O que eu verdadeiramente
aprecio no krautrock é a beleza de suas múltiplas sonoridades. Nem tudo é
minimalista somente, mas complexo, poderoso, agressivo, contemplativo. Aos que
se prendem em estereótipos achando que o kraut germânico traz apenas uma
vertente, enganam-se.
A cada audição, a cada
descoberta, a cada garimpagem, tenho a nítida impressão de que ela não tem fim,
transborda desrespeitando qualquer questão ligada a cronologia, porque as
descobertas ultrapassam barreiras do tempo, porque até hoje, conhecemos novas
coisas velhas.
E eu, em mais uma dessas
buscas incessantes por algo novo, nessas garimpagens pela poeira do esquecido,
tenha feito descobertas no status de pérolas, pepitas cada vez mais valiosas
que pereceram, que fracassaram e foram esquecidas no canto do tempo.
E em um acaso premeditado
descobri uma banda espetacular, de sonoridade extremamente diversa, múltipla,
que traz sim vertentes kraut, mas com uma complexidade incrível, que envolve
lisergia, peso, mudanças de “humor”, com pitadas progressivas, devido, claro, a
essas mudanças rítmicas, com solos de guitarra e baixo enérgicos, mas com
vocais assombrosos, de atmosfera densa.
A impressão que tenho dessa
banda é que tudo soa polido, no seu lugar, mas que traz uma verdade, a verdade
de uma banda que não se prendia a rótulos, não se encaixava em nenhum “estilo”
pré-determinado e que estava “descolado” do seu tempo.
É definitivamente uma
sonoridade difícil de definir, que não se prende a rótulos, denotando que o
rock alemão é diverso, cheio, repleto de belezas sonoras, que vai da
complexidade ao minimalismo, do simples e orgânico a intensidade contemplativa
de seus instrumentos. Falo da banda LIGHTSHINE.
Lightshine
A banda foi formada por
quatro jovens estudantes no ano de 1974, na cidade de Emmerich, no baixo Reno,
na Alemanha. Jovens aspirantes a músicos que só tinha o interesse de se
tornarem músicos grandiosos e de viver da sua arte, de sua música.
E por ser
uma banda descolada do seu tempo, o Lightshine sofreu para encontrar alguma
gravadora que “comprasse” a sua ideia. Algumas negociações com a Sky e a
Vertigo não deram em nada, eles não se encaixavam com os “novos” sons
progressivos mais “suaves” e diretos da segunda metade dos anos 1970.
Então, diante das adversidades
sofridas, decidiram gravar seu primeiro álbum praticamente por conta própria,
com o apoio de um pequeno selo chamado “Trefiton”. E assim nasceu seu primeiro
e único trabalho chamado “Feeling”, em 1976.
O Lightshine era formado por
Joe na guitarra e vocal, Ulli também na guitarra, flauta e vocal, Olli no
sintetizador e teclados, Wolfgang no baixo e Egon na bateria. Sim, não há
sobrenomes, os caras se apresentaram à época apenas pelos seus primeiros nomes.
O lançamento, em long play, de
“Feeling”, trazia uma pequena quantidade de cópias, cerca de 500, outras fontes
informam que foram 1.000 cópias. Independentemente do número, trata-se de uma
tiragem bem limitada.
O álbum é inaugurado com "Sword
In The Sky" apresentando uma mescla, como já era de se esperar em se
tratar de uma banda que não se ligava à estereótipos, de hard rock, progressivo
e emocionantes levadas de flauta. Começa com alguns solos de guitarra e assim
fica por três minutos. Os vocais entram seguidos da flauta e piano, conforme o
clima muda. Tem um clímax excelente e vibrante!
"Sword in the Sky"
“Lory” tem uma guitarra
poderosa e agressiva, apresenta um riff que lembra “In The Hall of Mountain
King”, do compositor norueguês Edvard Grieg, que mistura algo de clássico e um
volumoso hard rock, além de um baixo proeminente, com bateria marcada e vocal
extremamente teatral.
"Lory"
Já em “Nightmare” o clima
muda para o psicodélico com sintetizadores oscilantes, um arpejo de guitarra de
construção lenta e um vocal denso e de atmosfera soturna. O space rock, mais
lento, aumenta aos poucos em intensidade conforme a segunda faixa mais longa do
álbum, com dez minutos e meio, desliza para frente e para trás entre vocais
falados e licks de guitarra ao estilo Pink Floyd. A faixa alterna com uma
edificação ardente de rock com teclados matadores!
"Nightmare"
A faixa mais longa,
"King and Queen", com quase quatorze minutos, começa com um teclado
doido, meio incomum que, uma vez “resolvida”, se transforma em uma vibe de rock
espacial com um groove de baixo melódico pronunciado e mais passagens de guitarra
floydianas que lembram algumas das
varreduras de guitarra mais modernas em neoprog, algo bem de vanguarda. Muito
emotivo e instantaneamente viciante, é por isso que algumas das faixas deste
álbum foram tocadas em estações de rádio locais. Esta é provavelmente também a
faixa mais folclórica do álbum, mas termina em um blues rock e um frenesi
flamenco com vocais de estilo folk selvagem.
