quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Dragonfly - Dragonfly (1968)

 

A principal honraria que este reles e humilde blog me proporciona, além, é claro, de meu ímpeto e interesse, é a busca incessante e passional pelas obscuridades que estão, lamentavelmente, relegados ao ostracismo e vilipêndio da indústria fonográfica e até mesmo dos fãs de rock n’ roll.

E não se enganem, estimados leitores, de que tais bandas foram relegadas ao ostracismo pelo fato de não entregarem nada de contundente sob o aspecto sonoro. Nunca! Muitas bandas obscuras trouxeram na sua época algo realmente cativante em termos de música, ou seja, se tornaram, mesmo trafegando nas sombras, referência no estilo.

Esse também é um dos fatores pelo qual me estimulo a continuar desbravando tais bandas, com a intenção de desmistificar certas “verdades” dentro das mais diversas cenas de rock ao longo das décadas. Não se enganem, bons amigos leitores, em algumas verdades absolutas por aí, principalmente quando se fala em pioneirismo na música.

Claro que assuntos como esse, sempre difíceis de se contextualizar, são deveras complexos, afinal são tantos fatores a se levarem em consideração, tantos quesitos e condicionantes que podem ou não derrubar certas teses e afirmações. Esses debates, além de gerarem discussões acaloradas, suscitam também, dependendo da forma como são conduzidas, podem ser extremamente enriquecedores.

Mas questionamentos, verdades e certezas à parte recentemente descobri uma banda que me surpreendeu positivamente e me fez chegar a uma conclusão de forte sustentação: de que há muito a se desbravar no rock n’ roll, de que a selva ainda tem pontos inexplorados.

Antes de falar do álbum e banda eu gostaria de dizer que os anos 1960 foram marcados, principalmente em meados daquela década, pela psicodelia, pela batida psicodélica, pela revolução do “Flower Power”, pelo experimentalismo lisérgico de suas principais bandas. Poucas foram as bandas que se aventuraram em uma abordagem sonora mais pesada e nesse rol podemos incluir bandas como Blue Cheer, The Who, Steppenwolf, Led Zeppelin que, mesmo antes dos anos 1970, período em que surgiram, em profusão, as bandas de hard rock, gravaram seus primeiros discos pesados.

Algumas bandas, as mencionadas acima, atingiram o êxito comercial, outras caíram no limbo do esquecimento, como o Blue Cheer que hoje goza de algum sucesso, graças ao advento das mídias sociais e o compartilhar de seu trabalho pelos aficionados pelo seu som e ostenta o status de banda “cult”.

Porém a banda que descobri gravou apenas um álbum, para variar, e está em uma condição de muito rara, pouquíssimo conhecida. Falo da banda DRAGONFLY, com seu trabalho, homônimo, de 1968. Mas o que o Dragonfly tem? O que o seu desconhecido único trabalho oferece? Peso! Muito peso! Um som poderoso e incomum para a época em que foi concebido! Não quero, tomado por um êxtase, me antecipar e falar do álbum, afinal, ainda tenho algo, embora pouco, a dizer da história da banda, mas preciso dizer que é um trabalho arrojado, arrebatador e revolucionário para a época!

Dragonfly

E falando em história, vamos tecer algumas linhas sobre o Dragonfly e seu único álbum. E já começa com algumas informações estranhas acerca da origem da banda. Muitos afirmam que o Dragonfly não era um nome de banda, mas sim de um álbum e que os músicos envolvidos jamais divulgaram e tão pouco fizeram shows com este nome. Trata-se meramente de um álbum de uma banda norte americana, mais precisamente do Colorado, chamada “The Legend”. Outras fontes já dão conta que sim, era uma banda formada com outro nome e que em um passado pouco distante se chamava The Legend e mais tarde, Dragonfly.

The Legend

The Legend, como disse, era de Colorado, nos Estados Unidos, mas que oscilava entre lá e Los Angeles para gravar e lançar seus materiais. A formação conta com Jack Duncan (baixo), Barry Davis (bateria, vocais de apoio), Gerry Jimerfield (guitarra, vocais principais), Randy Russ (guitarra, vocais de apoio) e Ernie McElwaine (teclados).

As origens do The Legend remontam até El Paso, onde em 1965 Duncan e Davis se conheceram e se tornaram amigos rapidamente enquanto tocavam em uma banda chamada “The Paws”. Jimerfield e McElwaine, animados com a ida do The Paws para um show no Novo México, fizeram uma viagem para conferir e ficaram impressionados com a performance da banda.

A cena rock de El Paso, à época, era proeminente, tinham muitas bandas e, claro, um público fiel e interessado na música que tais bandas executavam. The Paws era uma banda que gozava de algum sucesso, mesmo tendo tido muitas mudanças na formação. Eram bem-sucedidos, por isso que Jimerfield e McElwaine fizeram uma longa viagem de Colorado para o Novo México para vê-los.

