quinta-feira, 20 de junho de 2024

Opus Alfa - Opus Alfa (1972)

 

Estamos habituados, por uma questão mercadológica, de marketing, a ouvir bandas e álbuns oriundos da Inglaterra e Estados Unidos, majoritariamente. É fato que são grandes centros que produziram e ainda produzem, bandas e logo a indústria vira seus olhos para esses mercados. Mas não podemos negligenciar os países que, mesmo imersos em uma condição underground de mercado, gozam de uma riqueza cultural musical enorme.

O Uruguai, por exemplo, embora tenha uma pequena extensão territorial tem uma prolífica história no rock n’ roll construindo uma cena excelente, sobretudo nos anos 1970, até mesmo intensificada por um clima político de opressão que certamente, mesmo diante de uma censura, serviu de inspiração para os músicos e bandas marginais e de espírito contestador.

Mas apesar de uma cena rica, naquela época estava em um status de “promissora” e, quando deu os primeiros passos, dependia das pessoas abastadas que traziam da Europa, sobretudo da Inglaterra e também dos Estados Unidos, justamente os mercados mais rentáveis da música, os discos que acabavam compartilhando com os amigos. Esse era o “download” daquela época!

Ao longo dos anos a cena “encorpava” e se fazia aparecer. Alguns músicos, inspirados, além do sistema político, e pelas bandas internacionais, formavam suas primeiras bandas de garagem e esboçavam seus primeiros acordes e assim despertou interesse de alguns selos, muitos deles começando também as suas trajetórias.

E, diante de tantas bandas que surgiram, muitas delas obscuras e undergrounds, uma se destacou por uma sonoridade tão singular, tão exótica, tão forte, que merece uma menção, mesmo que tenha tido uma efêmera história: Falo do OPUS ALFA.

Opus Alfa

O Opus Alfa surgiu na capital Montevidéu, em meados dos anos 1960 e teve, como espinha dorsal, dois caras importantes para a construção sonora da banda e que, no futuro, com os seus diversos projetos musicais, tornaram-se essenciais para o rock uruguaio: Jorge “Flaco” Barral, baixista e guitarrista, e Daniel Bertolone, guitarrista, flautista e vocalista.

Apesar da banda ter sido fundada em 1970, Daniel e Flaco já tinham alguma reputação na música, tocando, cada um deles, pelo menos, em pouco mais de cinco ou seis bandas e levaram para o Opus Alfa o arcabouço musical diverso necessário para a construção da identidade sonora da banda.

Daniel Bertolone

Flaco Barral

Mas os primórdios do Opus Alfa traziam músicas covers de bandas americanas e principalmente inglesas, como Jimi Hendrix, Cream, entre outras que executavam o hard psych, além de um embrionário prog rock que estava ganhando alguma notoriedade na Inglaterra. E a transição para as músicas autorais se deu graças a entrada de Flaco Barral à banda.

Ele entrou para o Opus Alfa quando a banda já existia e a condição que ele impôs ao entrar na banda, além de tocar baixo, era que fizessem as suas próprias músicas. E com isso um novo capítulo da banda foi inaugurada. 

Bertolone, que esteve desde o início do Opus Alfa, começou em uma banda que tinha como baterista o Daniel Crapuccet. Eles tocavam no início músicas dos Beatles e Rolling Stones e depois descobriram o psych rock. Tanto Bertolone quanto Crapuccet passaram a gostar desse tipo de música e formaram juntos o Opus Alfa, que tinha Jose Luis no baixo. Essa foi a primeira formação do Opus Alfa.

Porém essa formação não teve vida longa, tendo a seção rítmica a que mais sofreu mudanças, porque Jose Luis foi para os Estados Unidos e Daniel Crapuccet que decidiu formar a sua própria banda, entrando, por volta de março de 1971, Jorge “Flaco” Barral, no baixo, e Jorge Graf, na bateria e percussão, Atilano Losada, nos teclados e violinos, além de Jesús Figueroa nos vocais. Foi neste ponto da história do Opus Alfa a intenção em gravar músicas autorais e com letras em espanhol.

Opus Alfa em 1971

Mas a formação original se apresentou muito antes dessa reformulação no line up da banda em casas de shows pequenas com seus repertórios covers e quando Flaco Barral e os demais músicos entraram na banda, foi necessário um tempo para ensaiarem com a nova formação, até porque estavam compondo material novo, antes de gravar o seu debut, o único lançado em 1972, homônimo.

E falando em gravação de álbum, o processo, para variar, de contratação do Opus Alfa por um selo foi um pouco demorado. A gravadora “De la Planta” foi a que contratou, no fim das contas, o Opus Alfa e foi uma das mais importantes daquela época no Uruguai, porque reunia as bandas progressivas da cena uruguaia. Um dos sócios foi talvez o maior engenheiro de som do Uruguai, chamado Carlos Piriz e que era engenheiro de som nos estúdios ION, de Buenos Aires, na Argentna, sendo dirigida por Koyo Abuchja, que era guitarrista rítmico de uma banda uruguaia famosa chamada Los Delfines.

