Breda, pequena cidade no sul
da Holanda, perto da fronteira com a Bélgica, 1972. Jovens estudantes decidiram
montar uma banda. Inicialmente era formada pelo baixista Rob Overdijk, o
guitarrista Arnold Hoekstra, o baterista Freek Peeters, a cantora Kitty
Maanders e o percussionista Hans Marynissen que também era poeta e escritor.
Hans era um precoce músico! Tocava percussão desde os cinco anos de idade e
participava da banda de metais conduzida pelo seu pai. E os outros membros da
banda sondava Hans exatamente por conta de suas habilidades como músico,
principalmente como escritor. Ele, inclusive, publicou alguns poemas e ainda
escreveu uma peça para uma revista do ensino médio. Era um prodígio!
Após vários meses de ensaio a
banda compôs um repertório interessante, autoral com música de Rob e letras, em
inglês de Hans. Seguia com uma pegada meio country rock e isso os diferenciava
da cena local cujas bandas optavam por tocar músicas de bandas famosas, cover.
Eles adotaram o nome “Matrix”, sugestão de Hans e fizeram, finalmente, seu
primeiro show em uma festa da escola em maio de 1973, antes de fazer uma turnê
pela região com alguma repercussão.
Em outubro de 1973, Jack van Liesdonck e seu irmão, Pim, se juntaram ao Matrix como roadies. Jack, que havia aprendido a tocar violão e recebido aulas de piano desde os 15 anos de idade, antes de começar a tocar jazz, reforçou a banda. As mudanças na formação aconteceriam pela primeira vez. E não ficou apenas com a entrada de Jack. No início de 1974 Hans Hoekstra emigrou para o Canadá, Kitty largou a música e Freek deixou a banda para se tornar baterista profissional, entrando no lugar o exímio baterista e percussionista Hans Boeye.
Complicou! Os músicos restantes procuraram substitutos e fizeram um teste com o guitarrista Ruud Wortman. O cara tinha uma reputação, por ser autodidata e ter tocado em algumas bandas locais. Claro foi recrutado ao Matrix.
Até o nome da banda mudou! Por
sugestão de Hans, novamente, a banda mudou seu nome para “Grace”. Era uma
homenagem a namorada dele. Entrou também para o agora Grace o baterista Frank
Berkers, outro atuante da cena local e do guitarrista e vocalista Theo van der
Holst.
A banda começaria do zero,
tudo de novo. Músicos novos, nome novo, tudo novo. Até mesmo a vertente musical
foi modificada, talvez pela entrada de músicos mais arrojados, o country rock
deu lugar para o rock progressivo, hard rock e classic rock e essas novas
sonoridades permeavam nas suas novas composições, mas alternavam com algumas
músicas covers, que variava de Santana, The Allman Bros., Camel, King Crimson
etc. Sua primeira música autoral composta, “Brain Damage” foi composta por
Ruud, Jack e Hans e, a partir daí, o Grace começou a se apresentar em Breda e
Roosendaal e colocou seu novo show em prática.
Em maio de 1975 descobriram
que existia uma banda inglesa que se chamava Grace também e foram obrigados a
mudar novamente seu nome. Eles optaram por “Flight”, mas o soletraram FLYTE
para destacar em material de divulgação. Uma grafia diferente poderia gerar um
impacto no seu início. E será essa banda que falarei na resenha de hoje. Duas
semanas após a mudança do nome o Flyte abriria o show para uma banda conhecida
da Holanda chamada Alquin em Nieuwendijk, mas, uma nova baixa: Theo van der
Holst deixaria banda, logo em seguida.
Em julho de 1975 uma banda
chamada “Space”, que tocava músicas dos Rolling Stones, Led Zeppelin e Bad
Company, além de blues rock diversos, fez um show de despedida em Stabroek, no
lado belga da fronteira.