"King and Queen"
E o álbum fecha com a faixa
título, “Felling”, que se aventura em um território onírico, com guitarras
dissonantes, fora da ordem, com estranhos elementos que me remete ao krautrock
nos seus primórdios. E por conta disso traz uma faixa extremamente psicodélica,
bem lisérgica mesmo, ao estilo “Yeti” do Amon Duul II, com bateria tribal e
viagem flutuante cheio de improvisações, sem aquelas guitarras mais vibrantes
percebia em faixas anteriores. Os tons de guitarra são limpos enquanto os sons
de teclado fervilham. Os vocais entregam algo de folk rock britânico.
"Feeling"
Após o lançamento de
“Feeling” o Lightshine fez cerca de 200 shows, excursionando por toda a
Alemanha em turnês com Jane, Scorpions e Colosseum II. A grande chance de
seguir com a sua carreira e a produzir novos trabalhos caiu por terra devido a
desentendimentos internos se separando um ano após o lançamento de seu grande
álbum, em 1977.
“Feeling” é interessante e
complexo, principalmente em meados dos anos 1970 em que o progressivo, sob o
aspecto comercial, estava em declínio. É um álbum psicodélico, lírico e
intenso, tendo muitas vezes uma aura cósmica. O álbum teve várias reedições e
relançamentos, quase todos sempre feitos pelo emblemático selo “Garden of
Delights”.
Há alguns trabalhos que
subvertem o tempo. O tempo e as suas modas, fases e conveniências que somos
obrigados a seguir para se adequar, para se sentir parte dos grupos sociais. E
quando testemunhamos alguns abnegados, os marginais que defendem, a todo custo,
a verdade da sua música e quando há um grupo que compra a ideia, faz com que
nunca saia da moda, haja vista que modismos traz consigo a imposição e arte,
quando bem construída e revolucionária, não tem idade, não sucumbe ao tempo, a
sua cronologia, pelo contrário, se renova a cada dia, tornando-se contundente
para a vida de quem a consome, de quem se identifica com a sua manifestação.
E o rock n’ roll que, para
alguns, está morto, revela-se vivo, pleno e altivo quando vemos que aqueles que
subvertem a ordem ainda conseguem trazer verdadeiras personificações do estilo
sem soar datado ou piegas, aquele clichê travestido de cópias. Algumas bandas
que atravessam o tempo, mesmo com todas as adversidades que se materializam no
seu caminho, conseguem se reerguer, se fortalecer, sobreviver, viver por
intermédio de sua obra, que impactam decisivamente nas vidas de quem ouve seus
álbuns.
O álbum conceitual que
parecia ter sucumbido ao tempo e sido enterrado nos áureos tempos do rock
progressivo dos anos 1970 é um exemplo de que a sua proposta torna eloquente o
viés cultural e que esmurra o status quo de forma impiedosa, nos fazendo
refletir, entender e agir diante de cenários tão opressores e pasteurizados que
vivemos em dias atuais.
As sombras da arte de tais
álbuns conceituais nos trazem a luz necessária para enxergar quem somos, o que
nos tornamos e para onde vamos e para quem acha ou associa o rock a apenas
festas regadas a drogas e bebidas, não, o rock nos incita a pensar, a romper
tabus que ainda insistem em nos deixar de joelhos inoperantes e vulneráveis.
E uma banda que, em minhas
viagens garimpais, descobri quase que de forma ocasional, retornara a cena rock
com um álbum ousado, magnífico e que se volta para o passado para refletir o
presente, projetando um futuro, um futuro menos tóxico e destrutivo da alma e
do corpo. Uma banda que superou todas as adversidades de uma indústria
fonográfica que deveria enaltecer, mas que marginaliza, que corrompe e é
corrompida e décadas depois, como a fênix, ressurge das cinzas e protagoniza a
sua qualidade sonora de forma contundente, décadas e décadas depois.
As dificuldades, as agruras,
o precoce fim pelos infortúnios do ostracismo fez com que essa banda se
tornasse forte, invencível e mesmo que aquém ao glamour que deforma, sobreviveu
e vive divinamente por intermédio de sua arte, da forma mais genuína e pura que
se pode esperar ao observar a proposta que defende no seu estilo de música que,
para muitos que tem dificuldade de entender a sua dimensão, rejeita veementemente.
O hard rock, o dark prog tão
solenemente executado pela excelente banda italiana MAGIA NERA retornou com um
audacioso trabalho, o seu segundo rebento, o seu segundo filho, concebido de
uma forma tão delicada e complexa, mas ao mesmo tempo tão orgânico, imponente e
cheio de si. Falo de “Montecristo”, de 2020. O título denuncia que o álbum é
baseado na obra icônica do igualmente icônico escritor Alexandre Dumas, o
“Conde de Montecristo”.
