quinta-feira, 27 de abril de 2023

Witch - Salem's Rise (1985)

 

O ápice da “New Wave of British Heavy Metal” aconteceu em meados dos anos 1980. As bandas, outrora marginalizadas e temidas pelas suas indumentárias e letras ultrajantes calcadas nas mazelas comportamentais da sociedade ou temas obscuros, se tornaram “mainstream”, se tornaram populares.

Algumas cenas, algumas “células” do heavy metal como o glam metal, por exemplo, ganhou notoriedade, atingindo as rádios, a MTV, com clipes caros, atingindo status de superprodução cinematográfica, com androginia que excitam as menininhas que, revoltadas sem motivo, tentavam, a todo custo alarmar seus pais.

O heavy metal estava na moda. No Brasil rádios como Fluminense, a famosa “Maldita”, catapultava o “rock de bermuda” e, cada vez mais o público “consumia” cada vez mais as bandas estrangeiras que estavam no pedestal do sucesso, culminando no até então maior festival de música do país, o “Rock in Rio”.

Ozzy Osbourne, hedonista, se drogava, ostentava dinheiro, Iron Maiden se apresentava em palcos suntuosos, Def Leppard fazia as menininhas suspirarem, o glam metal era um tapa na cara da sociedade politicamente correta com suas roupas espalhafatosas e homens meticulosamente “femininos”.

Mas como tudo na indústria fonográfica, há também o lado “obscuro”, o lado esquecido, “empoeirado”, que, vilipendiado, formou um nicho marginalizado, longe dos olhares e ouvidos dos ardorosos fãs que trafegavam na “zona de conforto” das bandas medalhonas e é essa cena que soube, com maestria, construir uma cena intocável e genuína.

E claro, a cena não foi “setorizada”, restrita a países, mas globalizada e consequentemente algumas bandas, espalhadas pelo mundo, ostentaram o seu ostracismo. E, a partir daí, vem a pergunta: Por que algumas bandas foram relegadas a esta condição? Muitos são os fatores, logo difíceis de mensurar exatamente: maior sorte, incompetência, sonoridade “pouco digerível” etc.

O fato é que por aqui neste reles e humilde blog, essas bandas, fracassadas sob o aspecto comercial da coisa, ganha luz, ganha vez. E uma em especial é digna de contar a história, embora pouco, muito pouco mesmo se saiba a respeito dela, por isso, óbvio, é uma banda extremamente rara e obscura, falo da banda norte americana WITCH.

Witch

A banda foi formada em Dayton, Ohio, mas não se sabe exatamente em que ano os caras se juntaram. O pouco que há a respeito do Witch é de que a banda teve uma vida curta e gravou apenas um álbum de estúdio chamado “Salem’s Rise”, em 1985.

Reza a lenda que a banda gravou o álbum apenas para eles, os músicos e para alguns amigos mais próximos, enfim, trata-se de um trabalho predominantemente “artesanal” vide, inclusive, a arte gráfica do álbum, muito simples, diria inocente de tão “rudimentar”, em suma, é realmente um trabalho artesanal.

Sabe-se que o álbum teve lançamento inaugural da série OH Wax Gotta Groove Records e originalmente lançado pela gravadora “Eargasm Productions”. O produtor executivo da Eargasm Productions, Tim Grogean foi apresentado ao guitarrista do Witch, Ted George, em 1984, quando este foi ao estúdio em Dayton, Ohio, de Gorgean.

Ted Goerge

Ted foi ao estúdio de Tim Grogean para pedir para produzir um single de sua banda para ele. Ted George era conhecido por ser um avassalador guitarrista da cena de Ohio, conhecido também pela sua apresentação animalesca nos palcos. Ted ansiava em escrever um álbum e Tim estava procurando por um projeto para apresentar às grandes gravadoras em Los Angeles, onde estava borbulhando a famigerada cena glam metal, e também na cidade de Nova Iorque.

As composições e os ensaios começaram em Versailles, Ohio. Além de Ted George na guitarra e composição, a banda era formada por Dave Chappie, no baixo, Tony Chappie, na bateria e Ace Matthews no vocais. Muitas e muitas noites os caras do Witch tocaram no porão da casa dos irmãos Tony e Dave para dar existência ao seu álbum de nome “Salem’s Rise”.

A pré-produção foi feita nos estúdios do Eargasm. A gravação de “Salem’s Rise” aconteceu na “Audio Productions”, em New Carlisle, em Ohio e teve a engenharia de Tim e Mike Niklas. Tim Grogean, além de produtor executivo do álbum, ajudou também na composição das músicas e na guitarra. Foi masterizado na QCA em Cincinnati, Ohio, onde também foi originariamente fabricado os LPs. Tonny Chappie e Tim Grogean escreveram os solos de bateria e o pianista Larry “LD” Hampshire ficou ao lado de Ted para a composição dos teclados.