O vocalista Ludo Cools e o
tecladista Leo Cornelissens, que eram do Space, foram abordados pelos caras do
Flyte que fizeram um convite para Ludo e Leo entrarem na banda. Convite aceitos
pelos dois! Foi fácil a negociação afinal compartilhava das mesmas predileções
musicais. Ludo era um belo vocalista, tinha um vocal forte capaz de flertar
entre tons graves e agudos e Leo trouxe à banda muitas composições originais. A
participação deles foi determinante para a postura da banda nos palcos, no
estúdio, fazendo com que a banda amadurece.
No verão de 1975 a nova
formação do Flyte, com Ludo e Leo, abriu o festival ao ar livre de Essen, na
Bélgica e tocou ao lado da banda holandesa Earth and Fire, um pouco mais
famosa. Com um microônibus Mercedes personalizado com o novo logotipo da banda,
feito por Hans, o Flyte embarcou em uma pequena turnê pelas cidades que faziam
fronteira com a Holanda e a Bélgica, são elas: Antuérpia, Roosendaal, Dorst e
Essen.
Durante essa série de shows, a
banda apresentou suas novas músicas escritas por Leo, enriquecendo seu
repertório. Eles tiveram até uma ideia de uma ópera rock chamada “Into the
Mounth of the Night”. Com isso, com essa temática conceitual, seus shows costumavam
durar cerca de duas horas e meia com vários efeitos de luz e fumaça. O aspecto
teatral da banda também estava no ritual com Ludo se adornando com fantasias.
As novas músicas provocaram um
forte trabalho da banda com enfoque intensivo de ensaios, com novas ideias
testadas, com uma estrutura razoável para boa onde se gravavam até os shows para
servir como apoio para novas ideias. Músicas como “I Am Beautiful”, “Slower
Than Clouds and Bigger” e o instrumental “Ceremonies” foram inteiramente
concebidos a partir dessas improvisações e ideias.
O Flyte estava ganhando
projeção e abriu o festival de Breda, aparecendo no mesmo projeto que Focus,
Kaz Lux e The Flying Burrito Bros. Em janeiro de 1977 as revistas holandesas
“Music Maker” e belga “Joepie” destacavam espaço em suas edições a artigos sobre
a banda. Mais mudanças aconteceram! Gijs havia saído a essa altura e Vic Storm,
um baterista voltado para o jazz, o substituiu, Rob Overdijk voltaria à banda,
depois que a banda triunfou no Festival de Tilburg, aparecendo com Herman Brood
e Sweet D’Buster, abrindo ainda para Alquin em Roermond. Eles adicionaram ao
som da banda um mellotron e um clavinete para enfatizar um aspecto mais
sinfônico a sua música.
Novas fitas demos foram
gravadas na Bélgica com um amigo do Flyte, Roel Röring que ainda participando
com vocais de apoio. Kees van Gool substituiu Maurice Fraeymann como operador
de PA. Como Toon havia emigrado para Portugal, Arnold van Walsum se tornou o
novo empresário da banda. Um novo design do logotipo da banda foi impresso em
pôsteres, adesivos e camisetas. Nos shows a banda começou a ensaiar material
para o seu álbum de estreia, finalmente e que provisoriamente foi intitulado
“Cast of the Stars”.
Eles selecionaram suas músicas
favoritas para esse momento, incluindo composições mais antigas como “Dawn
Dancer” e “Woman”. Seus shows estavam se tornando cada vez mais espetacular,
profissional mesmo. O público estava adorando todo o aspecto sonoro e de
produção de palco.
Em outubro de 1977 o Flyte
tocou alguns sets em uma escola secundária de Antuérpia, sendo transmitido, ao
vivo, pela rádio belga chamada BRT. Nessa ocasião eles deram uma exibição a
algumas seções da ópera projetada, integrando-as habilmente em novas músicas
como “You’re Free” e “I Guess”. Eles tocariam músicas mais recentes como “The
Doors Inside”, Millions of Mornings” e “How she Dances”.
