Certas experiências pelas
quais passamos podem revelar e descortinar mudanças radicais em nossas vidas!
Embora isso seja óbvio, não parece ser muito fácil, principalmente pelo fato de
que tais decisões vêm em detrimento de abdicar de outra vida que você levava e
às vezes uma vida repleta de glamour ou de um futuro promissor seja pessoal ou
profissionalmente falando.
Vocês devem estar se
perguntando, nobres leitores, mas que diabos ele está dizendo isso? Mas, como
sempre, para manter aquele suspense, sugiro que, caso tenha se interessado,
fique até o fim em sua leitura, pois entenderão. Não se enganem, este blog não está
tendendo para autoajuda, a música, evidente, ainda está presente e no texto de
hoje vocês terão uma ótima música, cuja banda tinha todos os elementos para
conquistar um espaço na indústria musical, mas sucumbiu por conta das
mencionadas experiências e decisões.
Falemos do SURPRIZE! A banda foi formada na Filadélfia, nos Estados Unidos, em 1971 e trazia, em sua formação Peter Accardi no vocal, percussão e gaita, Mark Shapiro na guitarra e vocal de apoio, Frank Bissel, nos teclados e vocal de apoio, Rick Martin no baixo e vocal de apoio e Fred Kieffer na bateria.
Apesar de muito jovens, tudo
aconteceu muito rapidamente na história do Surprize. Em pouco mais de oito
meses de formada, a banda entraria em um dos melhores estúdios do país para
gravar o seu primeiro e único álbum, chamado “Keep On Truckin’”, em 1972, pelo
selo East Coast Records. Após o lançamento de seu álbum, a banda começou a
receber muitos convites para se apresentar em TV e rádio.
Foi uma verdadeira hecatombe
de emoções e momentos importantes para os jovens músicos da Filadélfia. Além
das apresentações nos canais de televisão e nas estações de rádio, com suas
músicas sendo diariamente executadas, a banda também passou a tocar em shows de
grandes estruturas, com uma ótima produção. O Surprize começou a fazer sucesso!
O caminho que estava trilhando era de realização musical e cada dia que passava
estava abocanhando novos fãs e se tornando cada vez mais popular.
“Keep On Truckin’” é um
trabalho, sonoramente falando, multifacetado, versátil, trazendo um hard rock,
com fortes características do rock n’ roll norte americano, com viés
psicodélico, ainda vívido na cena rock do início dos anos 1970, com aquela
guitarra lisérgica, além de uma pegada de blues rock e de soul music. Ou seja,
sonoridades bem típicas da época, em uma mistura em caldeirão com temperos bem
saborosos que remete também a uma música mais radiofônica, porém de qualidade
superior. De fato, o som do único trabalho do Surprize corrobora o seu sucesso
à época.
O álbum é inaugurado com a
faixa “Earth Odyssey” que, em sua introdução, traz uma guitarra distorcida e
teclados espaciais que anuncia uma música calcada exatamente no hard rock e
space rock, com pitadas progressivas. Um riff de guitarra traz variâncias
rítmicas e o prog rock se conecta ao rock psicodélico, onde as teclas se
mostram mais presentes e enérgicas. Essa música já entrega o que representa o
álbum, em sua plenitude.
“Sweet Love” já traz a versão
dançante e animada ao álbum. É inegável que a sua introdução não faça o ouvinte
dançar, é solar. A soul music ganha protagonismo nesta faixa. Bateria swingada,
baixo dançante, piano envolvente se envolvem com um pouco de peso graças aos
seus riffs e solos ocasionais. E a harmonização entre o soul music e o hard
rokc, o que poderia parecer se tornar improvável traz peso e animação aos que
tem a mínima capacidade de absorver o som.