Esse se tornou um diferencial, ou seja, essa relação com estúdios argentinos, pois tinham uma infraestrutura muito melhor que a dos estúdios do Uruguai, mas para ter o resultado satisfatório na produção custaria para o Opus Alfa um processo corrido na gravação de seu primeiro trabalho em 1972. Quando foram contratados, receberam de Carlos Piriz as passagens aéreas de ida e volta de Buenos Aires, além de estadias em hotel, para gravar o álbum. Mas os únicos dias que Piriz tinha disponível em estúdio era sábado e domingo, então a banda, que precisava gravar seu álbum, e também de um ótimo engenheiro de som, gravou, em apenas dois dias o seu debut, ou seja, tempo curtíssimo e impensado para os dias atuais. 

O Opus Alfa lançou seu primeiro single, pelo selo “De la Planta”, com as músicas “Song for Kenny and the Children” e “Guest House. No dia 15 de dezembro de 1971 se apresentaram no Teatro Solís, em Montevidéu, algo que até então não era comum entre as bandas da cena rock à época. Tocou também em teatros, festas e salões de dança por todo o Uruguai, participando também do Festival BARock, em Buenos Aires, tudo antes de lançar seu trabalho único, em 1972.

“Opus Alfa” traz um trabalho poderoso de hard rock, com forte influência no blues e psicodelia, com vocais e guitarras lisérgicos, ácidos. Nota-se nuances progressivas também. Era o início da década de 1970 e várias vertentes hoje conhecidas e bem definidas naquela época ainda era embrionária e trafegava muito no experimentalismo, daí a “dificuldade” de classificar a sonoridade de uma banda e Opus Alfa se enquadrava nessa condição.

O álbum é inaugurado com a faixa “Blues de Mi Ciudad” e como nome sugere, o blues rock impera, com a “cozinha” ditando o ritmo e uma camada generosa de teclados que entrega algo mais psicodélico a música, tendo, inclusive, alguns solos chapantes, ácidos. Os vocais, imponentes, traz a cereja do bolo meio bluesy à faixa. O destaque também fica para os solos envolventes, que acalenta e nos faz dançar em um clima mesmerizante.

"Blues de Mi Ciudad"

“Ilusión” começa acústica, ao dedilhado discreto e suave de um violão, com um fundo contemplativo, de orquestra, com um vocal límpido, vivo. Segue uma vibe meio folk, com uma pegada mais psicodélica. Segue com “Vamos Mal. Ah No!” que mete o pé na porta e vem com um petardo, um volumoso hard rock tipicamente dos anos 1970. O vocal, antes límpido e melódico, vem mais rasgado, tendo como base os riffs poderosos de guitarra, bateria marcada em uma batida forte e baixo pulsante. E quando surge o solo da guitarra é que a música ganha em volume, em peso! Os instrumentos se convergem para essa explosiva condição.

"Vamos Mal. Ah No!"

“El Hueco de Mi Soledad” chega sombria, estranha. A guitarra “chora”, melancólica, com solos curtos, e me remete a um blues antigo, triste e ainda traz um violino discreto que entrega uma textura ainda mais soturna. Aos poucos a guitarra fica mais ácida, mais lisérgica, a música vai aumentando o tom, gradativamente, vai ficando mais pesada e drástica, quase dramática. Cheia de nuances, sem dúvida uma das melhores faixas do álbum.

"El Hueco de Mi Soledad"

“Miel y Humo” continua na proposta mais para balada rock, com a pegada meio bluesy, que alterna entre a leveza e o peso, caracterizado pelos riffs de guitarra e a bateria marcada. O solo de guitarra é mais elaborado e complexo e tem como base o blues rock.

"Miel Y Humo"

“Padre” começa com uma abordagem mais prog rock e mais psicodélica, um tanto quanto introspectiva. Os teclados trazem uma textura mais contemplativa. Vocais “rivalizam” com a flauta, a “cozinha”, mais uma vez, dita o ritmo.

"Padre"

“Destino de Mis Pasos” é quase executada à capela. O vocal, mais austero e limpo, parece ainda mais grave e consensual. O violão, ao fundo, traz uma pegada acústica e folk. Logo a bateria e o hammond dão uma versão mais viva da faixa, também psicodélica. Violinos são ouvidos e dão uma sensação mais “viajante” à música.

"Destino de Mis Pasos"

“Tanguez” vem inteiramente psicodélica, carregada nos teclados, com vocais mais dramáticos, melódicos e melancólicos. Não sou adepto das comparações, mas me remete aos primórdios do The Doors, que traz também aquele “tempero” mais sombrio.

