Definitivamente o hard rock
estadunidense ainda tem a capacidade de nos revelar grandes pérolas obscuras.
Verdadeiras pepitas sonoras que ainda sequer foram descobertas, inalcançadas,
prontas para serem reveladas em garimpagens para lá de fantásticas e
encontradas no mais belo estado bruto do mais puro e genuíno rock.
Não se enganem que o hard
rock americano se limita a bandas manjadas, conhecidas como Van Halen, temos um
universo a se desbravar que estão, empoeiradas, nos baú do rock.
Lembro-me que esta banda que
será abrilhantada nesta humilde resenha eu descobri, claro, em minhas
garimpagens pela grande rede e quase que despretensiosamente eu encontrei uma
banda com um nome um tanto que inusitado, pelo menos para mim, e nela me
aventurei, confesso que sem muitas expectativas acerca de sua qualidade sonora.
Comecei a ouvir! O “play” me
revelou uma pérola, literalmente um primor sonoro que sempre me pergunto o
motivo pelo qual essa banda não atingiu êxito em sua história.
O fato é que essa pergunta
suscita vários questionamentos e muitas possíveis respostas e que talvez, nos
dias de hoje, não seja mais relevante comentar sobre essas questões, sobretudo
pelo fato que muitas dessas bandas estão, graças ao advento da internet, redes
sociais e pessoas abnegadas, ávidas, como esse que vos fala, pelo novo, faça
que essas bandas, esses álbuns ganhem a luz.
Então sem mais delongas
vamos às apresentações! O nome da banda é ALAMO e, como disse, foi formada nos
Estados Unidos, mais precisamente na região do Menphis, Tenessee. Área boa,
área dominada pelas bandas de country rock, de blues, aquelas bandas “caipiras”
com sons bem peculiares, característicos da música popular americana.
Mas não se enganem com o
Alamo! Você foi enganado pelas circunstâncias do esteriótipo. O Alamo traz
elementos de blues sim, em algumas faixas do seu único álbum, homônimo, lançado
em 1971, mas também entrega um hard rock vigoroso, com “pitadas” generosas de
rock psicodélico, em voga no início dos anos 1970, tendo a condução magistral
de um belo órgão, belos teclados, dando uma textura bem interessante ao
contexto sonoro da banda.
Os primórdios, o embrião do
Alamo começa em 1965 com o guitarrista Larry Raspberry, que tocou com a banda
Gentrys, atingindo as paradas de sucesso com a música “Keep On Dancing”.
Adicionando, junto com a
guitarra de Raspberry, o teclado excepcional e poderoso do tecladista Ken
Woodley que fora membro da banda Cosmos. Esse foi o “miolo”, a “espinha dorsal”
do que viria a ser a nova banda do pedaço em Tenessee, o Alamo.
Juntando-se a Woodley e
Raspberry Larry Davis escalado para tocar no baixo e fechando o time entraria Richard
Rosebrough assumindo a bateria. Pronto! A banda estava formada!
O álbum “Alamo” foi finalmente lançado em 1971 pelo famoso selo “Altantic Records” e foi vendida à imprensa especializada como uma espécie de novo “Led Zeppelin”. Lamentável! Lamentável que, mais uma vez, os formadores de opinião influencia negativamente no futuro das bandas antes ainda de seu nascimento. Talvez esse tenha sido o início do fim da banda que precisava ser associada a uma banda de sucesso à época, como o Led Zeppelin, para ganhar alguma publicidade e gerar algum lucro à indústria fonográfica.
Já que o Led Zeppelin foi
mencionado vale, como curiosidade, ressaltar que o Alamo e o próprio Zeppelin
tocaram em um festival importante da época chamado Atlanta Pop Festival em 1969,
antes mesmo do Alamo lançar seu único álbum auto-intitulado.
Então dissequemos este belíssimo álbum, porque afinal é
de música que precisamos, é da importância desta que faz da nossa vida, algo
mais alegre, por mais efêmero que possa ser, levando em consideração que este foi o único trabalho dessa incrível banda. Um volumoso hard
rock calcado em riffs e solos de guitarra e de teclado do mais puro rock
sulista.
O álbum é inaugurado com a
faixa “Got To Find Another Way” que já tem a introdução do poder avassalador do
riff da guitarra e da bateria marcada e de forte pegada com aquele vocal rouco,
alto e rasgadão. Aquele exemplar de um típico hardão setentista.
“Soft And Gentle” segue um
pouco mais desacelerado, o esforço da banda em trazer uma balada fundamentada
em solos mais intensos e fortes de guitarra e de fato conseguem sucesso, pois
traz também uma atmosfera bem interessante com as linhas de teclado.
A sequência com “The World
We Seek” tem o destaque sensacional das teclas de Woodley e o baixo potente e
cheio de groove dá o tempero necessário para que esse faixa seja super dançante
e muito solar.
E eis que surge nada menos
que uma das melhores faixas do álbum, “Question Raised” que, sem dúvida, é uma
das mais pesadas também. Começa veloz, pesada, intensa, frenética. Cheia de
energia tem uma simbiose maravilhosa entre a guitarra e o teclado em uma
espécie de disputa saudável fazendo da faixa um trovão sonoro.
“Bensome Changes” inicia com
um breve solo de bateria e irrompe em um blues rock volumoso, mesclado a um
hard rock e um vocal excepcional que remete a uma espécie de protos toner, dado
o seu peso.
Segue com “All New People”
com novamente o protagonismo do órgão e da guitarra com uma sonoridade mais
simples, porém direta, cheia de dinamismo e intensidade.
“Get the Feelin'” já
inaugura com baixo e guitarra dominando a área, com uma bateria cheia de
gingado, a típica música sulista, enaltecendo a pureza da música popular norte
americana. Talvez seja a faixa mais complexa do álbum com algumas mudanças de
ritmo, de ambiente, variando muito, mostrando a destreza instrumental dos
músicos.
E fecha, com chave de ouro,
com a faixa “Happiness Is Free” que também é desacelerada, com uma pegada bem
comercial, mais radiofônica, mas com muita qualidade tendo o vocal mais limpo,
límpido, discreto talvez, e riffs ocasionais de guitarra e alguns solos
simples, mas bem executados.
O tempo de vida do Alamo foi
curto, logo pereceu, mas a maioria dos músicos que nela fez parte seguiu as
suas vidas e carreiras musicais em outras bandas e projetos.
Larry Raspberry seguiu em
carreira solo por algum tempo e logo depois formou a banda Larry Raspberry
& the Highsteppers cuja vocalista, Carol Ferrante, ex-miss Tenessee, uma
celebridade local, que também tentara o concurso de Miss America. Richard Rosenbrough se juntou a Lee Baker & The
Agitators. E os demais integrantes passaram a tocar em bandas como
Hot Dogs e Big Star. O álbum “Alamo” foi relançado em 2008.
A banda:
Richard Rosebrough na bateria
Ken Woodley nos teclados
Larry Raspberry na guitarra
e vocal
Larry Davis no baixo
Faixas:
1 - Got To Find Another Way
2 - Soft And Gentle
3 - The World We Seek
4 - Question Raised
5 - Bensome Changes
6 - All New People
7 - Get The Feelin'
8 - Happiness Is Free
Download aqui!
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