço? Aquelas bandas que fazem, em pouco tempo de vida e uma curta discografia mais do que muita banda em décadas de existência? Como se fora um cometa, um fenômeno da natureza que vem sem avisar destrói tudo e desaparece como que por um encanto? São esses eventos que acometem a maioria das bandas obscuras que ouvimos e que resenhamos neste humilde blog.

E a história de hoje vem de um país que não é tido, considerado como centro, como polo do rock n’ roll, mas que entregou aos aficionados pela música obscura uma banda que durou, pasmem, 8 meses, entre 1970 e 1971, mas que deixou uma verdadeira obra selvagem, pesada e muito, muito ousada para aqueles tempos de guerra, de intolerância de cor da pele, de um profundo conservadorismo que deixa, até hoje, marcas de segregação e subjugação.

Falo da África do Sul, falo da banda SUCK! O espírito contestador e debochado já começa com o nome, com o nome de seu único álbum lançado em 1970 chamado “Time to Suck”. Apesar de um país pouco tradicional na cena rock existia uma cena, embora tímida, discreta, por conta da falta de apoio, claro, como sempre, era rica em quantitativo de bandas e até na qualidade. E a confirmação era uma compilação que fora lançada em formato LP em 1972, cujo título escolhido foi um termo cunhado à época para essa discreta cena chamado “Big Heavies”.

E o Suck era a banda mais agressiva, mais selvagem! O que poderia faltar em sofisticação e um trabalho mais bem apurado no que tange a produção do seu álbum sobrou em peso, poder sonoro e hard, muito hard. O termo “Big Heavies” caiu como uma luva para o Suck. 


A banda foi formada na cidade de Joanesburgo no início de 1970. O baixista Louis Joseph “Moose” Forer, que já havia trabalhado com Peanut Butter Conspiracy em Salisbury na então Rodésia, quando a apropriação de terras não era a moda, assim como com a banda baseada em Joanesburgo Grup 66 e Billy Forrest, conheceu o guitarrista Steve “Gil” Gilroy, que tinha acabado de chegar de Londres, onde trabalhava em um desses clubes e pubs. Gilroy havia trabalho com o icônico guitarrista original do Jethro Tull Mick Abrahams e fundador do Blodwyn Pig.

Eles logo se tornaram parceiros de bebidas e para a música foi um pulo, logo se identificaram. O baterista, nascido na Itália, Saverio “Savvy” Grande, que tocou em uma banda chamada Elephant e também trabalhou na banda Oompah e foi influenciado por bandas de percussão latino-americanas, conheceu Gil e Moose em um clube em Hillbrow, em Joanesburgo, a caminho de Bulawayo, Rodésia. O vocalista, guitarrista e flautista de Port Elizabeth, Andrew Ionnides, anteriormente com Meenads, Blind Lemon Jefferson e October Country, recentemente se baseou em Joanesburgo e conheceu o resto dos músicos e assim o Suck nasceu.

Eles alcançaram o objetivo sendo uma das bandas mais viscerais no palco. Seus shows ao vivo eram pesados, avassaladores. Eles quebravam os instrumentos, tocava alto, a bateria levitava, sobras das guitarras e baixos voavam para o público e se tornavam parte teatral de suas apresentações. Rolava inclusive um manequim que era alvo da fúria dos caras do Suck onde eram cortados por machados e facas.



A vida na estrada era difícil, o que não é novidade para muitas bandas obscuras, que não tem a estrutura a seu favor, ia pelo amor a música, por tocar seus instrumentos. Falta de boas gestões, pela gravadora e a inexperiência de jovens músicos, a falta de grana, as proibições, as restrições governamentais e a repressão, o que já era comum na África do Sul eram os entraves a sobrevivência dessas bandas que faziam um rock n’ roll pesado e alto e com isso vinha a frustração, as desilusões por não vislumbrar uma luz no fim do escuro túnel das incertezas.

E para variar o Suck queria escrever suas próprias músicas, gravar seu próprio material, mas nunca tiveram chances de fazê-lo, não se sabe exatamente o motivo, mas na verdade deixou em seu curto tempo de vida uma música apenas chamada “The Whip”. O seu único trabalho, “Time to Suck”, foi gravado nos estúdios da EMI em Joanesburgo apenas por seis horas! Era o tempo que tinha para pagar para usar a estrutura do estúdio, talvez por isso a produção deixasse um pouco a desejar, mas a força, o talento, o peso, a selvageria não foi oprimida, muito pelo contrário, diante dos covers que tocou de algumas bandas que estavam despontando á época foram executadas com maestria.

Então falemos de “Time to Suck”! É um álbum majoritariamente marcado por um vigoroso e desleixado hard rock que nascia no início da década de 1970, que ainda era embrionário. Certamente o incluiria entre os pioneiros da música pesada juntamente com os figurões Black Sabbath, Deep Purple, Grand Funk Railroad etc.

A propósito alguns clássicos dessas bandas desfilaram no disco do Suck e o álbum é inaugurado com a faixa “Aimless Lady” do Gran Funk. Um petardo, sujo, arrastado, aquele hard rock típico, mas selvagem e potente. Segue com o clássico do heavy prog do King Crimson, de 1969, “21st Century Schizoid Man” que, a meu ver, figura como a melhor versão neste álbum. Não tem os teclados, não tem aquela sofisticação do Crimson, tem o hard rock puro, genuíno, a marca registrada da banda, do Suck sendo impressa nesta música. Uma ótima versão!