“Salem’s Rise” é o típico heavy metal oitentista, solos galopantes de baixo, guitarras estridentes, com riffs pegajosos, pesados e vocais melódicos e com algum alcance, mas traz algo diferente, algo inocente, algo orgânico que não se faz nos dias de hoje, onde a avidez é para atender a demandas de um público distante e que não se apega aos instrumentos.

Não é um álbum matador, um petardo sonoro, mas personifica a cena heavy dos anos 1980, trazendo todos os ingredientes para se ter um álbum de heavy rock, pois ainda traz nuances do hard rock setentista perdido e esquecido pelo tempo.

O álbum é inaugurado com a faixa “Poison”, uma faixa típica de heavy metal com riffs pesados e pegajosos, com bateria marcada, cadenciada, baixo pulsante e vocal indulgente e sombrio. “Poison” entrega algo de hard rock também, algo dos primórdios da New Wave Of British Heavy Metal em meados dos anos 1970, quando eram mais cruas e que sofriam influência das bandas setentistas.

"Poison"

“Beckon” começa cadenciada, riffs discretos de guitarra traz uma textura mais sombria, algo como occult rock, mas que logo irrompe em uma explosão heavy com um vocal mais alto, por vezes mais gritado. Música direta e poderosa!

"Beckon"

“Eyes on You” tem uma abordagem mais pop, mais comercial e radiofônica, mas não se perde do contexto do álbum com os indefectíveis riffs pegajosos de guitarra dando o ritmo. Essa música me remete a fase oitentista de Alice Cooper. Bandas como Ghost, que é notória fazendo esse tipo de música atualmente, o Witch já o fez mais de trinta anos antes.

"Eyes On You"

“Lady Medusa” vem botando o pé na porta  e traz uma miscelânea interessante entre heavy metal e hard rock, com um vocal límpido e quase falado em alguns momentos com uma “cozinha” bem entrosada, dando uma textura intensa e densa ao contexto sonoro, com um solo lindo e direto de guitarra sendo a cereja do bolo.

"Lady Medusa"

Segue com “Will I See You Again” que traz a evidência dos teclados, dando uma nostalgia sombria dos primórdios do occult rock, como o Coven, por exemplo, com um vocal de grande alcance. Uma atmosfera sombria e melancólica se arquiteta nessa música e fecha de forma excelente com um solo de bateria.

"Will I See You Again"

“Teen of Darkness” segue basicamente a mesma atmosfera da faixa anterior, uma pega mais occult rock, porém com uma diferença: peso. O peso protagonizado pela guitarra, pelos seus riffs e a intensidade da bateria que também dita o ritmo da faixa e toda a sua indulgência.

"Teen of Darkness"

“Hear the Thunder” faz jus ao nome da faixa. Traz de volta o heavy rock do álbum com a excelente dobradinha entre a bateria e a guitarra, sendo tocadas de forma intensa e agressiva. O baixo vai ganhando força e encorpando a música, dando-lhe certo groove. Uma das melhores músicas de “Salem’s Rise”.

"Hear the Thunder"

E agora segue com a faixa título, “Salem’s Rise”, que é arrastada, com algumas evidentes “pitadas” de doom metal. Traz algo de sujo e ameaçador em sua melodia. Cada nota tocada me trouxe a impressão de que a banda flertava com o despretensioso e orgânico, mas com algumas variâncias rítmicas que denota complexidade. Intrigante e fantástica faixa.

"Salem's Rise"

“Loki” é uma ode ao heavy metal, mas que, ao mesmo tempo, entrega algo complexo também, ousaria dizer que remete a bandas como Mercyful Fate, com o seu metal progressivo e todas as suas mudanças de andamento, mudanças de ritmo. Os vocais e os riffs de guitarra são os destaques da música.

"Loki"

E fecha com “Something Evil” não poderia encerrar da melhor maneira, bateria pesada, riffs pesados e agressivos, baixo pulsante e vocal alto e gritado, rasgadão mesmo. Tem uma sonoridade direta, curta e grossa, sem rodeios, mas é, por outro lado, robusta, encorpada, intensa, energética, solar.

"Something Evil"

“Salem’s Rise” teve uma festa de lançamento que foi realizada na “Hara Arena”, em Dayton, Ohio. As cópias do álbum esgotaram quase que imediatamente, foram poucas cópias produzidas. Mas nem tudo foi festa, porque diante de um mercado perverso e que ansiava pela new wave e a “big hair metal”, o famoso “metal farofa” e também com o glam metal, “Salem’s Rise” se viu deslocado de tudo que o mercado fonográfico queria e a banda não conseguiu nenhum contrato de gravação, ninguém quis assinar com o Witch.

A maioria dos músicos envolvidos com o Witch continuam tocando e gravando até os dias de hoje. Ted passou a liderar várias bandas e a trabalhar com outros artistas, incluindo Rick Derringer. Ele é conhecido hoje como “Fast Eddie” devido a sua velocidade ao tocar guitarra.

