sexta-feira, 30 de junho de 2023

Lightshine - Feeling (1976)

 

O que eu verdadeiramente aprecio no krautrock é a beleza de suas múltiplas sonoridades. Nem tudo é minimalista somente, mas complexo, poderoso, agressivo, contemplativo. Aos que se prendem em estereótipos achando que o kraut germânico traz apenas uma vertente, enganam-se.

A cada audição, a cada descoberta, a cada garimpagem, tenho a nítida impressão de que ela não tem fim, transborda desrespeitando qualquer questão ligada a cronologia, porque as descobertas ultrapassam barreiras do tempo, porque até hoje, conhecemos novas coisas velhas.

E eu, em mais uma dessas buscas incessantes por algo novo, nessas garimpagens pela poeira do esquecido, tenha feito descobertas no status de pérolas, pepitas cada vez mais valiosas que pereceram, que fracassaram e foram esquecidas no canto do tempo.

E em um acaso premeditado descobri uma banda espetacular, de sonoridade extremamente diversa, múltipla, que traz sim vertentes kraut, mas com uma complexidade incrível, que envolve lisergia, peso, mudanças de “humor”, com pitadas progressivas, devido, claro, a essas mudanças rítmicas, com solos de guitarra e baixo enérgicos, mas com vocais assombrosos, de atmosfera densa.

A impressão que tenho dessa banda é que tudo soa polido, no seu lugar, mas que traz uma verdade, a verdade de uma banda que não se prendia a rótulos, não se encaixava em nenhum “estilo” pré-determinado e que estava “descolado” do seu tempo.

É definitivamente uma sonoridade difícil de definir, que não se prende a rótulos, denotando que o rock alemão é diverso, cheio, repleto de belezas sonoras, que vai da complexidade ao minimalismo, do simples e orgânico a intensidade contemplativa de seus instrumentos. Falo da banda LIGHTSHINE.

Lightshine

A banda foi formada por quatro jovens estudantes no ano de 1974, na cidade de Emmerich, no baixo Reno, na Alemanha. Jovens aspirantes a músicos que só tinha o interesse de se tornarem músicos grandiosos e de viver da sua arte, de sua música. 

E por ser uma banda descolada do seu tempo, o Lightshine sofreu para encontrar alguma gravadora que “comprasse” a sua ideia. Algumas negociações com a Sky e a Vertigo não deram em nada, eles não se encaixavam com os “novos” sons progressivos mais “suaves” e diretos da segunda metade dos anos 1970.

Então, diante das adversidades sofridas, decidiram gravar seu primeiro álbum praticamente por conta própria, com o apoio de um pequeno selo chamado “Trefiton”. E assim nasceu seu primeiro e único trabalho chamado “Feeling”, em 1976.

O Lightshine era formado por Joe na guitarra e vocal, Ulli também na guitarra, flauta e vocal, Olli no sintetizador e teclados, Wolfgang no baixo e Egon na bateria. Sim, não há sobrenomes, os caras se apresentaram à época apenas pelos seus primeiros nomes. O lançamento, em long play, de “Feeling”, trazia uma pequena quantidade de cópias, cerca de 500, outras fontes informam que foram 1.000 cópias. Independentemente do número, trata-se de uma tiragem bem limitada.

O álbum é inaugurado com "Sword In The Sky" apresentando uma mescla, como já era de se esperar em se tratar de uma banda que não se ligava à estereótipos, de hard rock, progressivo e emocionantes levadas de flauta. Começa com alguns solos de guitarra e assim fica por três minutos. Os vocais entram seguidos da flauta e piano, conforme o clima muda. Tem um clímax excelente e vibrante!

"Sword in the Sky"

“Lory” tem uma guitarra poderosa e agressiva, apresenta um riff que lembra “In The Hall of Mountain King”, do compositor norueguês Edvard Grieg, que mistura algo de clássico e um volumoso hard rock, além de um baixo proeminente, com bateria marcada e vocal extremamente teatral.

"Lory"

Já em “Nightmare” o clima muda para o psicodélico com sintetizadores oscilantes, um arpejo de guitarra de construção lenta e um vocal denso e de atmosfera soturna. O space rock, mais lento, aumenta aos poucos em intensidade conforme a segunda faixa mais longa do álbum, com dez minutos e meio, desliza para frente e para trás entre vocais falados e licks de guitarra ao estilo Pink Floyd. A faixa alterna com uma edificação ardente de rock com teclados matadores!

"Nightmare"

A faixa mais longa, "King and Queen", com quase quatorze minutos, começa com um teclado doido, meio incomum que, uma vez “resolvida”, se transforma em uma vibe de rock espacial com um groove de baixo melódico pronunciado e mais passagens de guitarra floydianas que lembram algumas das varreduras de guitarra mais modernas em neoprog, algo bem de vanguarda. Muito emotivo e instantaneamente viciante, é por isso que algumas das faixas deste álbum foram tocadas em estações de rádio locais. Esta é provavelmente também a faixa mais folclórica do álbum, mas termina em um blues rock e um frenesi flamenco com vocais de estilo folk selvagem.

