quinta-feira, 30 de abril de 2020

Albatross - Albatross (1976)


O garimpo das bandas que compõe o rock progressivo obscuro é estimulante, sobretudo quando se descobre bandas de alta qualidade e que artesanalmente produz seus álbuns e com muita dificuldade tenta divulgar seu material e difundir a sua música. Muitas infelizmente perecem, ficam para trás, não pela falta de qualidade, mas de um apoio da indústria e até mesmo falta de sorte em alguns momentos que poderiam ser determinantes em seus caminhos e que por detalhe não se concretiza. Mas, atualmente temos a força da internet e das redes sociais que, quando bem utilizada, pode transformar aquilo que era impossível conhecer, em algo de domínio global, graças a abnegados que são verdadeiros desbravadores da cena e de bandas que não tiveram e que não tem o mínimo de apoio. E um grande exemplo é a banda norte americana chamada Albatross e o seu único álbum lançado em 1976, simplesmente chamado do “Albatross”. 


"Albatross", de 1976

A banda formada na cidade de Rockford, Illinois, nos Estados Unidos no início dos anos 1970 passou despercebida na cena progressiva americana. Tem no rock progressivo sinfônico com notada influência de bandas como Yes e Emerson, Lake & Palmer, com levada bem hard em determinados momentos que lembra bandas como Birth Control, aliando peso e o uso de órgão. É inegável, mesmo que a uma primeira audição, como no meu caso, que a banda goza de melodias e arranjos excepcionais e contagiantes, como é muito comum a bandas sinfônicas da qual é exigida uma destreza instrumental. Talvez por ter a influência dessas bandas consagradas, o Albatross não tenha tido a sorte que esperava, sendo acusada de plágio por copiar a música de outras bandas, o que não confere, confirmando apenas a influência, tendo inclusive a grande evidência de surgimentos de bandas sinfônicas, sobretudo em meados da década de 1970. O seu álbum, como de muitas bandas sem o devido apoio, teve a produção feita de forma artesanal e privada em um estúdio que eles construíram com a ideia de alavancar e trazer para a sua cidade natal, Rockford, a produção profissional de álbuns. A banda era formada por: Mike Novak nos vocais, Paul Roe na guitarra, Joe Guarino no baixo, Mark Dahlgren nos teclados e Dana Williams na bateria. 


A banda

O álbum abre com a épica “Four Horsemen of the Apocalypse” que combina música progressiva, rock sinfônico, música clássica e hard rock. Um extravagante suíte que excelentes passagens rítmicas personificado em belos números instrumentos e um bom e dramático vocal, limpo e forte. 


Albatross - "The Four Horseman of the Apocalypse"

“Mr. Natural” mostra uma predominância do progressivo sinfônico com o destaque para os vocais fortes e de grande alcance e, claro, o abuso mais do que necessário e urgente do hammond. O destaque também fica para um curioso e interessante groove sintetizado nos seus riffs de guitarra, fazendo da música mais solar e dançante, diria.


Albatross - "Mr. Natural"

Na sequência temos a “Devil's Strumpet” que envolta em uma atmosfera viajante e espacial tem como destaque para o teclado, irrompendo em um belíssimo progressivo sinfônico. Uma música que tem uma ótima interação entre os músicos e seus instrumentos, sendo esses tocados de forma frenética e enérgica. 


Albatross - "Devil's Strumpet"

“Cannot Be Found” mostra o talento de Novak nos vocais, cantando praticamente a capela, apenas com o apoio do piano. Uma balada melancólica e instrospectiva que se opõe as faixas bombásticas do álbum. "Albatross" fecha com “Humpback Whales” cuja introdução tem um clima obscuro, mas logo revela a face sinfônica com uma evidente influência de Keith Emerson. Pouco depois do lançamento do álbum, os integrantes decidiram dissolver a banda. Joe Guarino continuou na indústria da música, estudando e se especializando no ramo. Mike Noval sofreu aneurisma, ficou afastado da música, mas se recuperou e entrou em uma banda de blues, em 1996, chamada “The Blues Hawks”, também da região de Rockford. A banda, em algumas fontes que levantei para redigir esta resenha que você lê, foi comparada, de forma diria até maldosa, com o Yes. Claro que, desde que o rock n' roll existe, essas comparações sempre serão pauta em fóruns de discussões, mas não reconheço essa comparação que é um termo menos impactante que plágio, mas como uma influência, afinal o Yes plantou pioneirismo e colheu consagrações, pelo que representa para o rock progressivo sinfônico, sobretudo e o Albatross tinha tudo para progredir, para avançar e lapidar sua música. Seu único álbum mostra uma banda virtuosa, competente e muito, mais muito ciente de suas propostas sonoras, com muita personalidade. Porém alguns infortúnios, que jamais saberemos quais foram, a banda pereceu, não vingou, mas deixou um pequeno legado para o rock progressivo norte-americano e um material essencial aos apreciadores da música progressiva. Mais uma grande pérola mais do que recomendada.




A banda:

Mike Novak no Vocal
Mark Dahlgren nos Teclados, Sintetizadores e Vocal
Joe Guarino  no Baixo e Vocal
Paul Roe na Guitarra
Dana Williams na Percussão

Faixas:

1 - Four Horsemen of the Apocalypse
2 - Mr. Natural
3 - Devil's Strumpet
4 - Cannot Be Found
5 - Humpback Whales




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