Os irmãos Chappie acabaram se tornando empresários e pouco ou nada se sabe sobre o futuro do vocalista Ace Mathews. O tecladista “LD” continuou a tocar em bandas com Tim Grogean e gravaram muito nos estúdios da área de Dayton, em Ohio. Tim passou a trabalhar com bandas como Rush, Sponge, Days of The New e Sun e até hoje grava e faz turnês com sua atual banda chamada Amplified. O álbum foi relançado, em outubro de 2018, pelo selo “Gotta Groove Records”.


A banda:

Dave Chappie - baixo       

Tony Chappie - bateria     

Ted George - Guitarras     

Ace Matthews – Vocais

Com

Larry “LD” Hampshire – Teclados

Tim Grogean – Produção, composição das músicas

 

Faixas:

1 - Poison

2 - Beckon

3 - Eyes on You

4 - Lady Medusa

5 - Will I See You Again

6 - Teen of Darkness

7 - Hear the Thunder

8 - Salem's Rise

9 - Loki

10 - Something Evil


Witch - "Salem's Rise" (1985)


Versão download clique aqui






 
























 








sábado, 15 de abril de 2023

Metropolis - Metropolis (1974)

 

Sabe aquelas bandas que você cria um vínculo afetivo? Que vai além da música? Um carinho além da sonoridade, mas que tem na sonoridade o fio condutor de tal sentimento?

Pode parecer estranho e um pouco maluco, um tanto quanto contraditório, mas a banda de que falarei hoje traz uma espécie de “pedra fundamental” do rock alemão em minha vida de audiófilo, aquelas que compõe o lado obscuro e esquecido do rock germânico.

Evidente que, como tantos outros apreciadores dessa vertente sonora, conhece a global banda Scorpions que foi e ainda é o grande “produto” de exportação alemã, mas havia e há mais a apresentar esse país que sempre respirou conta cultura e o rock sempre foi parte dessa manifestação que se insurgiu!

O Krautrock é o exemplo fiel dessa subversão toda! E não é apenas pelo aspecto político e econômico da Alemanha pós-guerra, mas pela forma arrojada que as bandas entendiam como música, que, em pleno ápice da psicodelia “paz e amor” veio com sons eletrônicos, ruídos e um minimalismo que explodia aos ouvidos e alma.

Mas essa banda era diferente da cena krautrock experimental dos idos dos anos 1960 e início dos 1970, ela trazia uma sonoridade mais calcada no progressivo britânico, com algo de sofisticado, divergindo totalmente do kraut. Foi graças a ela que as cortinas da cena se abriram diante dos meus olhos fazendo com que a névoa do desconhecimento se dissipasse.

O valor sentimental não se construiu apenas pela sonoridade, algo de mero fã, não. Essa banda me trouxe um mundo improvável e repleto de riquezas, de uma vastidão que parece não ter fim. Falo da banda METROPOLIS.

Metropolis

O Metropolis me parece, até os dias de hoje, como no passado, no período de sua concepção, uma banda rara e obscura e confesso, embora tenha as minhas suposições, não saber o motivo pelo qual está banda sempre esteve um ostracismo, afinal se verificar seu line-up perceberá músicos já estabelecidos e com alguma experiência na cena rock alemã.

Talvez seja, por conta disso, encarado como um projeto, aqueles “supergrupos” que hoje está na moda, não tendo uma projeção de carreira, de formação de uma discografia maior ou coisa que o valha.

E falando em formação a banda o Metropolis nasceu em 1972 na cidade de Berlim e era formado pelo tecladista Manfred Opitz, pelo baixista Michael Westphal, ambos da banda obscura Zarathustra, Michael Sauber no saxofone, o ex-baterista do Mythos Thomas Hildebrand e Michael Duwe, do Agitation Free, que tocava guitarra e era vocalista.

Um pouco mais tarde entraria na banda a cantora Ute Kannenberg, também conhecida como Tanja Berg nas paradas de sucesso da Alemanha com a banda Os Mundi, bem como o guitarrista Helmut Binzer.

Com a banda formada, os caras trabalham muito em sua sala de estúdio no “Wrangel Kaserne”, um antigo quartel prussiano que foi transformado em inúmeras salas de ensaio no distrito de Kreuzberg, na parte ocidental da cidade de Berlim, compondo e arranjando as músicas que fariam parte do seu primeiro e infelizmente único álbum lançado em 1974, homônimo.

O álbum começou a ser composto, concebido em dezembro de 1973 pelo selo Ariola alemã (BMG) e no inverno de 1973/1974 começaram a gravá-lo no “Studio 70”, em Munique. Esse estúdio foi indicado pelos caras do Agitation Free. Eles foram apoiados por um pequeno, mas brilhante banda clássica, dirigido pelo maestro Harmut Westphal, conhecido arranjador alemão e irmão do baixista, Michael.

