sexta-feira, 28 de março de 2025

The Ghost - When You’re Dead – One Second (1970)

 

Quando você lembra da cidade fabril britânica de Birmingham de quais bandas você lembra quase que forma imediata? Claro que o Black Sabbath em primeiro lugar e logo depois o Judas Priest! Bandas que são sinônimos de música pesada, os primórdios do heavy metal.

Mas não enganem, estimados leitores, a cena desta cidade na Inglaterra não se resume à música pesada dos precursores e famosos Sabbath e Priest, se estendendo a uma rica e diversificada vertente sonora que vai do progressivo ao folk rock.

Evidente que a esmagadora maioria estão no submundo de sua existência, povoando a obscuridade, tendo uma efêmera vida, mas que, como cometas, passaram, causaram algum impacto e sumiram, algumas sem dar vestígios.

A minha caminhada pelo desbravar da música obscura e suas bandas tem me proporcionado a descoberta de algumas pérolas e, quando o blog foi concebido, a explosão se deu, pois, a sua essência é trazer as histórias das bandas marginalizadas pela indústria e seus audaciosos álbuns e isso é motivo de um arrebatamento impressionante, trazendo luz e realidade a cenas que jamais pensei ter um tamanho quase que descomunal.

E uma banda que conheci, há alguns anos atrás, me trouxe, diria descortinou diante da minha retina, um lado da cena rock de Birmingham que jamais esperava que fosse existir: THE GHOST.

Aos aficionados pela música rara e obscura o The Ghost talvez não esteja no patamar de uma banda rara, totalmente desconhecida, porém ainda é inegável dizer que esta banda, principalmente comparando-a aos icônicos filhos da terra, como Sabbath e Priest, esteja em uma condição de underground inclusive de sua cidade natal, quiçá do mundo.

The Ghost

Mas, a meu ver, acredito ser o mais relevante, quando se fala do The Ghost, não seja tanto o “nível” de sua obscuridade e sim a sua sonoridade, que se dispersa totalmente do óbvio que se praticava à época naquela cidade na segunda metade dos anos 1960 e início dos anos 1970. Um som híbrido que trafega no hard rock com pitadas lisérgicas, um progressivo de vanguarda, com a predominância do órgão, a onipresença dos sintetizadores que traz uma versão folk sombria, arrastada e soturna.

Uma “sopa” sonora que tem como pilar o rock psicodélico, mas nada muito experimental, pois traz exatamente o peso, por vez, visceral de riffs de guitarra, de vocais gritados e “cozinha” rítmica enérgica e animada. Nome do álbum: “When You’re Dead – One Second”, de 1970. O único, inclusive! Mas antes de entrar mais detalhadamente na história do álbum, falemos, um pouco mais, do The Ghost e seus primórdios.

O núcleo do The Ghost se formou, em 1969, em torno do ex-guitarrista do Velvet Fogg, Paul Eastment, que era primo de nada menos que Tonny Iommy, guitarrista do Black Sabbath, Charlie Grima, na bateria, Terry Guy, no órgão, piano e vocal e Daniel McGuire, no baixo e vocal. Entrando, um pouco mais tarde a multi-instrumentista e vocalista Shirley Kent. Eis a formação do The Ghost que, quando surgiu, se chamava “Holy Spirit” que, por razões óbvias, decidiram encurtar.

Quando Shirley se reuniu à banda, ainda em 1969, lançaram seu primeiro single, seguido por uma produção completa ainda naquele ano, mais precisamente no final daquele ano. Assim ganharia o mundo o “When You’re Dead – One Second”.

Antes de Shirley Kent ingressar na banda, o The Ghost tocava uma espécie de blues rock em pequenas casas de shows, tendo na figura de Kent a importância na nova concepção sonora que culminou no seu único rebento, que, embora tenho sido finalizado em 1969, foi lançado oficialmente em janeiro de 1970, pelo selo Gemini. Em 1971 o álbum foi lançado no Reino Unido e na Espanha pelos selos Exit / Ekipo Records, respectivamente.

Shirley já gozava de algum reconhecimento na cena musical e havia gravado, em 1966, duas faixas para um EP, “The Master Singers And Shirley Kent Sing For Charec 67 (Keele University 103)”, além de Eastment, o guitarrista, que havia tocado, também pelos idos de 1966, no Velvett Fogg.

Já que mencionei o Velvett Fogg, não podemos negligenciar sua interessante, porém curta história, onde além do Paul Eastment, que fundou o projeto, contou, em seu line-up com Tony Iommi, seu primo, mesmo que tenha sido em apenas um show e o tecladista Frank Wilson que se juntaria ao Warhorse.

A banda lançaria o seu álbum autointitulado, em janeiro de 1969, pelo selo Pye, com uma capa deliciosamente escandalosa, onde a banda estava fotografada juntamente com duas modelos com os seios nus, disfarçados de uma obra de pintura corporal. Será que em dias atuais ela seria “cancelada” pelos pseudo conservadores da internet.