Magia Nera em 1972
“Conde de Montecristo” é um
romance de aventura francês que foi concluído, por Dumas, em colaboração com
Auguste Maquet, em 1844. Inicialmente publicado como folhetim, de 1844 a 1846 e
foi baseada na vida de Pierre Picaud onde o marinheiro Edmond Dantès é preso
injustamente. Na prisão tem amizade com um abade, que lhe indica uma misteriosa
fortuna, iniciando assim uma trajetória de vingança.
É considerado, juntamente
com “Os Três Mosqueteiros”, uma das mais populares obras de Dumas, e é
frequentemente incluída nas listas de livros mais vendidos de todos os tempos.
O nome do romance surgiu quando Dumas a caminho da Ilha Monte-Cristo, com o
sobrinho de Napoleão, disse que usaria a ilha como cenário de um romance.
Voltando ao Magia Nera e a
sua jovem discografia que nasce, resultado de um hiato de quase cinquenta anos,
o segundo álbum geralmente traz à tona ou prova a qualidade da banda ou a
ausência de tais predicados o que geralmente acontece, mas percebemos visíveis
nuances de um crescimento, de uma maturidade sonora.
A banda se afasta
declaradamente do hard rock mais incisivo que marcou o seu debut, “L'ultima danza di Ophelia”, lançado em 2017, revelando um álbum com tendências
progressivas mais evidentes reforçadas no tema que circunda a proposta deste
belo trabalho. “Montecristo” exorciza aqueles temíveis medos das bandas de sucumbir,
perecer aos seus primeiros trabalhos, quando lançam seu segundo trabalho.
Com o Magia Nera não há o
que temer, há apenas espaço para dimensionar o seu trabalho, a sua discografia
sob um aspecto amplo, versátil, visando apenas e simplesmente a sua
criatividade que, definitivamente tem se expandido, comparando os dois álbuns
inaugurais da banda.
“Montecristo” é audacioso,
mas nem um pouco pretensioso e indulgente. Traz elementos tradicionais do rock
progressivo dos anos 1970, com pitadas discretas de hard rock, mas que goza
linhas modernas, melodias cativantes e arranjos que embora apresente estruturas
simples, mas que quando seus fragmentos se conectam para narrar a história do
Conde de Montecristo entrega uma complexidade de sons que extrapolam a
qualidade e a irreverência desta banda que, mesmo calcada em períodos
longínquos, dita linguagens sonoras arrojadas e contemporâneas.
E falando em longínqua
história, cabe aqui tecer um pouco da história de perseverança do Magia Nera
que traduz, em tempos atuais, por intermédio de seus trabalhos, a força motriz
necessária para a capacidade incrível de resistência e amor à música que
praticam.
O Magia Nera (Magia Negra,
em italiano), surgiu na província de La Spezia, na região de Ligúria, Foi
formada no ano de 1969 e tinha o nome de La Nuova Esperienza, mudando, no mesmo
ano o nome para Magia Nera, inspirada em um nicho dentro do rock n’ roll que
tinha uma proposta no oculto, no sombrio e em filmes e personagens de terror e,
claro, em bandas como Black Sabbath, Coven, Uriah Heep etc.
La Nuova Esperienza
Começou a tocar covers, caminho
natural que toda banda costuma seguir e depois começou a compor material
próprio. Em 1970 a banda começou a despertar o interesse do público, da cena
local, em sua região que, apesar de pequena, trazia a banda à expectativa de
seguir com a sua história e gravar um material novo. Participou, com algum
sucesso, de alguns festivais de música, como o Free Festival Pop de Bottagna.
Matéria de jornal sobre o Free Festival Pop de Bottagna
A gravadora Magma Records
demonstrou um grande interesse em colocar o Magia Nera em estúdio, mas surgiu
um infortúnio, a precariedade, a dificuldade de se fazer turnê, as dificuldades
da estrada trouxeram um revés a banda, onde a sua van pegou fogo com todas as
suas fitas, com todas as suas músicas gravadas para o seu álbum de estreia, tudo
virou cinza. A banda ficou muito desanimada porque eles não teriam tempo hábil
para regravar as músicas a tempo e entregar a gravadora para lançar o álbum. O
Magia Nera, em 1973, decide se separar, dando fim a banda.
Em 2017, 44 anos depois, o
Magia Nera, com quase todos os seus membros originais decide se reunir para
trazer à tona as suas músicas levadas pelo fogo, graças também ao selo
independente Akarma Records, distribuído pela Black Widow Records.
Emilio Farro (vocais), Pino
Fontana (bateria), Lionello Accardo (baixo) e Bruno Cencetti (guitarra), além
de Andrea Foce (teclados), que substituiu Orazio Colotto lançaram “L'ultima
danza di Ophelia”, em 2017.
