Um universo inexplorado e em
franca expansão! Assim é a cena alemã de rock n’ roll dos anos 1970. E para
aqueles que acham que se limita apenas a cena krautrock, se equivocam
grandemente. Há uma horda de bandas progressivas, de hard rock, de progressivo
sinfônico entre outras.
A diversidade corrobora o fluxo inesgotável de
criatividade sem amarras, livre de toda e qualquer “protocolo comercial” e
apelo radiofônico que descaracteriza as bandas, frustrando músicos milionários
espalhados pelo mundo.
Não podemos deixar de dar luz ao progressivo obscuro germânico
e a todas as suas raridades. Como sempre os alemães nos brindam com grandes
bandas de progressivo, krautrock e hard prog que sequer sabemos da existência,
um transborde de bandas. E um grande exemplo é a banda PROF. WOLFFF que lançou
apenas um álbum no ano de 1972 chamado apenas de “Prof Wolfff”.
A banda foi formada em 1971
na região sul da Alemanha, pelo guitarrista, pianista e vocalista Klaus-Peter
Schweitzer responsável pela maior parte das letras escritas em alemão, sendo considerado
a força motriz, a fonte inesgotável de criatividade que movia a banda,
Rolf-Michael Schickle no órgão, Mondo Zech no baixo, Michael Sametinger na bateria
e percussão e Fritz Herrmann, na guitarra, harmônica e vocais, completavam o
line-up.
O teor das letras é extremamente politizado e refletia aqueles tempos
de contestações e subversões da juventude que não se contentavam com o conservadorismo
da época. E ampliando essas contestações políticas, sociais e comportamentais
em suas letras o Prof. Wolfff ganhou uma reputação de banda política que
executava um “rock político”, sendo uma das suas características mais
marcantes, refletindo, é claro, na sua sonoridade, na aspereza de sua música.
O som da banda remete a um
hard rock vigoroso, tipicamente alemão, muito presente também no rock
progressivo, com o uso demasiado e excepcional do hammond, uma psicodelia que
ainda fluía nos meios musicais, nas bandas da época e um pouco de folk.
Destaca-se o vocal e também um virtuosismo instrumental que não fica atrás em
momento algum, mas não se percebe experimentalismos não se enquadrando a uma vertente krautrock. Isso se
deve ao fato de ter a cena kraut ainda a pleno vigor na Alemanha e se torna
conveniente aglutinar todas as bandas oriundas daquele país no mesmo “saco”.
O
álbum começou a ser produzido ainda em 1971, mas foi lançado, em vinil, apenas
em 1972 pelo selo “Metronome”. Os músicos envolvidos na gravação foram: Klaus-Peter
Schweitzer na guitarra, piano e vocal, “Romi” Schickle no órgão, “Mondo” Zech no
baixo, Michael Sametinger na bateria e Friedrich Herrmann na guitarra, vocal e
harmônica.
Uma curiosidade sobre o Prof. Wolfff: A banda foi uma das primeiras
de rock progressivo da Alemanha a cantar exclusivamente em alemão, sendo
seguido, inspirado por outras bandas a compor músicas de rock na língua
materna.
“Prof. Wolfff” é um álbum
obscuro, pesado, de atmosfera sombria e densa com um hammond frenético e
guitarras pesadas com riffs pegajosos, um verdadeiro “clássico obscuro” do hard
progressivo. Destaques para as músicas “Hetzjagd” com um vocal poderoso, um
hammond que duela com a guitarra, um verdadeiro hardão com pitadas generosas de
progressivo. “Hans Im Gluck” também se destaca pelas levadas mais hard do que
progressivo, bem agressiva a música, mas com melodia bem elaborada.
"Hetzjagd"
Temos a
folk “Missverstandnis” que quebra um pouco o ritmo mais frenético do álbum.
“Das Zimmer” segue a linha folk da anterior e finaliza com começou: paulada
hard prog com a música “Weh' Uns”, talvez a melhor faixa deste excepcional
disco, uma verdadeira pérola do hard prog. E não podemos deixar também de
enaltecer o trabalho gráfico desta capa, uma beleza visual que nos dá o convite
para o recheio sonoro e que reflete muito bem a concepção sonora do álbum.
"Weh' Uns"
Alguns meses depois do
lançamento, em março de 1972, do álbum o Prof. Wolfff inesperadamente se separa
e decreta o fim das atividades. Um dos fatores que teria motivado o desmantelamento da banda foi a saída do baixista “Mondo” Zech que decidiu
seguir carreira no serviço público. Mas tempos depois Fritz Herrmann, o
guitarrista e vocalista da formação original do Prof. Wolff, tentou reformular
a banda indo para o baixo e com “Romi” Schickle, no órgão e piano eletrônico,
juntamente com um jovem baterista chamado Peter Bochtler sob o novo nome “Prof.
Wolff Ensemble”.
Essa “nova” banda fez ostensivos shows em clubes alemães e
alguns shows em festivais com alguns músicos convidados como Helmut Binzer,
guitarrista que tocou em outra obscura banda alemã chamada Metropolis e Joe
Rodius na guitarra.
A música da banda passou a ser prioritariamente
instrumental, abolindo as letras trafegando no jazz fusion. O Prof. Wolfff se
separou em 1974 e uma nova encarnação surgiu chamada de “prof. Wolfff III”,
sendo reativada na cidade de Munique no final da década de 1970, se
apresentando para a cena local e em clubes dessa cidade.
Prof. Wolfff em apresentação na TV alemã (1972/1973)
O som também variou um
pouco, indo em direção para o rock e jazz. O final da banda aconteceu
definitivamente em 1982 e as últimas duas encarnações não gerou nenhum material
lançado oficialmente.
Em 1998 o álbum “Prof. Wolfff” foi relançado no formato
CD com alguns bônus tracks e versões novas. “Romi” Schicke e Friedrich Herrmann
(também conhecido como Friedrich Glorian) ainda estão ativos musicalmente, o
baterista Michael Sametinger se aposentou do seu emprego e “Mondo” Zech morreu
acometido por uma grave doença em 1995.
Apesar da curta vida sonora do Prof.
Wolfff a banda, mesmo que obscura, se tornou referência para o hard progressivo
alemão, mostrando suas credenciais em apresentações ao vivo, deixando um legado
importante para o rock n’ roll germânico, apesar de efêmero.
A banda:
Klaus-Peter Schweizer nos
vocais, guitarra e piano
Friedrich Herrmann na
guitarra, harmonica e vocais
Rolf 'Romi' Schickle no órgão, hammond
Detlev 'Mondo' Zech no baixo
e vocal
Michael Sametinger na bateria
Faixas:
1 - Hetzjagd
2 - Hans Im Glück
3 - Missverständnis
4 - Das Zimmer
5 - Weh Uns
Prof. Wolfff - "Prof Wolfff" (1972)
Sensacional a resenha.Obrigado por compartilhar.
ResponderExcluirAnder meu amigo muito obrigado pelas elogiosas palavras, muito obrigado pela leitura. Sempre à disposição para compartilhar pérolas sonoras como o Prof. Wolfff. Abraço!
Excluir