"Velvet Fogg" (1969)

Embora Shirley Kent tenha sido determinante para a nova orientação sonora do The Ghost, percebe-se, ao ouvi-lo, que há contrastes entre as músicas que Kent canta, com uma pegada mais folclórica, mais folk, além da pegada mais ácida, com aditivos de blues rock bem generosos pelo resto da banda, fazendo com que seu único trabalho apresente algo bem diversificado, sonoramente falando.

A capa, a arte gráfica do álbum é deveras assustadora e, embora não goze de uma beleza arrojada, mostra uma imagem translúcida fantasmagórica, daí talvez o nome da banda, dos seus cinco integrantes, em torno de uma grande lápide, encabeçada por uma cruz celta. No mínimo horripilante e muito instigante para os apreciadores de occult rock.

Feitas as devidas apresentações históricas, falemos um pouco de cada faixa, a começar pela “When You’re Dead”, a faixa título, que entrega, de imediato, alguma velocidade na sua condução, algo mais calcado no hard psych, apoiada fortemente pelos teclados de Terry Guy e uma guitarra que, por mais que não soe tão sofisticada e bem elaborada nos seu timbres e solos, se mostra como tem de ser, levando em consideração a sua proposta sonora: lisérgica e áspera. As intervenções vocais têm forte conotação sombria, trazendo momentos mais agressivos, gritados, potentes. Já se revela, na sua introdução, um álbum espetacular e muito diverso em sua sonoridade.

"When You're Dead" (1970)

Segue com “Hearts and Flowers” mostra, além dos impulsos sombrios, traz os riffs ácidos de guitarra, o impulso psicodélico dos teclados e o rock métrico da seção rítmica, bem como a pegada folk de Kent, fechando uma sonoridade diversificada, diria até arrojada, mas ainda assim apresenta uma “compostura” clássica. “In Heaven” une espirais concêntricas de teclados, com coros altos, vocais tenebrosos, com um pouco de emoção perversa dando a textura da faixa. Não se enganem, amigos leitores, com o título da música!

"Hearts and Flowers"

“Time is my Enemy” segue similarmente à proposta de “Hearts and Flowers”, onde gira em torno de todos os instrumentistas, mas com o destaque, para ambas as faixas, inclusive, para o vocal de Shirley Kent, bem definida e diria, sem medo de ousar, poderosa. O destaque também fica para a guitarra igualmente poderosa de Eastment, com seus riffs psicodélicos tendendo mais para o hard rock.

"Time is my Enemy"

Na sequência temos “Too Late to Cry”, onde temos um dos episódios mais cativantes do álbum, que consiste, do começo ao fim, em viradas de guitarra espetaculares, galopantes, que aumenta, com ímpeto, uma veia mais para o occult rock. Não se pode esquecer do suporte robusto do baixo, pulsante e enérgico. Mas o melhor estaria por vir no longo solo de Eastment, na guitarra, que floresce no meio da faixa, simples e intenso, ao mesmo tempo.

"Too Late to Cry"

“For One Second” tenta, e com êxito, entrelaçar seus diferentes humores, para constatar seu viés progressivo, mesmo antes desta vertente sonora ganhar um pouco mais de visibilidade, tendo, como base, a textura dos teclados, criando uma espécie de tensão, além de leve arpejo de guitarra. “Night of the Warlock” traz um curioso country music mergulhado em ácido. Uma lisergia country bem apreciável e instigante, diria. O refrão é sombrio e até atordoante, com alguns dedilhados discretos de guitarra. Me remeteu a alguns rituais, algo pagão.

"For One Second"

“Indian Maid” é primordialmente lisérgica e se torna um tanto quanto sombria no seu refrão, pois me remete a uma invocação de uma missa negra, trazendo, ainda, algo meio teatral a sua estrutura sonora. É tenso, um pouco intenso, é cênica, é vívida. “My Castle Has Fallen” tem uma verve rítmica de sobra, que beira a perfeição, com uma boa dose de ousadia e coragem entre os vocais, mas o órgão, os teclados de Guy definitivamente iluminam a música, sendo contagiante e excitante, dispensando a leveza do que se fazia na música nos anos 1960, sendo enérgica e solar.

"My Castle Has Fallen"

E finalmente fecha com a faixa “The Storm” que traz uma síntese das diferentes peculiaridades da banda, com a voz de Shirley Kent gélida e distante. A faixa bônus, que saiu na reedição do selo Mellotron, no formato CD, “I’ve Got to Get to Know You” entrega uma versão austera, quase que arrogante, com uma pegada folk rock psicodélica bem interessante, além de uma seção rítmica calcada em uma bateria simples e comum, mas um baixo de excelente substância.

"The Storm"

“When You’re Dead – One Second” não foi um sucesso comercial e a tendência, triste e inevitável, era de que a banda pudesse se separar. Existia o interesse, por parte de alguns integrantes, de continuar com a banda, mas pelo simples fato de não ter a unanimidade para manter o The Ghost já suscitava para o início de um iminente fim.

E foi o que aconteceu! Em 1975 Shirley Kent, sob o pseudônimo de Virginia Trees, concretizaria seus desejos de uma carreira solo, gravando o seu primeiro álbum chamado “Fresh Out”. Mas ela contaria com Paul Eastment na guitarra e Terry Guy no piano e teclado em sua banda para a concepção do seu debut.