O "novo" Magia Nera
O som da banda, em “L'ultima
danza di Ophelia”, traz aquela camada soturna, sombria, aliado ao peso, uma
“cadência” assustadora, ameaçadora, perigosa. Um hard rock clássico, vintage,
mas novo, rejuvenescido, embora tenham regravado todo o material como eram nos
anos 1970.
"L'Ultima Danza di Ophelia" (2017)
Avançando no tempo e
retornando ao seu segundo álbum, “Montecristo”, é inacreditavelmente audacioso,
ambicioso. E embora seja uma missão quase que impossível, pelo menos para mim,
de comentar com maestria e competência técnica, obras clássicas literárias que
são transpostas para a música, nota-se com as variâncias rítmicas que o seu
principal compositor, o guitarrista Bruno Cencetti, queria e conseguiu traduzir
com a ajuda do rock progressivo, os momentos mais importantes do romance de
Dumas, da forma como ele, Bruno Cencetti, desejava.
Bruno Cencetti
Cada peça, cada fragmento,
cada momento da história de Dumas, foi retratado, traduzido com um aura
diferente e que harmonizou fantasticamente com cada momento, em uma simbiose excepcional
entre som e a projeção de uma imagem daqueles ouvintes que leram ou viram as
adaptações desta obra para o cinema, para aqueles que tem minimamente a
capacidade de imaginar, de deixar, de permitir a imaginação fluir.
Mas não se enganem que toda essa
engrenagem, essa força motriz que conduz a obra literária em um formato musical
pareça indulgente ou arrogante. Mesmo que complexo, versátil, poderoso, é
orgânico, simples e que vai direto ao assunto. Embora orgânico tem a incrível
capacidade de destacar sensações, emoções que nos transporta para a França no
século XIX.
”Montecristo”, por Magia
Nera, não foi concebido de uma forma engessada, em uma dinâmica perfeitamente
igual à do clássico literário, até por se tratar de um álbum de rock, de uma manifestação
musical, Cencetti, o homem por trás da composição, do conceito sonoro, foi
hábil, diria astuto e competente na adaptação e incrivelmente bem dividida, em
formato de narrativa, em cada faixa, em cada música, nos transportando, à sua
moda, com um formato arrojado e extremamente contemporâneo.
A primeira parte, a parte
inaugural do romance, a que “constrói” a figura do Conde de Montecristo tem a
prioridade do Magia Nera neste álbum-conceito, a parte mais obscura, dolorosa,
mas poderosa que os outros fragmentos da história que, em até alguns momentos
chega a ser solar e divertido, mostrando, claro, a arquitetura da vingança, mas
também o glamour de Edmond Dantes e os frutos da riqueza que herdara.
E analisando a obra sob o
aspecto sonoro, instrumental, “Montecristo” é sólido, vivaz, moderno, mesmo
trazendo um álbum conceito pouco em voga em períodos onde a música se tornou
pasteurizada e rasa, além de extremamente marcante e cativante.
Trata-se basicamente de um
álbum de hard progressivo clássico, mas com nuances bem delineadas de frescor,
de contemporaneidade, com muita técnica, habilidade e virtude de seus
instrumentistas com o vocal especial, dando contorno a toda essa atmosfera. Mas
não deixa de soar orgânico, afinal, são uma banda, quatro homens produzindo
música!
E falando neles, a formação
que concebeu “Montecristo” tinha: Emilio Farro nos vocais, Pino Fontana na
bateria, Fabio D'Andrea no baixo, hammond e guitarra e Bruno Cencetti na
guitarra e composição das letras das músicas. E voltando na estrutura sonora de
“Montecristo”, ele traz quatro capítulos, com três partes cada, mostrando um
trabalho sólido e conectado, sendo forte e intenso nas situações mais
necessárias da história e na sua narrativa e não muito solene em outras
situações em outras, mas vamos às faixas dissecadas!
O “primeiro capítulo” é
composto por três faixas: “Il Tradimento”, “Mercedes” e “Il Primo Giorno di
Prigionia”. “Il Tradimento” fala basicamente do cerne da história, do coração
de todos os eventos subsequentes, da traição que Dantes sofre de seu amigo
Danglars, que desejava o posto de capitão do navio que Dantès recebera por
mérito, do Juiz de Villefort, filho do destinatário da carta de Napoleão, que,
mesmo atestando sua inocência, quis silenciá-lo e de Fernand Mondego, catalão
interessado em Mercédès, noiva de Dantès, que o invejava por ser o alvo de seu
amor, tornando-se, quando Edmond foi preso, o futuro marido da catalã. A música
começa decididamente tensa, em uma atmosfera sombria, “dark”, com uma fala, uma
narrativa de Emilio Farro com um timbre muito ameaçador, denso, grave e que
logo evolui para riffs poderosos de guitarra, tudo envolto em um ritmo
envolvente que parece sintetizar a raiva de Dantès ao ser traído e preso
injustamente. Um exemplo de hard prog contundente.
