quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Flyte - Dawn Dancer (1979)

 

Breda, pequena cidade no sul da Holanda, perto da fronteira com a Bélgica, 1972. Jovens estudantes decidiram montar uma banda. Inicialmente era formada pelo baixista Rob Overdijk, o guitarrista Arnold Hoekstra, o baterista Freek Peeters, a cantora Kitty Maanders e o percussionista Hans Marynissen que também era poeta e escritor. Hans era um precoce músico! Tocava percussão desde os cinco anos de idade e participava da banda de metais conduzida pelo seu pai. E os outros membros da banda sondava Hans exatamente por conta de suas habilidades como músico, principalmente como escritor. Ele, inclusive, publicou alguns poemas e ainda escreveu uma peça para uma revista do ensino médio. Era um prodígio!

Após vários meses de ensaio a banda compôs um repertório interessante, autoral com música de Rob e letras, em inglês de Hans. Seguia com uma pegada meio country rock e isso os diferenciava da cena local cujas bandas optavam por tocar músicas de bandas famosas, cover. Eles adotaram o nome “Matrix”, sugestão de Hans e fizeram, finalmente, seu primeiro show em uma festa da escola em maio de 1973, antes de fazer uma turnê pela região com alguma repercussão.

Hans Marynissen

Em outubro de 1973, Jack van Liesdonck e seu irmão, Pim, se juntaram ao Matrix como roadies. Jack, que havia aprendido a tocar violão e recebido aulas de piano desde os 15 anos de idade, antes de começar a tocar jazz, reforçou a banda. As mudanças na formação aconteceriam pela primeira vez. E não ficou apenas com a entrada de Jack. No início de 1974 Hans Hoekstra emigrou para o Canadá, Kitty largou a música e Freek deixou a banda para se tornar baterista profissional, entrando no lugar o exímio baterista e percussionista Hans Boeye.

Hans Boeye

Complicou! Os músicos restantes procuraram substitutos e fizeram um teste com o guitarrista Ruud Wortman. O cara tinha uma reputação, por ser autodidata e ter tocado em algumas bandas locais. Claro foi recrutado ao Matrix.

Ruud Wortman

Até o nome da banda mudou! Por sugestão de Hans, novamente, a banda mudou seu nome para “Grace”. Era uma homenagem a namorada dele. Entrou também para o agora Grace o baterista Frank Berkers, outro atuante da cena local e do guitarrista e vocalista Theo van der Holst.

A banda começaria do zero, tudo de novo. Músicos novos, nome novo, tudo novo. Até mesmo a vertente musical foi modificada, talvez pela entrada de músicos mais arrojados, o country rock deu lugar para o rock progressivo, hard rock e classic rock e essas novas sonoridades permeavam nas suas novas composições, mas alternavam com algumas músicas covers, que variava de Santana, The Allman Bros., Camel, King Crimson etc. Sua primeira música autoral composta, “Brain Damage” foi composta por Ruud, Jack e Hans e, a partir daí, o Grace começou a se apresentar em Breda e Roosendaal e colocou seu novo show em prática.

Jack van Liesdonck

Em maio de 1975 descobriram que existia uma banda inglesa que se chamava Grace também e foram obrigados a mudar novamente seu nome. Eles optaram por “Flight”, mas o soletraram FLYTE para destacar em material de divulgação. Uma grafia diferente poderia gerar um impacto no seu início. E será essa banda que falarei na resenha de hoje. Duas semanas após a mudança do nome o Flyte abriria o show para uma banda conhecida da Holanda chamada Alquin em Nieuwendijk, mas, uma nova baixa: Theo van der Holst deixaria banda, logo em seguida.

Em julho de 1975 uma banda chamada “Space”, que tocava músicas dos Rolling Stones, Led Zeppelin e Bad Company, além de blues rock diversos, fez um show de despedida em Stabroek, no lado belga da fronteira.

Space

O vocalista Ludo Cools e o tecladista Leo Cornelissens, que eram do Space, foram abordados pelos caras do Flyte que fizeram um convite para Ludo e Leo entrarem na banda. Convite aceitos pelos dois! Foi fácil a negociação afinal compartilhava das mesmas predileções musicais. Ludo era um belo vocalista, tinha um vocal forte capaz de flertar entre tons graves e agudos e Leo trouxe à banda muitas composições originais. A participação deles foi determinante para a postura da banda nos palcos, no estúdio, fazendo com que a banda amadurece.

Ludo Cools

No verão de 1975 a nova formação do Flyte, com Ludo e Leo, abriu o festival ao ar livre de Essen, na Bélgica e tocou ao lado da banda holandesa Earth and Fire, um pouco mais famosa. Com um microônibus Mercedes personalizado com o novo logotipo da banda, feito por Hans, o Flyte embarcou em uma pequena turnê pelas cidades que faziam fronteira com a Holanda e a Bélgica, são elas: Antuérpia, Roosendaal, Dorst e Essen.

