quarta-feira, 29 de abril de 2020

Blood Ceremony - Blood Ceremony (2008)


A música progressiva e o hard rock vêm ganhando nos últimos trinta anos alguma evidência e com novas roupagens e concepções sonoras dignas de audição e consequente respeito de nossa parte, os fãs. Gostaria de apresentar a todos uma banda canadense que é relativamente nova, mas já está na cena o suficiente para adquirir uma boa quantidade de interessados arrebatados pela sua sonoridade que flerta com o novo, dada algumas peculiaridades, mas que, ao mesmo tempo, homenageia o antigo, os anos 1970, mas sem soar datado. 

A banda atingiu certo reconhecimento pela Europa, mas é pouco conhecida no Brasil. Falo do BLOOD CEREMONY. A banda foi formada em 2006 e lançou o seu debut apenas em 2008 de nome “Blood Ceremony”, alvo de minha resenha de hoje.


Lembro-me de ter feito a minha primeira audição do Blood Ceremony há alguns anos atrás e o que me cativou foi o fato da banda flertar em muitas vertentes sonoras oriundos do longínquo anos 1970, como hard rock, rock progressivo, heavy metal, occult rock entre outros. A banda tem uma incrível capacidade de se comunicar com tantas vertentes que, teoricamente, não deveriam ser reunidos em uma só música, mas o faz com contundência, substância e muita criatividade. 

Blood Ceremony

Tentem analisar o seguinte: Juntem o folk progressivo do Jethro Tull com o hard rock com pitadas de doom metal do Black Sabbath e a temática ocultista do Coven: você tem o Blood Ceremony! É possível? Eu não achava, mas sim amigos leitores, é possível! 

Um hard prog obscuro que dignifica as vilipendiadas bandas do gênero esquecidas nos confins dos anos 1970. O nome, “Blood Ceremony” é inspirado de um filme de terror dirigido por um diretor espanhol chamado Jorge Grau intitulado “Cerimônia Sangrenta”, cuja história gira em torno de um evento real em 1610 com a famosa condessa Bathory Eszerbeth, conhecida por seu nível altíssimo de psicopatia e sadismo, onde matava as pessoas e bebia seu sangue, acreditando que teria a sua juventude eterna.


Acredita-se que a lenda dos vampiros tenha começado com ela. Bem, histórias à parte, o Blood Ceremony neste disco era formado por: Sean Kennedy na guitarra, Chris Landon no baixo, Andrew Haust na bateria e Alia O'Brien nos vocais, flauta e órgão.


Toda a aura do disco, que dá a banda a atmosfera de progressivo obscuro é graças a vocalista excelente Alia O’Brien que também toca flauta e órgão. A flauta é o instrumento presente neste álbum e o peso do mesmo conta com a “cozinha” maravilhosa (baixo e bateria) e a guitarra com excelentes solos e riffs. 

A primeira faixa “Master of Confusion” começa com um órgão tocado de forma obscura e que nos conduz ao fim dos anos 60, bem lisérgico, que explode em um hard rock ao estilo Black Sabbath ou com o frenesi do The Doors. A qualidade e a peculiaridade da música e que descreverá toda a proposta do álbum.

"Master of Confusion", live

“I'm Coming With You” tem uma levada doom com pitadas mais do que generosas de rock e progressivo ao estilo Jethro Tull com a flauta em destaque. 

"I'm Coming With You", live in Chicago

“Into The Coven” mostra um pouco dos riffs de guitarra e da sonoridade do heavy progressivo obscuro do Mercyful Fate, com uma atmosfera densa e carregada.

Blood Ceremony - "Into the Coven", live in Belgium

“A Wine of Wizardry” tem mais uma vez a flauta como instrumento de destaque e me remete a bandas como o Focus, por exemplo, bem medieval. “Rare Lord” tem uma pegada bem dark, um progressive dark de ótima qualidade que deixaria felizes bandas como Goblin e Black Widow, uma atmosfera meio space rock ou algo do tipo.

"Rare Lord"

“Return to Forever” tem uma participação da banda, todos se destacam, baixo, bateria e guitarra dão a música o peso que é regido pelo vocal hipnótico de Alia. “Hop Toad” mostra o lado obscuro, mais uma vez, com pegadas de hard progressivo com a flauta sempre presente em contraponto ao peso. “Children of the Future” é linda demais, com riffs lentos e pesados com um fundo progressivo e folk, mostra toda a versatilidade da banda. O som pagão e marginal!

"Children of the Future", live at Berlin (2011)

E fechando o álbum temos “Hymn to Pan” com o Blood Ceremony mostrando versatilidade, uma miscelânea de estilos, com progressivo, lisergia garantida pelo órgão, peso na medida, uma grande faixa de progressivo, psicodélico, hard. Enfim, o Blood Ceremony já é a síntese da realidade positiva do progressivo e hard rock mostrando que a cena está viva e com substância.





A banda:

Sean Kennedy na Guitarra
Chris Landon no Baixo
Andrew Haust na Bateria
Alia O'Brien nos Vocais, Flauta e Teclados


Faixas:

1 - Master Of Confusion
2 - I'm Coming With You
3 - Into The Coven
4 - A Wine Of Wizardry
5 - Rare Lord
6 - Return To Forever
7 - Hop Toad
8 - Children Of The Future
9 - Hymn To Pan



"Blood Ceremony" (2008)







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