Em janeiro de 1978, Hans Boeye,
um renomado baterista belga, substituiu Vic Storm. Filho de um respeitado
músico flamengo, ele estudou música desde cedo e teve uma bateria profissional
aos 15 anos. Depois de uma curta temporada com uma banda do ensino médio, ele
se juntou ao Llamb, uma banda com o violinista americano Michael Zydowsky que
tocou com Flock.
Em março de 1978 demos das
faixas do álbum foram gravadas nos estúdios Just-Born, em Hekelgem. Esses
estúdios eram de propriedade de Luc Ardyns, empresário da lendária banda belga
Isopoda. Nesse ponto, nova baixa na banda! Rob deixaria definitivamente o Flyte,
sendo substituído pelo vocalista e baterista Peter Dekeersmaeker.
Em maio de 1978 o Flyte tocou
trechos de seu repertório para Fritz Valcke, dono do estúdio Kritz, em Kuurne,
na Bélgica. Valcke e seu engenheiro de som, Michel Barez, foram conquistados
pela qualidade da música do Flyte e decidiram produzir o primeiro álbum da
banda.
Os caras entraram em estúdio
em julho de 1978. Eles conseguiram gravar todos os padrões rítmicos de suas
músicas ao vivo em uma tomada! Gravações adicionais foram feitas sob a direção
de Michel Barez e as sessões foram distribuídas por vários meses, dependendo da
disponibilidade do estúdio. Hans Marinyssen saiu em outubro, mas continuou como
letrista da banda. Ludo assumiu as funções de percussão no palco e no estúdio.
A banda assinou um acordo de
distribuição com uma empresa holandês chamada Oldway e publicou as músicas pela
Oldmill, que era dona do pequeno selo Don Quixote. A Oldmill impôs seu produtor
interno, Geoff Hardisty, à banda, mas ironicamente sua parte no processo de
gravação provou ser insignificante. Eqnaunto isso, Fritz Valcke passou a ser o
novo empresário do Flyte.
Novas músicas foram gravadas e
mixadas durante novembro e dezembro de 1978. No dia seguinte ao Natal, Flyte
tocou em um festival em Breda ao lado de Jan Akkerman, Solution e Fruit, uma
banda composta por seu ex-baterista Frank Berkers e o cantor Roel Roring. Até
fevereiro de 1979, a banda trabalhou na produção de seu álbum, que apresentou
sua primeira composição, "Brain Damage". Peter também havia criado
esboços para uma nova música intitulada "Aim at the Head".
A banda decidiu chamar seu
álbum de "Dawn Dancer", mas renomeou a faixa "Dawn Dancer"
para "Your Breath Enjoyer", para evitar confusão. Ludo escolheu ser
creditado na capa sob o nome de sua mãe, Rousseau. Um grupo de apoio feminino,
o Emily Delen Singers foi convidado por Leo para cantar em "Heavy Like a
Child", enquanto Roel Röring cuidou de todo o resto dos vocais de apoio. A
capa foi desenhada por um amigo de Geoff Hardisty, representando o personagem
"Dawn Dancer", enquanto o logotipo da banda também foi retrabalhado
de forma estilizada.
“Dawn Dancer” foi finalmente
lançado em março de 1979, mas a banda ficou insatisfeita com a prensagem
considerando um número insuficiente. No entanto o álbum teve muita repercussão
nas rádios holandesas e as críticas à imprensa foram altamente elogiosas.
Não sou muito afeito a
comparações, acho demasiado arriscado e suscita discussões, em dado momento,
totalmente desnecessárias, mas ouvir o Flyte, com seu “Dawn Dancer”, me remeteu
à cena Canterbury, principalmente ao Camel, mas não se enganem estimados
leitores, não podemos traduzi-lo como plágio. Sempre foco na questão da
inspiração, na influência, levando em consideração, principalmente, na
influência que foi o Camel para o prog rock. Nota-se texturas evidentes de
progressivo sinfônico e de classic rock, em alguns momentos.