"King and Queen"

E o álbum fecha com a faixa título, “Felling”, que se aventura em um território onírico, com guitarras dissonantes, fora da ordem, com estranhos elementos que me remete ao krautrock nos seus primórdios. E por conta disso traz uma faixa extremamente psicodélica, bem lisérgica mesmo, ao estilo “Yeti” do Amon Duul II, com bateria tribal e viagem flutuante cheio de improvisações, sem aquelas guitarras mais vibrantes percebia em faixas anteriores. Os tons de guitarra são limpos enquanto os sons de teclado fervilham. Os vocais entregam algo de folk rock britânico.

"Feeling"

Após o lançamento de “Feeling” o Lightshine fez cerca de 200 shows, excursionando por toda a Alemanha em turnês com Jane, Scorpions e Colosseum II. A grande chance de seguir com a sua carreira e a produzir novos trabalhos caiu por terra devido a desentendimentos internos se separando um ano após o lançamento de seu grande álbum, em 1977.

“Feeling” é interessante e complexo, principalmente em meados dos anos 1970 em que o progressivo, sob o aspecto comercial, estava em declínio. É um álbum psicodélico, lírico e intenso, tendo muitas vezes uma aura cósmica. O álbum teve várias reedições e relançamentos, quase todos sempre feitos pelo emblemático selo “Garden of Delights”.

 



A banda:

Joe na guitarra, vocal

Ulli na guitarra, flauta, vocal

Olli no sintetizador e teclados

Wolfgang no baixo

Egon na bateria

 

Faixas:

1 - Sword in the Sky

2 - Lory

3 - Nightmare

4 - King and Queen

5 - Feeling 



Lightshine - "Feeling" (1976)















 




sexta-feira, 16 de junho de 2023

Magia Nera - Montecristo (2020)

 

Há alguns trabalhos que subvertem o tempo. O tempo e as suas modas, fases e conveniências que somos obrigados a seguir para se adequar, para se sentir parte dos grupos sociais. E quando testemunhamos alguns abnegados, os marginais que defendem, a todo custo, a verdade da sua música e quando há um grupo que compra a ideia, faz com que nunca saia da moda, haja vista que modismos traz consigo a imposição e arte, quando bem construída e revolucionária, não tem idade, não sucumbe ao tempo, a sua cronologia, pelo contrário, se renova a cada dia, tornando-se contundente para a vida de quem a consome, de quem se identifica com a sua manifestação.

E o rock n’ roll que, para alguns, está morto, revela-se vivo, pleno e altivo quando vemos que aqueles que subvertem a ordem ainda conseguem trazer verdadeiras personificações do estilo sem soar datado ou piegas, aquele clichê travestido de cópias. Algumas bandas que atravessam o tempo, mesmo com todas as adversidades que se materializam no seu caminho, conseguem se reerguer, se fortalecer, sobreviver, viver por intermédio de sua obra, que impactam decisivamente nas vidas de quem ouve seus álbuns.

O álbum conceitual que parecia ter sucumbido ao tempo e sido enterrado nos áureos tempos do rock progressivo dos anos 1970 é um exemplo de que a sua proposta torna eloquente o viés cultural e que esmurra o status quo de forma impiedosa, nos fazendo refletir, entender e agir diante de cenários tão opressores e pasteurizados que vivemos em dias atuais.

As sombras da arte de tais álbuns conceituais nos trazem a luz necessária para enxergar quem somos, o que nos tornamos e para onde vamos e para quem acha ou associa o rock a apenas festas regadas a drogas e bebidas, não, o rock nos incita a pensar, a romper tabus que ainda insistem em nos deixar de joelhos inoperantes e vulneráveis.

E uma banda que, em minhas viagens garimpais, descobri quase que de forma ocasional, retornara a cena rock com um álbum ousado, magnífico e que se volta para o passado para refletir o presente, projetando um futuro, um futuro menos tóxico e destrutivo da alma e do corpo. Uma banda que superou todas as adversidades de uma indústria fonográfica que deveria enaltecer, mas que marginaliza, que corrompe e é corrompida e décadas depois, como a fênix, ressurge das cinzas e protagoniza a sua qualidade sonora de forma contundente, décadas e décadas depois.

As dificuldades, as agruras, o precoce fim pelos infortúnios do ostracismo fez com que essa banda se tornasse forte, invencível e mesmo que aquém ao glamour que deforma, sobreviveu e vive divinamente por intermédio de sua arte, da forma mais genuína e pura que se pode esperar ao observar a proposta que defende no seu estilo de música que, para muitos que tem dificuldade de entender a sua dimensão, rejeita veementemente.

O hard rock, o dark prog tão solenemente executado pela excelente banda italiana MAGIA NERA retornou com um audacioso trabalho, o seu segundo rebento, o seu segundo filho, concebido de uma forma tão delicada e complexa, mas ao mesmo tempo tão orgânico, imponente e cheio de si. Falo de “Montecristo”, de 2020. O título denuncia que o álbum é baseado na obra icônica do igualmente icônico escritor Alexandre Dumas, o “Conde de Montecristo”.