Jack se juntou ao The Pawns em 1965 e quando o baterista Jimmy Wagnon, do Bobby Fuller Four, saiu, Barry Davis foi contratado. Os outros dois caras da banda eram casados, então Jack e Barry se tornaram bons amigos. Bobby Fuller era de El Paso e tinha um grande estúdio de gravação em sua casa. Jack conhecia Bobby e seu irmão Randall desde os 16 anos de idade e fez alguns trabalhos de rodie local para eles. Quando Jack se juntou ao The Pawns, ele estava aprendendo violão, mas o baixista queria sair. Ele vendeu seu baixo para Jack por US$ 50,00 e mostrou a ele o básico das músicas.

Por intermédio de Bobby Fuller, The Pawns se interessaram em tocar em Farmington, no Novo México, com um promotor local de lá. The Pawns iam lá uma vez a cada dois meses e tocavam. Eles eram muito populares, ganhavam muito dinheiro e a notícia se espalhou sobre eles. Uma noite de sábado, Jimerfield e McElaine, foram até Farmington para ouvir sobre o que The Pawns era. Como disse ficaram impressionados com o que viram e, depois do show, Gerry se apresentou a Jack, disse que tinha conexões na Costa Oeste e se ofereceu para montar algo se Jack e Barry quisessem. Aqui seria o embrião do The Legend/Dragonfly.


Dragonfly (primeira foto) e The Legend

Poucos meses depois, eles ligaram para Gerry. Ele os convidou para se mudarem para Durango e disse que eles poderiam ficar de graça no motel dos pais dele. Barry e Jack jogaram seus equipamentos na parte de trás do capô rígido de um Chevy Bel Air Canary Yellow 57 de Barry e partiram para Durango. A banda ensaiou lá por alguns meses como um quarteto e então decidiu que era hora de alugar outra guitarra. Jack e Barry sugeriram outro garoto chamado Randy Russ. Ele estava em uma banda competitiva de El Paso chamada “Instigators”, mas quando eles ligaram, ele agarrou a chance. Randy se mudou para Durango e tudo parecia que ia dar certo com essa formação.

A banda, que agora se chamada “Lords of London”, foi até a área de Denver e tocou em muitos clubes da época. Eles foram bem recebidos e começaram a tocar como banda de abertura no famoso “Family Dog”. Uma das bandas com quem eles pareciam acabar trocando sets era uma banda chamada American Standard com um ótimo guitarrista chamado Tommy Bolin, simplesmente. Passaram alguns apertos por lá, mas logo voltariam para Colorado para tocar no “verão do amor”, em 1967 e tiveram tempos de sucesso por lá.

Estavam todos prontos para lançar um álbum, quando voltaram para Los Angeles, juntamente com seus empresários, mas surgiu um “problema”. Os caras achavam que bandas de rock não deveriam escrever seu próprio material e tão pouco tocar em estúdio. Estavam procurando um novo nome quando um companheiro de viagem chamado Mark Clark sugeriu “The Jimerfield Legend”. Gerry era o cara mais velho e experiente da banda. Era líder da banda e o mais carismático. Muitos shows foram feitos com esse nome e uma das referências históricas a ele é de um dos pôsteres do Family Dog que pode ser visto na parede da escada da casa de Steve McQueen no filme “Bullit”.

Mas os empresários não queriam usar esse nome para a banda. E se Gerry saísse da banda, o que seria? Então o álbum saiu com o nome de “The Legend”, com um monte de músicas escolhidas pelos empresários e tocadas por músicos de estúdio, embora por alguns dos melhores da época, como Carol Kaye e Hal Blane. Os arranjos foram feitos por Gene Page, da Motown, além de Barry White.

Um dos empresários viu o The Legend tocar no “Family Dog”, em Denver e ficou surpreso com a apresentação da banda e o quanto o público correspondeu, além de toda a estrutura de palco. O mesmo perguntou a banda o por que eles não tinham dito a ele que eles podiam compor e tocar tão bem. A banda tentou explicar, mas simplesmente não entenderam. Diante desse “novo” cenário o empresário volta à Los Angeles e diz ao seu colega que eles precisam deixar a banda fazer um álbum autoral.

Quando a banda viaja para Los Angeles eles começaram a gravar o que se tornaria o álbum “Dragonfly”, por isso que tem essa “lenda” de que não existe uma banda chamada Dragonfly, mas sim um álbum e que, com essa história, se reforça. Por outro lado, no referido álbum não há menção de “The Legend” também. Nesse meio tempo, o tecladista havia deixado a banda e Dragonfly foi feito basicamente como um álbum de duas guitarras, baixo e bateria. Os empresários também contrataram um produtor chamado Richard Russell (nome verdadeiro Richard Egizi) e a banda gravou o álbum no “Amigo no ID Studios”, em North Hollywood com a engenharia de Hank Cicalo. 