"Fresh Out" (1975)

Daniel MacGuire morreria de um ataque cardíaco em 1998, deixando em sua filha, Zennor, a herança musical. Hoje ela é um músico que atua no underground e está buscando um lugar ao sol da sua carreira. Charlie Grima, após o The Ghost, tocaria bateria em uma banda chamada Mongrel, participando da gravação de um álbum chamado “Get Your Teeth Into This”, de 1973.

"Get Your Teeth Into This" (1973)

The Ghost, com o perdão da analogia, vagou invisível e obscuramente pela cena rock, no sussurro da psicodelia e no alvorecer do hard rock no início dos anos 1970. Isso não deduz ausência da qualidade sonora que produziu com seu único álbum, afinal muitas bandas pereceram precocemente naqueles longínquos anos, deixando um ótimo trabalho que, por mais que possa parecer incoerente, serviu de referência para a transição do rock psicodélico para o hard rock e rock progressivo, servindo de norte para muitas bandas que viriam a surgir logo depois de sua repentina morte. The Ghost tornou-se necessário, mesmo que tenha sofrido na própria carne, em prol de um novo despertar de vertentes sonoras que revolucionariam o rock na prolífica década de 1970.

Em 1987 o selo Bam-Caruso relançou o álbum do The Ghost, no formato LP, com o título “For One Second”, com a adição do single que não foi lançado no LP de 1970, “I’ve Got to Get to Know You”. Em 1991 o selo UFO Records, da Inglaterra, lançaria o álbum, em CD. O icônico selo italiano Mellotron lançaria, no formato CD, o álbum “When You’re Dead” em 1991, 1999 e 2005.

O selo que lançou o álbum originalmente, Walhalla, o relançaria, em CD, em 2006, o selo espanhol Wah Wah, relançaria, em LP, em 2007, a gravadora Tam-Tam, norte-americana, lançaria, em CDr, em 2007. O Mellotron novamente faria uma série de relançamentos do álbum entre 2010 e 2024, seja no formato LP ou CD. Posteriormente a 2024 tiveram outros relançamentos pirata e outras também do selo Mellotron.

 

A banda:

Terry Guy no órgão e piano

Shirley Kent na guitarra acústica, tamborim e vocal

Paul Eastment na guitarra solo e vocal

Daniel MacGuire no baixo

Charlie Grima na bateria e percussão

 

Faixas:

1 - When You're Dead

2 - Hearts and Flowers

3 - In Heaven

4 - Time is my Enemy

5 - Too Late To Cry

6 - For One Second

7 - Night off The Warlock

8 - Indian Maid

9 - My Castle Has Fallen

10 - The Storm

11 - Me and my Loved Ones

12 - I've Got to Get to Know You




"When You're Dead - One Second" (1970)

 


 

































sexta-feira, 21 de março de 2025

Orchid - Capricorn (2011)

 

Quando eu comecei a ouvir as bandas de stoner rock em meados da primeira década dos anos 2000, eu sempre achei que as bandas que eu ouvia, em especial, era uma espécie de resposta nostálgica dos fãs aos anos 1970 e todas as suas manifestações culturais e/ou comportamentais.

Mesmo assim continuei a ouvir desbravar os sons dessa nova cena que, mesmo sem apoio da indústria fonográfica, e de alguns fãs de rock mais “conservadores”, e fui percebendo, ao ouvir álbuns e bandas, que não era apenas lembranças, reminiscências do passado, mas eram sons mais arrojados, mais destemidos, sonoramente falando.

Muitas bandas começaram a aglutinar sonoridades psicodélicas, de blues e até mesmo de rock progressivo. As viagens sonoras se tornaram mais chapadas e até mesmo sofisticadas, o que pode parecer impossível com o stoner rock, tido como um som mais duro, mais rústico e, por vezes, sujo e despretensioso.

E uma banda, em especial, me apresentou a essa nova cena e não me fez querer sair mais. A banda se chama ORCHID! E quando eu falei que essa cena dos anos 2000, começou a flertar com outros elementos sonoros do rock n’ roll, entre outros o psych rock, o Orchid foi formado em uma das cidades mais importantes para a cena psicodélica dos anos 1960, São Francisco, nos Estados Unidos. Tem algo a ver? Não sei dizer se tem, foi apenas um dado sem muita relevância.

Mas coincidências à parte, a história do Orchid inicia em 2008, aproximadamente com o vocalista Theo Mindell, quando estava construindo, em sua mente, uma ideia do que viria ser o Orchid. Ele não estava tocando em banda nenhuma à época e há muito tempo. Estava cansado do que estava acontecendo nas cenas daquela época e começou a compor, na guitarra, naquele mesmo ano.

Ele tinha tocado em uma banda com o guitarrista Mark Thomas Baker, isso muito anos antes de se juntarem ao Orchid! Theo sabia que Mark era o único cara que poderia materializar o seu projeto, que era capaz de trazer o Orchid à vida. E o incomodou, de forma incansável e determinada, para convencer Mark a participar de sua empreitada, até que finalmente ele aceitou.