Durante essa série de shows, a banda apresentou suas novas músicas escritas por Leo, enriquecendo seu repertório. Eles tiveram até uma ideia de uma ópera rock chamada “Into the Mounth of the Night”. Com isso, com essa temática conceitual, seus shows costumavam durar cerca de duas horas e meia com vários efeitos de luz e fumaça. O aspecto teatral da banda também estava no ritual com Ludo se adornando com fantasias.

Flyte

As novas músicas provocaram um forte trabalho da banda com enfoque intensivo de ensaios, com novas ideias testadas, com uma estrutura razoável para boa onde se gravavam até os shows para servir como apoio para novas ideias. Músicas como “I Am Beautiful”, “Slower Than Clouds and Bigger” e o instrumental “Ceremonies” foram inteiramente concebidos a partir dessas improvisações e ideias.

O Flyte estava ganhando projeção e abriu o festival de Breda, aparecendo no mesmo projeto que Focus, Kaz Lux e The Flying Burrito Bros. Em janeiro de 1977 as revistas holandesas “Music Maker” e belga “Joepie” destacavam espaço em suas edições a artigos sobre a banda. Mais mudanças aconteceram! Gijs havia saído a essa altura e Vic Storm, um baterista voltado para o jazz, o substituiu, Rob Overdijk voltaria à banda, depois que a banda triunfou no Festival de Tilburg, aparecendo com Herman Brood e Sweet D’Buster, abrindo ainda para Alquin em Roermond. Eles adicionaram ao som da banda um mellotron e um clavinete para enfatizar um aspecto mais sinfônico a sua música.

Novas fitas demos foram gravadas na Bélgica com um amigo do Flyte, Roel Röring que ainda participando com vocais de apoio. Kees van Gool substituiu Maurice Fraeymann como operador de PA. Como Toon havia emigrado para Portugal, Arnold van Walsum se tornou o novo empresário da banda. Um novo design do logotipo da banda foi impresso em pôsteres, adesivos e camisetas. Nos shows a banda começou a ensaiar material para o seu álbum de estreia, finalmente e que provisoriamente foi intitulado “Cast of the Stars”.

Eles selecionaram suas músicas favoritas para esse momento, incluindo composições mais antigas como “Dawn Dancer” e “Woman”. Seus shows estavam se tornando cada vez mais espetacular, profissional mesmo. O público estava adorando todo o aspecto sonoro e de produção de palco.

Em outubro de 1977 o Flyte tocou alguns sets em uma escola secundária de Antuérpia, sendo transmitido, ao vivo, pela rádio belga chamada BRT. Nessa ocasião eles deram uma exibição a algumas seções da ópera projetada, integrando-as habilmente em novas músicas como “You’re Free” e “I Guess”. Eles tocariam músicas mais recentes como “The Doors Inside”, Millions of Mornings” e “How she Dances”.

Em janeiro de 1978, Hans Boeye, um renomado baterista belga, substituiu Vic Storm. Filho de um respeitado músico flamengo, ele estudou música desde cedo e teve uma bateria profissional aos 15 anos. Depois de uma curta temporada com uma banda do ensino médio, ele se juntou ao Llamb, uma banda com o violinista americano Michael Zydowsky que tocou com Flock.

Em março de 1978 demos das faixas do álbum foram gravadas nos estúdios Just-Born, em Hekelgem. Esses estúdios eram de propriedade de Luc Ardyns, empresário da lendária banda belga Isopoda. Nesse ponto, nova baixa na banda! Rob deixaria definitivamente o Flyte, sendo substituído pelo vocalista e baterista Peter Dekeersmaeker.

Peter Dekeersmaeker

Em maio de 1978 o Flyte tocou trechos de seu repertório para Fritz Valcke, dono do estúdio Kritz, em Kuurne, na Bélgica. Valcke e seu engenheiro de som, Michel Barez, foram conquistados pela qualidade da música do Flyte e decidiram produzir o primeiro álbum da banda.

Os caras entraram em estúdio em julho de 1978. Eles conseguiram gravar todos os padrões rítmicos de suas músicas ao vivo em uma tomada! Gravações adicionais foram feitas sob a direção de Michel Barez e as sessões foram distribuídas por vários meses, dependendo da disponibilidade do estúdio. Hans Marinyssen saiu em outubro, mas continuou como letrista da banda. Ludo assumiu as funções de percussão no palco e no estúdio.

A banda assinou um acordo de distribuição com uma empresa holandês chamada Oldway e publicou as músicas pela Oldmill, que era dona do pequeno selo Don Quixote. A Oldmill impôs seu produtor interno, Geoff Hardisty, à banda, mas ironicamente sua parte no processo de gravação provou ser insignificante. Eqnaunto isso, Fritz Valcke passou a ser o novo empresário do Flyte.

Novas músicas foram gravadas e mixadas durante novembro e dezembro de 1978. No dia seguinte ao Natal, Flyte tocou em um festival em Breda ao lado de Jan Akkerman, Solution e Fruit, uma banda composta por seu ex-baterista Frank Berkers e o cantor Roel Roring. Até fevereiro de 1979, a banda trabalhou na produção de seu álbum, que apresentou sua primeira composição, "Brain Damage". Peter também havia criado esboços para uma nova música intitulada "Aim at the Head".