Magia Nera em 1972

“Conde de Montecristo” é um romance de aventura francês que foi concluído, por Dumas, em colaboração com Auguste Maquet, em 1844. Inicialmente publicado como folhetim, de 1844 a 1846 e foi baseada na vida de Pierre Picaud onde o marinheiro Edmond Dantès é preso injustamente. Na prisão tem amizade com um abade, que lhe indica uma misteriosa fortuna, iniciando assim uma trajetória de vingança.

É considerado, juntamente com “Os Três Mosqueteiros”, uma das mais populares obras de Dumas, e é frequentemente incluída nas listas de livros mais vendidos de todos os tempos. O nome do romance surgiu quando Dumas a caminho da Ilha Monte-Cristo, com o sobrinho de Napoleão, disse que usaria a ilha como cenário de um romance.

Voltando ao Magia Nera e a sua jovem discografia que nasce, resultado de um hiato de quase cinquenta anos, o segundo álbum geralmente traz à tona ou prova a qualidade da banda ou a ausência de tais predicados o que geralmente acontece, mas percebemos visíveis nuances de um crescimento, de uma maturidade sonora.

A banda se afasta declaradamente do hard rock mais incisivo que marcou o seu debut, “L'ultima danza di Ophelia”, lançado em 2017, revelando um álbum com tendências progressivas mais evidentes reforçadas no tema que circunda a proposta deste belo trabalho. “Montecristo” exorciza aqueles temíveis medos das bandas de sucumbir, perecer aos seus primeiros trabalhos, quando lançam seu segundo trabalho. 

Com o Magia Nera não há o que temer, há apenas espaço para dimensionar o seu trabalho, a sua discografia sob um aspecto amplo, versátil, visando apenas e simplesmente a sua criatividade que, definitivamente tem se expandido, comparando os dois álbuns inaugurais da banda.

“Montecristo” é audacioso, mas nem um pouco pretensioso e indulgente. Traz elementos tradicionais do rock progressivo dos anos 1970, com pitadas discretas de hard rock, mas que goza linhas modernas, melodias cativantes e arranjos que embora apresente estruturas simples, mas que quando seus fragmentos se conectam para narrar a história do Conde de Montecristo entrega uma complexidade de sons que extrapolam a qualidade e a irreverência desta banda que, mesmo calcada em períodos longínquos, dita linguagens sonoras arrojadas e contemporâneas.

E falando em longínqua história, cabe aqui tecer um pouco da história de perseverança do Magia Nera que traduz, em tempos atuais, por intermédio de seus trabalhos, a força motriz necessária para a capacidade incrível de resistência e amor à música que praticam.

O Magia Nera (Magia Negra, em italiano), surgiu na província de La Spezia, na região de Ligúria, Foi formada no ano de 1969 e tinha o nome de La Nuova Esperienza, mudando, no mesmo ano o nome para Magia Nera, inspirada em um nicho dentro do rock n’ roll que tinha uma proposta no oculto, no sombrio e em filmes e personagens de terror e, claro, em bandas como Black Sabbath, Coven, Uriah Heep etc.

La Nuova Esperienza

Começou a tocar covers, caminho natural que toda banda costuma seguir e depois começou a compor material próprio. Em 1970 a banda começou a despertar o interesse do público, da cena local, em sua região que, apesar de pequena, trazia a banda à expectativa de seguir com a sua história e gravar um material novo. Participou, com algum sucesso, de alguns festivais de música, como o Free Festival Pop de Bottagna.

Matéria de jornal sobre o Free Festival Pop de Bottagna

A gravadora Magma Records demonstrou um grande interesse em colocar o Magia Nera em estúdio, mas surgiu um infortúnio, a precariedade, a dificuldade de se fazer turnê, as dificuldades da estrada trouxeram um revés a banda, onde a sua van pegou fogo com todas as suas fitas, com todas as suas músicas gravadas para o seu álbum de estreia, tudo virou cinza. A banda ficou muito desanimada porque eles não teriam tempo hábil para regravar as músicas a tempo e entregar a gravadora para lançar o álbum. O Magia Nera, em 1973, decide se separar, dando fim a banda.

Em 2017, 44 anos depois, o Magia Nera, com quase todos os seus membros originais decide se reunir para trazer à tona as suas músicas levadas pelo fogo, graças também ao selo independente Akarma Records, distribuído pela Black Widow Records.

Emilio Farro (vocais), Pino Fontana (bateria), Lionello Accardo (baixo) e Bruno Cencetti (guitarra), além de Andrea Foce (teclados), que substituiu Orazio Colotto lançaram “L'ultima danza di Ophelia”, em 2017.

O "novo" Magia Nera

O som da banda, em “L'ultima danza di Ophelia”, traz aquela camada soturna, sombria, aliado ao peso, uma “cadência” assustadora, ameaçadora, perigosa. Um hard rock clássico, vintage, mas novo, rejuvenescido, embora tenham regravado todo o material como eram nos anos 1970.

