Vamos sair do eixo Estados
Unidos e Inglaterra. Esse eixo, confesso, incomoda um pouco. O rock não pode e
nem deve ser oligopolizado, restrito, como se fosse um clube seleto, a poucos
países. Deve ser encarado, visto globalmente.
Independente de ser uma questão
estratégica, mercadologicamente falando ou ainda uma questão quantitativa, ou seja,
esteja concentrada a maioria das grandes e consagradas bandas nesses países,
torna-se urgente um garimpo de cada um de nós, apreciadores do estilo, por
outros países, afinal há muito a se explorar, é um universo a ser explorado ainda.
E a banda de hoje veio da Espanha, a terra do flamenco. E vem como, desculpe a analogia
infame, como uma tempestade. Um hard rock avassalador, destruidor. Embora sejam
adjetivos meio clichês, são condizentes com a mais pura e genuína realidade.
Falo do THE STORM, que, na tradução livre, significa "tempestade", em inglês. A banda foi formada na cidade de Sevilha, em 1969, pelos jovens
irmãos Angel e Diego Ruiz, guitarra e vocal e bateria e vocal, respectivamente,
juntamente com Luis Genil nos teclados e vocais e José Torres no baixo e vocal.
Na transição das décadas de 1960 para a de 1970, as bandas progressivas, como Smash, Triana e Medina Azahara dominavam a cena musical espanhola, mas o The Storm que, nos primórdios se chamava “Los Tormentos”, nome dados aos garotos Angel, Diego e José, quando ainda estavam na escola, começaram a tocar covers de Beatles, Jimi Hendrix, Cream e Guess Who, mostrando uma veia mais pesada que estava nascendo, se consolidando quando descobriram o Deep Purple, estabelecendo entre si que tocariam, em definitivo, hard rock.
The Storm
Na transição das décadas de 1960 para a de 1970, as bandas progressivas, como Smash, Triana e Medina Azahara dominavam a cena musical espanhola, mas o The Storm que, nos primórdios se chamava “Los Tormentos”, nome dados aos garotos Angel, Diego e José, quando ainda estavam na escola, começaram a tocar covers de Beatles, Jimi Hendrix, Cream e Guess Who, mostrando uma veia mais pesada que estava nascendo, se consolidando quando descobriram o Deep Purple, estabelecendo entre si que tocariam, em definitivo, hard rock.
Eles, com essa
decisão, estavam traçando um capítulo histórico no rock espanhol como uma das
pioneiras bandas de rock pesado daquele país. Mas os tempos eram difíceis. A
falta de estrutura e pouco apoio eram evidentes e a precariedade os acompanhava
em seus primeiros shows.
A cena local, de Sevilha, estava em baixa, as bandas
estavam se desfazendo pelos problemas de dinheiro e de infraestrutura. Mas o
Los Tormentos decide seguir, a base de muitos sacrifícios. Fizeram alguns shows
em uma discoteca em Torremolinos chamada “Barbarella” e agradaram. Eles são
contratados para tocar em outro lugar, em Palma de Mallorca, mas o gerente do
local não gostou muito do nome, dizendo que soava meio flamenco.
Então sugere
que mudem seu nome para “The Storm”, a versão inglesa para “Los Tormentos”,
afinal soa mais forte e é em inglês, quem sabe poderiam alçar voos mais altos,
como o mercado internacional, viajar para outros países.
Parece que o nome deu
alguma sorte, diante de um cenário musical que desmoronava em Sevilha, quando
conhecem um empresário de entretenimento de León, chamado Luis Fernández de
Córdoba, assumindo a condição de gerente da banda, trazendo uma luz no fim do túnel
para os garotos do The Storm.
Em 1974 lançam, pela BASF, seu álbum de estreia, “The
Storm”, um misto explosivo de hard rock com pitadas generosas de teclados
alucinantes, um álbum repleto de vivacidade e energia. A formação da banda que
gravou “The Storm” tinha: Luis Genil nos teclados e vocais, Angel Ruiz na
guitarra e vocal, Diego Ruiz na bateria e vocal, José Torres no baixo.
O álbum já começa esmurrando
a porta com ”I've Gotta Tell You Mama”, um petardo animado e solar com riffs
pegajosos e pesados, com bateria marcada e forte, com teclados em frenesi,
diria uma pegada meio década de 1950, bem dançante.
"I've Gotta Tell You Mama" (Live)
“I Am Busy” já entrega
aquele típico riff introdutório de guitarra, um proto metal que se mistura ao
teclado tocado a notas altíssimas com
vocais melódicos e rasgados, ao mesmo tempo, um senhor hardão setentista na sua
mais perfeita concepção.
“Un Señor llamado Fernández de Córdoba”, em uma clara
homenagem ao seu empresário, tem a predominância dos teclados trazendo uma
atmosfera mais progressiva, com um riff de guitarra mais “funkeado” que ganha
mais peso com um solo lindo de guitarra.
"Un Senor llamado Fernández de Córdoba", live track in Studio, 1974-1975
“Woman Mine” começa
cadenciada, bateria marcada, com solos lembrando Ian Paice do Deep Purple, riff
de guitarra dando peso, um vocal rouco, mas escamba para o já característico
hardão que abrilhanta o álbum. “It's All Right” traz o blues rock com uma cara
meio comercial, um som mais acessível, com excelente trabalho vocal.
"It's All Right", Live at Sevilha Television Local
“I Don't Know” me remete a
um punk rock meio raivoso no início, mas que se mescla ao peso do hard rock,
com passagens excelentes de teclado, dando uma camada mais “soft” a música.
"I Don't Know", live 1974-1975
“Crazy Machine” sem sombra
de dúvida é uma das melhores faixas do álbum. Bateria ao extremo, guitarras
distorcidas, solos avassaladores, baixo pulsante, viradas rítmicas invejáveis, uma
pegada jazzística...É o ápice do heavy prog!
"Crazy Machine", Live 1974-1975
E o álbum dá adeus com a “Experiencia
Sin Órgano” seguindo na mesma proposta, um primor do poderio bélico instrumental,
bateria cheia de virada, riffs de guitarra em profusão, baixão pesado,
inacreditável! Uma loucura sonora.
The Storm lançaria outro álbum em 1979
chamado “El Dia De La Tormenta”, mas bem diferente do hard rock intenso do
debut, carregando uma proposta mais comercial e radiofônica, com algumas
pitadas de prog rock.
"El Dia de la Tormenta" (1979)
A banda finalizaria as suas atividades nesse mesmo ano,
logo após o lançamento do álbum. Porém, depois de algum tempo em hibernação a banda retorna e atualmente continua destilando sua potência sonora nos palcos de onde não deveria ter saído nunca. O The Storm definitivamente se tornou uma das mais importantes bandas espanholas de hard rock,
sendo uma desbravadora do estilo em seu país. Pérola recomendada!
A banda:
Luis Genil nos teclados e
vocal
Ángel Ruiz na guitarra e
vocal
Diego Ruiz na bateria e
vocal
José Torres no baixo e vocal
Faixas:
1 - I've Gotta Tell You Mama
2 - I Am Busy
3 - Un Señor Llamado
Fernández De Córdoba
4 - Woman Mine
5 - It's All Right
6 - I Don't Know
7 - Crazy Machine
8 - Experiencia Sin Órgano
The Storm - Live in Studio 1974 (Full)
The Storm - "The Storm" (1974)
Gracias por esta reseña.
ResponderExcluir¡Te agradezco por leer, por visitar el blog y me alegra que hayas disfrutado del texto de The Storm! ¡Banda poco conocida y poco mencionada que vale la pena cada segundo de escuchar!
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