A banda decidiu chamar seu álbum de "Dawn Dancer", mas renomeou a faixa "Dawn Dancer" para "Your Breath Enjoyer", para evitar confusão. Ludo escolheu ser creditado na capa sob o nome de sua mãe, Rousseau. Um grupo de apoio feminino, o Emily Delen Singers foi convidado por Leo para cantar em "Heavy Like a Child", enquanto Roel Röring cuidou de todo o resto dos vocais de apoio. A capa foi desenhada por um amigo de Geoff Hardisty, representando o personagem "Dawn Dancer", enquanto o logotipo da banda também foi retrabalhado de forma estilizada.

“Dawn Dancer” foi finalmente lançado em março de 1979, mas a banda ficou insatisfeita com a prensagem considerando um número insuficiente. No entanto o álbum teve muita repercussão nas rádios holandesas e as críticas à imprensa foram altamente elogiosas.

Não sou muito afeito a comparações, acho demasiado arriscado e suscita discussões, em dado momento, totalmente desnecessárias, mas ouvir o Flyte, com seu “Dawn Dancer”, me remeteu à cena Canterbury, principalmente ao Camel, mas não se enganem estimados leitores, não podemos traduzi-lo como plágio. Sempre foco na questão da inspiração, na influência, levando em consideração, principalmente, na influência que foi o Camel para o prog rock. Nota-se texturas evidentes de progressivo sinfônico e de classic rock, em alguns momentos.

O álbum é inaugurado com a faixa “Woman” já começa solar com solos vibrantes e diretos de guitarra. O vocal logo entra melódico e dramático, cantado de forma cristalina e competente. A música, com algumas mudanças rítmicas, vai de uma contemplativa balada a sons mais pesados capitaneados pela guitarra, tendo a textura excelente dos teclados. Na metade da faixa o solo de guitarra é mais proeminente e os teclados trazem notas sinfônicas. Excelente!

"Woman"

Segue com “Heavy Like a Child” que traz o vocal, igualmente melódico e dramático, praticamente à capela, mas logo entra a bateria altiva, marcada, cheia de viradas e baixo mais vívido. Surge um solo de guitarra e logo em seguida uma viagem meio psicodélica vocais em coro determina uma faixa mais austera e cheia de recursos sonoros, corroborados pelo teclado meio experimental e logo se traveste de um intenso prog sinfônico. Uma música bem versátil!

"Heavy Like a Child"

“Grace” começa suave, viajante e contemplativa, com dedilhados sutis de guitarra e teclas que trazem essa textura, mas entra a “cozinha” com sua boa sessão rítmica que encorpa a faixa, mas que logo volta ao ponto de partida. E assim alterna e entre essas mudanças rítmicas tem solos avassaladores de guitarra que é de tirar o fôlego. Não podemos negligenciar a pegada meio dançante entre essa “salada” sonora. Fantástica faixa!

"Grace"

“You’re Free, I Guess” começa mais simples e direta, diferente da complexidade das faixas anteriores, talvez uma introdução mais comercial. Teclados induz uma veia meio dançante, vocal ecoam na mente, melódico e por vezes meio soturnos é um destaque à parte. Talvez não seja a faixa mais inspiradora do álbum, mas, ainda assim, é válida a audição.

"You're Free, I Guess"

“Aim at the Head” vem intensa, pesada! Riffs de guitarra trazem tal textura, mas logo fica mais cadenciada, com, mais uma vez, uma pegada dançante. O vocal nessa faixa é desconstruído, um pouco mais rasgado e até sarcástico, em alguns momentos. Os solos de guitarra trazem de volta o peso inaugural. Mais uma vez as mudanças de andamento se tornam destaque nessa bela música.

"Aim at the Head"

“Your Breath Enjoyer” começa mais operística, ao estilo Genesis, mas é estranha, porque segue em uma vibe mais jazzística, dado momento. Fica mais pesada com riffs de guitarra e solos mais básicos, porém que são peso à faixa. Os teclados dão sustentáculo à música e as suas mudanças de ritmo.

"Your Breath Enjoyer"

“King of Clouds” começa quase angelical, suave, discreta, mas logo entra o teclado que, em um clima contemplativo, entrega uma balada, com o vocal suave e melódico corrobora esse clima de balada rock, com a adição de solos limpos de guitarra. E esse solo se estende e traz a sensação de leveza, de que a alma sai do corpo e viaja a dimensões jamais vistas e sentidas. Incrível!

"King of Clouds"

E fecha com “Brain Damage” que vem mais pesada, com riffs de guitarra mais agressivo, tendo nos teclados seu belo “rival” trazendo um pouco mais de leveza à faixa. O vocal determina essa leveza e a guitarra logo surge límpida e viajante. O embate entre leveza e peso está na “dosagem” certa, perfeita, diria.