"L'Ultima Danza di Ophelia" (2017)

Avançando no tempo e retornando ao seu segundo álbum, “Montecristo”, é inacreditavelmente audacioso, ambicioso. E embora seja uma missão quase que impossível, pelo menos para mim, de comentar com maestria e competência técnica, obras clássicas literárias que são transpostas para a música, nota-se com as variâncias rítmicas que o seu principal compositor, o guitarrista Bruno Cencetti, queria e conseguiu traduzir com a ajuda do rock progressivo, os momentos mais importantes do romance de Dumas, da forma como ele, Bruno Cencetti, desejava. 

Bruno Cencetti

Cada peça, cada fragmento, cada momento da história de Dumas, foi retratado, traduzido com um aura diferente e que harmonizou fantasticamente com cada momento, em uma simbiose excepcional entre som e a projeção de uma imagem daqueles ouvintes que leram ou viram as adaptações desta obra para o cinema, para aqueles que tem minimamente a capacidade de imaginar, de deixar, de permitir a imaginação fluir.

Mas não se enganem que toda essa engrenagem, essa força motriz que conduz a obra literária em um formato musical pareça indulgente ou arrogante. Mesmo que complexo, versátil, poderoso, é orgânico, simples e que vai direto ao assunto. Embora orgânico tem a incrível capacidade de destacar sensações, emoções que nos transporta para a França no século XIX.

”Montecristo”, por Magia Nera, não foi concebido de uma forma engessada, em uma dinâmica perfeitamente igual à do clássico literário, até por se tratar de um álbum de rock, de uma manifestação musical, Cencetti, o homem por trás da composição, do conceito sonoro, foi hábil, diria astuto e competente na adaptação e incrivelmente bem dividida, em formato de narrativa, em cada faixa, em cada música, nos transportando, à sua moda, com um formato arrojado e extremamente contemporâneo.

A primeira parte, a parte inaugural do romance, a que “constrói” a figura do Conde de Montecristo tem a prioridade do Magia Nera neste álbum-conceito, a parte mais obscura, dolorosa, mas poderosa que os outros fragmentos da história que, em até alguns momentos chega a ser solar e divertido, mostrando, claro, a arquitetura da vingança, mas também o glamour de Edmond Dantes e os frutos da riqueza que herdara.

E analisando a obra sob o aspecto sonoro, instrumental, “Montecristo” é sólido, vivaz, moderno, mesmo trazendo um álbum conceito pouco em voga em períodos onde a música se tornou pasteurizada e rasa, além de extremamente marcante e cativante.

Trata-se basicamente de um álbum de hard progressivo clássico, mas com nuances bem delineadas de frescor, de contemporaneidade, com muita técnica, habilidade e virtude de seus instrumentistas com o vocal especial, dando contorno a toda essa atmosfera. Mas não deixa de soar orgânico, afinal, são uma banda, quatro homens produzindo música!

E falando neles, a formação que concebeu “Montecristo” tinha: Emilio Farro nos vocais, Pino Fontana na bateria, Fabio D'Andrea no baixo, hammond e guitarra e Bruno Cencetti na guitarra e composição das letras das músicas. E voltando na estrutura sonora de “Montecristo”, ele traz quatro capítulos, com três partes cada, mostrando um trabalho sólido e conectado, sendo forte e intenso nas situações mais necessárias da história e na sua narrativa e não muito solene em outras situações em outras, mas vamos às faixas dissecadas!

O “primeiro capítulo” é composto por três faixas: “Il Tradimento”, “Mercedes” e “Il Primo Giorno di Prigionia”. “Il Tradimento” fala basicamente do cerne da história, do coração de todos os eventos subsequentes, da traição que Dantes sofre de seu amigo Danglars, que desejava o posto de capitão do navio que Dantès recebera por mérito, do Juiz de Villefort, filho do destinatário da carta de Napoleão, que, mesmo atestando sua inocência, quis silenciá-lo e de Fernand Mondego, catalão interessado em Mercédès, noiva de Dantès, que o invejava por ser o alvo de seu amor, tornando-se, quando Edmond foi preso, o futuro marido da catalã. A música começa decididamente tensa, em uma atmosfera sombria, “dark”, com uma fala, uma narrativa de Emilio Farro com um timbre muito ameaçador, denso, grave e que logo evolui para riffs poderosos de guitarra, tudo envolto em um ritmo envolvente que parece sintetizar a raiva de Dantès ao ser traído e preso injustamente. Um exemplo de hard prog contundente.