Theo Mindell

O próximo passo era buscar mais músicos para compor a banda e a busca foi longa e difícil, principalmente para a escolha de um baixista. Foram muitos baixistas que fizeram audição e muitos que não se encaixavam na proposta da nova banda, alguns entraram na banda, mas ficaram por pouco tempo. Até que Keith Nickel foi escolhido e em seguida entraria na banda o baterista exímio Carter Kennedy. Esse foi o começo do Orchid.

As origens do nome da banda, “Orchid”, claro, veio do título da música do Black Sabbath, do excelente álbum, de 1972, “Vol.4”. A ideia de Theo era um nome que não soasse tão clichê dessas bandas de heavy metal. Ele queria um nome que evocasse sentimentos de psicodelia do final dos anos 1960 e início dos anos 1970 e o Sabbath foi lembrado. Talvez se fosse um nome sombrio ou mau teria soado algo fingido ou forçado.

A ideia de Theo e os demais caras da banda era um nome ambíguo que desse a eles algum espaço para crescer musicalmente e comercialmente falando. E Orchid era ideal, eles sempre gostaram da maneira como o nome da banda estava atrelado a eles.

E, com isso, vem também algumas comparações, um tanto quanto maldosas, com o próprio Sabbath. Mas encaro, bom amigo leitor, como apenas uma influência inevitável. E deixo com os senhores uma declaração do próprio Theo Mendell, em uma entrevista concedida para um blog chamado “Temple of Perdition”, que diz:

“Quanto às comparações com o Sabbath? Eu realmente não me preocupo com isso. Eu amo o Sabbath. Eles têm sido uma das minhas bandas favoritas desde que eu era criança. Eu não sei como eu poderia escrever músicas de rock pesado sem esse som ou identidade. É apenas o que eu acho legal. Eu acho que há muitas outras influências que estão bastante presentes no som do Orchid também. Mas as pessoas sempre pegarão o caminho mais curto para um destino, mesmo que seja prendendo algum tipo de "etiqueta de roubo" em você. Se esse é o pior crachá que eu já tive que usar na minha vida musical, vou usá-lo com orgulho”.

O primeiro trabalho do Orchid sairia em 2009, mas não seria um álbum, mas um EP e, convenhamos, começaram, ainda assim, muito bem, com o “Through the Devils Doorway”. Eram quatro músicas de uma banda avassaladora, que trazia o conceito de hard rock muito fortemente, mas trazia também pegadas de storner, psych e até mesmo de um doom metal. Um começo à altura das ambições desses jovens músicos que queriam fazer música dos anos 1970 com um pé nos anos 2000 e com muito recurso sonoro.

"Through the Devil's Doorway" (2009)

Mas o melhor estava por vir, o tão esperado debut do Orchid e, apesar de ter demorado um pouco, ele viria e com força e impacto na cena stoner underground e o nome dele? “Capricorn”, de 2011. O conceito, a proposta era basicamente a mesma de seu EP, lançado há dois anos antes, mas veio com uma excelente produção, com arranjos e melodias bem-feitas. Era um álbum diversificado, não era datado, o hard rock, o heavy rock, o stoner e o psych rock eclodia a cada nota musical. Se você, bom amigo leitor, aprecia Black Sabbath e aquele som arrastado e sombrio, verá em “Capricorn” a melhor das audições.

Theo Mendell assinaria a arte gráfica de “Capricorn”, bem como também no EP que abriu a história discográfica do Orchid. Nada mais do que natural, haja vista que de Theo que surgiu a concepção da banda e nada mais interessante que o próprio fizesse o trabalho estético e gráfico da banda, o que aconteceu. E é com “Capricorn” que falaremos nessa resenha.

A produção de “Capricorn”, já que comentei sobre o belo trabalho, ficou sob a responsabilidade de Will Storkson e ele foi determinante para a construção sonora desse álbum e lançado pelo selo Nuclear Blast. Há relatos, ainda na entrevista concedida para o blog “Temple of Perdition”, de Theo Mendell onde fala sobre as influências da banda para a concepção de seu debut:

“Se eu fosse deixado por conta própria, nossos discos poderiam acabar soando como uma mistura de Stooges Raw Power e Sabbath Bloody Sabbath ... Eu adoraria, mas pode parecer muito ensopado. Vou continuar empilhando fuzz e reverb até que você não consiga ouvir nada”.

Will ajudou e foi preponderante na produção de “Capricorn” e o fez com um radar direcionado aos longínquos anos 1970, mas sem negligenciar as tendências da contemporaneidade. Quanto ao teor das letras, suas temáticas trafegam no occult rock, mas também em temas sociais e comportamentais.

O álbum é inaugurado com a faixa "Eyes Behind the Wall" que já entrega o ouvinte um estrondoso e poderoso riff de guitarra, um trovão sonoro e potente. Bateria pesada, marcada, batida forte, baixo pulsante. A “cozinha” realmente se destaca e dá o tom, o ritmo, não é à toa que é a seção rítmica. E para aqueles que aprecia o hard dos anos 1970, perceberá uma espécie de gravação “vintage”, com nuances antigas. Sem dúvida a banda e o produtor conceberam a música e todo álbum assim intencionalmente.