Eles fizeram o álbum, sem nomes de membros da banda listados e sem fotos, novamente com medo de que se alguém saísse ou mudasse, isso prejudicaria a credibilidade da banda ou ainda não queriam dissociar o nome “The Legend”, pelo fato de estar ligado ao lançamento que não agradou aos músicos, por não ter material autoral. Mas há outra versão.

O nome da banda era uma arapuca que os empresários queriam fazer com a banda. Eles queriam trazer outros músicos, fazê-los aprender as músicas e coloca-los na estrada. Essa versão, inclusive, foi dita pelos músicos em entrevista no portal “It’s Psychedelic Baby Mag que pode ser conferida, em detalhes, aqui. Por isso que não se vê os nomes dos músicos no álbum.

Por isso também que o nome teria sido alterado para “Dragonfly”, pois os empresários teriam encontrado um cara viciado em ácido que tinha feito essa arte, esse desenho, muito bonito, a meu ver, e compraram, sendo essa foto usada para a arte do segundo álbum do The Legend ou Dragonfly. As tiragens estavam guardadas no estúdio e trancadas a chave, evitando que qualquer um tivesse acesso às cópias, inclusive a banda. 


Segundo os músicos as fechaduras teriam sido trocadas! E sobre o número de cópias prensadas, teriam sido 5.000 álbuns que foram enviados para a Austrália. E diante de tantos reveses a banda não teve nenhum apoio financeiro para divulgar seu álbum e tão pouco foram feitos shows para tocar as músicas nesse álbum contidas.

Os empresários

O álbum começa com “Blue Monday” traz aquela introdução pesada, para a época, de riffs de guitarra, que logo depois desliza para um groove lisérgico capitaneado pelo baixo pulsante e vivo. Não podemos negligenciar a seção rítmica dessa faixa e o vocal rasgado e alto, trazendo à tona um proto metal intenso.

"Blue Monday"

“Enjoy Yourself” começa com alguns solos de bateria e riffs pesados e ácidos que nos remete a bandas como Grand Funk Railroad e até mesmo um MC5, com uma discreta levada de blues rock ao estilo Steppenwolf. Essa mistura improvável ganha ainda mais peso com solos de guitarra que trazem à tona o tempo em que foi concebido: uma pegada psicodélica.

"Enjoy Yourself"

"Hootchie Kootchie Man" traz uma versão bem arrojada e que foge integralmente da versão original, sem blues, mas com uma versão hard rock bem cadenciada e uma “cozinha” muito entrosada, com destaque para o baixo cheio de groove novamente. Um típico hard rock extremamente volumoso. Cabe aqui também um espaço ao vocal arrastado, gritado e rouco.

"Hootchie Kootchie Man"

“I Feel It” continua no hard rock, mas com uma levada mais radiofônica, mais acessível, com solos de guitarra pesados e dançantes, ao estilo cravo, muito interessante. Esses músicos definitivamente sabem como fazer bons e envolventes arranjos.

"I Feel it"

"Trombodo" é um breve interlúdio orquestral que lembra aqueles álbuns progressivos conceituais que logo desemboca na faixa “Portrait of Youth” que te remete ao The Who, sobretudo pela forma complexa e cheia de recursos da bateria. Riffs de guitarra que te coloca alguns anos à frente, com peso e lembrando aquele proto-metal. Excelente faixa! 

"Trombodo"

“She don’t Care” é fantástica! O peso, os riffs de guitarra lisérgicos, pesados, te coloca em uma máquina do tempo rumo ao futuro, afinal é uma sonoridade rasgada, seca que te lembra fielmente o stoner rock dos tempos de hoje. Um proto stoner de respeito.

"She don't Care"

"Time Has Slipped Away" muda o humor do álbum e te entrega algo mais sombrio, soturno e introspectivo, mas não menos pesado, mas com alternâncias de passagens mais psicodélicas. O solo de guitarra é dissonante, rasgado e ácido.

"Time Has Slipped Away"

“To be Free” destoa um pouco da proposta do álbum é mostra mais do momento do rock daquele ano do que qualquer outra coisa. Riffs de guitarra mais dançantes corrobora a condição da faixa. “Darlin” é mais uma peça de 30 segundos começando com alguns compassos de country antes de desabar em rajadas de risadas chapadas.

"To be Free"

Fecha com “Miles Away” é um saboroso “psicopop” com “tonalidades” country e de folkrock, uma pegada mais comercial, mais beat, com sons eletrônicos, com manipulações de vocais, com uma vibe mais experimental, mesclado a um conceito orquestral.

"Miles Away"

Depois do lançamento de “Dragonfly” a banda estava financeiramente quebrada. O conceito de Dragonfly criado pelos empresários alheios aos maus passos sob o aspecto da gestão da banda e da carreira dos músicos que praticamente foram jogados de lado em uma investida de boicote, além de escolhas erradas, fez com que o “projeto” do The Legend que foi construída pelos empresários foram determinantes para a sua queda vertiginosa.

