Sou um entusiasta dessa nova
(nem tanto mais) cena de bandas de stoner rock, doom metal, rock psych que vem
crescendo nos últimos 20 anos, desde o início da década de 2000 e ainda mais na segunda década de 2010.
Vem crescendo tanto que já está saturada e, como
costuma acontecer nesses casos algumas bandas se tornam um tanto quanto
repetitivas, uma redundância sonora inconveniente, mas ainda
assim, formada por bandas, em sua maioria, consistentes e que estão
resgatando as origens do rock n’ roll, genuíno, aquele que se faz com o colhão,
da forma mais visceral e despretensiosa possível, sem amarras, no seu formato
mais marginal, como em tempos gloriosos de outrora.
Conhecidos como “rock retrô”, talvez de forma pejorativa, pois trazem, além da sonoridade característica da década de 1970, tem um apelo
estético muito evidente daquela época. Mas não se enganem, caros amigos leitores, pois apesar de tudo isso,
da saturação e tudo mais, ela traz consigo um frescor, um odor de novidade, um toque de
contemporâneo, diante de grandes entressafras criativas que costumamos ver e ouvir na cena maisntream.
Tenho dada a
devida atenção a essa cena, a essas bandas que fazem um som orgânico, real, sem
máquinas eletrônicas que precisam apenas de botões para emitir sons desconexos
para dar o título de músicos a charlatões que pregam uma pseudo revolução da
música.
Mas confesso que quando conheci o THE DEVIL AND THE ALMIGHTY BLUES, uma
banda que veio da Noruega, mais precisamente da cidade de Oslo e li as suas influências musicais,
tais como: doom metal, hard rock e blues, fiquei relutante e confesso que
subestimei os caras.
Afinal, essas referências vem de bandas como Black Sabbath
e essa cena está repleta de bandas com influência do Sabbath. Pensei: Ah, mais
uma que soa como o Black Sabbath! Dei uma chance e decidi ouvi-la. Uau!
Como pude ter tido uma visão tão pré-concebida?
Uma banda tão vigorosa,
arrogantemente poderosa, com uma sonoridade tão crua, direta, mas dotada de
tanto virtuosismo, ao mesmo tempo. Pois é, a terra do black metal pode te
entregar algo além e de muito peso também e que, claro, traz influências das
bandas sujas e pesadas dos anos longínquos da década de 1970, mas com o arrojo
de mesclar o hard rock, o blues, o doom metal e o stoner rock, em uma sopa
contemporânea, o frescor dos novos tempos com o pé no passado sem soar datado.
A banda foi formada foi formada em 2015 e logo neste mesmo ano lançou o álbum,
que ouvi e será alvo desta resenha, o homônimo “The Devil and the Almighty
Blues” e contava com a seguinte formação: Arnt
O. Andersen, nos vocais, Petter Svee e Torgeir W. Engen nas guitarras, Kim Skaug no
baixo e Kenneth Simonsen na bateria.
Um álbum impossível de ficar parado, porque é poderoso e vivaz e que começa soturno, arrastado, com o riff característico do
doom metal e um baixo pulsante e marcado de "The Ghosts of Charlie Barracuda", mas que logo irrompe em um hardão alto
com vocal gritado e frenético e aquele tempero bluesy para dar o sabor a comida
sonora.
"The Ghosts of Charlie Barracuda", live at Sonic Blast Moledo
“Distance” já começa dando um murro na porta, com um hard rock direto e
cru, com solos de guitarra bem elaborados, um som que te remete aos anos 1970. “Storm
Coming Down” começa com um riff de guitarra, algo repetitivo, mas os outros
instrumentos como o baixo e uma bateria mais marcada e forte vêm sendo
adicionada, uma a uma compondo uma sonoridade agressiva e pesada, aqui o doom e
o stoner ganham destaque.
"Distance"
“Root To Root” se apresenta com um doom sujo, com um
riff pesadão de guitarra, um contexto instrumental ameaçador e sombrio, com o
blues inserido de uma forma dilacerada e inusitadamente homenageado, assim
segue a faixa seguinte, “Never Darken my Door”, mais com um pouco de groove, um
pouco dançante, animada e cadenciada.
"Root to Root, live at Desertfest, Berlim, 2019
E fecha com “Tired Old Dog” com a
característica introdução de um riff pesado e sujo de guitarra e com a
apresentação gradativa dos outros instrumentos formando uma camada densa e
soturna em uma combinação explosiva entre hard e blues em um duelo salutar em
prol da música.
"Tired Old Dog"
O The Devil and the Almighty Blues, que vem da fria Noruega, apresenta, em seu debut, o calor borbulhante do rock autêntico e sujo, que
parece ter minado das profundezas do inferno fazendo jus ao seu nome. Uma
pérola bruta mais do que recomendada.
A banda:
Arnt O. Andersen no vocal
Petter Svee na guitarra
Torgeir W. Engen na guitarra
Kim Skaug no baixo
Kenneth Simonsen na bateria
Faixas:
1 - The Ghosts of Charlie Barracuda
2 – Distance
3 - Storm Coming Down
4 - Root to Root
5 - Never Darken My Door
6 - Tired Old Dog
"The Devil and the Almighty Blues" (2015)
Versão do álbum para Bandcamp acesse aqui
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