"Eyes Behind the Wall"

Segue agora com a faixa título, “Capricorn” e a percepção de que voltamos aos anos 1970 é nítida. A batida cadenciada, tendendo para uma levada meio jazzística é adorável e dançante. O vocal é ameaçador, sombrio e segue também com um timbre cadenciado. Mas logo ela irrompe em uma hecatombe pesada, um volumoso hard rock. O vocal ganha mais alcance, mais potência, a música fica mais rápida, mas logo fica mais lenta e assim alterna, mostrando a capacidade instrumental da banda.

"Capricorn" (Clipe oficial)

“Black Funeral” surge vagarosa, lenta, uma bateria ao fundo, com seus pratos, mas logo depois, por pouco tempo explode em um heavy metal com guitarra tocada ao extremo e bateria igualmente pesada. Logo volta ao clima soturno, sombrio e perigoso, com o vocal dando a tônica. Um occult rock com linhas de heavy metal e pitadas discretas de doom metal.

"Black Funeral"

“Masters of It All” inicia com dedilhados de guitarra ao estilo Sabbath de tocar bem interessantes. Ela é responsável por colocar lenha na fogueira, porque, aos poucos, a faixa vai “encorpando”, ganhando camadas mais pesadas. A bateria é tocada com um pouco mais de agressividade e assim alterna, voltando para os dedilhados de guitarra. Os vocais ficam mais altos no clímax hard.

"Master of it All"

“Down into the Earth” traz um baixo dedilhado ao estilo Sabbath e explode para riffs grudentos e pesados de guitarra te remetendo ao heavy metal. A bateria bem marcada, tocada com técnica, mas orgânica. Riffs de guitarra, na metade da música, são percebidas com uma pegada mais doom, mais suja e despretensiosa.

"Down Into the Earth"

“He Who Walks Alone” é, sem dúvidas, uma das melhores faixas do álbum, pois traz uma mescla de passado e presente com uma incrível sinergia. Te remete ao hard rock dos anos setenta, com o peso e a cadência e o doom metal dos anos 1980, que traz a parte mais suja e arrastada. É agitada, enérgica, animada, encantadora e, claro, pesada. Aqui o Sabbath, juntamente com bandas do naipe de Saint Vitus são devidamente percebidas.

"He Who Walks Alone"

Segue com “Cosmonaut of Three” que começa aterrorizante, um estilo sombrio e ameaçador que parece ser uma trilha sonora de um final de terror. A “cozinha” se destaca novamente. A bateria segue marcada, mas pesada e o baixo pulsa feito um coração em um momento dramático e tenso de pavor. Há riffs de guitarra que corroboram essas condições dando uma camada interessante à música. Uma atmosfera perigosa e que dá aula de occult rock.

"Cosmonaut of Three"

“Electric Father” segue basicamente a mesma proposta sonora de sua antecessora, explodindo em um temperamento de doom metal, mesclado ao heavy rock e o hard rock com pegadas setentistas. Aqui os sintetizadores ganham algum destaque e dão um tom mais sombrio à faixa, além de um solo rápido, direto, mas competente de guitarra que traz mais peso.

"Electric Father"

E fecha com “Albatross” que foge um pouco do tom e da vibe das faixas anteriores. Começa com uma pegada mais viajante e chapante, te remetendo a coisas mais experimentais e psicodélicas. O vocal continua com aquele tom mais ameaçador e soturno, enquanto, aos poucos, a bateria vais surgindo um pouco mais forte e discretos dedilhados de guitarra. Os teclados entregam a condição mais viajante da faixa. E fecha, de forma espetacular e inspiradora, com solos de guitarra lisérgicas. O prog psych se faz presente nessa última faixa de “Capricorn”.

"Albatross"

Em 2012, um ano depois do lançamento de “Capricorn” o Orchid lançaria mais uma EP, o seu segundo, chamado “Heretic”, com quatro faixas, sendo que uma delas era uma faixa de seu debut, “He Who Walks Alone” e, no ano seguinte, em 2013 lançaria outro EP, com três músicas e que se chamou “Wizard of War”.

"Heretic" (2012)

"Wizard of War" (2013)

E finalmente o tão aguardado segundo álbum sairia, intitulado “The Mouths of Madness”, em 2013. A banda, neste novo trabalho, me soou mais polida, a produção mais bem acabada e uma banda nitidamente mais experiente e ciente da sua proposta sonora que não, não mudou em relação ao seu debut, “Capricorn”. A sonoridade poderosa, calcada no hard rock setentista, com pegadas atualizadas de stoner e doom metal, tendo a concepção do occult rock dominando as ações, mostra uma banda coesa e muito competente e coerente no que vinha, até então, fazendo. O álbum pode ser ouvido aqui!

"The Mouths of Madness" (2013)

Naquele mesmo ano, de 2013, a banda lançaria a sua primeira coletânea, “The Zodiac Sessions”, com o que há de melhor nos seus primeiros trabalhos. Atualmente a banda está um tanto quanto parada, não tem realizado lançamentos, mas há informações de que um novo trabalho virá e quando o Orchid se propõe a fazer um novo álbum, aguardem, pois há muita coisa boa pela frente!

