É muito difícil falar de rock progressivo e suas vertentes sem mencionar
as grandes bandas do passado e que se consagraram graças aos seus álbuns
seminais. São eternas e precisamos enaltecê-las sob todas as formas, afinal
reverenciar para eternizar a sua música tão importante para a edificação da
cena. Contudo, de uns anos para cá, estamos testemunhando o surgimento de novas
propostas e cenas de prog rock nas suas mais diversificadas vertentes que
precisam e merecem todo o apoio dos fãs.
São bandas como essas que revigoram e traz uma reciclagem a essa rica
música, o sentido da progressão é evidente com as bandas contemporâneas. Umas
seguem a cartilha do passado sem soar datado, outras trazem novos elementos,
mas respeitam e se resguardam com o passado glorioso e intocável das grandes
bandas setentistas que amamos e que colocamos no pedestal de nossas predileções
e necessidades sonoras.
O fato é que a nova cena da música progressiva seja aliado ao heavy
rock, heavy metal, melódico, stoner rock, doom metal e outros gêneros precisa
ser respeitada pela competência, originalidade e qualidade. Uma dessas bandas é
o PURSON. Falo de seu debut chamado “The Circle and the Blue Door”, de 2013. O
Purson nasceu na Inglaterra em 2011 e é impressionante o quanto a banda dialoga
bem com o passado estética e claro sonoramente, mas sem esquecer que está no
século XXI com as suas tendências.
Purson
Ao buscar as minhas fontes para a construção dessa resenha, observei que
a banda recebeu, com este álbum, todas as honrarias, todos os reconhecimentos
possíveis e imagináveis da crítica especializada e dos adoradores da boa
música. Recebeu prêmios da Metal Hammer, como um dos melhores álbuns de metal
daquele ano, caiu nas graças dos exigentes puristas apreciadores de sons já
esquecidos do passado, o flerte entre o passado e o futuro não mensura
cronologias, o tempo parece ser irrelevante quando se ouve “The Circle and the
Blue Door”.
E de fato, essas são as minhas palavras ao ouvi-lo, é um primor de
qualidade o que me surpreende pelo tempo e juventude dos seus músicos e da
formação enquanto banda vejam como o tempo parece ser irrelevante quando a
música é boa?
O Purson com o seu “The Circle and the Blue Door” apresenta um rock n’
roll muito bem pincelado com um psicodélico ácido, com uma melodia delicada,
bem produzida, uma levada hard e heavy, beirando o doom e stoner em alguns
momentos, um belo progressivo obscuro com uma atmosfera densa, mas que soa
acessível, comercial, mas de qualidade, quase beirando um pop rock.
Mas antes de falar, faixa a faixa, do álbum “The Circle and the Blue
Door” o Purson lançou alguns EPs, onde se destacam “Rocking Horse”, de 2012, “Learning
On a Bear”, de 2013 e “The Contract/Blueprint Of The Dream”, de 2013. Graças a
esses materiais, a essas prévias o Purson começou a fazer alguns shows em
Londres, construindo alguma reputação e trazendo algum deleite aos puritanos do
occult rock e também aos mais jovens que tiveram o seu primeiro contato com
esse nicho do rock.
A formação da banda neste álbum era: Rosalie Cunningham no vocal e
guitarra, George Hudson na guitarra, Samuel Shove no órgão e mellotron, Barnaby
Maddick no baixo e Jack Hobbs na bateria.
O álbum começa com “Wake Up Sleepy
Head” com uma sonoridade hipnotizante, uma beleza sublime, com uma boa linha de
baixo. The Contract” conta com muito peso e tem uma linha de doom bem
interessante, as vezes psicodélica com destaque também para o baixo e uma levada meio cigana, diria, bem interessante.
"The Contract"
A faixa seguinte, “Spiderwood Farm”, conta com esses elementos de música
cigana, com um excelente trabalho de percussão e passagens progressivas, mas
com muito peso e alternâncias entre o suave e o peso.
“Sailor's Wife's Lament” tem uma pegada psicodélica, ácida. Na sequência
temos “Learning on a Bear” com uma pegada hard rock setentista ao estilo Uriah
Heep e Deep Purple em seus respectivos inícios.
"Learning on a Bear"
Já “Tempest and the Tide” é uma faixa lenta, acústica e bem sofisticada,
com arranjos elaborados. Mas com “Mavericks and Mystics” a porradaria hard
retorna. Segue com “Well Spoiled Machine” recheada de psicodelia e progressivo
com riffs de guitarra ácidos e seco, com teclados viajantes.
Segue com “Well Spoiled Machine” recheada de psicodelia e progressivo
com riffs de guitarra ácidos e seco, com teclados viajantes. “Sapphire Ward”
segue a mesma proposta da faixa anterior com lisergia e muitas influências do
fim da década de 60 para o início da de 1970.
“Rocking Horse” é uma faixa excelente com uma atmosfera densa e
transcendental. E para fechar o álbum, temos uma das melhores faixas chamada
“Tragic Catastrophe” com uma camada melancólica, belíssimos arranjos, ela é
épica, progressiva, excelente.
"Tragic Catastrophe" live at Cambridge 2016
Tudo estava lá, com o lançamento de “The Circle and the Blue Door”: a
sonoridade obscura, psicodélica, pesada, com temáticas ocultistas, o apelo
estético da banda que te remete aos anos 1960, 1970. A banda que não plagiou,
mas homenageou uma cena, que enalteceu abnegados músicos que pereceram pelo
conservadorismo no rock e na indústria fonográfica. O Purson trouxe à luz a
cena obscura e mostrou que ela está cada vez mais aquecida e forte.
O Purson lançou um novo trabalho chamado “Desire’s Magic Theatre”, em
2016. Mas em 2017 Rosalie Cunnigham anuncia o seu primeiro trabalho solo,
chamado “Chocolate Money”, dando fim, consequentemente ao Purson no mesmo ano.
"Desire's Magic Theatre" (2016)
A esperança é um revival e
que se reúnam novamente para alguns shows e quem sabe um novo trabalho. Bandas
como o Purson merece sempre estar em evidência, na ativa, mesmo que não seja um
som palatável no mainstream.
A banda:
Rosalie Cunningham no vocal, guitarra, orgão, mellotron,
percussão
William Cunningham no saxofone
Ed Turner no baixo, guitarra e percussão
Raphael Mura na bateria
Faixas:
1 - Wake Up Sleepy
Head
2 - The Contract
3 - Spiderwood Farm
4 - Sailor's Wife's
Lament
5 - Leaning on a Bear
6 - Tempest and the
Tide
7 - Mavericks and
Mystics
8 - Well Spoiled
Machine
9 - Sapphire Ward
10 - Rocking Horse
11 - Tragic
Catastrophe
Purson - "The Circle and the Blue Door"
Parabéns pela resenha. Gostei muito do álbum quando conheci. Abraço
ResponderExcluirFala João Luiz! Fico feliz que tenha gostado da banda! Embora não soe datada é uma banda que nos remete os anos 1970!
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