"Brain Damage"

Infelizmente, a distribuição da Oldway foi ruim e, para piorar as coisas, a gravadora faliu depois que apenas 2.000 cópias do disco foram prensadas. O disco foi imediatamente excluído. No entanto, algumas outras centenas de cópias foram prensadas e vendidas alguns anos depois pela empresa que comprou o material (e que encontrou uma cópia de uma fita master do álbum de Flyte) da Oldway. Com “Dawn Dancer” fora do mercado, a banda conseguia poucos shows Contra as gravadoras que não tolerariam o lançamento de um segundo álbum, Ludo e Ruud deixaram a banda, desencantados.

Em abril de 1980, Flyte se estabeleceu em Kalmthout, Bélgica, e recrutou o vocalista Rudi Fabeck e o guitarrista Walter Meuris. Em maio, essa nova formação do Flyte fez seu primeiro show em Essen antes de embarcar em uma curta turnê com shows em Antuérpia, Hamme, Brugge, Eeklo, Breda e Gent.

Em agosto de 1980 a banda gravaria uma fita demo com suas novas músicas: "Shoreline Castle", "The Battle of Forever", "Killer Cure" e "Weld and Amazing", todas destinadas à inclusão em um segundo álbum. Este deveria ter sido chamado de "Cast of the Stars", assim como seu primeiro disco, mas nada aconteceu. Uma última tentativa de sucesso foi lançada em novembro de 1980, quando a banda retornou ao Kuurne Studio para gravar um single às suas próprias custas. Este apresentava "Killer Cure" e uma nova versão de "Aim at the Head". Foi distribuído por uma subsidiária da Don Quixotte chamada Assekrem, mas embora essas faixas tivessem uma pegada bem rock n’ roll, passaram despercebidos em uma época em que a new wave estava em ascensão. Cansados de tantas frustrações, o Flyte decidiu se separar após um show de despedida em Essen, em 13 de fevereiro de 1981.

Três anos depois, no entanto, em 1984, um show de reunião ocorreu em Essen. A banda tocou todo o seu primeiro álbum e o material que havia sido reservado para o segundo. Mais tarde, Hans Marynissen se tornou o percussionista de uma banda de metais chamada Vsop, que lançou um álbum. Ele também trabalha como empresário e engenheiro de som. Leo emigrou para a Inglaterra, onde trabalha para uma empresa agrícola.

Hans Boeye tocou com várias bandas e aparece no segundo álbum do Kitchen of Insanity, uma banda fortemente influenciada pelo The Doors. Atualmente, ele toca com Ben Crabbé e The Floorshow. Ruud se tornou um guitarrista de estúdio, indo para os EUA, onde tocou com uma banda chamada Sea Breeze antes de retornar à cena holandesa. Jack é um disc jockey, Peter se tornou advogado e Ludo um funcionário público.

As músicas dizem muito o que o Flyte se propôs a criar em seu “Dawn Dancer”: Um rock progressivo genuíno que trazem muitas inspirações dos períodos iniciais do prog rock lá pelos anos 1970, 1971 e 1972. Visões de música clássica, prog sinfônico, jazz rock são sustentações de sua música. Por mais que não possa soar como algo revolucionário, principalmente levando em consideração o seu período de lançamento, trazem estruturas bem edificadas de um genuíno rock progressivo e suas vertentes. Aos apreciadores do estilo, “Dawn Dancer” é uma pérola, uma excelente pedida.

O famoso selo underground “Musea” relançou, no formato CD, “Dawn Dancer” para a alegria de fãs aficionados pelo prog rock e que, de certa forma, ajudou, claro, a difundir essa pérola perdida do fim dos anos 1970. Tal relançamento completou 30 anos em 2024 e fica a espera e a expectativa de possíveis novos relançamentos para que o maior número de pessoas possíveis possa ter esse trabalho magnífico em mãos, ao que apreciam mídia física. E quem sabe também as novas músicas que comporia o segundo álbum possa vir à tona algum dia. Pérola mais do que recomendada!




A banda:

Lu Rousseau nos vocais e percussão

Ruud Wortman na guitarra acústica e elétrica, além dos vocais

Jacky Van Liesdonk no piano acústico e elétrico, clavinete e sintetizadores

Leo Cornelissens no órgão, Mellotron, String Ensemble e vocais

Peter Dekeersmaeker no baixo e vocal

Hans Boeye na bateria e percussão

Hans Marynissen na percussão

 

Com:

The Emily Delen Singers nos backing vocals na faixa 2

 

Faixas:

1 - Woman

2 - Heavy Like a Child

3 - Grace

4 - You:Re Free I Guess

5 - Aim at the Head

6 - Your Breath Enjoyer

7 - King of Clouds

8 - Brain Damage 



"Dawn Dancer" (1979)














 




































quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Odin - Odin (1972)

 

A trajetória deste reles e humilde blog vem revelando uma predileção minha: essas bandas “one-shots”, ou seja, bandas que lançaram apenas um álbum de estúdio e some do mapa, desaparece para sempre da cena musical. Para muitos pode parecer uma preferência pelas bandas fracassadas, mas, admito e com certa alegria, meus caros leitores, que este blog traz histórias de bandas fracassadas.