E aqui vale uma curiosidade de cunho histórico! O álbum foi gravado em um rigoroso inverno alemão, durante a primeira crise do petróleo. Com o equipamento carregado no ônibus de modelo Mercedes 319, o Metropolis foi de Berlim a Munique em uma rodovia quase vazia, porque nos fins de semana era necessária uma permissão especial para dirigir nessas “autobahn” germânica.

Outro entrave que sofreram foi na prensagem das cópias do álbum, porque era necessário o vinil, feito de óleo e com a crise do petróleo, era uma missão difícil conseguir esse insumo e em vários momentos se questionou se a gravadora conseguiria suprimentos suficientes para realmente dar vida ao álbum e felizmente, para a nossa alegria, conseguiram. Coisas e agruras das bandas obscuras.

As letras de “Metropolis”, escritas e cantadas em inglês, era uma forte crítica a civilização e aos impactos socioambientais, com ocasionais influências românticas. A capa, a arte gráfica do álbum, mostra uma paisagem aparentemente intacta, sem nenhum impacto negativo, mas que é ameaçada por um monstro que se desenvolve a partir do ar poluído.

O álbum “Metropolis” traz predominantemente uma sonoridade sinfônica e ainda uma amálgama impressionante de “sobras” psicodélicas com influências krautrock, mas com consistência e um arrojo sonoro extremamente interessante e novo para a época. As orientações sinfônicas, a aproximação das influências do progressivo britânico, com viés experimental trazendo à tona algo perdido do kraut faz desse trabalho algo único, interessante e particularmente forte.

Os interlúdios clássicos, com saxofones e pegadas orquestrais, com uma vibe roqueira e psicodélica, além das guitarras duplas e teclados memoráveis, faz do álbum, faz da banda incrivelmente versáteis e pouco esteriotipado com estilos carimbados. Sem falar das paisagens sonoras contemplativas, hipnóticas, graças as inclinações jazzísticas e das flautas com vocais femininos faz da banda, além de versátil, intrigante e imprevisível. Uma sopa sonora que faz da banda um misto de eras em um compilado artístico lançado em 1974.

O álbum é inaugurado com a faixa “Birth” que, já de cara, explode com notas fantásticas de órgão, com instrumentos percussivos, como o gongo e tambores potentes, algo meio tribal, arriscaria. A flauta aparece em menos de um minuto de faixa, com a bateria, baixo e os teclados se destacando em uma miscelânea instrumental bem concatenada! Logo depois chegam os vocais masculinos e femininos, dando uma textura rítmica toda especial.Trata-se de uma ótima música, uma música de banda mesmo, pois há a participação veemente de todos os seus integrantes.

"Birth"

“Metropolis” soa incrível no início marcado por um lindo som psicodélico, seguida por um som flutuante e espacial, um space rock “volumoso” e premente aos ouvidos, seguidos de sons estranhos que vêm e vão e quando surgem os vocais, uma pegada rock assume o comando, tornando o som mais pleno, vivaz e solar. Uma faixa marcada por mudanças de ritmos, mostrando a versatilidade que define o álbum em sua totalidade.

"Superplastikclub" é uma faixa que entrega vocais masculinos e femininos teatrais em uma paisagem sonora vanguardista, outra marca que me parece veemente neste álbum. O ritmo aumenta antes de um minuto, mas o andamento muda com frequência. 

"Superplastikclub"

"Dreamweaver" abre com o órgão, a bateria e os vocais femininos se destacando enquanto os vocais masculinos se juntam a esse início acelerado. Mais uma vez, o ritmo muda muito. O violão também é destaque nesta faixa, acrescentando e muito ao som, com discretas notas de teclado. 

"Dreamweaver"

"Glass Roofed Courts" começa com oboé e guitarra íntegra e intensa enquanto vocais masculinos se juntam. Vocais femininos também é adicionado, isso soa como Jeffersron Airplane, embora não goste muito dessas comparações.

"Glass Roofed Courts"

O álbum encerra com estilo com uma das melhores faixas do trabalho, “Ecliptic”. Sons ventosos para começar, com vocais quase falados, mas intensos, juntam-se a sonoridade brevemente. Órgão e bateria assumem o controle enquanto as cordas também se juntam. Os vocais voltam e assumem um som completo e pleno. Entra um baixo mais pulsante com um rico “duelo” entre guitarra e teclados. Uma faixa linda!

"Ecliptic"

Logo após o lançamento de “Metropolis”, em 1974, Ute Kannenberg e Helmut Binzer sairiam da banda. Mas o Metropolis continuou a fazer alguns shows em Berlim e na antiga Alemanha Ocidental (A Alemanha ainda estava dividida) e estavam, os integrantes remanescentes, trabalhando em um novo projeto.

Esse projeto, com base na história “Kaleidoscope”, de “Illustrated Man”, de Ray Bradbury, eles criaram um arrojado programa multimídia que estreou na véspera do natal de 1975, no Kant Kino de Berlim.