"The Zodiac Sessions" (2013)

Theo Mindell, ainda em uma entrevista que concedeu para o blog “Temple of Perdition”, disse não fazer ou pelo menos não ter nenhuma intenção, com a sua música, com o Orchid, de estar em uma cena musical, mas apenas compor as músicas que amam. Mas o fato é que o Orchid, com a sua sonoridade que flerta com o tempo ou com “vários tempos”, trouxe uma nova perspectiva para o rock no início dos anos 2000, o rock como ele era, vivo e genuíno, marginalizado.


A banda:

Mark Thomas Baker na guitarra e sintetizadores

Keith Nickel no baixo

Carter Kennedy na bateria e percussão

Theo Mindell nos vocais, percussão e sintetizadores

 

Faixas:

1 - Eyes Behind the Wall

2 - Capricorn

3 - Black Funeral

4 - Masters of It All

5 - Down into the Earth

6 - He Who Walks Alone

7 - Cosmonaut of Three

8 - Electric Father

9 - Albatross 



"Capricorn" (2011)



















 


























sábado, 8 de março de 2025

Stonehouse - Stonehouse Creek (1971)

 

Devonport, Inglaterra. Lá começa a história de James (Jimmy) Smith. Ele foi criado em uma família numerosa, grande, tinha dez irmãos! Quando ele tinha sete anos de idade estava brincando na rua juntamente com três de seus irmãos quando um carro, que ele não conseguia identificar, parou. Algumas pessoas desceram dele e lhes deram roupas. Eram muito bonitas! Mais bonitas do que ele e seus irmãos usavam. Essas pessoas o levaram, juntamente com seus irmãos para Brixham, em Paignton, Devon.

Eles não entenderam nada, estavam confusos. Depois que eles perceberam que foram levados para um orfanato e deixados lá! Descobriu, seis meses depois, que sua mãe estava muito doente, sofria de câncer, morrendo em seguida. Seu pai, estava na Marinha, no HMS Ark Royal, então ele não tinha condições de cuidar de Jimmy e de seus irmãos, afinal viajava muito. Era um orfanato naval e por lá tinham bandas, então o já adolescente Jimmy, com doze anos de idade, entrou para a banda naval como baterista lateral, além de tocar corneta também. Naquele local foi o seu primeiro contato com a música.

Ele sentiu que era sua aptidão natural, até porque ele pegava as notas musicais com muita facilidade, as tocava maravilhosamente. Aos quinze anos, o jovem James Smith deixou o orfanato e foi morar com a irmã em Plymouth. Entrou para um pequeno clube de boxe para jovens e por lá ficou um tempo. E nesse clube me perguntaram a ele se gostaria de se juntar a uma banda. Eles sabiam que o jovem James tinha participado da banda naval do orfanato.

Ele aceitou a sugestão! Conseguiu uma bateria barata, um kit de bateria em tamanho real e começou a tocar coisas como “The Shadows” e, a partir daí se desenvolveu aos poucos. Ele tocou em algumas bandas, dessas amadoras, locais, mas sentia que não era bom o suficiente. Nunca foi treinado em música, nunca aprendeu a ler músicas. Suas habilidades se desenvolveram apenas estudando outros músicos. Ia para casa e trabalhava pouco a pouco no que ouvia.

Quando James tinha cerca de dezesseis anos estava tocando em uma banda em um show, em um cinema em Devonport, Plymouth. Eles estavam dando suporte aos shows do The Who. Naquela noite viu Roger Daltrey vestindo uma jaqueta trespassada com listras e pensou que era o mundo do rock em que queria estar! A banda em que estava foi até tocar na Alemanha, na cidade de Hamburgo, naquele circuito famoso logo depois daqueles shows dos Beatles. Era incrível o que estava vivendo! A banda se chamava “The Crusaders”!

Ele estava mais seguro na bateria, estava tocando melhor, até porque estava tocando regularmente em pequenos clubes sociais e juvenis e começou, contudo, a atrair outros músicos. Quando ele tinha dezessete anos, Pete Spearing, um jovem guitarrista, se aproximou dele. A essa altura James estava se aventurando nos vocais e o fazia simultaneamente com a bateria. Pete foi direto e perguntou se ele queria tocar em uma banda com “três peças”: bateria, baixo e guitarra.

Pete Spearing

Terry Parker, baixista, também muito jovem à época morava em um lugar chamado Southway e já estava na banda que Pete estava formando. Assim foi formado o embrião do STONEHOUSE, banda que falaremos hoje. A concepção da banda era de Pete Spearing, era todo o seu material e ele era um compositor tão prolífico, tão competente. O Stonehouse era a visão de Pete! Na banda já estaria Ian Snow, baterista de formação.