"Il Tradimento"

“Mercedes” é dedicado à mulher que Edmond Dantès amava e que voltara a se casar da última viagem no navio da companhia comercial para o leste em que ele estava embarcado, mas no caminho de volta o comandante adoeceu subitamente ao extremo. Antes de sua morte, no entanto, ele havia confiado o comando da embarcação a esse jovem por quem tinha grande estima e confiança e ao mesmo tempo lhe havia confiado uma tarefa arriscada, a extensão e o impacto subsequente em sua vida, Edmond certamente não podia imaginar, mas qual foi o pretexto para que seus inimigos o incriminassem. A faixa traz uma guitarra meio latina, raízes espanholas, afinal Mercèdés era catalã, com instrumentos de percussão, um bongô, em uma sonoridade sonhadora e contemplativa.

"Mercedes"

“Il Primo Giorno di Prigionia” ou “O Primeiro dia do Cativeiro” expressa o ódio pela injusta prisão de Edmond Dantès, onde por um lado representa a expressão do sentimento malévolo dirigido contra Edmond por seus inimigos e, por outro, alimenta esse mesmo veneno que está se desenvolvendo dentro dele, em vez de uma reação legítima à dor mais moral do que física que ele está sofrendo, tendo perdido não só o benefício da liberdade, dentro da prisão de segurança máxima da ilha de If, na costa de Marselha, mas também a possibilidade nada óbvia de contemplar a beleza das estrelas à noite, fora daquelas estreitas paredes da prisão, além de seu grande amor distante. E para sintetizar isso musicalmente, vem a guitarra pesada, com seus riffs baseados em um poderoso heavy rock de Cencetti, com o vocal igualmente poderoso de Farro, cantado alto e grave, quase que corroborando com o peso da guitarra, juntamente com o Hammond de D’Andrea, tocado freneticamente, sustentado por um som envolvente.

"Il Primo Giorno di Prigionia"

O “segundo capítulo” inicia com a faixa “Ricordi” ou “Memórias” que traz um transborde de emoções que Dantès sofre na prisão, o ódio fomentado pela vingança, a sua privação de liberdade, embora traga alguma boa recordação, porque representa o seu último contato com o mundo exterior que logo rivaliza com a sua atual realidade de prisão, injustiça e dor. A guitarra limpa de viajante de Cencetti retrata esses momentos e lembranças de Dantès que logo irrompe em peso com a “cozinha” em plena sinergia, baixo pulsante e bateria marcada, para personificar o sentimento de vingança e raiva de Edmond.

"Ricordi"

“Tempo” denuncia o momento emocional de Dantès resgatando, até com certa ternura, os seus bons momentos com a sua amada e o seu trabalho à borda de seu navio, comandando toda a sua dinâmica pelo mar, mas também é carregado por um tom de melancolia, sobretudo quando lembra que ainda está preso e o tempo parece não passar. E o acordeão que introduz a música traz esse momento de melancolia e lembrança, alimenta a imaginação da condição do nosso herói, e quando sugere algum peso na sonoridade, ela se desenvolve de forma simples, mas nem um pouco banal, soando bela, contemplativa, mas ainda assim soa também um tanto quanto “dark”, definitivamente melancólica.

"Tempo"

Mas o rock n’ roll mais pesado e intenso volta com “Voci Nella Mente” ou “Vozes na mente” que, com uma sonoridade pesada e agressiva, sintetiza a loucura e irracionalidade em que Dantès vem sofrendo na prisão. O vocal incrivelmente entrega essa condição mental do protagonista, quase paranoica e doentia, diria. A segunda parte da faixa traz a evidência do hammond e violão, alternando entre o peso pulsante.

"Voci Nella Mente"

O “Terceiro Capítulo” (“La Fuga”) chega com “La Galleria” com uma sinergia incrível entre o hammond e a guitarra com riffs fortes, bem trabalhados e altivos. Mas quando o vocal de Cencetti entra traz mais peso, mais força e de uma textura mais arrojada e até delicada nos instrumentos irrompe em um hard rock poderoso e até, por vezes, agressivo.

"La Galleria"

“Requiem Per L’abate Faria” personifica a amizade mais forte e desenvolvida entre Dantes e o abade devido aos longos anos de clausura e dessa amizade forte será fonte da fuga de Dantès e também “sofrerá” uma forte carga cultural que o elevaria do ponto de vista moral e intelectual. A introdução traz um riff de guitarra sombrio, soturno, mas contemplativo.

"Requiem Per L'Abate Faria"

“Il Salto Nel Sacco” conta a ousada e arriscada fuga de Edmond Dantès da prisão. Começa com uma guitarra cativante e baixo encorpado, pulsante e, em um hard rock cadenciado e de tendências pop, a música segue em sua levada dançante e narra, em música, a fuga para um horizonte vazio de mar que o conduz para a liberdade.

"Il Salto Nel Sacco"

O quarto e último capítulo inicia com a faixa título, “Montecristo”, trazendo uma clara ambientação clássica, com um viés evidente do flerte do rock com o progressivo. Mas de um abre alas clássico e austero, irrompe em uma poderosa guitarra anunciando um hard rock potente e visceral e a partir daí é revelado uma música “coletiva” com uma intensa e competente participação de todos os integrantes da banda. O momento que Dantès “Encorpora” Montecristo e, diante de si, ergue-se a “Ilha de Montecristo”, a sua mãe segura e generosa.