Não tinha shows, promoções, afinal o que era “Dragonfly” sem nomes, sem créditos, sem nada? Mas ainda assim eles conseguiram uma pequena transmissão de rádio de Los Angeles, como Jack se lembra de ouvir e receber um cheque de valor baixo de royalties da BMI. Um dos empresários chegou a promoter conseguir um show para o Dragonfly/The Legend no The Filmore West, em São Francisco. Os músicos nunca souberam o quão sério isso poderia ser e com a situação cada vez mais complicada, as pretensões de shows não se concretizaram. Então o Dragonfly seguiu o caminho de tantas bandas, direto para as sombras do esquecimento.

Por volta de 1998 Jack recebeu uma ligação, no mínimo inusitada e surpreendente de um cara na Bélgica, dizendo que havia uma estação de rádio que tocava vinil de bandas antigas e obscuras e que uma das músicas do Dragonfly estava entre as dez mais pedidas pelos ouvintes! Coisas de banda cult!

Houve várias reedições deste álbum. A primeira foi em 1992 pelo selo “Eva”, que continua, para os fãs e colecionadores, sendo a melhor reedição digital disponível comercialmente. Foi originado de um “rip” de vinil com ruído leve, mas, de outra forma, um som muito bom. Outro relançamento veio em CD pela “Gear Fab” que é pesado em graves, muito mais barulhento e acelerado. A reedição de 2012, em CD, pela Sunbeam aparentemente pegou esta fita master defeituosa, mantendo a velocidade errada, aumentou o volume.

Independente da forma como foram concebidas as reedições, em que formato, recuperar essa obra de arte é urgente e necessário. Um trabalho calcado em revoluções sonoras que romperam com o status quo daqueles tempos de danças psicodélicas, de beat, de lisergia experimental. “Dragonfly” diante de tantos entraves, de obstáculos destrutivos e irreversíveis por empresários que vislumbraram tão somente a grande oportunidade de ganhar dinheiro em detrimento da música, ainda assim não destruiu a essência de uma música arrojada e singular. Isso sim, manteve, até os dias de hoje e para todo sempre, solar e poderoso.




A banda:

Gerry Jimmerfield nos vocais, guitarra base

Randy Russ na guitarra solo

Ernie McElwaine nos teclados

Jack Duncan no baixo

Barry Davis na bateria

 

Faixas:

1 - Blue Monday

2 - Enjoy Yourself

3 - Hootchie Kootchie Man

4 - I Feel It

5 - Trombodo

6 - Portrait of Youth

7 - Crazy Woman

8 - She Don't Care

9 - Time Has Slipped Away

10 - To Be Free

11 - Darlin'

12 - Miles Away



"Dragonfly" (1968)




 






















 







 


 



quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Epizootic - Daybreak (1976)

 

Por que os anos 1970 é o melhor período do rock n’ roll em termos de qualidade sonora? Tudo bem, estimados leitores, que essa frase, essa pergunta tem um caráter de opinião, afinal há de ter outras pessoas que contestarão dizendo que os anos 1960 foram prolíficos ou ainda os anos 1980.

Mas é inegável que a década de 1970 deixou uma marca indelével para o rock n’ roll descortinando vertentes tão especiais para os nossos ouvidos e alma, como hard rock, rock progressivo, jazz rock, blues rock entre tantos outros.

A resposta? Era a capacidade de algumas grandes bandas de flertar, com grande facilidade, com várias vertentes sonoras em um álbum ou mais arrojadamente ainda, em uma música. Tantas nuances, tantas mudanças de ritmo que confesso me arrebatamento a cada audição desse tipo.

E aí eu preciso retomar a importância dessa década para o rock! Somente ela foi capaz de nos proporcionar esse momento singular. Os estilos estavam nascendo, eram embrionários, as doses de experimentalismo eram cavalares, não havia, ouso dizer, nomenclaturas identificando tais vertentes, não havia rótulos, nada.

As bandas ousavam, experimentavam, a criatividade era latente, não havia receios, medos, o que comandava as pretensões musicais era pura e simplesmente o amor pela música, a verdade que ela trazia personificadas nos músicos e primordialmente, a criatividade. A subserviência era por ela, sem preocupações com o mercado fonográfico.

E muitas dessas bandas padeceram pelo simples fato de não sucumbirem ao glamour e facilidades do sucesso comercial e suas músicas plásticas com prazo de validade. Não é à toa que essas muitas bandas caíram no limbo do esquecimento, nos escombros da obscuridade, mergulhadas em um fracasso comercial. Mas são únicas, singulares, importantes para um nicho de fãs que sempre apreciaram tais músicas de vanguarda.

Podemos elencar inúmeras bandas que se enquadram nessa condição, mas gostaria de falar de uma banda que conheci recentemente e que veio da sempre surpreendente Suécia chamada EPIZOOTIC e que, para variar, lançou apenas um álbum, em 1976, chamado “Daybreak”.

