segunda-feira, 6 de julho de 2020

Prof. Wolfff - Prof. Wolfff (1972)


Um universo inexplorado e em franca expansão! Assim é a cena alemã de rock n’ roll dos anos 1970. E para aqueles que acham que se limita apenas a cena krautrock, se equivocam grandemente. Há uma horda de bandas progressivas, de hard rock, de progressivo sinfônico entre outras. 

A diversidade corrobora o fluxo inesgotável de criatividade sem amarras, livre de toda e qualquer “protocolo comercial” e apelo radiofônico que descaracteriza as bandas, frustrando músicos milionários espalhados pelo mundo. 

Não podemos deixar de dar luz ao progressivo obscuro germânico e a todas as suas raridades. Como sempre os alemães nos brindam com grandes bandas de progressivo, krautrock e hard prog que sequer sabemos da existência, um transborde de bandas. E um grande exemplo é a banda PROF. WOLFFF que lançou apenas um álbum no ano de 1972 chamado apenas de “Prof Wolfff”.



A banda foi formada em 1971 na região sul da Alemanha, pelo guitarrista, pianista e vocalista Klaus-Peter Schweitzer responsável pela maior parte das letras escritas em alemão, sendo considerado a força motriz, a fonte inesgotável de criatividade que movia a banda, Rolf-Michael Schickle no órgão, Mondo Zech no baixo, Michael Sametinger na bateria e percussão e Fritz Herrmann, na guitarra, harmônica e vocais, completavam o line-up. 

O teor das letras é extremamente politizado e refletia aqueles tempos de contestações e subversões da juventude que não se contentavam com o conservadorismo da época. E ampliando essas contestações políticas, sociais e comportamentais em suas letras o Prof. Wolfff ganhou uma reputação de banda política que executava um “rock político”, sendo uma das suas características mais marcantes, refletindo, é claro, na sua sonoridade, na aspereza de sua música.


O som da banda remete a um hard rock vigoroso, tipicamente alemão, muito presente também no rock progressivo, com o uso demasiado e excepcional do hammond, uma psicodelia que ainda fluía nos meios musicais, nas bandas da época e um pouco de folk. 

Destaca-se o vocal e também um virtuosismo instrumental que não fica atrás em momento algum, mas não se percebe experimentalismos não se enquadrando a uma vertente krautrock. Isso se deve ao fato de ter a cena kraut ainda a pleno vigor na Alemanha e se torna conveniente aglutinar todas as bandas oriundas daquele país no mesmo “saco”. 

O álbum começou a ser produzido ainda em 1971, mas foi lançado, em vinil, apenas em 1972 pelo selo “Metronome”. Os músicos envolvidos na gravação foram: Klaus-Peter Schweitzer na guitarra, piano e vocal, “Romi” Schickle no órgão, “Mondo” Zech no baixo, Michael Sametinger na bateria e Friedrich Herrmann na guitarra, vocal e harmônica. 

Uma curiosidade sobre o Prof. Wolfff: A banda foi uma das primeiras de rock progressivo da Alemanha a cantar exclusivamente em alemão, sendo seguido, inspirado por outras bandas a compor músicas de rock na língua materna.


“Prof. Wolfff” é um álbum obscuro, pesado, de atmosfera sombria e densa com um hammond frenético e guitarras pesadas com riffs pegajosos, um verdadeiro “clássico obscuro” do hard progressivo. Destaques para as músicas “Hetzjagd” com um vocal poderoso, um hammond que duela com a guitarra, um verdadeiro hardão com pitadas generosas de progressivo. “Hans Im Gluck” também se destaca pelas levadas mais hard do que progressivo, bem agressiva a música, mas com melodia bem elaborada. 

"Hetzjagd"

Temos a folk “Missverstandnis” que quebra um pouco o ritmo mais frenético do álbum. “Das Zimmer” segue a linha folk da anterior e finaliza com começou: paulada hard prog com a música “Weh' Uns”, talvez a melhor faixa deste excepcional disco, uma verdadeira pérola do hard prog. E não podemos deixar também de enaltecer o trabalho gráfico desta capa, uma beleza visual que nos dá o convite para o recheio sonoro e que reflete muito bem a concepção sonora do álbum. 

 "Weh' Uns"

Alguns meses depois do lançamento, em março de 1972, do álbum o Prof. Wolfff inesperadamente se separa e decreta o fim das atividades. Um dos fatores que teria motivado o desmantelamento da banda foi a saída do baixista “Mondo” Zech que decidiu seguir carreira no serviço público. Mas tempos depois Fritz Herrmann, o guitarrista e vocalista da formação original do Prof. Wolff, tentou reformular a banda indo para o baixo e com “Romi” Schickle, no órgão e piano eletrônico, juntamente com um jovem baterista chamado Peter Bochtler sob o novo nome “Prof. Wolff Ensemble”.

 
Essa “nova” banda fez ostensivos shows em clubes alemães e alguns shows em festivais com alguns músicos convidados como Helmut Binzer, guitarrista que tocou em outra obscura banda alemã chamada Metropolis e Joe Rodius na guitarra. 

A música da banda passou a ser prioritariamente instrumental, abolindo as letras trafegando no jazz fusion. O Prof. Wolfff se separou em 1974 e uma nova encarnação surgiu chamada de “prof. Wolfff III”, sendo reativada na cidade de Munique no final da década de 1970, se apresentando para a cena local e em clubes dessa cidade. 

Prof. Wolfff em apresentação na TV alemã (1972/1973)

O som também variou um pouco, indo em direção para o rock e jazz. O final da banda aconteceu definitivamente em 1982 e as últimas duas encarnações não gerou nenhum material lançado oficialmente. 

Em 1998 o álbum “Prof. Wolfff” foi relançado no formato CD com alguns bônus tracks e versões novas. “Romi” Schicke e Friedrich Herrmann (também conhecido como Friedrich Glorian) ainda estão ativos musicalmente, o baterista Michael Sametinger se aposentou do seu emprego e “Mondo” Zech morreu acometido por uma grave doença em 1995. 

Apesar da curta vida sonora do Prof. Wolfff a banda, mesmo que obscura, se tornou referência para o hard progressivo alemão, mostrando suas credenciais em apresentações ao vivo, deixando um legado importante para o rock n’ roll germânico, apesar de efêmero.





A banda: 

Klaus-Peter Schweizer nos vocais, guitarra e piano
Friedrich Herrmann na guitarra, harmonica e vocais
Rolf 'Romi' Schickle no órgão, hammond
Detlev 'Mondo' Zech no baixo e vocal
Michael Sametinger na bateria


Faixas:

1 - Hetzjagd
2 - Hans Im Glück
3 - Missverständnis
4 - Das Zimmer
5 - Weh Uns 


Prof. Wolfff - "Prof Wolfff" (1972)







2 comentários:

  1. Sensacional a resenha.Obrigado por compartilhar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ander meu amigo muito obrigado pelas elogiosas palavras, muito obrigado pela leitura. Sempre à disposição para compartilhar pérolas sonoras como o Prof. Wolfff. Abraço!

      Excluir