"Tanguez"

E fecha com “Calma de um Dia” que retorna à potência do hard rock, com solos iniciais de guitarra que vem pesado e solar. Mas tem uma vibe mais comercial, diria mais radiofônica, mas sem soar ruim e plástico. Pelo contrário: é pesado, é alegre e intenso.

"Calma de um dia"

As palavras, em algumas entrevistas que pude ler de alguns integrantes do Opus Alfa, espalhadas pela grande rede, sintetizam o que é o álbum e o momento do rock n’ roll em todo o mundo: “Queríamos experimentar!" Essa era a razão de ser do Opus Alfa: deixar a criatividade aflorar e fazer de sua curta, mas importante história, algo singular. Foram importantes para a música de seu país, para o Uruguai, em um momento em que tudo era novo, embrionário e que precisava ser desbravado.

Mas quase que imediatamente após o lançamento de seu único álbum, em 1972, a banda decidiria o seu precoce fim, em um comunicado público. Porém antes do derradeiro fim convoca se sus fãs para um último show no Teatro del Círculo em 17 de julho de 1972.

Opus Alfa em 1972

O Opus Alfa traria conotações política, mas indiretamente. Eles queriam tocar e a grande preocupação era se tornar genuíno em sua música. Claro que o cenário político no Uruguai, bem como na América Latina, suscitava um posicionamento mais firme e presente e a banda era afetava, como muitos cidadãos em todas as esferas do pensamento, eram, mas a música para o Opus Alfa era prioridade, bem como o comportamento humano diante do cenário político que, sem sombra de dúvida, afetava a qualquer um que vivia no Uruguai nos anos 1970.

Jorge Barral, Daniel Bertolone e Jorge Graf uniriam forças formando o power trio Días de Blues, com o qual alcançariam um sucesso ainda maior e que iria transcender fronteiras, obtendo sucesso em seu país, na Argentina e em praticamente toda a América Latina.

"Dias de Blues" (1972)

A Logística foi praticamente a mesma do Opus Alfa: o mesmo estúdio e o mesmo engenheiro de som, mas a música e a sua execução, eram distintas em relação ao Opus Alfa. Com o Días de Blues a ênfase estava a forma de tocar. Os caras entraram em estado de transe, em uma dimensão diferente e muito poderosa para conceber os seus primeiros trabalhos.

A banda fez muitos shows e gravou mais álbuns alavancando, ainda mais, a carreira desses músicos, para outros projetos que viriam a participar. Jesús Figueroa desenvolveria uma carreira solo de sucesso gravando dois álbuns pelo selo Sondor: "Jesús con Todos" e "Mágica Fuente".




A banda:

Daniel Bertolone na guitarra, flauta e vocal

Jorge Barral no baixo, violão e guitarra

Jesús Figueroa no vocal

Atilano Losada nos teclados e violino

Jorge Graf na bateria

 

Faixas:

1- Blues de mi Ciudad

2- Ilusión

3- Vamos Mal. Ah no!

4- El Hueco de mi Soledad

5- Miel y Humo

6- Padre

7- Destino de Mis Pasos

8- Tanguez

9- Calma de un Día



"Opus Alfa" (1972)

 







 






































 


quinta-feira, 13 de junho de 2024

Supernaut - Supernaut (1974)

 

Atualmente estamos testemunhando uma série de imbróglios judiciais acerca de propriedade intelectual. O advento da internet, das redes sociais e da infinidade de informações contidas na grande rede parece ter aumentado significativamente tudo isso.

No universo da música não tem sido diferente. Músicos e bandas entrando processos seus colegas de profissão, acusando-os de plágio, de roubo de propriedade intelectual.

Presenciamos um dos mais emblemáticos casos envolvendo a gigante banda britânica Led Zeppelin que foi acusada de plagiar trecho de uma música da banda norte americana Spirit, quando a banda de Plant, Gonzo, Jones e Page conceberam o clássico “Stairway to Heaven”.

O Zeppelin teve nas costas outras acusações no passado com as faixas de blues dos seus primeiros álbuns de estúdio, sendo colocado em cheque a sua idoneidade artística e tudo o mais.

No caso da banda Spirit, o Zeppelin foi absolvido de todas as acusações. Mas quando podemos, como fazemos, como analisamos casos de plágio, de apropriação da propriedade intelectual? Quais os critérios?

Quando tais situações chegam na Justiça, alguns vereditos são tomados na internet por alguns juízes escondidos nas redes sociais que, sem nenhum critério técnico, providos apenas de intolerância sonora, definem plágio, cópia ou coisa que o valha.

Mas preciso repetir a pergunta: o que é plágio? O que é influência? Não podemos negligenciar a segunda opção nunca! Como uma banda recente de hard rock, por exemplo, não ter como influência, como inspiração, bandas do naipe do Deep Purple, o próprio Led Zeppelin e o Black Sabbath, tidas como a Santíssima Trindade da música pesada?