Epizootic

O nome da banda, meio doido, atípico, entrega, com seu álbum, uma sonoridade vivaz, cheia de recursos sonoros, que vai do peso do hard rock, a sofisticação do rock progressivo, a lisergia do psicodélico. Uma sonoridade arrojada, mesmo não apresentando nada de revolucionário surgia na segunda metade dos anos 1970 que estava despertando para o punk rock que, mesmo não gozando de tanta popularidade, estava atraindo olhares interessados da indústria, deixando de lado as bandas que privilegiavam uma sonoridade mais rebuscada e complexa.

As origens do Epizootic remontam de meados dos anos 1970 na cidade sueca de Gotemburgo, quando quatro garotos decidiram se juntar e formar uma banda de rock com viés sinfônico, cantando em inglês e com certas conotações pesadas, de hard rock. O desejo incondicional de jovens, ávidos por ganhar o mundo, era evidente na sonoridade do Epizootic. As letras em inglês, com a intenção de atingir o mercado externo, parece que tudo estava meticulosamente calculado para o sucesso ou será que tudo não passou de um sonho febril? Pois é, o desfecho parece revelar o segundo cenário.

“Daybreak” foi concebido de uma forma totalmente independente, por um selo que parecia pertencer aos próprios músicos, de nome “Fejl” e, apesar de ser um álbum com dez faixas complexas e arrojadas, nota-se clara falta de produção. Mas isso não parece ser nenhum demérito, pelo contrário, bandas e álbuns obscuros de “formato garageiras”, quando lançam trabalhos com essas características, passam a se um charme, algo que agrega a sua sonoridade.

Aqui cabe uma curiosidade referente ao nome da gravadora: “Fejl”. Tal termo é uma grafia sueca da palavra inglesa “fail” que significa “falha”, “falhar”. Sinceramente não conseguir interpretar o motivo pelo qual leva esse nome, mas, licenças poéticas à parte, talvez seja pelo fato do álbum não ter atingido o status de sucesso.

Não podemos negligenciar o fato de que “Daybreak” é um ambicioso trabalho, mesmo que "artesanal", por conta da produção. Ah são jovens e como tal querem ganhar o mundo, serem donos deles, custe o que custar. E não há como se render a essa crueza que entrelaça com uma complexidade e nos deixa um tanto quanto perdidos quando tentamos classificar uma sonoridade. Então, caros leitores amigos, esqueça as formalidades da nomenclatura e se deixe levar pelo som de Epizootic.

E como não apreciar essa “dúvida”: guitarra pesada, elementos de jazz fundamentado pelo tecladista e toques de música progressiva evidentes na flauta. O vocal, embora não seja um primor, dá o seu recado e mostra um trabalho de banda muito firme, coeso e complexo, porém orgânico. A formação que gravou “Daybreak” traz: Pär Ericsson nos vocais, baixo, flauta, Bengt Fischer na guitarra, Lars Liljegren no piano, sintetizadores e vocais e Lars Johansson na bateria e percussão.

“Daybreak” é um hard prog que lembra mais uma produção de porão do que uma gravação propriamente dita. Mas a música é poderosa e extremamente cativante e interessante, com excelentes ideias instrumentais, extremamente arrojadas, complexas e orgânicas. Um trabalho obscuro que merece reverências, que merece crédito pela sua sonoridade.

O álbum é inaugurado com a faixa “Epizootic”. Um som de águas agitadas no início, mas que logo irrompem em solos rápido e pesados de guitarra trazendo o prenúncio de um hard rock cadenciado com teclados em uma sequência animada, que volta a guitarra, com riffs duros, sombrios e agressivos. Segue com “Sunset, Emotion” que tem, mais uma vez, o destaque dos riffs pesados e solos curtos e diretos da guitarra. É igualmente cadenciado pelos teclados enérgicos e uma seção rítmica bem coesa, com bateria marcada e baixo pulsante. Mas o que mais estimula na faixa é a salutar “rivalidade” entre teclados e guitarra.

"Sunset, Emotion"

“Eye Ball” os teclados inauguram a faixa e remete a uma pegada mais progressiva sinfônica aliada ao hard rock que se mostra presente do início ao fim do álbum. O vocal é mais rasgado, direto. Os riffs de guitarra são destaque e traz uma textura mais pesada e suja à música. E a doce “rivalidade” entre a guitarra e o teclado, mais uma vez, ganha destaque também e no meio termo, o baixo fica mais galopante ainda. “Fantacy” começa mais branda, mais leve. Dedilhados de guitarra e vocais mais doces trazem uma balada, com momentos mais pesados protagonizados por riffs de guitarra e assim vai alternando com um solo mais elaborado da guitarra no meio.