"Il Tradimento"
“Mercedes” é dedicado à
mulher que Edmond Dantès amava e que voltara a se casar da última viagem no
navio da companhia comercial para o leste em que ele estava embarcado, mas no
caminho de volta o comandante adoeceu subitamente ao extremo. Antes de sua
morte, no entanto, ele havia confiado o comando da embarcação a esse jovem por
quem tinha grande estima e confiança e ao mesmo tempo lhe havia confiado uma tarefa
arriscada, a extensão e o impacto subsequente em sua vida, Edmond certamente
não podia imaginar, mas qual foi o pretexto para que seus inimigos o
incriminassem. A faixa traz uma guitarra meio latina, raízes espanholas, afinal
Mercèdés era catalã, com instrumentos de percussão, um bongô, em uma sonoridade
sonhadora e contemplativa.
"Mercedes"
“Il Primo Giorno di
Prigionia” ou “O Primeiro dia do Cativeiro” expressa o ódio pela injusta prisão
de Edmond Dantès, onde por um lado representa a expressão do sentimento malévolo
dirigido contra Edmond por seus inimigos e, por outro, alimenta esse mesmo
veneno que está se desenvolvendo dentro dele, em vez de uma reação legítima à
dor mais moral do que física que ele está sofrendo, tendo perdido não só o
benefício da liberdade, dentro da prisão de segurança máxima da ilha de If, na
costa de Marselha, mas também a possibilidade nada óbvia de contemplar a beleza
das estrelas à noite, fora daquelas estreitas paredes da prisão, além de seu
grande amor distante. E para sintetizar isso musicalmente, vem a guitarra
pesada, com seus riffs baseados em um poderoso heavy rock de Cencetti, com o
vocal igualmente poderoso de Farro, cantado alto e grave, quase que corroborando
com o peso da guitarra, juntamente com o Hammond de D’Andrea, tocado
freneticamente, sustentado por um som envolvente.
"Il Primo Giorno di Prigionia"
O “segundo capítulo” inicia
com a faixa “Ricordi” ou “Memórias” que traz um transborde de emoções que
Dantès sofre na prisão, o ódio fomentado pela vingança, a sua privação de
liberdade, embora traga alguma boa recordação, porque representa o seu último
contato com o mundo exterior que logo rivaliza com a sua atual realidade de
prisão, injustiça e dor. A guitarra limpa de viajante de Cencetti retrata esses
momentos e lembranças de Dantès que logo irrompe em peso com a “cozinha” em
plena sinergia, baixo pulsante e bateria marcada, para personificar o
sentimento de vingança e raiva de Edmond.
"Ricordi"
“Tempo” denuncia o momento
emocional de Dantès resgatando, até com certa ternura, os seus bons momentos
com a sua amada e o seu trabalho à borda de seu navio, comandando toda a sua
dinâmica pelo mar, mas também é carregado por um tom de melancolia, sobretudo
quando lembra que ainda está preso e o tempo parece não passar. E o acordeão
que introduz a música traz esse momento de melancolia e lembrança, alimenta a
imaginação da condição do nosso herói, e quando sugere algum peso na
sonoridade, ela se desenvolve de forma simples, mas nem um pouco banal, soando
bela, contemplativa, mas ainda assim soa também um tanto quanto “dark”,
definitivamente melancólica.
"Tempo"
Mas o rock n’ roll mais
pesado e intenso volta com “Voci Nella Mente” ou “Vozes na mente” que, com uma
sonoridade pesada e agressiva, sintetiza a loucura e irracionalidade em que
Dantès vem sofrendo na prisão. O vocal incrivelmente entrega essa condição
mental do protagonista, quase paranoica e doentia, diria. A segunda parte da
faixa traz a evidência do hammond e violão, alternando entre o peso pulsante.
"Voci Nella Mente"
O “Terceiro Capítulo” (“La
Fuga”) chega com “La Galleria” com uma sinergia incrível entre o hammond e a
guitarra com riffs fortes, bem trabalhados e altivos. Mas quando o vocal de
Cencetti entra traz mais peso, mais força e de uma textura mais arrojada e até delicada
nos instrumentos irrompe em um hard rock poderoso e até, por vezes, agressivo.
"La Galleria"
“Requiem Per L’abate Faria”
personifica a amizade mais forte e desenvolvida entre Dantes e o abade devido
aos longos anos de clausura e dessa amizade forte será fonte da fuga de Dantès
e também “sofrerá” uma forte carga cultural que o elevaria do ponto de vista
moral e intelectual. A introdução traz um riff de guitarra sombrio, soturno,
mas contemplativo.
"Requiem Per L'Abate Faria"
“Il Salto Nel Sacco” conta a
ousada e arriscada fuga de Edmond Dantès da prisão. Começa com uma guitarra
cativante e baixo encorpado, pulsante e, em um hard rock cadenciado e de
tendências pop, a música segue em sua levada dançante e narra, em música, a
fuga para um horizonte vazio de mar que o conduz para a liberdade.
