quarta-feira, 13 de maio de 2020

Dennis - Hyperthalamus (1975)


O ano era 1973. O Frumpy encerrava as suas atividades. O baterista original Carsten Bohn (1970 a 1972), que também tocava percussão na banda A. R. & Machines, decidiu iniciar um projeto, uma nova banda. Então fundou o DENNIS. O nome dado a banda foi em homenagem ao seu filho que se chama, claro, Dennis.

Carsten Bohn e seu filho Dennis

Convocou então o seu colega de Frumpy, o guitarrista Thomas Kretschmer, além de Michel Kobs, nos teclados, que também tocou no Thirsty Moon, além do também tecladista Manne Rurup que foi do Release Music Orchestra, Tomorrow’s Gift e A. R. & Machines. Foi convocado também, para o baixo, Klaus Briest, que era do Xhol Caravan, além do também baixista Jim Wiley, junto com Olaf Casalich na percussão que tocou no Ougenweide, Tomorrow’s Gift e A. R. & Machines. Finalmente Willi Pape no saxofone, clarinete e flauta, que também tocara no Thirsty Moon. Pronto, a banda estava formada! 

Dennis

Era a nata da cena krautrock, pertenciam as bandas precursoras do estilo. A sede da banda era uma antiga escola de vila nos arredores de Hamburgo e lá aconteciam ensaios baseados em longas sessões de improvisações e jams sections que foi o sustentáculo da proposta sonora do Dennis, sobretudo quem achava que a nova banda seria um compilado das antigas bandas de seus integrantes. 

O Dennis lançou apenas um álbum, em 1975, chamado “Hyperthalamus”. A sua música era baseada na improvisação coletiva, tendo como base o krautrock, mas sem aquele experimentalismo minimalista do passado não muito distante que deu início a cena kraut. Tinha um pouco da sofisticação do rock progressivo em voga nos meados da década de 1970, mas com a típica introspecção alemã, com passagens jazzísticas e temas psicodélicos, viajantes e um space rock com passagens eletrônicas, distorções de guitarra e momentos de puro frenesi. 

A primeira faixa, “Do Your Own Thing”, começa com a gravação da estação principal de Hamburgo, logo depois surgem discretamente a percussão com suaves dedilhados de guitarra que confere uma atmosfera envolta em mistério, mas que, aos poucos vai ganhando corpo, vigor, uns solos de guitarra floydianos de épocas psicodélicas. Uma música que resgata o experimentalismo do krautrock, mesclado ao sofisticado rock progressivo. Um som relaxado, flutuante, com nuances mais pesadas, sendo alternadas em uma bela sinergia sonora.

"Do Your Own Thing"

A segunda faixa, “Others Do – Already” começa igualmente experimental com o protagonismo da flauta e do piano com uma camada introspectiva e, como em “Do Your Own Thing”, vai encorpando com a bateria mais forte, um baixo mais pulsante, a “cozinha” ganha mais espaço e confere mais substância à música, mas que logo fica brando novamente, com o saxofone entrando em cena, em uma verdadeira pegada jazzística. A música é uma verdadeira jam section! 

"Others Do - Already"

O álbum finaliza com “Grey Presente Tense”, seguindo a mesma proposta da faixa anterior: experimental, viajante, psicodélica, com o destaque pleno e vivo do saxofone, que vai ficando mais agitada, com a bateria mais frenética, um som mais pesado, mas voltado para o jazz rock.

"Grey Present Tense"

“Hyperthalamus” foi uma espécie de “álbum póstumo”, pois quando fora lançado, em 1975, a banda já não existia mais. Desde que fora formada, dois anos antes, após algumas sessões de ensaio, fez alguns shows, sempre mudando a sua formação, uma espécie de rotatividade com a intenção da busca da perfeição de sua música, de seu DNA musical. 

O álbum não conta com uma grande qualidade da gravação, parece ter sido oriundo de uma gravação da banda tocando, fazendo os seus ensaios cheios de improvisação, ao tipo “alive in studio”, mas ainda expressa uma música na plenitude da liberdade criativa de músicos excelentes. Há quem diga que os projetos dessa natureza, além de efêmeros, é uma perda de tempo de músicos que querem apenas respirar novos ares de suas bandas oficiais ou de antigas bandas, que não traz nada demais, de relevante. Não nos enganemos, pois a história nos brindou com ajuntamentos improváveis e, apesar da precocidade, trouxe o improvável, o respiro que faz do rock mais rejuvenescido.




A banda:

Carsten Bohn na bateria
Thomas Kretschmer na guitarra
Michel Kobs, nos teclados
Manne Rurup nos teclados
Klaus Briest no baixo
Jim Wiley no baixo
Olaf Casalich na percussão
Willi Pape no saxofone, clarinete e flauta

Faixas:

1 - Do Your Own Thing
2 - Others Do – Already
3 - Grey Present Tense






2 comentários:

  1. Bom Review detalhado deste otimo clássico obscuro do Rock alemāo

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    1. Amigo Marcelo obrigado por ter lido! Você disse tudo: um clássico obscuro do rock alemão. Um legítimo krautrock que, em meados dos anos 1970, parecia estar esquecido. Excelente álbum!

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