O show de luzes foi criado pelo roadie e técnico do Metropolis, Alf Heuer, com slides, projeções de gel líquido, filme, estroboscópio, holofotes e máquinas de neblina. Foi adicionado um chamado "show de aromas" com a ajuda de placas de cozimento elétricas. Junto com novas composições eles também tocaram sua versão de “Mr. Spaceman”, a música já está sendo gravada e destinada a ser seu novo single. Mas depois de um último show ao ar livre no verão de 1976, o festival ''Sommergarten unter dem Funkturm”, o Metropolis finalmente se separou. Todos os membros começaram novos projetos diferentes.

Após o relançamento de seu primeiro álbum em 2020 pela Sony Music, o Metropolis finalmente lançou a sua versão de “Mr. Spaceman”, 48 anos depois a música ter sido gravada no verão de 1975, pelo produtor Udo Arndt.

Pérola desconhecida da cena rock alemã, que flertou, como poucas e com qualidade na cena kraut, na cena progressiva e não se rendeu ao estereótipo de estilos e vertentes do rock n’ roll mostrando vanguardista e seminal, mesmo que tenha tido uma curta passagem pela história do rock obscuro. Um trabalho altamente recomendável.



A banda:

Ute Kannenberg no vocal, percussão

Thomas Hildebrand na bateria, percussão, coro

Helmut Binzer nas guitarras, coro

Manfred Opitz nos teclados, vocal, violão

Michael Westphal no baixo, coro

Michael Duwe no vocal, guitarra

 

Músicos convidados:

Heinz Loch na flauta

Guiseppe Solera no oboé

Hartmut Westphal nos arranjos de cordas e metais

 

Faixas:

1 - Birth

2 - Metropolis

3 - Superplastikclub

4 - Dreamweaver

5 - Glass Roofed Courts

6 - Ecliptic

 

 

"Metropolis" (1974)










 





 






sábado, 8 de abril de 2023

Exit - Exit (1975)

 

O que vem a sua mente quando falamos na Suíça? Os melhores chocolates produzidos no planeta são de lá! Uma grande concentração de bancos internacionais, com as contas mais felpudas e vultuosas também estão lá, algumas de caráter duvidoso, mas isso não vem em questão aqui e agora. Não podemos deixar também, é claro, de enaltecer a limpeza e organização das vias públicas e o caráter de neutralidade em tensões bélicas é de admirar.

Mas óbvio que esses quesitos não são tão importantes para o cerne deste reles e humilde blog, mas a música, o rock n’ roll! Lamentavelmente a cena rock suíça vive às sombras em comparação a prolífica Alemanha, Inglaterra e a Itália progressiva. Infelizmente criamos uma espécie de processo “oligárquico” da música na Europa, concentrando o rock n’ roll a uma quantidade incipiente de países em detrimento de outros centros que produzem sim belas bandas que merecem a nossa audiência.

E na Suíça temos grandes bandas principalmente de hard rock e heavy metal, algumas inclusive que, embora não tenham despontado sob o aspecto comercial, são referências para os estilos e aqui cito algumas, como: Celtic Frost, Coroner, Darkspace, Circus, Krokodil, Krokus, Brainticket, Toad entre outras bandas. Talvez eu não tenha ido tão fundo no mar da obscuridade, mas algumas aqui citadas infelizmente não ganhou a luz, não vingando na destrutiva indústria fonográfica.

E digo ainda: embora a Suíça não seja tão prolífica na cena rock europeia, não podemos negligenciar a altíssima qualidade que as bandas mencionadas tem e a sua relevância para as suas cenas e a inspiração que geraram para o futuro e o presente da música.

Falei de representantes do heavy metal e do hard rock, mas não mencionei o rock progressivo. Será que temos representantes do velho e bom prog rock suíço? Lembro-me que, quando comecei a garimpar algumas bandas suíças em um passado mais ou menos distante, tive dificuldades para encontrar. A primeira banda que conheci da Suíça foi o Krokus e a mescla, sobretudo em seus primórdios nos anos 1970, com o hard rock e progressivo e depois o heavy metal nos anos 1980, fez com que o meu ávido interesse pela música do país crescesse e a partir daí veio a necessidade de descobrir o rock progressivo no país dos relógios.

E por acaso, como na maior parte das situações, descobri uma banda nesses grupos temáticos em redes sociais e, a princípio, desconfiei da qualidade da banda, haja vista que estampava na capa, na arte gráfica um ovo sendo rompido. Um tanto quanto bobo e infantil, mas a incredulidade deu lugar a curiosidade. Decidi ouvir e como eu estava enganado e travestido de visões pré-concebidas, preconceituosas mesmo. Não julgue o livro pela capa, já dizia aquele velho ditado clichê, mas que ainda funciona.

O som era cativante e trazia, além do rock progressivo, alguns elementos de hard rock mais elaborados, genuíno, com longas faixas intricadas, complexas, mas solares, agitados, com aquele teclado envenenado, frenético, com corais ao fundo, um exemplo pleno de um progressivo sinfônico sem soar chato e indulgente. A qualidade é devidamente atestada para quem gosta do estilo e o retorno do tempo de audição é garantido. Falo da banda EXIT.