"Il Salto Nel Sacco"
O quarto e último capítulo
inicia com a faixa título, “Montecristo”, trazendo uma clara ambientação
clássica, com um viés evidente do flerte do rock com o progressivo. Mas de um
abre alas clássico e austero, irrompe em uma poderosa guitarra anunciando um hard
rock potente e visceral e a partir daí é revelado uma música “coletiva” com uma
intensa e competente participação de todos os integrantes da banda. O momento
que Dantès “Encorpora” Montecristo e, diante de si, ergue-se a “Ilha de
Montecristo”, a sua mãe segura e generosa.
"Montecristo"
“Il Duello” traz o momento
em que Dantes, o Conde de Montecristo, começa a arquitetar o seu desejo de
vingança e a libertação de um pesadelo que durou 15 longos anos. A música é
introduzida com um belo, cativante e hábil riff de guitarra, com um baixo
pulsante e percussivo, com um hammond que dá uma textura interessante a toda a
música.
"Il Duello"
E encerra, finalmente, o
álbum com “La Fine” que entrega uma sonoridade totalmente reconfortante, branda
e tranquila com o dedilhar de um violão que logo se encontra com um lindo e
limpo solo de guitarra. O que certamente denota o fim de uma “guerra”, a
vingança de Dantès está completa, mas, como toda guerra, deixa sequelas, algum
estrago, algumas feridas que, às vezes, é difícil de cicatrizar. Mas encontra a
paz ao lado de sua amada, Mercedes, que por um momento achava que não
conseguiria mais amar.
"La Fine"
“Montecristo” não é apenas
mais um álbum conceitual, mas o grande álbum conceitual que, em tempos de
músicas descartáveis e pobres, aquelas pasteurizadas, mostra que ainda há
esperança de proporcionar, além do prazer, mas também cultura resgatando um
clássico da literatura mundial.
É inacreditável a
convergência narrativa do clássico de Dumas com a música que o Magia Nera
construiu e por mais que tenha trazido construções óbvias com base no livro e
na sonoridade o fez com estilo, com personalidade, aliando o classic rock, o
hard rock e o prog rock, na dosagem certa, sem sobrepor os estilos, mostrando
versatilidade e teatralidade.
“Montecristo” é um álbum que
foi costurado, manufaturado, com requintes de detalhes, em um artesanato sonoro
que há muito tempo não se via, não se ouvia no rock n’ roll na gama de seus
clássicos conceituais. “Montecristo” sem dúvida pode ser considerado como um “novo
clássico”.
Lamentavelmente costumamos
lembrar de nossos músicos com as suas mortes! A frase pode parecer, de fato é,
forte, pesada, mas essa é a nossa triste realidade. E essa realidade nua e crua
se adequa aos nossos músicos à margem do mainstream.
Embora o termo soe um tanto quanto cult, no Brasil o cenário beira o perverso.
Bandas sem apoio da
indústria fonográfica, sem estrutura para produzir a sua arte, para divulga-la,
jogadas ao relento, ao ostracismo pelo simples fato de não ser “vendável” era a
tônica nos anos 1970. E para completar costuma-se atribuir às bandas
oitentistas o título de desbravadores do “rock Brasil”. E quanto as bandas dos
anos 1970? Nada a dizer?
Sem “vitimismos” a realidade
é essa! Mas graças ao advento da tecnologia ao universo da comunicação, com as
redes sociais, canais no YouTube, blogs, sites, entre outros, algumas bandas
esquecidas do passado estão ganhando vida de novo, ganhando a luz, nascendo
novamente. E não podemos esquecer, claro, dos abnegados que fazem isso
acontecer.
E falando em vilipêndio e
afins tivemos a triste notícia de que um grande vocalista, um grande músico nos
deixou precocemente: Falo de Fughetti Luz, da banda gaúcha BIXO DA SEDA. E o
texto de hoje é em homenagem a esse músico e a sua banda que deixou uma
indelével marca na história do rock, embora muitos se recusam a conceber isso.
Bixo da Seda
O Bixo da Seda foi uma banda
formada na cidade de Porto Alegre, na segunda metade dos anos 1960, mas se
chamava “Liverpool”. Não se sabe a inspiração para o nome, mas, me permitem a
“licença poética” para devanear, nós tínhamos uma banda de Liverpool, na
Inglaterra que era a mais famosa da época, The Beatles. Será essa a influência?
Liverpool
O Liverpool lançou, em 1969,
o seu primeiro álbum chamado “Por Favor Sucesso”. Este trabalho viria ser o embrião,
ou pelo menos um dos que viriam a desbravar o clássico rock nacional, embora a
sua sonoridade tenha uma pegada mais para a Jovem Guarda, famosa naquela época,
com pitadas de Tropicalismo que ganhava corpo no final dos anos 1960. Neste
álbum traz composições de Carlinhos Harlieb e da Hermes Aquino e Laís Marques,
além de faixas próprias, compostas pelos músicos.