"Montecristo"

“Il Duello” traz o momento em que Dantes, o Conde de Montecristo, começa a arquitetar o seu desejo de vingança e a libertação de um pesadelo que durou 15 longos anos. A música é introduzida com um belo, cativante e hábil riff de guitarra, com um baixo pulsante e percussivo, com um hammond que dá uma textura interessante a toda a música.

"Il Duello"

E encerra, finalmente, o álbum com “La Fine” que entrega uma sonoridade totalmente reconfortante, branda e tranquila com o dedilhar de um violão que logo se encontra com um lindo e limpo solo de guitarra. O que certamente denota o fim de uma “guerra”, a vingança de Dantès está completa, mas, como toda guerra, deixa sequelas, algum estrago, algumas feridas que, às vezes, é difícil de cicatrizar. Mas encontra a paz ao lado de sua amada, Mercedes, que por um momento achava que não conseguiria mais amar.

"La Fine"

“Montecristo” não é apenas mais um álbum conceitual, mas o grande álbum conceitual que, em tempos de músicas descartáveis e pobres, aquelas pasteurizadas, mostra que ainda há esperança de proporcionar, além do prazer, mas também cultura resgatando um clássico da literatura mundial.

É inacreditável a convergência narrativa do clássico de Dumas com a música que o Magia Nera construiu e por mais que tenha trazido construções óbvias com base no livro e na sonoridade o fez com estilo, com personalidade, aliando o classic rock, o hard rock e o prog rock, na dosagem certa, sem sobrepor os estilos, mostrando versatilidade e teatralidade.

“Montecristo” é um álbum que foi costurado, manufaturado, com requintes de detalhes, em um artesanato sonoro que há muito tempo não se via, não se ouvia no rock n’ roll na gama de seus clássicos conceituais. “Montecristo” sem dúvida pode ser considerado como um “novo clássico”.



A banda:

Bruno Cencetti na guitarra elétrica

Fabio D'Andrea no baixo e teclados

Emílio Farro no vocal

Pino Fontana na bateria

 

Faixas:          

1 - Il Tradimento

2 - Mercedes

3 - Il Primo Giorno di Prigionia

4 - Ricordi

5 - Tempo

6 - Voci nella mente

7 - La Galleria

8 - Requiem per l'abate Faria

9 - Il Salto Nel Sacco

10 - Montecristo

11 - Il Duello

12 - La Fine


Magia Nera - "Montecristo" (2020)



 

 

 

 
















































 


domingo, 4 de junho de 2023

Bixo da Seda - Estação Elétrica (1976)

 

Lamentavelmente costumamos lembrar de nossos músicos com as suas mortes! A frase pode parecer, de fato é, forte, pesada, mas essa é a nossa triste realidade. E essa realidade nua e crua se adequa aos nossos músicos à margem do mainstream. Embora o termo soe um tanto quanto cult, no Brasil o cenário beira o perverso.

Bandas sem apoio da indústria fonográfica, sem estrutura para produzir a sua arte, para divulga-la, jogadas ao relento, ao ostracismo pelo simples fato de não ser “vendável” era a tônica nos anos 1970. E para completar costuma-se atribuir às bandas oitentistas o título de desbravadores do “rock Brasil”. E quanto as bandas dos anos 1970? Nada a dizer?

Sem “vitimismos” a realidade é essa! Mas graças ao advento da tecnologia ao universo da comunicação, com as redes sociais, canais no YouTube, blogs, sites, entre outros, algumas bandas esquecidas do passado estão ganhando vida de novo, ganhando a luz, nascendo novamente. E não podemos esquecer, claro, dos abnegados que fazem isso acontecer.

E falando em vilipêndio e afins tivemos a triste notícia de que um grande vocalista, um grande músico nos deixou precocemente: Falo de Fughetti Luz, da banda gaúcha BIXO DA SEDA. E o texto de hoje é em homenagem a esse músico e a sua banda que deixou uma indelével marca na história do rock, embora muitos se recusam a conceber isso.

Bixo da Seda

O Bixo da Seda foi uma banda formada na cidade de Porto Alegre, na segunda metade dos anos 1960, mas se chamava “Liverpool”. Não se sabe a inspiração para o nome, mas, me permitem a “licença poética” para devanear, nós tínhamos uma banda de Liverpool, na Inglaterra que era a mais famosa da época, The Beatles. Será essa a influência?

Liverpool

O Liverpool lançou, em 1969, o seu primeiro álbum chamado “Por Favor Sucesso”. Este trabalho viria ser o embrião, ou pelo menos um dos que viriam a desbravar o clássico rock nacional, embora a sua sonoridade tenha uma pegada mais para a Jovem Guarda, famosa naquela época, com pitadas de Tropicalismo que ganhava corpo no final dos anos 1960. Neste álbum traz composições de Carlinhos Harlieb e da Hermes Aquino e Laís Marques, além de faixas próprias, compostas pelos músicos.

