Costumo dizer que o rock n’
roll é um mundo a ser explorado, um mundo selvagem e intocado com uma inesgotabilidade incrível. A música, as bandas, as obras são infindáveis
e para aqueles que apreciam uma boa garimpagem e que não se rende a
estereótipos, não se prendendo aos subgêneros encontrará um vasto material.
Ouso
dizer que, muitas das bandas que assumiram certos protagonismos históricos como
por exemplo o pioneirismo de um estilo, seja sonoro ou estético ou os dois, devem deixar
suas barbas de molho, pois a história é viva e com o advento de muitas formas
de disseminação da informação, como as redes sociais e os novos veículos de comunicação com o advento da internet, por exemplo e do alcance que esses assumem, aliado ao
espírito de abnegação de algumas pessoas, algumas bandas que, até 40 ou 50 anos
atrás tinha uma postura de coadjuvante pode ter ou reaver, independente
dos infortúnios por elas sofridas no passado, seu
papel de importância, de protagonismo dentro da cena rock.
Não quero atribuir a essa banda
que descobri tal papel de pioneirismo ou de importância, mas ao ouvi-los, vendo também a rústica arte gráfica de seu álbum, não há como negligenciar ou deixar de lado a discussão do motivo
pelo qual muitas bandas foram relegadas ao ostracismo ou rejeição da indústria
fonográfica ou do público.
O assunto é deveras complexo e pode proporcionar
acaloradas discussões, afinal esse é o rock n’ roll e suas complexidades podem acarretar em contradições. Hoje falo da banda CRANK e de seu único álbum “a Night in the
cave”, gravado em 1971 e desenterrado, lançado em 1997.
Na realidade não se trata de um “álbum cheio” da banda, mas um
“Split”, ou seja, álbuns que são divididos entre duas ou mais bandas, onde cada uma dessas selecionadas bandas colaboram com uma ou mais músicas.
O Crank “dividiu”
o álbum com outra banda do submundo do rock chamada “Thump Theater”, inclusive
dividindo o nome do álbum também. Até hoje os “splits” são comuns por aí,
principalmente entre bandas alternativas ou que estão iniciando sua trajetória discográfica, afinal pode ser uma solução barata para os músicos e também para as gravadoras que ainda estão um tanto quanto convencional demais quanto aos investimentos.
O Crank lançou apenas esse material e ele é excelente, excepcional e, ao ouvir, a minha tese no que tange ao pioneirismo, modéstia à parte, se reforçará. Esse álbum teve uma quantidade de cópias muito limitada, apenas 750 unidades foram colocadas no mercado, em 1997, apesar de ter sido gravado em 1971, e hoje certamente se trata de um artigo de luxo para colecionadores de vinil pelo mundo, mas 750 pessoas foram agraciadas com essa pérola.
O Crank lançou apenas esse material e ele é excelente, excepcional e, ao ouvir, a minha tese no que tange ao pioneirismo, modéstia à parte, se reforçará. Esse álbum teve uma quantidade de cópias muito limitada, apenas 750 unidades foram colocadas no mercado, em 1997, apesar de ter sido gravado em 1971, e hoje certamente se trata de um artigo de luxo para colecionadores de vinil pelo mundo, mas 750 pessoas foram agraciadas com essa pérola.
O álbum foi descoberto nos porões, literalmente, da Rockadelic e
remasterizado a partir das máster tapes. Mais uma curiosidade sobre o Crank: as
fitas com as músicas do Crank vieram da "Cavern Sounds Studios" e tinha escrito
na caixa que as envolvia a seguinte frase: “Zep Jr”, fazendo uma menção a
influência da banda com o Led Zeppelin ou um deboche escrachado de que o Crank
plagiara a banda de Jimmy Page e companhia. Uma bobagem sem tamanho!
Acredito que isso deve ter sido um
dos entraves para o jovem e talentoso Crank não ter vingado. E já que foi
mencionado a sua influência, digo influência e não plagio, pois a banda era
muito original e uma rápida audição é perceptível o quão eram originais, crus,
poderosos e viscerais.
Um hard rock avassalador, um verdadeiro petardo aos ouvidos
mais sensíveis. É inegável, pois, que o vocalista lembra um pouco Robert Plant,
mas isso não inviabiliza o Crank e seu magistral material, apesar de curto,
pequeno, em um total de pouco mais de 20 minutos de duração dividido em cinco faixas.
O álbum
abre com “Let Go” que traz um pouco de psicodelia, com um country mais arrastado,
uma pitada de blues rock, talvez a menos pesada do Crank. Já “Give You My Love”
esmurra a porta e começa com riffs ameaçadores de guitarra e um vocal
rasgado, um hard com cara de um heavy metal de vanguarda.
“Want You Back” mantém a mesma pegada, riffs poderosos, vocal despretensioso, bateria marcada e agressiva, excelente! Mas com “Don't Push Me Away” a corroboração do peso e agressividade se faz latente, incrível a sinergia entre os instrumentos e o vocal, não há como mexer freneticamente a cabeça com essa música. E por falar no vocal, foi o momento em que ele esteve limpo e altivo.
E fecha com “N F T B” um hard blues pesado e dançante que entrega aos ouvidos ávidos por boa música pesada um elixir do que uma banda jovem, pesada, explosiva e pouco comercial é capaz de fazer.
"Give You My Love"
“Want You Back” mantém a mesma pegada, riffs poderosos, vocal despretensioso, bateria marcada e agressiva, excelente! Mas com “Don't Push Me Away” a corroboração do peso e agressividade se faz latente, incrível a sinergia entre os instrumentos e o vocal, não há como mexer freneticamente a cabeça com essa música. E por falar no vocal, foi o momento em que ele esteve limpo e altivo.
"Don't Push Me Away"
E fecha com “N F T B” um hard blues pesado e dançante que entrega aos ouvidos ávidos por boa música pesada um elixir do que uma banda jovem, pesada, explosiva e pouco comercial é capaz de fazer.
Certamente o Crank está entre as bandas mais pesadas de seu
tempo, apesar de não ter seu trabalho conquistado a luz. Infelizmente não se
tem informação dos nomes dos músicos que faziam parte do Crank, apenas uma
foto, uma imagem que confirma a sua curta existência.
Faixas:
1 - Let Go
2 - Give You My Love
3 - Want You Back
4 - Don't Push Me Away
5 - N F T B
"Crank - A Night in the Cave" (1971-1997)
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