Esse “clássico” obscuro vem
dos Nórdicos, vem da Noruega! Uma área fria, gélida da Europa que fervilha para
a cena rock, uma diversidade que irrompe em grandes bandas, muito delas
obscuras que, rejeitadas, precisam, como pré-requisito, estar no polo da música
do Velho Mundo como a Inglaterra, para ter reconhecimento.
Uma das primeiras bandas de rock daquele país
e que, com muita galhardia, dedicação e respeito pela sua essência e música
sobreviveu as agruras do vilipêndio da indústria fonográfica, ao esquecimento e
que, com muita dificuldade, sobrevive atualmente sem se corromper as maravilhas
perigosas do dinheiro que o mundo pop, totalmente descartável e perecível,
impõe as bandas.
Falo do LUCIFER WAS e o seu primeiro álbum lançado em 1997,
“Underground And Beyond”. Agora vem a pergunta: Como pode ser o Lucifer Was uma
das primeiras bandas de rock da Noruega e lançar seu primeiro álbum somente em
1997? A resposta: dedicação, crença, amor incondicional a música e
persistência.
Lucifer Was
O Lucifer Was remonta o
longínquo ano de 1969, sua história é digna de um livro, mas que conta as
dificuldades de muitas bandas em mostrar, disseminar a sua arte. Foi formada na
cidade de Oslo e se chamava originalmente de Ezra West, nome extraído da
literatura inglesa.
Mas, como era difícil de pronunciar, passou a se chamar
Lúcifer. Mas havia bandas que tinham o mesmo nome então mudaram novamente seu
nome para Lucifer Was que, traduzindo, significa “Era Lúcifer”. O Lucifer Was
na época era formado pelo guitarrista Thore Engen e o baixista Einar Bruu, que
se conheceram, ainda crianças e criaram fortes laços de amizade. E que se
juntaram a Kai Frilseth, Tor Langbråten e Arild Larsen, que também tocavam
juntos.
Arild e Bruu tocavam baixo, então Arild saiu da banda e entrou Dag
Stenseng, que além de vocalista era flautista. O Lucifer Was começou a se
apresentar em festivais na Noruega e até conseguiu relativo sucesso, entre os
anos de 1970 e 1974, mas não conseguiam gravadora para registrar oficialmente
suas composições, que eram gravadas em fitas demo apenas.
Lucifer Was nos primórdios ao vivo
Ainda em meados dos anos 70, o Lucifer Was decidiu pôr fim às atividades, com a saída de Jan Ødegård. Em 1995, portanto, Einar Bruu, o baixista, revisitou aquelas fitas e percebeu que era muito bom, o material era bom, então.
Então reuniu os seus antigos
amigos, exceto Jan Ødegård que não quis participar, para realizar alguns shows
e despertou o interesse de alguns empresários de gravadoras que decidiu,
finalmente, depois de décadas no ostracismo, contratar a banda saindo o seu
debut, o excelente “Underground and Beyond”, em 1997. A capa é uma incógnita.
Parece um anjo obscuro entrando em uma caverna ou de frente para um túnel, algo bem intangível aos olhos, abstrato, como uma manifestação
artística marginal, dando ao espectador e o ouvinte a capacidade de chegar a
sua própria conclusão do que vê, uma arte gráfica tão obscura quanto o seu som.
As faixas desse álbum eram as músicas das velhas fitas demo, mas gravado com a tecnologia da década de 90, mas a essência estava lá. A formação, portanto, que gravou “Underground and Beyond” foi: Thore Engen na guitarra e vocal, Dag Stenseng na flauta e vocal, Anders Sevaldson na flauta e backing vocals, Einar Bruu no baixo e Kai Frilseth na bateria.
As faixas desse álbum eram as músicas das velhas fitas demo, mas gravado com a tecnologia da década de 90, mas a essência estava lá. A formação, portanto, que gravou “Underground and Beyond” foi: Thore Engen na guitarra e vocal, Dag Stenseng na flauta e vocal, Anders Sevaldson na flauta e backing vocals, Einar Bruu no baixo e Kai Frilseth na bateria.
O som do Lucifer Was é difícil de se catalogar, de se
rotular, ainda bem, afinal uma banda que preza pela inquietude criativa tem de alçar voos cada vez maiores e não se permitir repetir a cada trabalho e assim é o Lucifer Was. A banda flerta com progressivo, hard rock e com pitadas inclusive de
heavy metal.
Analisem a possibilidade de uma banda que te remeta ao Jethro Tull
e o peso do Black Sabbath! Assim é o Lucifer Was genericamente falando. Essas referências são percebidas, ou melhor, ouvidas nas faixas inaugurais "Teddy’s Sorrow" e "Scrubby Maid” que mostra uma curiosa e
fantástica simbiose entre guitarra e flauta, dando uma dose generosa de peso e
suavidade.
Em “Song for Rings” permanece o som da guitarra e das flautas, mas em “Out of the Blue” tem uma levada bem cadenciada e a melodia de flautas "harmoniza" muito bem com a guitarra.