Chega a faixa título, “Keep On Truckin’”, que, no seu início traz a gaita chorando e a bateria tocada de forma agressiva, uma batida pesada e evolvente. Tudo isso envolto em riffs pesados de guitarra! O típico hard rock dos anos 1970 se ouve nessa música. Pode se perceber pitadas discretas de um blues rock bem pesado. Solos de guitarra são de tirar o fôlego na metade da faixa.
“Ev’ry Day” começa lenta, ao toque do piano e vocal bem límpido, ouve-se uma balada psicodélica, de sonoridade agradável e bem acessível aos ouvidos, com riffs de guitarra bem lisérgicos. O solo de guitarra é viajante e com ela a música vai ganhando um discreto peso, mas sempre voltando ao tom de balada.
“See the Light” traz de volta
o balanço, a pegada soul music com os
riffs típico de guitarra, mas com a veia mais voltada para o hard rock, com
bateria com batida mais pesada e um baixo cheio de groove e igual peso. Não podemos negligenciar o trabalho dos
teclados que, de forma enérgica e solar, traz passagens mais progressivas a
música. E em determinado momento da faixa ouve-se a pegada progressiva, do hard
e do soul. Uma “sopa” sonora incrível!
E fecha com “Try a Little More”
que inicia discreta, leve, ao som do piano e do bongôs e um vocal baixo e
introspectivo. E vai aumentando, ganhando estrutura, peso. Um hard rock
dançante, alto e nitidamente pesado que traz intervalos mais leves e dedilhados
de guitarra psicodélicos. É impossível passar incólume à essa faixa. Animada,
solar, dançante.
Quando o Surprize se apresentava fora da Filadélfia, Peter Accardi teve uma experiência sobrenatural que mudaria a sua vida completamente, de forma profunda. Accardi, após esse evento, convocou a banda para uma reunião que seria crucial para o futuro da banda. Compartilhou com todos da sua experiência e disse que a mesma lhe mostrou que ele iria para o céu e precisava difundir a todos sobre tudo isso. Ele disse também que isso seria bom para todos da banda e para choque de todos decidiu que sairia da banda.
Ele não deixaria apenas o
Surprize, deixaria também a sua carreira musical e se transferiu para Faculdade
Bíblica, pois gostaria de se tornar um pregador. O tecladista Frank Bissel,
semanas depois da saída de Accardi, deixaria a banda, para seguir os passos de
seu agora ex-companheiro de banda. Diante disso o Surprize finalizaria as suas
atividades. Atualmente Accardi e Bissel servem na Igreja Batista Elkdale, em
West Clifford, na Pensilvânia. Accardi como evangelista e Bissel serve como
pastor da igreja.
Cada ser humano é dono de suas
escolhas, embora o Surprize estivesse em um franco crescimento, fazendo shows,
tornando-se famoso e evidente, seu principal músico teve uma experiência,
segundo o próprio, sobrenatural, interrompendo sua trajetória e começando
outra. A realização e o prazer devem estar em primeiro lugar, mas é inegável
dizer que a tendência era forte para um futuro consistente para o Surprize e
isso se reflete em seu único álbum. Mas quis os ventos da mudança soprarem no
caminho dos seus músicos. “Keep on Truckin'” teve um relançamento, em CD, pelo
selo GEMA.
Apesar da precocidade fica a
história, que é fabulosa e um registro para que a banda se eternize por
intermédio de sua única obra. E aqui, neste reles e humilde blog, as histórias
sempre serão contadas, sejam elas de todos os teores e enredos possíveis, sempre
harmonizando, claro, com a música e o Surprize, definitivamente entregou os
dois. Espero que todos se divirtam com ambos.
A banda:
Peter Accardi no vocal,
percussão e gaita
Mark Shapiro na guitarra e
vocal de apoio
Frank Bissel nos teclados e
vocal de apoio
Rick Martin no baixo e vocal
de apoio
Fred Kieffer na bateria
Faixas:
1 - Earth Odyssey
2 - Sweet Love
3 - Keep On Truckin'
4 - Ev'ry Day
5 - See the Light
6 - Try a Little More
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