Alguma nuance terá, creio que isso seja consenso entre todos, bem como também a cópia, mas discutir isso nos dias de hoje, com uma gama tão diversificada de bandas e músicas, sobretudo no universo, ainda selvagem e inexplorado do rock n’ roll, seria uma total perda de tempo. Discutir e crucificar as bandas, em plena rede social, a troco de nada.

Presenciei algumas homéricas discussões que descambaram para o ódio gratuito e polarizado, esquecendo que a música é para nosso deleite e, se não aprecia determinadas músicas, basta esquecer delas. Não digo que seja um cidadão que não aprecie o debate, mas esse sempre baseado nos preceitos civilizados defendendo, com consistência, os seus posicionamentos.

Disse isso tudo, nesta quilométrica introdução, para ilustrar uma pequena experiência que tive ao conhecer, recentemente, uma banda inglesa que já pelo nome pode acarretar em uma celeuma gigantesca nos dias de hoje. Bem, poderia ter caso ela fosse conhecida, mas para variar, caríssimos leitores, o blog trata de bandas raras e obscuras. E essa parece ser mais do que isso: Falo do SUPERNAUT.

Duvido que, aos que apreciam o bom e velho Black Sabbath, lembrará desse nome, que remete a uma música da banda de Birmingham, do icônico “Vol. 4”, lançado no ano de 1972.

Definitivamente não conseguiria ser taxativo nesse sentido, pois, por se tratar de uma banda pouco conhecida, pouco se tem de informações mais concretas a esse respeito na web. Mas ao ouvir o seu único álbum, homônimo, supostamente lançado em 1974, é inevitável não deixar de lembrar da sonoridade suja, pesada e indulgente dos primórdios do Sabbath.

Assim é “Supernaut”: pesado, guitarra arrastada e suja, riffs de guitarra pegajosos, baixo pulsante e bateria pesada. Uma sonoridade suja, despretensiosa, de uma banda garageira que não estava nem um pouco preocupada com sofisticação e complexidade. Assim era o Black Sabbath nos seus três primeiros álbuns.

Pronto! Um prato cheio para as discussões de plágio, cópia e falsidades afins. Não gostaria de entrar no mérito dessa discussão que confesso ser deveras cansativa, mas tentar focar no mais importante: na sonoridade e na história que envolve essa banda britânica.

E por falar em histórias, vamos a ela, às poucas informações que circulam na grande rede e que geram algumas controvérsias. O Supernaut teria sido formado em Londres no ano de 1973. Teria? Sim, caros leitores, teria! Reza a lenda de que o único álbum que eles lançaram, em Derbyshire, em 1974, o homônimo, seria uma demo gravada nos anos 1980, mas que também carece de maiores informações.

Mas ao ouvi-lo, além do peso que poderia se “adequar” ao heavy metal que estava em voga em meados dos anos 1980, traz também um moog que “destoa” daquela década. Talvez a palavra correta não seria “destoa”, mas não fosse popular em pleno anos 1980, sob o aspecto comercial da coisa.

Então aposto que a tal material, que goza também de uma produção aquém, não teria sido concebido nos 1980. E qual o interesse em gravar um material pouco digerido por uma indústria conservadora e ortodoxa e fingir ser antigo?

E por falar em rejeição há “rumores” de que o Supernaut já tinha praticamente um acordo firmado com a Vertigo Records, mas os seus executivos os recusou porque eram muito pesados e, consequentemente, teriam um baixo potencial vendável.

Em 1975 a Ariola pediu a banda para gravar alguns covers dos Eagles, que estavam no ápice do sucesso à época, para garantir um acordo e a banda fez isso, gravou algumas músicas, mas ficaram tão putos com o resultado, com o que fizeram que se separaram. Essas faixas são da demo original (antes conhecidas como “The Effigy Tapes”) e que teria sido a pá de cal para o Supernaut.

Algumas histórias, envoltas em névoas, faz da banda e sua sonoridade algo muito, mas muito obscuro. E a sua natureza sinistra, as suas histórias indefinidas definitivamente me cativou e, claro, a sua música. Independente de questões cronológicas e protocolares a sua música merece exaltações, sobretudo por aqueles que apreciam heavy rock, occult rock e afins.

“Supernaut” é puramente instrumental, com uma distorção suja, tosca e garageira, além, claro, pesada. Há, como disse, incursões de teclados (Moog Synthesizer) que dão um toque satânico bem vintage, bem retrô que nos remete a Salem Mass, Coven e, óbvio, Black Sabbath. Um álbum estranho com riffs de guitarra contínuos, sem virtuosismos, porém muito legais.

O Supernaut tinha em sua formação, quando gravaram seu único álbum, os seguintes músicos: Glynn Serpell, nos vocais, Brian Took, na guitarra, Peter Oldham, no baixo, Barry Stonehouse na bateria e Mark Hodgkinson nos teclados. Confesso, amigos leitores, que essa aura de incertezas está me excitando! Mas rola as más línguas dizendo que a formação da banda e até mesmo algumas fotos são fictícias. Porém vamos ao que interessa e dissecar faixa a faixa de seu único trabalho.