"Eye Ball"

O álbum segue com a faixa título, “Daybreak”, instrumental, ganha, mais uma vez, protagonismo a guitarra. Solos pesados, arrastados, em alguns momentos, e outros com uma pegada hard blues, tendo a “cozinha” dando uma textura mais bluesy também, sem deixar de lado, o agora discreto teclado. “What Mercy is This” já começa intensa, pesada! Os riffs de guitarra são pesados, agressivos, mas que ficam cadenciados com a bateria, cheia de groove e o baixo vívido e igualmente pesado. É extremamente animado a “batalha” entre os solos de guitarra e os teclados.

"What Mercy is This"

“Indian Reservation” começa introspectiva, contemplativa. Os dedilhados de guitarra reaparecem. Os vocais sussurrados, mas o peso já assume a dianteira da música. Bateria agressiva, os pratos parecem fazer a música levitar. Os teclados tocados com uma energia incrível, o baixo é esmurrado! Todo esse roteiro pesado logo devolve o posto para o ambiente anterior, de balada, com flautas. Repleta de recursos sonoros, de mudanças rítmicas. “Pictures of an Ordinary Life” começa pesado. A bateria dá o tom, o ritmo com os teclados em uma pegada sinfônica, mas descamba para uma sonoridade curiosamente radiofônica, meio dançante, inclusive. As flautas aparecem ao estilo Jethro Tull, com vivacidade. Mais uma faixa cheia de mudanças rítmicas mostrando a versatilidade da banda.

"Indian Reservation"

A penúltima faixa se chama “Pluto” que inicia curiosamente com um riffs que me remeteu ao heavy metal, pesado e rápido! O típico, porém, ousado, hard rock com uma evidente pegada heavy metal que ainda era embrionário. Mas as ousadias do Epizootic não param por aí. O peso inaugural dá lugar, mais uma vez, a flauta que, juntamente com a seção rítmica entrega um groove, algo dançante, mas que logo dá lugar ao peso capitaneado pela guitarra. E fecha com “Sinbad” já começa revelando o que foi o álbum: riffs agressivos de guitarra “rivalizando” com o teclado. Mas essa música retrata também o que foi o álbum na reta final: músicas pesadas e muito mais agressivas.

"Sinbad"

Embora o Epizootic não tenha atingido o sucesso comercial o seu único álbum ganhou “nove estrelas”, uma classificação de raridade na "Enciclopédia da Música Progressiva Sueca". São esses fatos que fazem de determinadas bandas e álbuns atingiram o status de “cult”, ou seja, um nome bonitinho para esquecemos de você no passado e envergonhados decidimos atribuir um status de importância para você.

E falando em sucessos e fracassos, após a experiência curta e precoce com o Epizootic o vocalista e baixista Pär Ericson e o guitarrista Bengt Fischer alcançaria o sucesso com a famosa banda de heavy metal EF Band, durante os anos 1980, quando se mudaram para o Reino Unido, gravando uma boa quantidade de álbuns. Infelizmente, em 2001 Fischer morreria devido a complicações com o câncer. O pianista Lars Liljegren mais tarde tocaria com Ragnarök e Triangulus. 

Além, claro, do lançamento original de "Daybreak", em 1976, pelo selo sueco, dos próprio músicos, Fejl, há alguns poucos relançamentos, como um de 1999, no formato CD, na Alemanha provavelmente não oficial e outro, no formato LP, pelo selo germânico "Long Hair", de 2020. O fato é se tratar de um clássico obscuro!





A banda:

Pär Ericsson nos vocais, baixo, flauta

Bengt Fischer na guitarra

Lars Liljegren no piano, sintetizadores e vocal

Lars Johansson na bateria e percussão

 

Faixas:

1 - Epizootic

2 - Sunset, Emotion

3 - Eye Ball

4 - Fantacy

5 - Daybreak

6 - What Mercy is This

7 - Indian Reservation

8 - Pictures of an Ordinary Life

9 - Pluto

10 - Sinbad



"Daybreak" (1976)




 



 

















 


sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Rockcelona - La Bruja (1979)

 

A música na transição das décadas de 1970 e 1980 estava sofrendo algumas mudanças, sendo impactadas por ebulições em todos os aspectos, propriamente sonoros e comerciais, principalmente. Embora algumas vertentes do rock n’ roll, por exemplo, sofria com o ostracismo, como o progressivo, com alguns figurões sumindo do mapa e outras bandas revendo sua música, outras padeciam com egos inflados de seus músicos e o uso demasiado de drogas que estavam decretando os finais de algumas icônicas bandas de hard rock.

O punk rock, subjugado e relegado aos guetos periféricos de Nova Iorque e outros punhados em Londres, ganhava, no final dos anos 1970, alguma notoriedade, graças a bandas “cabide” como o Sex Pistols, tendo os seus poucos anos de fama. O heavy metal já não tinha aquela visibilidade como em meados dos anos 1980, sob o aspecto sonoro, claro, dando lugar a uma cena andrógina do glam metal que proliferava em Los Angeles.