Fracassadas, sob o aspecto comercial, mas que nos proporcionam histórias memoráveis, histórias genuínas, de bandas que sem sombra de dúvidas entregaram, mesmo que em um efêmero tempo de vida, as suas verdades sonoras. Acredito que seja por isso que essas bandas, de alguns anos para cá tem me cativado, não apenas pelo quesito sonoro, mas pelas histórias que é uma das essências desse blog.

E eu preciso destacar uma banda que, claro, lançou apenas um álbum no prolífico ano para o rock n’ roll, 1972, e que logo pereceu e tinha, em sua formação, músicos da Inglaterra, Alemanha e da Holanda, ou seja, era uma banda multinacional, porém baseada na Alemanha. Falo do ODIN. Afinal, como muitos músicos em início de carreira, os caras do Odin saíram de seus países natal para ter um lugar ao sol. As audiências em seus países de origem pareciam não estar tão interessado na sonoridade da banda ou não acontecia um contrato de gravação, então as migrações se tornaram inevitáveis.

Odin

As origens do Odin vieram de uma banda chamada Honest Truth que tinha na formação o baterista britânico Stuart Fordham e do também britânico Ray Brown, que era baixista, o guitarrista e vocalista holandês Rob Terstall, além de um tecladista húngaro que morreria precocemente dando, de forma abrupta, um ponto final a banda, além também do roubo de seus equipamentos.

E com o fim do Honest Truth os caras se juntaram com o tecladista alemão Jeff Beer e, já na Alemanha, a banda mudaria seu nome para Odin. Beer, antes de se juntar ao recém-nascido Odin, fazia parte da banda Elastic Grasp. Enfim uma banda nova nascia e as esperanças dos jovens músicos também. Largaram seus países, foram, apenas com a tal esperança no fundo da mala, de fazerem sucesso, precisava acontecer para o esforço fazer valer a pena.

E tudo parecia indicar que o futuro seria gentil para com o Odin. Surgiu a possibilidade de um contrato de gravação, já para o ano de 1972, com um dos selos mais reverenciados do mundo à época, a Vertigo, e finalmente aconteceu, lançando seu primeiro trabalho autoral, chamado simplesmente “Odin”. Mas o álbum só teve lançamento na Alemanha.

“Odin” é um álbum multifacetado, diversificado sob o aspecto sonoro. Traz um som mais cru, calcado no hard prog, com distorção pesada, bateria agressiva, mas ainda assim entrega uma sofisticação que só mesmo o rock progressivo pode proporcionar ao ouvinte. Sim o ouvinte que aprecia várias vertentes do rock como as que eu citei certamente irá se identificar com o primeiro álbum do Odin.


Essa sopa musical, embora não traga nada de revolucionário, é muito boa, muito bem executada, principalmente para mim que aprecia flertar com estilos que adoro, como o hard rock mais agudo e texturas progressivas que eleva a sonoridade, fazendo da banda poderosa, intensa e viajante nos inúmeros recursos propiciados pelo prog rock. Um som eclético, um crossover digno de reverências e talvez pouco compreendido à época, pois o sucesso comercial tão esperado pela banda não aconteceu, mesmo em uma “praça” como a Alemanha, cujo público absorvia bem, nos anos 1970, sonoridades pouco ortodoxas, as vendas foram um fiasco.

A instrumentação é verdadeiramente exótica em “Odin” o que reforçou a sua condição de anticomercial, sendo, consequentemente pouco assimilado pelo mercado à época. Há, neste álbum, excentricidade e experimentação divertida e que traz, além da pegada hard progressiva, pitadas gentis de jazz rock, psicodelia que entrega a este trabalho belíssimas e arrojadas melodias de rock, as vezes pesados, lentas, melódicas e até mesmo melancólicas, mesclado a riffs pesados de guitarra, também inspirados no blues rock.

O álbum é inaugurado pela faixa “Life is Only”, a música mais longa deste trabalho do Odin, com quase onze minutos de duração e que personifica a essência de todo álbum: uma combinação explosiva e de tirar o fôlego de hard rock e uma composição progressiva sinfônica excelente. O baixo estabelece uma seção rítmica dinâmica juntamente com um impressionante solo de guitarra. A beleza desta faixa está na sua estrutura complexa e as texturas de teclado corroboram tal condição. Em seguida há uma pequena faixa instrumental, a “Tribute to Frank”, uma homenagem a Frank Zappa, que tem um trabalho interessante de vibrafone, com um arranjo meio experimental, mas não muito complexo.

"Life is Only"

Na sequência tem “Turnpike Lane” que é basicamente uma faixa instrumental, mas o destaque fica para os riffs e solos lindos e bem trabalhados de guitarra, com as linhas de baixo excelentes, mais uma vez, com groove, sendo ainda pulsante, vívido. “Be The Man You Are” vem com uma mudança de tempo na sonoridade da banda neste álbum, com um viés um pouco mais comercial, trazendo uma balada, com acordes um tanto quanto repetitivos, mas bem executados. Percebe-se uma guitarra suave com tonalidades folk interessantes, mostrando que a banda tem recursos.