Exit

Revelando o nome da banda, talvez até se explique a capa do álbum que me gerou, ao primeiro olhar, certa rejeição. Exit, em tradução livre, significa sair, saída e o ovo sendo rompido explica o nome da banda e para os que possuem a versão em LP, rara, ou CD, verá que, de um lado tem o ovo sendo rompido e a contracapa tem os músicos lépidos e fagueiros pulando, como que saindo, nascendo com o romper do ovo.

Não há uma confirmação dessa informação, trata-se de uma dedução, uma licença poética desse que vos fala, ou melhor, digita, pois são pouquíssimas as informações sobre o Exit na grande rede, claro, mais uma banda relegada ao ostracismo e escondida no empoeirado baú do rock n’ roll que costuma ser injusto ou pelo menos aqueles que os “operam” em um mercado excludente que segmenta os que consideram ser poucos “vendáveis”.

O Exit foi formado em Frauenfeld, uma cidade nortenha da Suíça, em 1972 por iniciativa do guitarrista Andy Schimd e do baterista Kafi Kaufmann que agregou Roman Portail no órgão, teclados e sintetizadores, Edwin Schweizer no baixo. Em 1975 lançou seu primeiro e único álbum, pela “Boing Records”, chamado simplesmente de “Exit”.

O álbum foi lançado como uma edição privada, ou seja, uma edição limitada para alguns fãs e admiradores da banda. Foram prensadas apenas 350 cópias e o mesmo foi concebido graças ao abnegado trabalho dos músicos da banda, sem nenhum apoio da indústria fonográfica, sem orçamento praticamente. Para se ter uma noção o Exit gravou com uma Revox-2 de dois canais o que, de certa forma, ficou bom, pois mostrou uma banda mais orgânica e crua.

E o nascimento desse trabalho foi em virtude da turnê que o Exit fez abrindo os shows das bandas alemãs Birth Control e Jane em uma espécie de agradecimento a dedicação e a boa repercussão que essa turnê teve. Um presente para aqueles que acompanharam a banda neste momento.

Por ser do ano de 1975, período em que o rock progressivo começou a ter certo descrédito pela indústria fonográfica e não, que fique bem registrado, por conta da ausência da criatividade, o som da banda em “Exit” soa clássico, fincado nas tradições progressivas, mas com um viés calcado no hard rock. Alguns, ao ouvir o álbum, diriam que se tratar de proto prog, outros trariam um pouco de rock psicodélico, mas me parece uma mescla de tudo, um flerte de cada estilo que, de alguma forma se interdependem, pois vieram da mesma fôrma sonora.

Percebe-se, como disse, uma profusão de teclados e sintetizadores e órgãos rodopiantes, versões jazzísticas, alguns momentos mais ásperos garantidos pelo hard rock e momentos bem salutares de uma música versátil e altiva.

Então sem mais delongas dissequemos “Exit” e suas quatro grandes e bem elaboradas “peças”. Abre com “Paradise” que se revela um espetáculo de sintetizadores e teclados com pitadas generosas de hard prog e bateria jazzística, uma linha de baixo pulsante, um petardo digno de progressivo genuíno de altíssima qualidade.

"Paradise"

Segue com “Balade of Live” cuja introdução do som do mar e de pássaros cantando mostra uma suavidade, uma viagem interessante a música e que explode com a dupla bateria e baixo em total destaque, a cozinha está perfeita nessa faixa, uma linda balada que faz jus ao nome, uma das melhores músicas do álbum, certamente.

"Balade of Live"

“Talk Around” é uma faixa, instrumentalmente falando, mais simples, porém mais dançante, mais comercial, mas o teclado se mostra em grande destaque, desdobrando em um intenso prog sinfônico.

"Talk Around"

E fecha com “Bad Gossip” com uma atmosfera mais introspectiva garantida também pelo teclado, pelo órgão, conferindo uma viagem psicodélica com sinfônico, uma mescla interessante. Um solo de guitarra à la Gilmour que te faz arrepiar. Linda faixa!

"Bad Gossip"

“Exit” foi cantado em inglês e empregou muitos aspectos do rock psicodélico, rock progressivo e hard rock, mas trazendo à realidade um viés do pop, de algo mais comercial, mas sem soar frívolo ou pobre, muito pelo contrário, entrega complexidade, versatilidade e personalidade no que se propôs a fazer. Uma banda que, mesmo não tendo vida longa e uma discografia idem, plantou o que os anos 1970 germinara em seus primórdios: o apego à criatividade sem rótulos.

Evidente que nos mostra também uma qualidade aquém na produção do álbum, o que não é para menos, levando em consideração o baixo orçamento que levou quase que praticamente a banda arcar com os custos de produção e tudo o mais. O potencial do Exit para criar um álbum interessante foi evidente com base nos teclados e uma invejável habilidade de composição, mas que, como tantas outras não vingou caindo no ostracismo empoeirado do rock n’ roll.