Apesar de algumas mudanças nas principais cenas rock terem acontecido, independentemente do período da história que o cerca, há sempre aquelas bandas marginalizadas que lutam contra o tempo, contra os modismos impostos pela indústria fonográfica, a principal mantenedora dessas mudanças, que, com a mola propulsora do marketing dissemina regras, dita “conceitos” também nos cenários musicais.

Bandas marginalizadas, mas que defendem, com unhas e dentes a verdade da sua música e desafiam a doutrina do tempo e mesclam com a dignidade da sua originalidade vertentes que, a priori, seria impossível para os “padrões” conservadores que permeiam no universo do rock há tempos. Os seus fracassos, para uma horda de alienados, podem parecer algo relacionado a capacidades dessas bandas de produzirem grandes trabalhos, mas a realidade é que não se curvam aos modismos e vai na contramão das tais famigeradas regras marqueteiras das grandes gravadoras e mais atualmente dos pasteurizados das redes sociais.

E um bom exemplo vem de Barcelona, na Espanha e se chama ROCKCELONA. Pois é, que raios de nome é esse? Ainda temos a intolerância, o escárnio dos idiotas atrofiados cognitivamente falando, que, em suas temíveis zonas de conforto, fazem galhofa dos nomes das bandas, de suas capas de disco e tudo o que valha, para depreciar o trabalhar e continuar nas suas mesmices existenciais. Mas o Rockcelona veio ao mundo em um período em que o hard rock estava meio em baixa, com bandas figuronas perecendo, mergulhadas em pendências judiciais entre seus rockstars ou estes mergulhados em drogas.

E nesse panorama nasce o Rockcelona. O seu nome pode ser a junção do rock n’ roll com parte do nome da região em que foi concebida. A banda foi formada em 1977, vindo mais precisamente de  L'Hospitalet de Llobregat, pelo vocalista Alfredo Valcárcel.

Rockcelona

E, como muitas bandas obscuras vindas da Espanha, o Rockcelona restringiu-se ao que costumo chamar ao “regionalismo”, que para o azar do mundo, não ganhou sucesso global. A banda lançou apenas um álbum, em 1979, chamado “La Bruja”, pelo selo “Columbia/Private Records” e tinha as suas arestas fincadas no voluptuoso e incendiário hard rock tipicamente do início dos anos 1970, mas que abraçou também algumas vertentes em voga na sua época como o punk rock. Diria sem medo que “La Bruja” é tão indulgente e sujo quanto alguns clássicos do punk ou até mais, ouso dizer.

O álbum é explosivo, é intenso, é volumoso, é pesado e pode ser comparado a bandas de seu país que surgiram e lançaram seus trabalhos muito antes do Rockcelona, tais como Leño, Asfalto, Burning ou ainda o The Storm. Sabe aquele típico “hardão setentista” lançado entre 1972 e 1974? Assim é “La Bruja”.

Aquele hard rock fuzzed, misturadas com guitarras ácidas, meio psicodélicas, em alguns momentos, outros momentos distorcidas e pesadas, com letras igualmente incendiárias, cantadas predominantemente em castelhano, bem como algumas em inglês.

Definitivamente “La Bruja” é um pilar do hard rock de sua época e, por conta disso, se configurou para o que era conhecido à época por “rock urbano”, com aquela guitarra suja, afiada, linhas de baixo marcadas e bateria pesada e muito, mas muito louca.

A formação do Rockcelona que concebeu “La Bruja” tinha, além do vocalista Alfredo “Freddy” Valcárcel, Alberto ”Albert” Balsells, na guitarra principal, Antonio “Tony” Cruz, na guitarra base, Javier A. Latorre (Javi) no baixo e Francisco “Kiko” Aparicio na bateria.

O álbum é inaugurado pela faixa título, “La Bruja” e já esfrega na cara do ouvinte riffs sujos e pegajosos de guitarra ao estilo proto doom, extremamente denso, com vocais de bom alcance. Logo ganha velocidade, ao estilo heavy rock e já com o vocal gritado e assim permanece até explodir um catártico solo de guitarra extremamente pesado, mudando ritmicamente, ficando mais arrastado o som, mas logo tornando a ficar veloz e poderoso. Não há como negar que a faixa “La Bruja” seria o farol para toda a estrutura sonora do álbum.

"La Bruja"

“Lovespell”, a segunda faixa, é a primeira do álbum cantada em inglês, e começa um tanto quanto bluesy, uma pegada meio blueseira, um blues rock, mas sem nenhuma pretensão de parecer tão blues assim, afinal a “veia” sonora do álbum está calcada no hard rock. Mas o destaque fica para a faixa mais cadenciada, com a bateria ditando o ritmo, concedendo tal textura a música, com um vocal mais límpido, mais melodioso. Solos de guitarra se estendem de forma competente, complexa, mas poderosa.