"Por Favor, sucesso" (1969)

Algumas poucas faixas ousavam com um pouco de psicodelia e até, arriscaria dizer, de um proto progressivo bem experimental. A faixa “Voando” desse álbum é um exemplo, um “protótipo” do que viria para frente no futuro dos seus jovens músicos.

Este álbum seria alvo de relançamentos fora do Brasil recebendo alguma atenção e tornando-se um álbum “cult”, recebendo também comparações com “Os Mutantes”.

Em 1970, ainda como Liverpool, a banda lançou o álbum “Marcelo Zona Sul”. Nesse trabalho já se desenhava, mesmo que timidamente o “pré-rock” do Bixo da Seda e neste álbum pode-se destacar a faixa título que tem uma pegada meio folk, meio surf rock. Este trabalho também foi trilha sonora do filme nacional de mesmo nome e dirigido por Xavier de Oliveira. O filme fala sobre a juventude carioca dos anos 1960 se tornando um sucesso de público e crítica revelando os atores Stepan Nercessian e Françoise Forton, que faziam os papéis principais.

"Marcelo Zona Sul" (1970)



Em 1971 o contrato da banda findou e, a partir daí, decidem lançar um compacto, utilizando o nome “Liverpool Sound”, pelo selo “Polydor”, da gravadora “Phonogram” com as faixas “Hei Menina” e “Fale”, sendo que seu lado “A” faz algum sucesso nas rádios do Brasil.

"Liverpool Sound" (Compacto 1971)

Em 1972 o Liverpool se desfaz com Fughetti Luz, o vocalista e principal compositor acabou se casando e indo passar uma temporada na Europa, de forma forçada, pois se exilou em virtude da repressão da ditadura militar, e Wilmar Ignácio Seade Santana, conhecido como Peco (Pepeco), que era o baixista, viajando pelo Brasil e o resto da banda se estabelecendo por Porto Alegre.

No final do ano de 1973 os antigos integrantes do Liverpool, exceto Fughetti Luz, decidem se reunir. A ideia era retomar a banda, mas resolvem mudar o nome para “Bixo da Seda”. A ideia do nome da banda partiu do guitarrista Zé Vicente Brizola, filho do político Leonel Brizola, que fazia parte da banda juntamente com o tecladista Cláudio Vera Cruz. A inspiração surgiu da forma mais óbvia para aquela época: enquanto a banda enrolava um baseado, pensaram na utilidade do papelzinho quase transparente que envolvia a “erva”. A utilidade veio para dar nome a uma das bandas mais emblemáticas do nosso rock.

Fughetti havia voltado para Porto Alegre e formou muitas bandas que tiveram vida curta, como Laranja Mecânica, Bobo da Corte e Trilha do Sol, por exemplo. Foi então que Mimi Lessa, guitarrista, fez o convite a Fughetti para fazer parte do novo projeto, do Bixo da Seda. “Bixo” se escreve com “x” mesmo. Fughetti então aceitou a proposta e se uniu a banda.

Em 1975 se transferiram para o Rio de Janeiro e começam a fazer muitos shows, afinal, o Liverpool lhes possibilitaram a ter alguma fama. Mas não ficaram apenas no Rio de Janeiro, tocando em casas de shows em São Paulo e Belo Horizonte. Mais uma vez mudaram de cidade e com isso também tiveram mudanças na sua formação. Saem da banda Peco, Zé Vicente Brizola e Cláudio Vera Cruz, entrando na banda Renato Ladeira, um dos fundadores de outra emblemática banda, A Bolha.

Com a formação que trazia Fughetti Luz, nos vocais, Mimi Lessa, na guitarra e vocal, Renato Ladeira, nos teclados e vocais, Marcos Lessa, no baixo e vocais e Edson Espíndola, na bateria e vocais gravam o seu primeiro álbum, homônimo, mas também conhecido por “Estação Elétrica”, em 1976, lançado pela gravadora GEL, por intermédio do selo “Continental”.

Eram meados dos anos 1970! O “sonho tinha acabado” com os Beatles e o movimento hippie, com o seu “flower power” havia morrido com seus principais e mais famosos representantes, como Hendrix, Joplin e Morrison. O rock n’ roll também mudou, sobretudo em 1976, ano de lançamento de “Bixo da Seda” ou “Estação Elétrica”, onde o progressivo não era mais viável, comercialmente falando, dando espaço a um raivoso punk rock. O estilo, que sempre foi subversivo, passou a se consolidar como um movimento social, uma arma nas lutas da juventude que ansiava por mudanças no status quo.

E sob esse aspecto comportamental o álbum do Bixo da Seda foi influenciado. Nele se ouve influência do rock progressivo, sim, o rock progressivo ainda estava em evidência graças, claro, a qualidade de alguns lançamentos e do rock n’ roll mais básico, mais calcado na música dos Rolling Stones.

O álbum é inaugurado pela faixa “Vênus” e na sua introdução a sua viagem blueseira se faz, com uma pegada mais cadenciada, com alguma “latinidade” e que logo desagua para um hard rock. Um excelente instrumental já mostrando as credenciais do Bixo da Seda.