"21st Century Schizoid Man"

“Season of the Witch”, de Donovan, surpreende também pela versão arrojada que flerta, claro, com o hardão, mas também com a psicodelia, típica ainda daqueles tempos e a junção do peso e da viagem percebia um Suck mais bem apurado prezando pela versatilidade nas harmonias. Outra música do Grand Funk Railroad, escrita por Mark Farner, “Sin's A Good Man's Brother” também estava no track list deste álbum e o poder da música original é impressa de forma fiel pelo Suck, mas daquela forma despojada, intencionalmente despojada com um som de guitarras distorcidas, uma cozinha bem conectada, sinérgica e o resultado é: tome hard rock!

"Season of the Witch"

“I’ll Be Creeping”, clássico do Free, o Suck quis reproduzir um trabalho mais voltado para o blues rock e mostrar essa veia que estava ganhando alguma evidência à época como bandas do naipe do Steppenwolf, mas sem deixar de lado a veia hard tão evidente neste álbum. E agora eis que surge a criação da própria banda, a composição da banda, única no álbum, “The Whip” que mostra toda a selvageria tão característica dessa banda: riffs de guitarra, solos de tirar o fôlego, bateria forte e marcada, baixo pulsante, um verdadeiro trabalho de banda! Uma pena não termos visto e ouvido mais materiais dessa banda com grande potencial.

"The Whip"

E segue com um clássico do Deep Purple, “Into the Fire”! Que seguiu basicamente como a original que representa fielmente o que o Suck era. Arrasa quarteirão, gritos altos e rasgados do vocalista, uma batida de proto metal, o heavy metal de vanguarda se faz presente! Outra faixa que merece atenção! A sequência vem com “Elegy”, música do Colosseum. Outra faixa muito bem descaracterizada pelo Suck e adivinhem como ela foi interpretada? Com muito peso, com muito hard rock.

"Into the Fire"

E fecha dignamente com outro clássico, dessa vez do Black Sabbath: “War Pigs”. Uma música pertinente para aqueles tempos de contestação e que o Suck se identificava. O peso se fez presente na versão dos caras, mas aquela levada jazzística na bateria tão percebida em Bill Ward não foi tão seguida pelo batera do Suck, ele arrebentou tudo levando o DNA do Suck às alturas, com um vocal alto, gritado até a estratosfera.

Um clássico obscuro, contundente e que serve de deleite aos apreciadores da música pesada. Um cometa que passou, destruiu tudo e deixou sua indelével marca na música pesada.

Moose Forer permaneceu na música após o fim do Suck, e continua até hoje. Trabalhou em sessões com nomes como Trevor Rabin e Cedric Samson e com PACT em shows como Chicago e Joseph's Amazing Technicolor Dreamcoat, ele também participou do Rat e apoiou artistas internacionais como Rufus Thomas. Ele também tocou em uma banda no corpo de entretenimento militar sob George Hayden. Sua banda atual, Sounds Like Thunder, tem sido frequentadora do famoso Blues Room de Joanesburgo nos últimos três anos.

Savvy Grande, um dos melhores bateristas de rock do país na época, também permaneceu na indústria da música, se apresentando com bandas e artistas conhecidos como Omega Ltd, Stagecoach, Jack & the Beanstalk, Lesley Rae Dowling, Shag, Razzle, David Kramer e Jonathan Butler. Ele se mudou para a Cidade do Cabo, onde viveu por vários anos, e no início dos anos 1990, tornou-se professor de bateria infantil na faculdade de bateria de Merton Barrow, The Jazz Workshop. Casado e com um filho, ele agora é dono de uma garagem e é apaixonado por Motorcross. Sua última banda foi o Late Final, embora ele tenha saído da cena musical alguns anos atrás.

Andy Ionnides, também conhecido mais tarde como Andy Dean, teve uma curta passagem pelo Anonymous de Hedgehopper na Rodésia (eles fizeram sucesso com "Hey!") e também esteve envolvido com Rat por um tempo, assim como com Rainbow (Não é a banda de Ritchie Blackmore) e Faggott. Ele se mudou para East London (aquele da África do Sul, não da Inglaterra!) e se juntou a seu outro irmão, Reno, em uma locadora. Ele formou e liderou uma banda gospel muito promissora, embora nenhuma gravação oficial seja conhecida. Ele então se mudou para Port Elizabeth e ficou com seu irmão, George. Ele também estava envolvido no negócio de lavagem a seco e tentou a sorte no comércio de restaurantes. Casado e com dois filhos, Andy viveu no limite durante grande parte de sua vida, arriscando-se em todos os lugares por onde passou, mas foi apenas durante seus últimos anos que ele se tornou muito bem-sucedido, administrando um próspero bar de piscina no leste de Londres.



A banda:

Stephen Gilroy na guitarra

Saverio "Savvy" Grande na bateria

Louis Joseph "Moose" Forer no baixo

Andrew Ionnides na flauta, guitarra e vocais

Faixas:

1 - Aimless Lady

2 - 21st Century Schizoid Man

3 - Season Of The Witch

4 - Sin's A Good Man's Brother

5 - I'll Be Creeping

6 - The Whip

7 - Into The Fire