O garimpo das bandas que
compõe o rock progressivo obscuro é estimulante, sobretudo quando se descobre
bandas de alta qualidade e que artesanalmente produz seus álbuns e com muita
dificuldade tenta divulgar seu material e difundir a sua música. Muitas infelizmente
perecem, ficam para trás, não pela falta de qualidade, mas de um apoio da
indústria e até mesmo falta de sorte em alguns momentos que poderiam ser
determinantes em seus caminhos e que por detalhe não se concretiza.
Mas atualmente temos a força da internet e das redes sociais que, quando bem
utilizada, pode transformar aquilo que era impossível conhecer, em algo de
domínio global, graças a abnegados que são verdadeiros desbravadores da cena e
de bandas que não tiveram e que não tem o mínimo de apoio. E um grande exemplo
é a banda norte americana chamada ALBATROSS e o seu único álbum lançado em
1976, simplesmente chamado do “Albatross”.
A banda, formada na cidade de Rockford, Illinois, no início dos anos 1970 passou despercebida na cena progressiva americana. Tem no rock progressivo sinfônico com notada influência de bandas como Yes e Emerson, Lake & Palmer, com levada bem hard em determinados momentos que lembra bandas como Birth Control, aliando peso e o uso de órgão.
É inegável, mesmo que a uma
primeira audição, como no meu caso, que a banda goza de melodias e arranjos
excepcionais e contagiantes, como é muito comum a bandas sinfônicas da qual é exigida uma destreza instrumental. Talvez por ter a influência dessas bandas
consagradas, o Albatross não tenha tido a sorte que esperava, sendo acusada de
plágio por copiar a música de outras bandas, o que não confere, confirmando
apenas a influência, tendo inclusive a grande evidência de surgimentos de
bandas sinfônicas, sobretudo em meados da década de 1970.
O seu álbum, como de
muitas bandas sem o devido apoio, teve a produção feita de forma artesanal e
privada em um estúdio que eles construíram com a ideia de alavancar e trazer
para a sua cidade natal, Rockford, a produção profissional de álbuns. A banda
era formada por: Mike Novak nos vocais, Paul Roe na guitarra, Joe Guarino no baixo,
Mark Dahlgren nos teclados e Dana Williams na bateria.
O álbum abre com a épica “Four Horsemen of the Apocalypse” que combina música progressiva, rock sinfônico, música clássica e hard rock. Um extravagante suíte que excelentes passagens rítmicas personificado em belos números instrumentos e um bom e dramático vocal, limpo e forte.
"The Four Horsemen of the Apocalypse"
"Mr. Natural"
Na sequência temos a “Devil's Strumpet” que, envolta em uma atmosfera viajante e espacial, tem como destaque para o teclado, irrompendo em um belíssimo progressivo sinfônico. Uma música que tem uma ótima interação entre os músicos e seus instrumentos, sendo esses tocados de forma frenética e enérgica.
"Devil's Strumpet"
“Cannot Be Found” mostra o talento de Novak nos vocais, cantando praticamente a capela, apenas com o apoio do piano. Uma balada melancólica e introspectiva que se opõe as faixas bombásticas do álbum. "Albatross" fecha com “Humpback Whales” cuja introdução tem um clima obscuro, mas logo revela a face sinfônica com uma evidente influência de Keith Emerson. Pouco depois do lançamento do álbum, os integrantes decidiram dissolver a banda.
"Cannot Be Found"
Joe Guarino continuou na indústria da música, estudando e se
especializando no ramo. Mike Noval sofreu aneurisma, ficou afastado da música,
mas se recuperou e entrou em uma banda de blues, em 1996, chamada “The Blues Hawks”, também da região de Rockford.
A banda, em algumas fontes que levantei para redigir esta resenha que você lê, foi comparada, de forma diria até maldosa, com o Yes. Claro que, desde que o rock n' roll existe, essas comparações sempre serão pauta em fóruns de discussões, mas não reconheço essa comparação que é um termo menos impactante que plágio, mas como uma influência, afinal o Yes plantou pioneirismo e colheu consagrações, pelo que representa para o rock progressivo sinfônico, sobretudo e o Albatross tinha tudo para progredir, para avançar e lapidar sua música.
Seu único álbum mostra um Albatross virtuoso, competente e muito, mais muito ciente de suas propostas sonoras, com muita personalidade. Porém alguns infortúnios, que jamais saberemos quais foram, a banda pereceu, não vingou, mas deixou um pequeno legado para o rock progressivo norte-americano e um material essencial aos apreciadores da música progressiva. Mais
uma grande pérola mais do que recomendada.
A banda:
Mike Novak no Vocal
Mark Dahlgren nos Teclados,
Sintetizadores e Vocal
Joe Guarino no Baixo e Vocal
Paul Roe na Guitarra
Dana Williams na Percussão
Faixas:
1 - Four Horsemen of the Apocalypse
2 - Mr. Natural
3 - Devil's Strumpet
4 - Cannot Be Found
5 - Humpback Whales
"Albatross" (1976)
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