O álbum é inaugurado com a
faixa “Woman” já começa solar com solos vibrantes e diretos de guitarra. O
vocal logo entra melódico e dramático, cantado de forma cristalina e
competente. A música, com algumas mudanças rítmicas, vai de uma contemplativa
balada a sons mais pesados capitaneados pela guitarra, tendo a textura
excelente dos teclados. Na metade da faixa o solo de guitarra é mais
proeminente e os teclados trazem notas sinfônicas. Excelente!
Segue com “Heavy Like a Child”
que traz o vocal, igualmente melódico e dramático, praticamente à capela, mas
logo entra a bateria altiva, marcada, cheia de viradas e baixo mais vívido.
Surge um solo de guitarra e logo em seguida uma viagem meio psicodélica vocais
em coro determina uma faixa mais austera e cheia de recursos sonoros,
corroborados pelo teclado meio experimental e logo se traveste de um intenso
prog sinfônico. Uma música bem versátil!
“Grace” começa suave, viajante
e contemplativa, com dedilhados sutis de guitarra e teclas que trazem essa
textura, mas entra a “cozinha” com sua boa sessão rítmica que encorpa a faixa,
mas que logo volta ao ponto de partida. E assim alterna e entre essas mudanças
rítmicas tem solos avassaladores de guitarra que é de tirar o fôlego. Não
podemos negligenciar a pegada meio dançante entre essa “salada” sonora.
Fantástica faixa!
“You’re Free, I Guess” começa
mais simples e direta, diferente da complexidade das faixas anteriores, talvez
uma introdução mais comercial. Teclados induz uma veia meio dançante, vocal
ecoam na mente, melódico e por vezes meio soturnos é um destaque à parte. Talvez
não seja a faixa mais inspiradora do álbum, mas, ainda assim, é válida a
audição.
“Aim at the Head” vem intensa,
pesada! Riffs de guitarra trazem tal textura, mas logo fica mais cadenciada,
com, mais uma vez, uma pegada dançante. O vocal nessa faixa é desconstruído, um
pouco mais rasgado e até sarcástico, em alguns momentos. Os solos de guitarra
trazem de volta o peso inaugural. Mais uma vez as mudanças de andamento se
tornam destaque nessa bela música.
“Your Breath Enjoyer” começa
mais operística, ao estilo Genesis, mas é estranha, porque segue em uma vibe
mais jazzística, dado momento. Fica mais pesada com riffs de guitarra e solos
mais básicos, porém que são peso à faixa. Os teclados dão sustentáculo à música
e as suas mudanças de ritmo.
“King of Clouds” começa quase
angelical, suave, discreta, mas logo entra o teclado que, em um clima
contemplativo, entrega uma balada, com o vocal suave e melódico corrobora esse
clima de balada rock, com a adição de solos limpos de guitarra. E esse solo se
estende e traz a sensação de leveza, de que a alma sai do corpo e viaja a
dimensões jamais vistas e sentidas. Incrível!
E fecha com “Brain Damage” que vem mais pesada, com riffs de guitarra mais agressivo, tendo nos teclados seu belo “rival” trazendo um pouco mais de leveza à faixa. O vocal determina essa leveza e a guitarra logo surge límpida e viajante. O embate entre leveza e peso está na “dosagem” certa, perfeita, diria.
Infelizmente, a distribuição
da Oldway foi ruim e, para piorar as coisas, a gravadora faliu depois que
apenas 2.000 cópias do disco foram prensadas. O disco foi imediatamente
excluído. No entanto, algumas outras centenas de cópias foram prensadas e vendidas
alguns anos depois pela empresa que comprou o material (e que encontrou uma
cópia de uma fita master do álbum de Flyte) da Oldway. Com “Dawn Dancer” fora
do mercado, a banda conseguia poucos shows Contra as gravadoras que não
tolerariam o lançamento de um segundo álbum, Ludo e Ruud deixaram a banda,
desencantados.
Em abril de 1980, Flyte se
estabeleceu em Kalmthout, Bélgica, e recrutou o vocalista Rudi Fabeck e o
guitarrista Walter Meuris. Em maio, essa nova formação do Flyte fez seu
primeiro show em Essen antes de embarcar em uma curta turnê com shows em
Antuérpia, Hamme, Brugge, Eeklo, Breda e Gent.