O álbum é inaugurado pela longa faixa de nove minutos chamada “Keeper of the Keys” que já diz a que veio com riffs de guitarra pesados e pegajosos, sujo como o proto doom, arrastado e tenebroso. O moog também é cheio de energia e o que poderia ser um contraste harmoniza em uma massa densa e pesada que se confirma com a “cozinha” cuja bateria marcada está alinhada com o baixo pulsante.

"Keeper of the Keys"

Na sequência vem “Darkness Falls” com uma pegada tipicamente hard rock, sempre com o moog trazendo uma atmosfera sombria e estranha. Os riffs de guitarra, indispensáveis, surgem a cada momento confirmando peso e algo deliciosamente tosco e garageiro. “Win or Lose” tem uma introdução evidente de doom metal, o que talvez possa ter gerado desconfiança deste álbum ser dos anos 1980. Mas a guitarra, arrastada e suja, riffs densos e pesados, traz à tona o doom metal que ganhou alguma visibilidade no underground do rock n’ roll dos anos 1980. Mas o “clima” ganha contornos estranhos, sombrios, algo como o occult rock dos anos 1970 mesclado ao heavy rock e a música vai ganhando peso. E o vocal finalmente aparece, abafado.

"Win or Lose"

Segue com “The Fog” com a pegada heavy rock pairando. Hard rock, heavy metal de vanguarda em uma mistura explosiva que estranhamente “harmoniza” com os teclados que insistem em trazer a pegada de occult rock com uma textura soturna. Mas arrisco em dizer que “The Fog” entrega algo mais animado ao álbum, apesar de tudo. “Night Watch” é logo dominado por um riff alto e potente de guitarra, nada muito arrastado e sujo com nas faixas anteriores, algo mais voltado para o hard rock. Uma porta de entrada para uma verdadeira hecatombe instrumental, com peso e agressividade. Há algumas viradas rítmicas e o riff potente de guitarra inaugural se apresenta mais para o doom, juntamente com o moog que é, ocasionalmente, tocado com muita energia. Excelente faixa!

"Night Watch"

E fecha com “He Was a Robot” que teimosamente traz o riff de guitarra de um típico e poderoso hard rock setentista travando um “duelo” com o bom e velho moog. O riff é alto, intenso, denso, pesado e a textura do teclado intensifica a sua proposta sombria e soturna, trazendo à tona o occult rock.

As audições podem soar falsas, te lembrar algo que já ouviu em algum momento de sua vida das famosas bandas que conhece de ponta a ponta de sua rica e vasta discografia. As discussões acerca dos plágios e inspirações podem rondar as suas intenções de definir a sonoridade de uma banda e seu álbum, mas se permita, primordialmente, a ouvir e curtir cada nota, cada melodia.

Afinal essa é a nossa razão neste mundo quando se fala na música de que tanto amamos: ouvir e se arrepiar com o que gosta. E quando acontece, teremos o melhor e mais passional dos resultados.

O Supernaut de fato não traz nada de arrojado, de vanguardista, de novo. Mas traz o que há de mais significativo na música pesada: vivacidade, algo orgânico, despretensioso e indulgente. Não sabemos da veracidade das informações que circulam sobre a sua história na grande rede, mas dessa vez as supostas ausências de veracidade trouxeram algo extremamente excitante e solar.




A banda:

Brian Took na guitarra

Barry Stonehouse na bateria

Peter Oldham no baixo

Mark Hodgkinson nos teclados

Glynn, Serpell nos vocais

 

Faixas:

1 – Keeper of the Keys

2 – Darkness Falls

3 – Win or Lose

4 – The Fog

5 – Night Watch

6 – He Was a Robot



"Supernaut" (1974)



 


 








 






sexta-feira, 7 de junho de 2024

Legend - Fröm The Fjörds (1979)

 

Final dos anos 1970. O rock n’ roll passava por um forte período de ebulição, de transição, de mudanças. O rock progressivo se tornava cada vez mais indulgente, o punk ganhava o seu auge comercial, o ‘faça você mesmo” traria os primórdios do rock e a cena hard rock, com as suas bandas mais emblemáticas, perderia espaço por conta de seus músicos imergidos no mundo das drogas ou em litígio com os seus companheiros de banda.

Os anos 1980 foi inaugurado com a erupção do peso, da velocidade no rock n’ roll, tendo como protagonista a cena inglesa chamada “New Wave of the British Heavy Metal”, espalhando-se em vários cantos do mundo.

O heavy metal ganhava espaço porque ganhava em atitude, rebeldia e agressividade nos comportamentos das bandas e de seu público, encaminhando todos esses novos elementos às letras e conceitos dos seus álbuns, apresentando características peculiares, de acordo com as manifestações culturais de suas regiões e/ou países.