"Por Favor, sucesso" (1969)
Algumas poucas faixas
ousavam com um pouco de psicodelia e até, arriscaria dizer, de um proto
progressivo bem experimental. A faixa “Voando” desse álbum é um exemplo, um
“protótipo” do que viria para frente no futuro dos seus jovens músicos.
Este álbum seria alvo de
relançamentos fora do Brasil recebendo alguma atenção e tornando-se um álbum
“cult”, recebendo também comparações com “Os Mutantes”.
Em 1970, ainda como
Liverpool, a banda lançou o álbum “Marcelo Zona Sul”. Nesse trabalho já se
desenhava, mesmo que timidamente o “pré-rock” do Bixo da Seda e neste álbum
pode-se destacar a faixa título que tem uma pegada meio folk, meio surf rock.
Este trabalho também foi trilha sonora do filme nacional de mesmo nome e
dirigido por Xavier de Oliveira. O filme fala sobre a juventude carioca dos
anos 1960 se tornando um sucesso de público e crítica revelando os atores
Stepan Nercessian e Françoise Forton, que faziam os papéis principais.
"Marcelo Zona Sul" (1970)
Em 1971 o contrato da banda
findou e, a partir daí, decidem lançar um compacto, utilizando o nome
“Liverpool Sound”, pelo selo “Polydor”, da gravadora “Phonogram” com as faixas
“Hei Menina” e “Fale”, sendo que seu lado “A” faz algum sucesso nas rádios do
Brasil.
"Liverpool Sound" (Compacto 1971)
Em 1972 o Liverpool se
desfaz com Fughetti Luz, o vocalista e principal compositor acabou se casando e
indo passar uma temporada na Europa, de forma forçada, pois se exilou em
virtude da repressão da ditadura militar, e Wilmar Ignácio Seade Santana,
conhecido como Peco (Pepeco), que era o baixista, viajando pelo Brasil e o
resto da banda se estabelecendo por Porto Alegre.
No final do ano de 1973 os
antigos integrantes do Liverpool, exceto Fughetti Luz, decidem se reunir. A ideia
era retomar a banda, mas resolvem mudar o nome para “Bixo da Seda”. A ideia do
nome da banda partiu do guitarrista Zé Vicente Brizola, filho do político
Leonel Brizola, que fazia parte da banda juntamente com o tecladista Cláudio
Vera Cruz. A inspiração surgiu da forma mais óbvia para aquela época: enquanto
a banda enrolava um baseado, pensaram na utilidade do papelzinho quase
transparente que envolvia a “erva”. A utilidade veio para dar nome a uma das
bandas mais emblemáticas do nosso rock.
Fughetti havia voltado para
Porto Alegre e formou muitas bandas que tiveram vida curta, como Laranja
Mecânica, Bobo da Corte e Trilha do Sol, por exemplo. Foi então que Mimi Lessa,
guitarrista, fez o convite a Fughetti para fazer parte do novo projeto, do Bixo
da Seda. “Bixo” se escreve com “x” mesmo. Fughetti então aceitou a proposta e
se uniu a banda.
Em 1975 se transferiram para
o Rio de Janeiro e começam a fazer muitos shows, afinal, o Liverpool lhes
possibilitaram a ter alguma fama. Mas não ficaram apenas no Rio de Janeiro,
tocando em casas de shows em São Paulo e Belo Horizonte. Mais uma vez mudaram
de cidade e com isso também tiveram mudanças na sua formação. Saem da banda
Peco, Zé Vicente Brizola e Cláudio Vera Cruz, entrando na banda Renato Ladeira,
um dos fundadores de outra emblemática banda, A Bolha.
Com a formação que trazia
Fughetti Luz, nos vocais, Mimi Lessa, na guitarra e vocal, Renato Ladeira, nos
teclados e vocais, Marcos Lessa, no baixo e vocais e Edson Espíndola, na
bateria e vocais gravam o seu primeiro álbum, homônimo, mas também conhecido
por “Estação Elétrica”, em 1976, lançado pela gravadora GEL, por intermédio do
selo “Continental”.
Eram meados dos anos 1970! O
“sonho tinha acabado” com os Beatles e o movimento hippie, com o seu “flower
power” havia morrido com seus principais e mais famosos representantes, como
Hendrix, Joplin e Morrison. O rock n’ roll também mudou, sobretudo em 1976, ano
de lançamento de “Bixo da Seda” ou “Estação Elétrica”, onde o progressivo não
era mais viável, comercialmente falando, dando espaço a um raivoso punk rock. O
estilo, que sempre foi subversivo, passou a se consolidar como um movimento
social, uma arma nas lutas da juventude que ansiava por mudanças no status quo.
E sob esse aspecto
comportamental o álbum do Bixo da Seda foi influenciado. Nele se ouve
influência do rock progressivo, sim, o rock progressivo ainda estava em
evidência graças, claro, a qualidade de alguns lançamentos e do rock n’ roll
mais básico, mais calcado na música dos Rolling Stones.