"Be the Man You Are"

O álbum volta ao rock progressivo com a faixa “Gemini”, mas traz aquela mescla típica com o hard rock, pois traz certa aspereza, peso e até alguma agressividade na sua sonoridade. Em alguns momentos tem a impressão de que a estrutura da faixa é basicamente calcada no hard rock, mas o prog rock também está lá em toques mais sofisticados, tanto que o trabalho de guitarra e dos teclados me lembra algo como o prog sinfônico e muito bem executado, diga-se de passagem. E assim se faz também a variação rítmica, também típica do rock progressivo.

"Gemini"

“Eucalyptus” é um instrumental bastante descontraído e solar que traz um jogo interessante e exótico de sintetizadores que flerta com o prog rock e o rock psicodélico, pois percebi algo de lisérgico, ácido neste contexto melódico. A banda finaliza o álbum com outra faixa longa, “Clown”, que traz, mais uma vez, a bela harmonização entre hard rock e progressivo, com a adição de uma guitarra psicodélica, ácida, muito parecida com a faixa inaugural. Uma música que sem dúvida agradaria a fãs de prog e hard, sem sombra de dúvidas.

"Clown"

Com o lançamento de seu primeiro álbum de estúdio o Odin estava se preparando para uma turnê, para se apresentar e divulgar seu novo trabalho. Inclusive a banda recebeu um convite para gravar em um estúdio de rádio, na Alemanha, em 1973, a “SWF Sessions”, e até gravaram mais três músicas novas: “King King”, “Oh No” e “Make Up Your Mind”, além de duas faixas do álbum de estúdio (“Turnpike Lane” e “Life is Only”), o que denotava um futuro novo álbum, mas esse trabalho só veria a luz do dia em 2007, lançado pelo selo Long Hair Music.

"SWF Sessions" - Live (1973 - 2007)

E a turnê, que estava planejada para o ano de 1973, não aconteceria também devido a desacordos de caráter legal e uma crise se instaurou no Odin, acabando, pouco a pouco, com a energia dos músicos que, aos poucos, se viram desestimulados. A banda se viu obrigada a encerrar, de forma precoce, as suas atividades em 1974. A banda durou apenas três anos ou talvez um pouco menos do que isso.

A maioria dos músicos que compunha o Odin desistiu da carreira musical. Jeff Beer continuou na Alemanha e seguiu uma carreira nas artes plásticas, reza a lenda, enquanto o britânico Rob Terstall, que também ficou na Alemanha, continuou na música em uma banda que tocava jazz e rock, uma banda cover, que se chamava Motion-Sound. Ray Brown virou um carpinteiro, enquanto Stuart Fordham voltou para a Inglaterra e investiu em uma carreira no ramo de eletrônicos antes de falecer em 2003.

Apesar das frustrações em sua trajetória o Odin produziu um álbum sólido, poderoso, audacioso, mesmo sem ter sido tão revolucionário à época. Muitos álbuns e bandas pagaram o preço por serem exatamente audaciosos, por ter seguido um caminho que ninguém seguiu, não se rendendo a modismos, seguindo a sua criatividade somente. Deixou, ainda assim, um trabalho importante, mesmo que trafegando, até os dias de hoje, pelo submundo do rock. O álbum teve apenas um relançamento, no formato CD, em 1991, pelo selo Repertoire.




A banda:

Jeff Beer nos teclados, vibrafone, percussão, vocais

Rob Terstall na guitarra, vocais

Ray Brown no baixo, vocais

Stuart Fordham na bateria, percussão

  

Faixas:

1 - Life Is Only

2 - Tribute To Frank

3 - Turnpike Lane

4 - Be The Man You Are

5 - Gemini

6 - Eucalyptus

7 - Clown 



"Odin" (1972)






























quarta-feira, 13 de novembro de 2024

The Flying Hat Band - Buried Together (1973 - 1992)

 

A ligação da cidade de Birmingham e a música pesada, os primórdios do que se convencionou chamar de heavy metal, é íntima. Diria que a característica fabril e o seu potencial industrial desenharam os contornos da aridez do rock pesado, trazendo também letras de cunho social e econômico muito evidentes, com críticas ácidas a sociedade da época.

O estrondoso som do proto metal, da música pesada reverberou por anos nas fábricas e estâncias industriais. Tudo era cinzento, a poluição sonora, visual e do ar trazia as inspirações sombrias aos jovens aspirantes a músicos, muito deles de origem pobre trazendo em sua história o retrato do descaso, com a pobreza sempre à espreita.

Tudo era raivoso na música de bandas surgidas em Birmingham, eram os rugidos dos excluídos, dos marginalizados. As fábricas, a indústria, a poluição eram as molas propulsoras de músicas agressivas, pesadas e perigosas ao status quo conservador.