Evidente que essa cena bebeu da fonte dos clássicos setentistas como Led Zeppelin, Deep Purple e principalmente os primeiros trabalhos sombrios do Black Sabbath. As arestas começaram a ser pavimentadas nos longínquos anos 1970, não esquecendo daquela banda que levantou e criou o estilo, não apenas pelo aspecto sonoro, mas também estético: o Judas Priest.

E longe do embrião dessa cena pesada, mais precisamente em uma região chamada New Haven, em Connecticut, nos Estados Unidos, surgiria uma banda que caiu no mais profundo e genuíno ostracismo, trafegando pelas sombras marginais do rock n’ roll, um power trio chamado LEGEND, em 1978, que, nos seus primórdios, se chamava “Judge”.

A tradução livre, “lenda”, talvez não se adeque a triste realidade e fim precoce desta banda que tingiu a sua música de uma forma tão peculiar e especial que sempre me faz surgir aquela maldita pergunta que parece me perturbar a cada momento: Por que essa banda não conquistou o mundo? Por que essa banda não atingiu o sucesso?

Legend

E para aqueles que consideram a música pesada, em todas as suas vertentes, algo ruim, sem qualidade, se torna urgente a audição do único trabalho da banda, lançado em 1979 chamado “Fröm The Fjörds”, lançado pelo selo “Empire Records”, uma divisão da “Colussus Enterprises”, com uma tiragem mais do que limitada, cerca de 500 cópias apenas e vendidas rapidamente e hoje atingindo o status de banda “cult”, seus LPs e relançamentos são disputados a tapas mesmo que os valores muito altos.

Porém antes, em 1978, foi lançado uma demo chamada de “Before The Fjords”, que continha cinco faixas que logo seriam agregadas ao seu álbum lançado um ano depois, que seria relançado em CD, em 2019, com a reedição do álbum “Fröm The Fjörds”, quarenta anos após seu lançamento original.

"Before the Fjords" (1978)

“Fröm The Fjörds” traz elementos do já citado jovem, à época, do heavy metal, mas também de rock progressivo dos anos 1970, além de variações que apresentam o jazz, o folk, country music, o hard rock e o classic rock. Parte de seus músicos, mais precisamente o baterista Raymond Frigon, trafegou em influências progressivas antes de constituir a banda. Era o que o cara ouvia: Yes, Emerson, Lake & Palmer, bandas jazz fusion como um todo e certamente essa predileção “contaminou” a música do Legend.

Mas Fred Melillo, baixista e Kevin Nugent, guitarrista e vocalista, também, de certa forma, compartilhavam da mesma paixão pela música de Ray e tornar-se até improvável uma banda como Legend ser uma referência do heavy metal estadunidense.

É uma sonoridade diversificada e por mais que possa aparentar, como disse, algo improvável, atípico, se mostra sinérgico e poderoso e o trinômio peso/velocidade/agressividade se junta a complexidade, porém entrega uma música extremamente orgânica, cheia de vida e traz a luz o tema, até então pouco usual naqueles tempos na música pesada: deuses, vikings, magos, batalhas épicas e tudo o mais, afinal o título de seu álbum sugere esse tema. Bandas de hard rock como Rainbow, provavelmente trouxe pioneirismo a esse estilo de música, comumente chamado de “power rock” ou “epic rock”, “viking metal”, são tantas nomenclaturas...

Em algumas entrevistas, o baterista Ray Frigon conta que a inspiração em mitos e lendas, usadas para a construção do álbum, sejam elas históricas ou fabricadas, foram concebidas nas suas influências pessoais, bem como a de Kevin e Fred. Dizia também que as suas batidas de bateria foram baseadas mais em Gentle Giant, por exemplo, do que qualquer coisa relacionada ao heavy metal.

Já que estamos esmiuçando a história do Legend, cabe aqui uma curiosidade: “fiorde”, palavra que compõe o nome do álbum da banda, do norueguês fjord, é uma grande entrada de mar entre altas montanhas rochosas, originada por erosão causada pelo gelo de antigo glaciar. Os fiordes situam-se principalmente nas costas da Noruega, Groelândia, Chile e Nova Zelândia, onde são um dos elementos geomorfológicos mais emblemáticos da paisagem.

Kevin e Fred se conheceram no Centro Educacional de Artes em New Haven. Eles assistiam a poucas aulas por dia, afinal a intenção, o ideal dos moleques eram tocar, a música corria no sangue deles. Tanto que nas poucas aulas que assistiam, quando dela saiam, pegavam o ônibus e passariam o resto do dia tocando música.

Eles tocavam em uma banda cover chamada “Edge” e que tocava em todo o Nordeste, gozavam de alguma popularidade nos pequenos “clubs” e pubs espalhados por essas regiões no entorno de Connecticut. E nessas andanças, de show em show, conheceram Ray Frigon e o baixista John Judge. Logo se identificaram e daí surgiu a necessidade de criar uma banda e tocar música autoral.