O álbum é inaugurado pela
faixa “Vênus” e na sua introdução a sua viagem blueseira se faz, com uma pegada
mais cadenciada, com alguma “latinidade” e que logo desagua para um hard rock.
Um excelente instrumental já mostrando as credenciais do Bixo da Seda.
"Vênus"
A sequência traz a faixa “Já
brilhou” e com um vocal mais contemplativo, traz uma tendência psicodélica, com
uma abordagem mais progressiva e regional, com riffs ocasionais de guitarra e
uma “cozinha” bem apurada e conectada.
"Já Brilhou"
“É Como Teria Que Ser” traz
de volta a “textura” mais hard rock, com algumas pitadas mais “Classic Rock”,
ao estilo Rolling Stones, com aquela música de festa.
"É Como Teria que Ser"
“Carrocel” é mais “raivosa”
sobretudo no contexto da letra, mas o instrumental acompanha essa pegada, com
riffs, embora pegajosos, de guitarra, traduz esse sentimento, sendo um tanto
quanto agressivo, envoltos em alguns eventuais solos, mais diretos.
"Carrocel"
“Bixo da Seda”, a faixa
título, traz de volta aquela música de festa, meio solar e animada ao estilo
Rolling Stones, mas com uma roupagem mais brasileira, extremamente dançante e
envolvente.
"Bixo da Seda"
“Sete de Ouro” retoma com a
levada instrumental na sua introdução, com pitadas generosas de psicodelia
tipicamente brasileira do início dos anos 1970, mas que, em alguns momentos
investe em mudanças rítmicas bem interessante, com destaque para as viradas da
bateria.
"Sete de Ouro"
Segue com “Gigante” que
ainda mantém aquela pegada lisérgica, com um viés mais rock n’ roll, em sua
versão mais clássica, com algumas viradas rítmicas bem interessantes e, diria,
ousada, algo tribal, com tambores, bongô e bateria, mostrando arrojo.
"Gigante"
“Um Abraço em Brian Jones”
já diz tudo, já entrega a influência latente do Bixo da Seda e do seu álbum, do
Rolling Stones, homenageando seu eterno guitarrista, Brian Jones. E a música,
claro, denuncia isso, música de festa, pegada blueseira, com hardão mais
cadenciado.
"Um Abraço em Brian Jones"
O álbum fecha com a faixa
“Trem”, e segue na mesma levada dos Rolling Stones: música solar, animada,
guitarra ácida, psicodelia, com uma abordagem mais pesada, bongôs a todo o
vapor.
"Trem"
Após o lançamento do álbum o
Bixo da Seda realizou vários shows pelo país com casas cheias, uma boa
receptividade por parte do público, entretanto, ainda assim, a banda decreta o
seu fim por questões financeiras. Não tinha grana para se manter na capital
fluminense.
E depois do término da banda
os integrantes se reuniram para shows em diversas oportunidades, mas sempre sem
a presença do vocalista Fughetti Luz, por questões de saúde. Em 2005 o álbum é
relançado, fazendo com que a banda continuasse a fazer shows ocasionalmente
para divulgar esse momento importante do rock nacional, o renascimento deste
clássico que determinou um ponto de importância para a cena rock do Brasil.
Ao vivo em 1998 no Auditório Araújo Viana, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Em 2011 a banda volta aos
palcos para mais e mais shows, mais ainda, infelizmente sem a presença de seu
grande vocalista, frontman, Fughetti Luz, efetivando, em seu lugar, Marcelo
Guimarães nos vocais e Marcelo Truda na guitarra.
Hoje os irmãos Mimi e Marcos vivem no Centro
do país, participando de vários projetos voltados, claro, para a música. Edinho
se tornou um dos bateristas mais requisitados e importantes do Brasil, tocando,
inclusive, no Fu Wang Foo. Fughetti “apadrinhou” na década de 1980 várias
bandas, entre elas a Bandaliera, para qual compunha várias músicas, e o
Taranatiriça. Lançou ainda dois discos solos e morou, por muito tempo, no
interior de São Paulo.
Mas, em abril de 2023, Fughetti
Luz morreria. Luz era considerado como o “último hippie vivo”. Sem sombra de
dúvida uma figura mítica, influente e extremamente relevante para a história do
rock n’ roll e que deveria ter um pouco mais de crédito para a nossa cena em
todos os tempos.
O Bixo da Seda merecia
crédito por seu álbum, que, como Fughetti, que a construiu a sua imagem e
semelhança, deixou uma marca indelével para a nossa cena rock. Um álbum
genuíno, simples, direto e poderoso.
A banda, como muitas outras,
que encenaram a prolífica década de 1970 deveria servir de compêndio para
músicos e apreciadores do rock n’ roll para sempre! Altamente recomendado!
A banda:
Fughetti Luz no vocal,
letras e composições.
Pecos (Wilmar Ignácio Seade
Santana) Pássaro na guitarra