Scmid e Kaufmann se mostraram, quando o Exit finalizou as suas atividades em 1979, ativos musicalmente. Kaufmann lançou, de forma regular, alguns álbuns solos até os dias de hoje, já Scmid teve sua carreira precocemente abortada, finalizada, pois morreu em 2001, sofrendo uma hemorragia cerebral durante uma apresentação de sua banda no Cairo, Egito.

“Exit” foi relançado em 1993 pela Black Rills Records no formato vinil e em 2008 o álbum foi lançado em CD, com um punhado de faixas bônus.



A banda:

Edwin Schweizer no baixo

Kafi Kaufmann na bateria, percussão

Andy Schmid na guitarra, gaita

Roman Portail nos sintetizadores, teclados

Com:

Gallus Bachmann no saxofone

Martin Beerli no saxofone

 

Faixas:

1 - Paradise

2 - Balade of Live

3 - Talk Around

4 - Bad Gossip



Exit - "Exit" (1975)













 



 



 


 









domingo, 2 de abril de 2023

Speed, Glue & Shinki - Eve (1971)

 

Eu sou um apreciador de projetos, desses supergrupos que nascem no rock n’ roll. É a oportunidade de muitos músicos se permitirem ousar em suas carreiras, alçar voos distintos, sob o aspecto sonoro, claro.

E esse conceito de projetos de bandas não são de hoje, embora tenha tido uma ebulição nesses últimos anos. Podemos exemplificar com talvez uma das melhores que surgiram neste universo: o Cream. Seus músicos, quando se juntaram para formá-la, tinham já carreiras razoavelmente estabelecidas e gozavam de certa experiência e credibilidade no show business.

E a que eu falarei hoje vem de um dos maiores mercados consumidores do universo do rock n’ roll: Falo do Japão! Independentemente das questões culturais ou coisa que o valha, o público nipônico sempre apreciou a diversidade que o estilo proporciona: sempre viajaram entre os acordes do prog rock, do hard rock, do heavy rock e a banda que escolhi vem dos empoeirados anos 1970, mas que, com a sonoridade que edificou é perfeitamente cabível, “harmonizável” com as tendências e cenas atuais que estão se estabelecendo em contemporâneos dias. A banda é SPEED, GLUE & SHINKI.

Speed, Glue & Shinki

O Speed, Glue & Shinki, como todas as outras que se enquadram no requisito de supergrupos, foi concebida a partir da dissolução da banda FoodBrain, quando o guitarrista Shinki Chen decidiu debandar da banda após o lançamento do álbum de psych jazz chamado “A Social Gathering”. O cara era conhecido como o “Hendrix japonês” e, evidentemente já gozava de certa credibilidade no meio musical.

Já que Chen era conhecido como um exímio guitarrista naquela época, no início dos anos 1970, claro que teria interesse de algum magnata da música em querer colocá-lo em algum audacioso projeto e não demorou em acontecer. O selo “Atlantic Records” japonesa, com a supervisão do produtor Ikuzo Orita, decide formar uma banda com Chen no front.

Shinki Chen

Embora Shinki Chen fosse uma figura marcada na cena rock japonesa o que uniu o mesmo a Orita foi um trabalho anterior, um álbum solo de Chen chamado “Shinki Chen and Friends” apresentando outros músicos importantes da cena como George Yanagi e Masayoki Kabe. Atualmente esse trabalho é tido como clássico, como “cult” e faz parte da série “Naked Line”, da Universal Music de reedições remasterizadas digitalmente legítimas. E depois desse trabalho Orita assumiria a divisão japonesa da Atlantic Records, acontecendo o convite ao Shinki Chen para a concepção desse projeto.

"Shinki Chen & Friends" (1971)

Então convocaram para a empreitada o companheiro de Chen no seu trabalho solo, o baixista franco-chinês Masayoshi “Glue” Kabe e o baterista filipino Joey “Speed” Smith e assim a banda foi formada em 1970. Cabe uma curiosidade. Smith foi descoberto por Shinki enquanto tocava em um shopping center. Ele atraiu a atenção dos demais músicos pelo talento, claro, na bateria e também por seu visual um tanto quanto “exótico”.

Masayoshi Kabe, antes desse projeto musical, bem como Joey Smith começaram a sua carreira como músicos de rua e bandas pequenas e pouco conhecidas, consumindo, de forma desbravada, anfetaminas e outras drogas psicodélicas.

O nome da banda veio dos apelidos dos seus músicos e reza a lenda que é oriundo também da apreciação e uso de anfetaminas e demais psicotrópicos pelos músicos e talvez faça sentido pois o apelido do baixista Masayoki Kabe, “Glue”, em tradução livre significa “cola”. Inclusive era viciado em “Marusan Pro Bond”, um produto usado em unhas. Eram os anos 1970, os experimentos psicodélicos também se estendiam aos usos das drogas e não apenas às músicas.

