O pioneirismo, a referência
de uma banda perante uma cena, um estilo se mensura pela sua vasta discografia?
Pela sua longevidade? Pela sua popularidade? Sempre me
faço essa pergunta, quando vejo ou ouço que determinadas apenas bandas conhecidas e de
uma vasta carreira discográfica gozam de grande importância para o rock
progressivo, para o hard rock, heavy metal etc.
Mas o que dizer das bandas
obscuras? Estas, contemporâneas às famosas, não podem ser agraciadas com o
protagonismo dos primórdios da cena, das vertentes que compõe o universo do
rock n’ roll? O universo do rock n' roll é vasto e há muito a ser explorado, o que, na maior
parte das vezes, o assunto do pioneirismo, passa a ser relativo e pouco taxativo
no que tange ao “big bang” de um determinado estilo ser creditado às hoje bandas de arena, famosas.
E se a discussão de quem foi
o “pai da criança” pode parecer inconsistente na maior parte do tempo, não podemos
negligenciar, por outro lado, fatores importantes como originalidade,
versatilidade. Bandas que, mesmo que obscuras, esquecidas, foram relegadas a
própria sorte, se faz importante e relevante, quando descobertas e submetidas a
audição, que nos faz chegar a conclusão, seguida de uma triste lamentação: é
uma banda que merecia reverências pela sua originalidade, influência,
atipicidade e força, uma força sonora. E um exemplo “clássico do obscuro”, veio
da Inglaterra, mas que se radicou na Alemanha, que se chama CWT.
CWT
O diferencial dessas bandas, apesar dos infortúnios de sua vida, de sua trajetória, é
que eles se permitem dominar pelo estado bruto da criatividade, sem amarras e
objeções de gravadora e dos anseios perecíveis do público que sempre quer o
mais do mesmo.
Essa banda alia um hard rock vigoroso, pesado, a uma sessão de
instrumentos de sopro, com uma pegada generosa de soul music, black music que
faria Michael Jackson se render e dançar compulsivamente.
O CWT, como algumas
bandas inglesas, migrou para a Alemanha, pois no início na década de 1970
brotavam pequenos e alternativos selos (gravadoras) germânicos que sempre se
interessaram pelas bandas igualmente alternativas, com sonoridades
marginalizadas e pouco palatáveis e lá fixou suas intenções de seguir a sua
história.
Não se sabe de onde surgiu a origem do nome da banda, CWT. Há quem
diga que é um sobrenome típico do Reino Unido atribuído a medicamentos
depressivos ou coisa que valha, mas que carece de informação, de confirmação.
Mas voltando a sua trajetória na Alemanha a Kuckuck Records, que tinha em seu
portifólio bandas de krautrock e rock progressivo, resolveu acreditar e
investir no CWT, contratando-a. E assim nasce o único registro da banda, “The Hundredweight”,
de 1973.
Outro destaque do álbum, além do hard/black/soul, está no aspecto
visual, na arte gráfica do álbum que conta com um cemitério sombrio em um fundo
escuro, que poderia certamente servir de referência e quem sabe influência para
muitas bandas da cena heavy, thrash, death, doom e das nórdicas bandas de black
metal.
A produção do
álbum ficou a cargo do famoso Andrew Loog Oldham, o ex-gerente do Rolling
Stones e fundador da gravadora Immediate Records. A formação da banda, do power
trio, no lançamento do álbum foi: Graham Jones na guitarra e teclados, Peter
Kirk no baixo e Colin White na bateria. Cy Paine foi convidado pelo produtor,
para ser o responsável pelos arranjos de metais, pelos instrumentos de sopro.
Ele foi o responsável pela “cereja do bolo”, que trouxe a parte criativa e
inusitada do CWT e caiu como uma luva, a sinergia, que poderia parecer
improvável, se fez plena e presente de uma forma energética e visceral.
"The Hundredweight"
E, para
se juntar ao time, foi convocado um vocalista, que não foi creditado, o que
também pode inviabilizar a sua confirmação, de nome Charlie Jardine. Banda
escalada, agora é dissecar essa pérola sonora.
“Widow Woman” começa o álbum um “duelo”
salutar entre o sax e riffs pegajosos de guitarra e um vocal grandioso e
poderoso, de alcance invejável, o hard rock e o soul nunca foram tão sinérgicos. “Take It Slow” começa suave, com alguns dedilhados
de um violão, mas logo se revela pesada e assim vai alternando mostrando
versatilidade.
“Roly Poly” começa com um riff sujo e sem pretensão e vai ficando dançante, um "funkeado" que deixaria James Brown feliz e orgulhoso, cheio de ritmo deixando, por um momento, a agressividade do hard rock para um rock mais animado e solar.
“Signed D.C” começa introspectiva com um lindo vocal praticamente à capela, uma viagem psicodélica mas que irrompe em um bélico ataque de metais e, mais uma vez os riffs e rápidos solos de guitarra tentam se impor em mais um lindo duelo. “Steam Roller” traz de volta o hard poderoso e agressivo, enquanto “Simon's Effort” vem mais dançante, com a “cozinha” afinada, dando o tom, o ritmo forte e poderoso.
“Mind Cage” segue a proposta da faixa anterior com destaque para o peso da guitarra e bateria com o frenesi dos instrumentos de sopro. O álbum fecha com “Mephistophales”, sem dúvida uma das melhores faixas do álbum, com o destaque do hard rock mais veloz e agressivo.
"Widow Woman"
"Take it Slow"
“Roly Poly” começa com um riff sujo e sem pretensão e vai ficando dançante, um "funkeado" que deixaria James Brown feliz e orgulhoso, cheio de ritmo deixando, por um momento, a agressividade do hard rock para um rock mais animado e solar.
"Roly Poly"
“Signed D.C” começa introspectiva com um lindo vocal praticamente à capela, uma viagem psicodélica mas que irrompe em um bélico ataque de metais e, mais uma vez os riffs e rápidos solos de guitarra tentam se impor em mais um lindo duelo. “Steam Roller” traz de volta o hard poderoso e agressivo, enquanto “Simon's Effort” vem mais dançante, com a “cozinha” afinada, dando o tom, o ritmo forte e poderoso.
"Signed D.C"
"Steam Roller"
“Mind Cage” segue a proposta da faixa anterior com destaque para o peso da guitarra e bateria com o frenesi dos instrumentos de sopro. O álbum fecha com “Mephistophales”, sem dúvida uma das melhores faixas do álbum, com o destaque do hard rock mais veloz e agressivo.
"Mind Cage"
A banda:
Graham Jones na guitarra e
teclados
Peter Kirk no baixo
Collin White na bateria
CY Paine nos arranjos de
metais (instrumentos de sopro)
Charlie Jardine no vocal
Faixas:
1 - Widow Woman
2 - Take It Slow
3 - Roly Poly
4 - Signed D.C
5 - Steam Roller
6 - Simon's Effort
7 - Mind Cage
8 - Mephistophales
CWT - "The Hundredweight" (1973)
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