E quando falamos do rock n’ roll de Birmingham não podemos negligenciar bandas do naipe de Black Sabbath que, para muitos, inaugurou os primeiros acordes do heavy metal e do Judas Priest que, apesar de ter surgido no mesmo ano do Sabbath, na transição dos anos 1960 para a década de 1970, demorou um pouco mais para ganhar notoriedade.

Há algumas entrevistas do riff maker Tony Iommi, dizendo que Birmingham não aceitou a sua velha banda, Black Sabbath, de imediato, sendo alvo de críticas da mídia especializada e um pouco de falta de assimilação dos jovens a uma sonoridade tão áspera e pesada em pleno ano do “flower power” com seus beats dançantes e experimentais.

Mas não se enganem, caros amigos leitores, de que a cena rock de Birmingham limitou-se, se é que podemos dizer dessa forma, aos medalhões Judas Priest e Black Sabbath, mas também a uma pequena quantidade de bandas obscuras que pavimentaram o caminho da música pesada nessa região e que, sem dúvida alguma, exportou o estilo para todo o mundo, mesmo que não tenha tido o sucesso do Priest e Sabbath. Falo da banda THE FLYING HAT BAND.

The Flying Hat Band

Nada mais do que conveniente uma banda como o Flying Hat ter surgido com base nos “ecos” do Black Sabbath, emergindo do mesmo epicentro, como Birmingham, não sendo diferente: um som pesado, arrojado e sombrio. O Flying Hat, mesmo nos escombros das sombras, abraçou-se ao Sabbath e assumiu a sua condição de embrião do peso no rock de Birmingham, do mundo.

O melhor da The Flying Hat Band está por vir, amigos leitores, porque as origens da banda remetem a nada mais, nada menos do que o exímio guitarrista Glenn Tipton, que se notabilizou tocando, adivinhem, no Judas Priest. As origens, inclusive das duas bandas, vêm das Midlands.

Glenn Tipton

Glenn estava tocando na banda Merlin e também Shave'Em Dry, mas logo se desenvolveu na The Flying Hat Band, até porque Pete Hughes e Dave Shelter, que tocava baixo e guitarra, estavam nessas bandas juntamente com Tipton. No começo, depois de um show em Newcastle, a guitarra de Glenn, uma Stratocaster Pink, foi roubada do palco sem nenhum pudor. Então ele, após perder a guitarra, decidiu desistir de sua empreitada musical, afinal sem guitarra e sem dinheiro ficaria difícil. Conseguiu um emprego regular das 9h às 17h em um escritório.

Mas depois de alguns dias uma pessoa ofereceu ao jovem Glenn uma Fender Strat por 30 libras! Talvez era a chance única de retornar à música, de retomar os trilhos da The Flying Hat Band. Depois de fazer uns trabalhos de paisagismo de alguns jardins para levantar o dinheiro, ele conseguiu retomar seu sonho de ser um músico e tocar a sua guitarra.

A formação da banda continuou mudando. Alguns dos primeiros integrantes eram Trevor Foster, baterista e Andy Wheeler, baixista, além do vocalista Pete Hughes e Glenn na guitarra. As músicas que compuseram entre o fim dos anos 1960 e início dos anos 1970 eram autorais e já se percebia um esboço sonoro do que Tipton faria no Judas Priest. Havia também espaço para alguns covers de rock n’ roll e blues também até para compor um tempo satisfatório para as suas primeiras apresentações.

E nessas mudanças veio uma baixa considerável, a do vocalista Pete que desistiu da sua carreira musical se juntando à RAF. Não encontrando um vocalista de forma imediata para os shows que estavam aparecendo Glenn decidiu assumir os vocais e eles se tornaram um power trio. Mas as mudanças continuaram e dessa vez em caráter de reconstrução com Steve Palmer na bateria, este irmão do icônico baterista do Emerson, Lake & Palmer e Atomic Rooster, Carl Palmer e Peter "Mars" Cowling, no baixo.

Essa formação deu uma guinada de qualidade no som da banda, embora sempre o foi desde os primórdios, mas essa formação constituía no melhor momento da banda e o exemplo foi o convite que recebeu para tocar no famoso The Cavern Club, em Liverpool, no Marquee, em Londres e assim foi o batismo de fogo. A banda, inclusive, nessa época, serviu de suporte para a turnê do Deep Purple na sua turnê pela Europa.

A Flying Hat Band foi contratada pela icônica gravadora Vertigo, em 1973, para gravar o seu primeiro álbum. Algumas músicas foram gravadas, porém nunca viu a luz do dia, nunca foi lançada oficialmente pela gravadora. Torna-se incompreensível a banda, contratada por um selo de renome, com toda a estrutura possível para gravar um material, não ter lançado de forma oficial. Na realidade tais músicas, em um total de quatro faixas, foram melhoradas em estúdio, haja vista que elas já tinham sido gravadas pela banda em 1971.

A proximidade com a “Vertigo” certamente se deu pela cena pesada que florescia na fabril cidade de Birmingham, com o Black Sabbath e Judas Priest capitaneando a música hard rock nessa cidade. O Sabbath já era conhecido, tinha lançado alguns álbuns que estava ganhando notoriedade e o Priest seguia seu caminho rumo à história. Mas ainda assim a Flying Hat Band não conseguiu emplacar sua arte.