Há quem diga que ambos se complementavam, as drogas influenciavam inclusive no processo de composição das músicas e com o Speed, Glue & Shinki não foi diferente, vide o título da primeira faixa do seu primeiro álbum, intitulado “Eve”, de 1971: “Mr. Walking Drugstore Man”, sem contar com guitarras ácidas, lisérgicas e altamente pesada que também seguia basicamente o que se praticava em termos de cena ao redor do mundo na transição das décadas de 1960 e 1970.

“Eve”, alvo do texto de hoje, traz um trabalho extremamente orgânico e visceral de rock psicodélico, com nuances bem evidentes de blues rock e também de um eloquente hard rock e pitadas avant-garde de um heavy rock envolvente e instigante. A impressão que se tem ao ouvi-lo é de um álbum totalmente despretensioso sem floreios e indulgências na sua produção/concepção.

“Eve”, quando lançado, gerou críticas mistas, bem divididas, e as críticas negativas deram conta de um álbum “americanizado”, totalmente descaracterizado, não trazendo nada de novo e com as características tão pesadas e viscerais gerou uma rejeição por ser exatamente pouco ortodoxo. Mas “Eve” é um produto do seu tempo, simplesmente, e não um mais do mesmo, uma réplica e atualmente ganhou o status de desbravadores do estilo no Japão.


O álbum começa com “Mr. Walking Drugstore Man” e revela um estupendo blues rock poderoso, travestido de um visceral hard rock sobre uma bateria trovejante e solta, enquanto os “lamentos” da guitarra dá o tom pesado e arrogante à música, com linhas de baixo extremamente swingantes dentando um rock pesado e indulgente.

"Mr. Walking Drugstore Man"

Segue com “Big Headed Woman” que também imprime um blues distorcido e sujo que entra em uma incrível convergência com o bumbo possante da bateria, sucedendo-se em algo bem desenvolvido, bem coeso mesmo. A guitarra entra com muita lisergia e distorção transformando a faixa em um exibicionismo psicodélico.

"Big Headed Woman"

“Stoned Out of My Mind” é bem peculiar e traz uma versão de proto stoner com a predominância do mais puro e genuíno hard rock setentista. A “cozinha” bem entrosada, guitarra trazendo o tempero do peso e baixo vivo, latente e pulsante traz uma atmosfera subversiva e perigosa.

"Stoned Out of My Mind"

“Ode to the Bad People” é o canto dos cisnes para o hard rock! Batidas pegajosas e pesadas de baixo, guitarra ostensiva e agressiva, com viés lisérgico, mostrando uma banda no seu momento mais poderoso e intenso que flerta no hard psych com maestria, personificando o seu tempo.

"Ode to the Bad People"

“M Glue” traz também o destaque no baixo, com batidas lisérgicas, em um clima extremamente mesmerizante ao ouvinte, com riffs de guitarras pesados, com bateria marcada, mostrando que, por mais que o viés instrumental seja sujo e despretensioso, mostra uma sinergia entre seus músicos, fazendo da sonoridade singular.

“Keep It Cool” é uma verdadeira e beligerante bomba sonora que explode com os solos de guitarra chorões de Chen que entre uma escala e outra vai alternando, mostrando alternâncias rítmicas.

"Keep It Cool"

E fecha com “Someday We’ll All Fall” que inverte totalmente a proposta sonora da banda, com uma versão acústica, uma balada rock que remete a caminhos psicodélicos, entregando ao ouvinte uma viagem sem precedentes.

"Someday We'll All Fall"

Joey Smith voltou para as Filipinas e formou o power trio Juan de La Cruz Band, Masayoshi Kabe ganharia fama com a banda Pink Cloud, enquanto Shinki Chen se aposentou do mundo da música.

A banda gravaria o seu segundo álbum, em 1972, autointitulado. Trouxe também um pouco do peso e da visceralidade do seu antecessor, porém não tão inspirado quanto o debut.  Mas a banda não conseguiu, com os dois trabalhos, atingir êxito comercial, decretando o fim da banda logo após o lançamento do segundo álbum.

"Speed, Glue & Shinki" (1972)

“Eve” é um álbum autodestrutivo, com uma produção crua, nua e totalmente despojada quanto o nome da banda. É animalesco, bárbaro com apenas guitarra, baixo, vocal e bateria, nada mais. A produção é seca, contundente e caótica, tudo isso sob o verniz das drogas, se tornando este trabalho um agente desafiador dos modos e bons costumes, uma música literalmente subversiva. Assim é Speed, Glue & Shinki.


A banda:

Shinki Chen na guitarra

Masayoshi Kabe no baixo

Joey Smith na bateria e vocal

 

Faixas:

1 - Mr. Walking Drugstore Man

2 - Big Headed Woman

3 - Stoned Out of My Mind

4 - Ode to the Bad People

5 - M Glue

6 - Keep It Cool

7 - Someday We'll All Fall Down

 

Speed, Glue & Shinki - "Eve" (1971)


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