“The Green Pearl” é certamente a mais pesada do álbum e lembra muito Black Sabbath, mas com nuances evidentes de rock progressivo, com alternância rítmica e muito virtuosismo instrumental.
Tarabas” tem uma atmosfera sombria e lembra, sobretudo nos riffs, também lembra o Sabbath. Com “Fandango” tem aquele clima bem hardão setentista clássico, bem pesadão com a mesma proposta de "Tarabas", sendo bem introspectiva. “The Meaning of the Life” conta com riff bem marcante e pegajoso.
“Light My Cigarette” vem esmurrando a porta, pesada, com riffs pegajosos e agressivos de guitarra, tendo momentos de suavidade com a flauta com um lindo trabalho vocal, limpo e de grande alcance. Neste faixa percebemos um pouco de heavy metal também.
"Teddy's Sorrow"
Em “Song for Rings” permanece o som da guitarra e das flautas, mas em “Out of the Blue” tem uma levada bem cadenciada e a melodia de flautas "harmoniza" muito bem com a guitarra.
"Out of the Blue"
“The Green Pearl” é certamente a mais pesada do álbum e lembra muito Black Sabbath, mas com nuances evidentes de rock progressivo, com alternância rítmica e muito virtuosismo instrumental.
"The Green Pearl"
Tarabas” tem uma atmosfera sombria e lembra, sobretudo nos riffs, também lembra o Sabbath. Com “Fandango” tem aquele clima bem hardão setentista clássico, bem pesadão com a mesma proposta de "Tarabas", sendo bem introspectiva. “The Meaning of the Life” conta com riff bem marcante e pegajoso.
"The Meaning of the Life"
“Light My Cigarette” vem esmurrando a porta, pesada, com riffs pegajosos e agressivos de guitarra, tendo momentos de suavidade com a flauta com um lindo trabalho vocal, limpo e de grande alcance. Neste faixa percebemos um pouco de heavy metal também.
"Light my Cigarette"
Na sequência tem "In the Park" corroborando um salutar duelo entre guitarra, com riffs sombrios e flautas que cadencia suavidade e frenesi descontrolado. “Asterix” fecha o álbum um com uma sonoridade mais contemplativa, introspectiva, uma balada poderosa com riffs e solos fantásticos.
"Asterix"
O Lucifer Was é uma banda que sempre respeitou a sua história, um
verdadeiro exemplo para essas bandas volúveis de hoje em dia que mudam de acordo
com a maré a sua vertente musical.
A formação da banda sofreu muitas alterações
e atualmente tem, como remanescentes, Thore Engen e Einar Bruu em um total de
nove pessoas no palco, com quatro músicos como convidados. Até hoje está na
ativa e lançando grandes álbuns protagonizando grandes capítulos de sua longeva
e persistente história.
A banda:
Thore Engen na guitarra e
vocal
Dag Stenseng na flauta e
vocal
Anders Sevaldson na flauta e backing vocals
Einar Bruu no baixo
Kai Frilseth na bateria
Faixas:
1 - Teddy's Sorrow
2 - Scrubby Maid
3 - Song For Rings
4 - Out of the Blue
5 - The Green Pearl:
- The
Mountain King
- Fairy
Dance
- Belongs
to the Sky
-
Pearlhall
6 - Tarabas
7 - Fandango
8 - The Meaning of Life
9 - Light My Cigarette
10 - In the Park
11 - Asterix
"Underground and Beyond" (1997)
Esse é bom de cabo a rabo. Amo esse disco.
ResponderExcluirTambém curto muito esse álbum e banda! Uma história de persistência que o Lucifer Was tem é digno de um livro best-seller. A banda está ativa até hoje e lançou um excelente álbum de hard prog em 2018 ou 2019, acho...
ExcluirBlack Sabbath com Ian Anderson ou Jethro Tull mais pesado? Nada disso! Apenas uma banda norueguesa fantástica criada em 1970 e que mistura Progressivo, Hard e Country.
ResponderExcluirTem os seguintes álbuns: "Underground and Beyond" (CD - 1997); "In Anadi's Bower" (CD - 2000); "Blues from Hellah" (CD - 2004); "The Divine Tree" (CD - 2007); "The Crown of Creation" (CD - 2010); "DiesGrows" (CD - 2014) e "Morning Star" (CD - 2017).
Integrantes: Ame Martinussen (Vocais Secundários, Teclados), Jon Ruder (Vocais), Freddie Lindquist (Guitarra), Thore Engen (Guitarra), Einar Bruu (Baixo), Rune Engen (Bateria), Andreas Sjo Engen (Guitarra), Deb Girnius (Vocais e Flauta). Ex-membro: Svein Greni (Flauta).
Apenas uma grande banda norueguesa amigo Geraldo! É extremamente versátil e se abastece de tal condição em cada lançamento. Esse debut personifica essas percepções sonoras que elencou, que vai do Sabbath ao Tull em um estalar de dedos e com qualidade!
ExcluirObrigado por ler, obrigado pela mensagem!