Mas as coisas não deram muito certo com John e Fred Melillo foi convocado para a formação que seria a criadora de “Fröm The Fjörds” que, para muitos especialistas em música pesada, é o precursor do heavy metal norte americano apesar da sua obscuridade.

Ray nunca tinha se envolvido em um projeto musical antes do Legend, bem como os demais caras que fundaram a banda, como John e Fred. Ray chegou a participar de algumas audições, testes para tocar em outras bandas, mas não deu certo e continuou a tocar bateria, que muito gostava, em sua casa.

Conheceu John por intermédio de um anúncio de jornal que Ray respondeu. John foi a casa de Ray e o viu tocar e logo se entusiasmou em formar uma banda. John conhecia um tecladista e queria fazer algo que se alinhasse ao Emerson, Lake & Palmer. Esse tecladista não gostou muito e não voltou mais para as audições, foi quando John levou Kevin até a casa de Ray e a partir dessa primeira reunião que o embrião do Legend surgiu.

Kevin Nugent

Ray logo escreveu todas as letras e o que o incentivou foi a obra de Frank Frazetta. Comprou seus livros e olhava fixamente as suas ilustrações e inventava uma letra ou história sobre o que via. Raymond levava a linha melódica para Kevin, que organizava suas partes e a peça em torna dessa linha básica. Ensaiavam na casa, mais precisamente no porão, de Ray. Nessa época John ainda estava na banda. Era os primórdios do Legend.

Os jovens músicos tocaram apenas 4 vezes antes de gravar “Fröm The Fjörds”: duas vezes em um clube e duas vezes outro. A receptividade do público foi boa, os clubes ficaram razoavelmente cheios, a ponto de, em alguns momentos Ray e Kevin ter tido discussões acaloradas por conta da desanimação de encontrar nesses clubes, pouca gente, pensando até em acabar com o Legend, mas, entre uma briga e outra, os shows aconteceram e o Legend seguiu até as gravações de seu álbum.

“Fröm The Fjörds” foi gravado graças a um empréstimo feito pelos pais de Ray, para financiar as gravações do trabalho dos jovens músicos. O álbum foi feito por US$ 6.000,00. Kevin conhecia um estúdio de 8 pistas em New Haven e lá foram. Era a primeira experiência de gravação desses três garotos. Claro que os entraves aconteceram no processo de gravação, mas seguiram fortes. A maioria das músicas demorou apenas uma ou duas tomadas, afinal não tinham tanta grana para os custos do estúdio, precisavam fazer logo tudo.

O conceito da capa foi dado pelo Ray Frigon a um jovem artista grego de nome Ioannis. Ele conseguiu realizar o trabalho e após alguns ajustes enviou a sua arte final, não sendo, segundo o Legend, uma boa representação do original. Os detalhes nítidos não foram, segundo a banda, capturados, ficando ainda em preto e branco para sobrar mais dinheiro para imprimir o maior número possível de cópias do álbum, conseguindo cerca de 500 cópias. O artista que concebeu a capa tinha feito uma versão colorida, mas, por conta da decisão da banda em investir mais dinheiro na prensagem do álbum, guardou a arte. Talvez quando a banda assinasse com alguma grande gravadora, pudesse usar a versão em cores.

O álbum é inaugurado pela faixa “The Destroyer” e o peso desemboca em ótimos riffs de guitarra, com vocais fortes, limpos, de grande alcance. Mas a seção rítmica também dá o tom, corroborando o peso, algo cadenciado, é verdade, mas pleno, intenso.

"The Destroyer"

“The Wizard's Vengeance” traz a introdução de riffs frenéticos de guitarra que entrega algo mais dançante, apesar do evidente peso da música. Mais uma vez a “cozinha” dá a textura rítmica, conduzindo a uma veia mais hard rock setentista a faixa. Mas a guitarra definitivamente dá o tom heavy rock.

"The Wizard's Vengeance"

“The Golden Bell” muda o ambiente do álbum, algo sombrio, folclórico, pagão toma conta da música. Uma faixa mais complexa, com veias mais progressivas, com algumas viradas rítmicas e arrisco em dizer que discretas e rápidas pegadas jazzísticas na bateria. Vale ressaltar que, mais uma vez, a sinergia entre baixo e bateria se faz presente.

"The Golden Bell"

“The Confrontation” retoma ao hard rock e entrega algo mais comercial, radiofônico, diria. Talvez essa faixa se encacharia em qualquer álbum do Van Halen, por exemplo. É uma faixa instrumental muito bem elaborada, mostrando uma sinergia de seus músicos.

"The Confrontation"

“R.A.R.Z”, que significa “'rock and roll zole” (“Zole” é uma gíria britânica para “buraco”), começa meio bluesy, mas apenas começa, porque logo irrompe em um bélico heavy metal capitaneado pela bateria pesada e marcada, logo endossado pela guitarra e seus riffs pegajosos.