Em agosto de 1980 a banda
gravaria uma fita demo com suas novas músicas: "Shoreline Castle",
"The Battle of Forever", "Killer Cure" e "Weld and
Amazing", todas destinadas à inclusão em um segundo álbum. Este deveria
ter sido chamado de "Cast of the Stars", assim como seu primeiro
disco, mas nada aconteceu. Uma última tentativa de sucesso foi lançada em
novembro de 1980, quando a banda retornou ao Kuurne Studio para gravar um
single às suas próprias custas. Este apresentava "Killer Cure" e uma
nova versão de "Aim at the Head". Foi distribuído por uma subsidiária
da Don Quixotte chamada Assekrem, mas embora essas faixas tivessem uma pegada
bem rock n’ roll, passaram despercebidos em uma época em que a new wave estava
em ascensão. Cansados de tantas frustrações, o Flyte decidiu se separar após um
show de despedida em Essen, em 13 de fevereiro de 1981.
Três anos depois, no entanto,
em 1984, um show de reunião ocorreu em Essen. A banda tocou todo o seu primeiro
álbum e o material que havia sido reservado para o segundo. Mais tarde, Hans
Marynissen se tornou o percussionista de uma banda de metais chamada Vsop, que
lançou um álbum. Ele também trabalha como empresário e engenheiro de som. Leo
emigrou para a Inglaterra, onde trabalha para uma empresa agrícola.
Hans Boeye tocou com várias
bandas e aparece no segundo álbum do Kitchen of Insanity, uma banda fortemente
influenciada pelo The Doors. Atualmente, ele toca com Ben Crabbé e The
Floorshow. Ruud se tornou um guitarrista de estúdio, indo para os EUA, onde
tocou com uma banda chamada Sea Breeze antes de retornar à cena holandesa. Jack
é um disc jockey, Peter se tornou advogado e Ludo um funcionário
público.
As músicas dizem muito o que o
Flyte se propôs a criar em seu “Dawn Dancer”: Um rock progressivo genuíno que
trazem muitas inspirações dos períodos iniciais do prog rock lá pelos anos
1970, 1971 e 1972. Visões de música clássica, prog sinfônico, jazz rock são
sustentações de sua música. Por mais que não possa soar como algo
revolucionário, principalmente levando em consideração o seu período de
lançamento, trazem estruturas bem edificadas de um genuíno rock progressivo e
suas vertentes. Aos apreciadores do estilo, “Dawn Dancer” é uma pérola, uma
excelente pedida.
O famoso selo underground “Musea” relançou, no formato CD, “Dawn Dancer” para a alegria de fãs aficionados pelo prog rock e que, de certa forma, ajudou, claro, a difundir essa pérola perdida do fim dos anos 1970. Tal relançamento completou 30 anos em 2024 e fica a espera e a expectativa de possíveis novos relançamentos para que o maior número de pessoas possíveis possa ter esse trabalho magnífico em mãos, ao que apreciam mídia física. E quem sabe também as novas músicas que comporia o segundo álbum possa vir à tona algum dia. Pérola mais do que recomendada!
A banda:
Lu Rousseau nos vocais e
percussão
Ruud Wortman na guitarra
acústica e elétrica, além dos vocais
Jacky Van Liesdonk no piano
acústico e elétrico, clavinete e sintetizadores
Leo Cornelissens no órgão,
Mellotron, String Ensemble e vocais
Peter Dekeersmaeker no baixo e
vocal
Hans Boeye na bateria e
percussão
Hans Marynissen na percussão
Com:
The Emily Delen Singers nos
backing vocals na faixa 2
Faixas:
1 - Woman
2 - Heavy Like a Child
3 - Grace
4 - You:Re Free I Guess
5 - Aim at the Head
6 - Your Breath Enjoyer
7 - King of Clouds
8 - Brain Damage
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