"Lovespell"

“Colt 45” retorna à proposta do álbum, com a introdução de riffs pesados de guitarra, bateria pesada e marcada, com baixo pulsante, fazendo uma “cozinha” extremamente entrosada e pesada. Mais uma vez solos de guitarra são destaque, trazendo mais e mais peso ao contexto sonoro da música.

"Colt 45"

A sequência traz “Magbalino” que não foge à regra, entregando os famosos e famigerados riffs de guitarra que abrem alas diretamente para solos de guitarra elegantes e potentes. A faixa é inteiramente instrumental e corrobora a destreza de seus músicos, com mais uma vez a “cozinha” destroçando em qualidade e sinergia. A faixa traz algumas mudanças de ritmo, mas sempre flertando com o bom e velho hard rock.

"Magbalino"

“Hombre Triste” segue com os já vivos e intensos riffs de guitarra, mas essa faixa traz uma curiosa e intensa pegada “punk”, sendo mais pesado, despretensioso e sujo, típico desta vertente. Uma mescla interessante e explosiva de hard rock e punk rock que muitas bandas praticariam nos anos seguintes ganhando, inclusive, notoriedade. A música é veloz, intensa e solar. Os solos de guitarra personificam essa condição. É verdadeiramente poderoso!

"Hombre Triste"

“La Tierra de Fuego” traz uma faixa cadenciada, ao estilo Black Sabbath, um genuíno hard rock, com pegada heavy rock, de atmosfera densa e soturna, que se assemelharia a uma dessas faixas de occult rock do início dos anos 1970 facilmente. O destaque aqui fica para o vocal que está mais cristalino, diria dramático, melancólico. A “cozinha”, mais uma vez, dá o seu recado, com baixo pulsante e bateria pesada, com solos de guitarra diretos, mas eficientes.

"La Tierra de Fuego"

“Buscándote Rock and Roll” soa atípico, tal como uma balada. O Rockcelona tira literalmente o pé do acelerador, mas os riffs de guitarra, sujos, meio doom metal, continuam lá, para certificar o DNA da sua sonoridade. Mas eis que logo assume o peso costumeiro que permeia o álbum, com aquela velocidade típica do heavy metal, com vocais gritados. É inacreditável o quanto, em apenas uma música, a banda flerta em vários estilos, sem soar deslocado ou fragmentado.

"Buscendote Rock and Roll"

E finalmente o álbum fecha com “Queen, Friend and Dread”, mais uma faixa cantada em inglês, que inicia, para variar, com aquela pegada hard com riffs de guitarra sujos e despretensiosos, com a velocidade do heavy metal e a indulgência do punk rock. E depois de um solo de guitarra de tirar o fôlego, a pegada veloz retoma com os riffs pegajosos novamente e assim a banda vai flertando com vertentes que revelam as distintas passagens rítmicas fazendo de som rico e cheio de recursos.

"Queen, Friend and Dread"

O Rockcelona teria uma precoce vida, de cerca de dois anos, mas realizou alguns shows apenas em Barcelona se tornando uma banda regional. Tocou no Instituto Jose María de Calasanz, ainda em 1977, ano de sua fundação com bandas como Elektra e Mortimer e também nas 12 horas de Rock de Barcelona, no Centro Juvenil Meridiana, em 1978, com bandas como Zen, Detonation, Calocha, Hermaneys, Krisis, Mitgdia, Stigma, Ekber e Fruint.

Após o lançamento do seu único álbum, “La Bruja”, a banda se desfez misteriosamente. Talvez o seu som estivesse deslocado no tempo, um tempo que já não era interessante para a indústria fonográfica o hard rock, para o público que, como uma ovelha que segue, alienada, as tendências geridas pelo marketing perverso, estava interessado em outras vertentes. O fato é que o Rockcelona pereceu mas deixou um álbum que, por ser raro e ter caído no ostracismo, não ter sido referência, mas que pode e deve servir de ponto fundamental para a música pesada em todas as suas vertentes.

Atualmente ou melhor, desde sempre, sobretudo nessas últimas duas décadas, com o ressurgimento do interesse pelos discos de vinil, o álbum original lançado pelo Rockcelona, lá em 1979, está em uma condição de raríssimo artigo que hoje está em uma faixa de 30.000 pesetas (180 euros). Entretanto há informações que dão conta de que “La Bruja” trafega no mercado consumidor na faixa dos 300 a 400 euros! É a condição que fomenta o status de banda “cult”.




A banda:

Alfredo “Freddy” Valcárcel nos vocais

Alberto ”Albert” Balsells na guitarra principal

Antonio “Tony” Cruz na guitarra base

Javier A. Latorre (Javi) no baixo

Francisco “Kiko” Aparicio na bateria

 

Faixas:

1 - La Bruja

2 - Lovespell

3 - Colt 45

4 - Magbalino

5 - Hombre Triste

6 - La Tierra de Fuego

7 - Buscándote Rock and Roll

8 - Queen, Friend and dread


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