"R.A.R.Z"

Segue com “Against the Gods” que traz o hard rock com sustentáculo da faixa, cadenciada entre peso e uma viagem meio psicodélica, lisérgica, com solos limpos e avassaladores de guitarra.

"Against the Gods"

“The Iron Horse” é talvez uma das mais complexas faixas a começar pela introdução jazzística da bateria, mostrando destreza do instrumento, aliás a faixa é predominantemente instrumental e vai revelando as mudanças de ritmo, tendo o destaque da bateria e as suas viradas sensacionais, sem contar com o solo com mais de três minutos, o que é incomum.

"The Iron Horse"

E fecha dignamente com a faixa título, “From the Fjords” repleto de viradas de tempo, de ritmo, caracterizando um perfeito e poderoso hard prog. O destaque fica para os riffs de guitarra e a bateria explodindo em peso e competência. No terceiro minuto a música abranda e ganha uma textura psicodélica e sombria, algo até com improvisações, com a “cozinha” ganhando destaque. Mas logo explode em intensidade de som com o característico peso da banda.

From The Fjords"

Reza a lenda que o Legend tinha material para gravar cerca de cinco ou seis álbuns, afinal os shows eram muito longos, durando cerca de duas horas ou até duas horas e meia e, com músicos, apesar de jovens, esbanjavam competência e tudo fluía e eram muitos shows. E diante desse turbilhão criativo, Ray chegou a pensar na possibilidade de ter, simultaneamente, três bandas para trabalhar esse material: uma banda de rock progressivo, outra de jazz fusion e, claro, o Legend. Todas bandas gravariam esse material e faria shows.

Mas a banda estava fadada a ter um fim precoce. O legend não ia bem, apesar dos shows, do lançamento do álbum. Ray estava infeliz e também estava se convertendo ao cristianismo. Ele estava se sentindo só, a fase de gravação do álbum o estava afetando, sugando suas energias. E antes mesmo da concepção do álbum Ray já estava extremamente infeliz. A banda estava sofrendo com o sofrimento de Ray. Kevin e Fred não entendia o que acontecia, principalmente Kevin que se preocupava com seu melhor amigo.

E não demorou muito para Ray chamar Kevin para comunicar-lhe que estaria fora da banda, dizendo da sua conversão aos estudos bíblicos e seguiu. Claro Kevin foi pego de surpresa, tentou convencê-lo do contrário, mas foi inútil. Sem Ray seria complicado seguir. Mas Kevin acabou, dentro das suas possibilidades, promovendo a distribuição de “From the Fjords”. Tentaram colocar outro baterista no lugar, mas não durou muito tempo e o término precoce da banda se deu em 1979 ou 1980, mais ou menos.

Mas os problemas não findaram juntamente com o Legend. O empréstimo do álbum precisava ser pago e foi nesse momento que a tensão se fez entre Ray e Kevin. Ray foi obrigado a vender sua bateria e teve que trabalhar lavando louças em restaurantes para pagar integralmente o empréstimo. Kevin Nugent tocou em um punhado de bandas, mas morreria em 1983 enquanto dormia. Fred Melillo ainda toca, mas dedica-se a ensinar música e Ray Frigon, o baterista, ainda segue no mundo da música também.

Eles não queriam estrelado, glamour e fama. Queriam apenas tocar, nada mais do que isso. Queriam apenas trazer um pouco de conforto para os seus pais e tocar a sua música, extremamente arrojada e pouco classificável para o seu público.

Muitos pedidos surgiram para o relançamento do álbum em vinil e CD. Mas a banda se mostrou relutante quanto a isso e reza a lenda que as fitas do álbum ficou com o irmão de Kevin, Al. Muitas gravadoras queriam lançar esse trabalho, mas o paradeiro das fitas era incerto. Mas não teve lançamento oficial, mas as versões piratas inundam o mercado, são muitos e vendidos por US$ 100 ou até mais. E não terá lançamento oficial, pois, apesar das especulações de onde as fitas másters estejam, o fato é que não foram encontradas.

Mas para a alegria de todos nós, fãs da banda, “Fröm The Fjörds” foi resgatado pelo selo grego “Cult Rock Classic”, em 2019, quando o álbum completou quarenta anos de lançamento, sendo remasterizado e recebendo edições de luxo em LP e CD, ou seja, finalmente sendo reverenciado pela sua qualidade sonora e relevância histórica.




A banda:

Kevin Nugent na guitarra e vocal principal

Raymond E. Frigon na bateria

Fred Melillo no baixo

 

Faixas:

1 - The Destroyer

2 - The Wizard's Vengeance

3 - The Golden Bell

4 - The Confrontation

5 - R.A.R.Z.

6 - Against the Gods

7 - The Iron Horse

8 - From the Fjords 



"From The Fjords" (1979)