Ian Snow

Antes do Stonehouse Pete Spearing fez uma turnê pela Alemanha, como James, por volta de 1966 ou 1967 e gravou alguns singles para a Deutsche Vogue e até apareceu na TV de Bremen. Ele já tinha alguma experiência quando antes de conceber o Stonehouse. Quando ele retornou ao Reino Unido lançou outros singles na Decca e Columbia. Ganhou alguma repercussão, mas não teve êxito e tão pouco longevidade nesses projetos, daí surgiu a possibilidade de lançar o Stonehouse.

Terry Parker

Com a banda formada a ideia era não soar como ninguém, como banda nenhuma, queriam ser originais e, ao ouvir seu primeiro e único álbum, lançado em 1971, chamado “Stonehouse Creek”, torna-se perceptível isso, mas claro, aqueles jovens músicos tinham as suas influências e, de alguma forma, elas foram impressas no formato sonoro do Stonehouse. O próprio James, que, quando entrou para banda, assumiria os vocais, idolatrava o Free. O seu vocal era de alcance muito alto e potente e isso vem de Paul Rodgers que faria sucesso também no Bad Company. O jovem Jimmy viu várias vezes o Free em Plymouth, em um clube que se chamava “Van Dike”.

Stonehouse

A ideia do nome “Stonehouse” veio da área que Pete morava. A ideia veio dele. Há um lugar chamado “Stonehouse Creek” (nome dado ao álbum), onde mantém barcos embaixo da ponte de Ha’Penny, onde nos séculos XVII e XVII, as costumavam usar, a ponte para atravessar. É uma ponte grande tendo, atualmente, duas faixas para tráfego. Abaixo há o rio Stonehouse (Stonehouse Creek) onde as pessoas, até hoje, usam para pescar e descansar nas bordas da água, fazendo piqueniques ou coisas do tipo.

A cena local era pequena, não existiam tantas bandas e o Stonehouse meio que reinava absoluta fazendo muitos shows, em clubes, sozinhos, sem outras bandas se apresentando. O Stonehouse chegou a fazer shows fora de Devonport e Plymouth, indo para Londres! Tocaram em vários lugares, como The Speakeasy, por exemplo. Se saíram muito bem. O público foi bem receptivo. Cerca vez tocaram em Glastonbury e lá se saíram bem também. O Stonehouse, em virtude das suas apresentações, foi eleito uma das dez melhores bandas da Inglaterra!

O processo de gravação do debut do Stonehouse, o “Stonehouse Creek”, aconteceu quando Pete arranjou uma conversa com um representante da gravadora RCA, depois de um show em que esse mesmo empresário assistiu e ficou maravilhado com a apresentação da banda. Gostou da banda e queria assinar um contrato. Isso em 1971.

“Stonehouse Creek” foi produzido por Mickey Clarke que produziu álbuns da banda Room e Raw Material. O engenheiro de som do álbum foi Barry Ainsworth que trabalhou com Jack Bruce, Beggars Opera, Stud e Continuum, Hawkwind, Deep Purple, The Strawbs, May Blitz e Sam Gopal. Keith MacMillan, também conhecido como “Keef” desenhou a capa do álbum, que é uma superfície de pedra gravada com o nome da banda, o título do álbum e o ano de seu lançamento, 1971. Keef trabalhou em inúmeras capas de bandas de pós-psych, principalmente na gravadora Vertigo e RCA, incluindo Hannibal, cuja resenha pode ser lida aqui, Warhorse, Affinity, Colosseum (“Valentine Suite”), Fresh Maggots, Tonton Macoute, Spring e Cressida.

O único trabalho do Stonehouse foi concebido nos estúdios Command, inicialmente lá pelo ano de 1970 sendo concluído em 1971, ano de seu lançamento. Foi dado à banda apenas, pasmem, um dia para gravarem o seu álbum e isso se deu devido a economia que a gravadora, afinal era uma banda sem projeção então não seria, na percepção da gravadora, arriscar, ser mais conservadores quanto ao investimento do Stonerhouse. Mas a banda não ficou um dia inteiro no estúdio, concluindo a gravação em doze horas!


Command Studios

Eles correram contra o tempo! E trabalho, para terem, caros leitores, uma noção, de guitarra de Pete foi feito, ao vivo, em estúdio, em apenas uma vez, sem repetição! Então bons amigos leitores, não cobrem sofisticação e qualidade do som da banda diante desse cenário, mas, convenhamos, esse foi o “charme” do álbum. Outro ponto curioso no processo de gravação foi a adição do piano em algumas faixas que não foi inserido pela banda, mas foi após a gravação do álbum, sem o consentimento da banda. E eles nunca souberam quem foi o músico que tocou o piano nas faixas e tão pouco foi creditado nos encartes do álbum do Stonehouse.

“Stonehouse Creek” é um petardo, um volumoso e potente hard rock que traz nuances de um blues rock vigoroso e eletrificado, distorcido, com riffs potentes de guitarra, uma “cozinha” pesada, cheia de groove e bem entrosada, com um vocal poderoso, alto que poderia fazer inveja a muitos vocalistas de heavy metal dos anos 1980! A propósito é perceptível, em grande parte das faixas, um heavy metal de vanguarda, um proto metal de tirar o fôlego!