E falando nas suas quatro faixas lançadas, com tinha na formação, o Glenn Tipton nos vocais e guitarra, Peter “Mars” Cowling no baixo e Steve Palmer na bateria, trazia um hard rock poderoso, vívido, intenso, com texturas nítidas de um proto metal que certamente fosse lançado nos anos 1980 faria sucesso e não estaria “descolado” no tempo. Nota-se na sonoridade da banda, personificada nessas quatro faixas, uma veia de blues rock.

Começa com a faixa “Reaching for the Stars” que traz riffs pegajosos de guitarra e baixo super pulsante, mostrando uma sessão rítmica excelente com a bateria marcada e pesada. Solos de guitarra tornam a música mais solar e pesada, a “cozinha” segue dando o tom, dando o ritmo. O típico hard rock setentista é a tônica dessa faixa. 

"Reaching for the Stars"

Segue com “Coming of the Lord” que surge com riffs de guitarra que te remete perfeitamente ao heavy metal embrionário, mas que logo fica mais cadenciado e a sessão rítmica capitaneia essa pegada. A pegada heavy logo retorna, solos rápidos e diretos de guitarra e a bateria mais pesada dão o tom. O instrumental, já na reta final da música, é envolvente, pesado, poderoso. O vocal é mais alto e proeminente.

"Coming of the Lord"

“Seventh Plain” traz o destaque do baixo à tona novamente, que é executado rápido, com mais peso. O peso dos riffs de guitarra também ganha visibilidade. Outra faixa que nos traz à lembrança o peso do heavy rock com algumas cativantes mudanças de andamento.

"Seventh Plain"

E para fechar tem “Lost Time” que inicia mais introspectiva apenas com o vocal à capela e logo entra o dedilhar acústico de um violão, trazendo reminiscências de uma música mais psicodélica e lisérgica ao estilo mais contemplativo. E o violão segue acusticamente até o fim da música dando-lhe a condição de balada dentre as mais pesadas produzidas pela Flying Hat Band.

"Lost Time"

Em 1992 o selo alemão SPM International lançou, sob o título de “Buried Together, um “Split”, juntamente com a banda Iron Claw, erroneamente rotulado como “Antrobus” e essas quatro faixas originais foram unidas em um tracklist muito bem gravado. Finalmente eram lançadas as músicas da Flying Hat Band! Há também outro Split, gravado em 2011, pelo selo Acid Nightmare Record, de Portugal, com a banda “Earth”, que era o Black Sabbath nos primórdios. As faixas do Earth são as demos da banda lançadas em 1969. O nome do LP se chama “Coming of The Heavy Lords”.

"Buried Together" (1992)

"Coming of the Heavy Lords" (2011)

A Flying Hat Band finalizou as suas atividades em 1974 e Glenn Tipton foi sondado pelo Judas Priest entrando, nesse mesmo ano, na banda, pouco antes do lançamento de seu debut, o “Rocka Rolla”. No site do Glenn Tipton, que pode ser acessado aqui, há uma fala bem interessante sobre a relação próxima do Flying Hat Band com o Judas Priest e a forma como ele recebeu o convite para fazer parte do Priest:

“Dizem que tudo acontece por uma razão. Na época, a Flying Hat Band estava trabalhando com uma agência em Birmingham de propriedade de Jim Simpson, que por acaso era a mesma agência do Judas Priest. O Priest estava com a Gull Records, que sugeriu que a banda adicionasse um tecladista ou outro guitarrista. Como a Flying Hat Band estava se separando, eles me procuraram para ver se eu estava interessado em entrar. Isso foi em maio de 1974, antes do primeiro álbum “Rocka Rolla”. Eu concordei, e não demorou muito para perceber que tínhamos uma química única como banda e, particularmente, como compositores. Algo muito especial havia acontecido. ”

Peter “Mars” Cowling se juntou, após o fim da Flying Hat Band, a Pat Travers, em 1975, trabalhando com ele por muitos anos. Trevor Foster se juntou a banda de folk rock “The Albion Band e Little Johnny England”.  Peter Cowling faleceu em 2018.

A Flying Hat Band, sem sombra de dúvidas, teve um grande peso para a história do hard rock e, mesmo que não tenha tido êxito, sob o aspecto comercial e não tenha sequer lançado, à época, um álbum oficialmente, sua pequena obra se tornou significativa para edificar, juntamente com bandas como Black Sabbath e Judas Priest, o heavy metal que se notabilizaria mais de dez anos depois, lá pelos anos 1980. A plenitude do seu legado é inestimável para aqueles que, até hoje, fundam suas bandas de hard rock e heavy metal.




A banda:

Glenn Tipton nos vocais e guitarra

Peter "Mars" Cowling no baixo

Steve Palmer na bateria

 

Faixas:

1 – Reaching for the Stars

2 – Coming of the Lord

3 – Seventh Plain

4 – Lost Time


Versão lançada em 1992

Versão com duas faixas bônus