"Vênus"

A sequência traz a faixa “Já brilhou” e com um vocal mais contemplativo, traz uma tendência psicodélica, com uma abordagem mais progressiva e regional, com riffs ocasionais de guitarra e uma “cozinha” bem apurada e conectada.

"Já Brilhou"

“É Como Teria Que Ser” traz de volta a “textura” mais hard rock, com algumas pitadas mais “Classic Rock”, ao estilo Rolling Stones, com aquela música de festa.

"É Como Teria que Ser"

“Carrocel” é mais “raivosa” sobretudo no contexto da letra, mas o instrumental acompanha essa pegada, com riffs, embora pegajosos, de guitarra, traduz esse sentimento, sendo um tanto quanto agressivo, envoltos em alguns eventuais solos, mais diretos.

"Carrocel"

“Bixo da Seda”, a faixa título, traz de volta aquela música de festa, meio solar e animada ao estilo Rolling Stones, mas com uma roupagem mais brasileira, extremamente dançante e envolvente.

"Bixo da Seda"

“Sete de Ouro” retoma com a levada instrumental na sua introdução, com pitadas generosas de psicodelia tipicamente brasileira do início dos anos 1970, mas que, em alguns momentos investe em mudanças rítmicas bem interessante, com destaque para as viradas da bateria.

"Sete de Ouro"

Segue com “Gigante” que ainda mantém aquela pegada lisérgica, com um viés mais rock n’ roll, em sua versão mais clássica, com algumas viradas rítmicas bem interessantes e, diria, ousada, algo tribal, com tambores, bongô e bateria, mostrando arrojo.

"Gigante"

“Um Abraço em Brian Jones” já diz tudo, já entrega a influência latente do Bixo da Seda e do seu álbum, do Rolling Stones, homenageando seu eterno guitarrista, Brian Jones. E a música, claro, denuncia isso, música de festa, pegada blueseira, com hardão mais cadenciado.

"Um Abraço em Brian Jones"

O álbum fecha com a faixa “Trem”, e segue na mesma levada dos Rolling Stones: música solar, animada, guitarra ácida, psicodelia, com uma abordagem mais pesada, bongôs a todo o vapor.

"Trem"

Após o lançamento do álbum o Bixo da Seda realizou vários shows pelo país com casas cheias, uma boa receptividade por parte do público, entretanto, ainda assim, a banda decreta o seu fim por questões financeiras. Não tinha grana para se manter na capital fluminense.

E depois do término da banda os integrantes se reuniram para shows em diversas oportunidades, mas sempre sem a presença do vocalista Fughetti Luz, por questões de saúde. Em 2005 o álbum é relançado, fazendo com que a banda continuasse a fazer shows ocasionalmente para divulgar esse momento importante do rock nacional, o renascimento deste clássico que determinou um ponto de importância para a cena rock do Brasil.

Ao vivo em 1998 no Auditório Araújo Viana, Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Em 2011 a banda volta aos palcos para mais e mais shows, mais ainda, infelizmente sem a presença de seu grande vocalista, frontman, Fughetti Luz, efetivando, em seu lugar, Marcelo Guimarães nos vocais e Marcelo Truda na guitarra.

Hoje os irmãos Mimi e Marcos vivem no Centro do país, participando de vários projetos voltados, claro, para a música. Edinho se tornou um dos bateristas mais requisitados e importantes do Brasil, tocando, inclusive, no Fu Wang Foo. Fughetti “apadrinhou” na década de 1980 várias bandas, entre elas a Bandaliera, para qual compunha várias músicas, e o Taranatiriça. Lançou ainda dois discos solos e morou, por muito tempo, no interior de São Paulo.

Mas, em abril de 2023, Fughetti Luz morreria. Luz era considerado como o “último hippie vivo”. Sem sombra de dúvida uma figura mítica, influente e extremamente relevante para a história do rock n’ roll e que deveria ter um pouco mais de crédito para a nossa cena em todos os tempos.

O Bixo da Seda merecia crédito por seu álbum, que, como Fughetti, que a construiu a sua imagem e semelhança, deixou uma marca indelével para a nossa cena rock. Um álbum genuíno, simples, direto e poderoso.

A banda, como muitas outras, que encenaram a prolífica década de 1970 deveria servir de compêndio para músicos e apreciadores do rock n’ roll para sempre! Altamente recomendado!





A banda:

Fughetti Luz no vocal, letras e composições.

Pecos (Wilmar Ignácio Seade Santana) Pássaro na guitarra

Mimi Lessa na guitarra

Renato Ladeira nos teclados

Marcos Lessa no baixo

Edson Espíndola na bateria

 

Faixas:

1 – Vênus

2 – Já Brilhou

3 – É Como Teria que Ser

4 – Carrocel

5 – Bixo da Seda

6 – Sete de Ouro

7 – Gigante

8 – Um Abraço em Brian Jones

9 – Trem