A faixa inaugural, a faixa título “Stonehouse Creek” é um ponto fora da curva, algo totalmente diferente do hard rock poderoso praticado pela banda ao longo de seu único trabalho. É uma faixa curta, leve, quase que uma vibe meio folk rock, com um vocal limpo e melódico. Mas com “Hobo” a vibração do blues rock se revela. Essa faixa estabelece as habilidades rígidas e pesadas da banda. A bateria meio funky de Ian, os “licks” ágeis de blues de Peter, as linhas pulsantes de baixo de Terry e os versáteis vocais de amplo alcance de Jim faz da música complexa, pesada, austera.

"Stomehouse Creek" 

A segunda faixa é um verdadeiro destaque do álbum, "Cheater", com a performance apaixonada e taciturna de Jim combinando com o riff de blues carregado de desgraça de Pete, entregando o melhor do blues e do hard em uma combinação explosiva e perigosa, deliciosamente perigosa. “Nightmare” abre com a linha de baixo peculiar e com pitadas de prog rock de Terry, com alguns “enfeites” do piano, primeira faixa do álbum em que o instrumento aparece. Mas por mais que não tenha sido inserido pela banda é bem tocado, sem exageros e combina muito bem com a vibração do hard rock!

"Cheater"

“Crazy White Folk” te remete, sobretudo na sua introdução, ao Cream. Os riffs lembram Clapton, repletos de um blues rock envenenado, poderoso e lisérgico. Os vocais de Jimmy são muito altos, potentes. Logo são ouvidos solos dançantes de guitarra que te leva aos anos 1960 com muito ácido e LSD para estimular a viagem. “Down Down” começa animada, com riffs de guitarra mais solares, algo radiofônico, talvez, mas pesado e cheio de ritmo e balanço. É inegável a pessoa não conseguir dançar com essa faixa.

"Crazy White Folk"

“Ain't No Game” traz de volta o hard rock puro e genuíno, mas um pouco mais cadenciado. Sons pesados, bateria pegando pesado, marcada e pesada, baixo pulsante, vocal mais melódico e limpo. Uma das melhores faixas do álbum. “Don't Push Me” continua no hard rock e o riff inicial talvez seja o mais sujo e pesado do álbum. Jimmy volta com seu vocal potente, alto, rasgado, quase que gritado. A bateria segue a mesma proposta de agressividade. Tudo é distorcido nessa faixa, é agressivo, é pesado.

"Don't Push Me"

“Topaz” é uma faixa instrumental compacta e cheia de groove. Nela há uma incrível liberdade criativa dos músicos, me faz lembrar até mesmo uma jam session, com instrumentos muito bem executados. “Four Letter Word” traz novamente aquelas lembranças do rock psicodélico, porém mais pesados, aquela lisergia, ácida. Vocal de Jimmy mais contidos, em alguns momentos. E fecha, novamente, com a faixa título, “Stonehouse Creek” que basicamente é uma continuação da primeira música, mais lenta, uma balada contemplativa e viajante.

"Four Letter World"

O Stonehouse não teve nenhuma música executada nas rádios, não teve nenhum single definido entre a gravadora e a banda para divulgar o “Stonehouse Creek”. Tornou-se, contudo, inevitável a separação da banda ainda em 1971, no mesmo ano de lançamento de seu único trabalho de estúdio. O motivo ou os motivos nunca pairaram em brigas, guerras de egos ou coisa que o valha.

A banda se dava muito bem, mas as pressões, sobretudo para Pete, que era a mente pensante por trás da banda, foram maiores, principalmente porque ele havia se casado logo quando o álbum foi lançado e tinha nascido a sua filha, então seria muito difícil para ele seguir em turnê tendo uma filha pequena e esposa sozinhas. E ainda tinha o retorno difícil de como a banda estava seguindo, sem sucesso, sem vendas de álbuns etc.

Antes de finalizar as suas atividades o Stonehouse saiu em uma pequena turnê para promover o álbum e tocou para um público de cerca de 200 a 300 pessoas. A banda nunca recebeu um centavo da gravadora, nunca promoveram a banda, a ponto dos caras das bandas terem que sair, por conta própria, e buscar os seus próprios promotores de shows. Mas não conseguiam sempre encontrar uma pessoa que os promovesse.

Smith e Snow se juntariam a uma banda chamada Asgærd, uma combinação folk que lançou o álbum “In The Realm of Asgærd”, em 1972. Pete também esteve brevemente envolvido com essa banda. “Stonerhouse Creek” foi relançado pela primeira vez, não oficialmente, em 1993 pelo selo Angel Darling. Desde 2007 o álbum foi relançado três vezes pelo selo Universum Records, um selo alemão.


A banda:

Pete Spearing na guitarra e letrista da banda

Ian Snow na bateria

Terry Parker no baixo

James (Jimmy) Smith nos vocais

 

Faixas:

1 - Stonehouse Creek

2 - Hobo

3 - Cheater

4 - Nightmare

5 - Crazy White Folk

6 - Down, Down

7 - Ain't No Game

8 - Don't Push Me

9 - Topaz

10 - Four Letter Word

11- Stonehouse Creek (reprise)





"Stonehouse Creek" (1971)