sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Comus - First Utterance (1971)

 

Muitas foram as bandas de folk rock que surgiram nos anos dourados da psicodelia. E tingidos de música “flower power” eram edificantes, esotéricas, mas não era como a seminal banda inglesa COMUS. O Comus era diferente! Era sim uma banda de folk psicodélico e de proto prog, mas era sombria, soturna.

O embrião do Comus começou com o encontro de Roger Wootton e Glenn Goring, ambos, muito jovens, com 17 anos de idade, no Ravensbourne College of Art em Bromley, Kent, em 1967. Os dois tocavam guitarra e compartilhavam também o mesmo gosto pelo trabalho de John Renbourn e Bert Jansch, que estavam formando o Pentagle naquela época e o Velvet Underground.

Glenn e Roger logo, claro, se identificaram e formaram uma forte amizade em torno das suas preferências musicais e começaram, com isso, a tocar em clubes folclóricos locais, fazendo covers de Velvet Underground, que à época não foram muito bem recebidos e, em uma visita ao clube local em Beckenham, o “Arts Lab”, se tornaram amigos do organizador, um certo David Bowie.

Isso era agosto de 1969, mais precisamente em um 16 de agosto, que também foi o segundo dia do épico festival de Woodstock, nos Estados Unidos, com apresentações igualmente épicas do naipe de Santana, Sly and the Family Stone, The Who etc, o “Arts Lab” contava com uma estrutura e músicos mais tímidos, simples como Bridget St. John, Keith Christas e Toni Visconti, além do próprio Bowie que estava começando sua carreira e imortalizou tal evento com a música chamada “Memory of a Free Festival”.

Mas não foram apenas essas as bandas que tocaram no “Arts Lab”, uma se apresentou por lá e que, embora poucos se lembram, os rapazes, que viriam a ser a espinha dorsal do Comus, também se apresentou, porém, no dia seguinte em um pub chamado “Three Tuns”. E os poucos testemunhos dão conta de que eles soavam como nenhuma outra banda no mundo! Bem isso realmente é verdade! Em virtude dessa incomum sonoridade que apresentavam os caras passaram a tocar com regularidade no “Arts Lab”.

Enquanto estavam em Ravensbourne Glenn e Roger conheceram um tal Chris Youle, que mais tarde se tornaria empresário do Comus e o violinista e estudante de mídia Coli Pearson, o primeiro recrutado para uma nova banda que nascia, além dos já citados Glenn e Roger.

Youle sugeriu o nome “Comus”. Na mitologia grega “Comus” é um deus que representa a anarquia e o caos. É também um poema escrito em 1643, por John Milton, celebrando a virtude da castidade ao desenrolar a história de uma senhora que se perde na floresta e é tentada pelo tortuoso personagem de “Comus” a se envolver em todos os tipos de pecados terrenos. Apesar de estar presa em seu palácio e enfrentar feitiços mágicos, a senhora defende sua posição moral e acaba sendo libertada por seus irmãos.

Comus, o deus grego

A obra literária

Quando Chris Youle sugeriu o nome, este caiu como uma luva, afinal um grupo de estudantes de arte com ideias semelhantes estava formando uma banda folk, dando a banda que nascia uma identidade.

E falando em grupo, o baixista Andy Hellaby foi a próxima pessoa a ingressar na banda, após uma abordagem de Glenn e Roger no Beckenham Arts Lab, onde Hellaby tocava em outra banda. Pouco depois a cantora e percussionista Bobbie Watson, de apenas 16 anos, também foi convidada a participar, depois de ser ouvida harmonizando algumas músicas durante uma visita à casa em Perth Road, Beckenham, onde Roger, Glenn, Andy e Chris moravam.

O sexto e último membro da banda original foi o flautista Michael Bammi Rose, que respondeu a um anúncio colocado pelo Comus no “Melody Maker”. Ele vinha ensaiar na casa de Beckenham, acompanhado por um contingente rastafári jamaicano de Brixton, que já incluía o já lendário trombonista Rico.

O tempo de Mike com a banda foi bastante curto e, ao sair, ele foi substituído por um amigo de Colin e Bobbie chamado Rob Young. Embora o primeiro instrumento de Rob tenha sido o piano, ele aprendeu flauta, oboé e bongô sozinho para tocar com Comus. 

Então no início dos anos 1970 a formação clássica do Comus trazia Roger, Glenn, Colin, Andy, Bobbie e Rob. A residência no Beckenham Arts Lab continuou dando ao Comus tempo para se desenvolverem como banda e aprimorar seu “set” ao vivo. Daí o embrião do primeiro álbum da banda, que seria lançado no ano seguinte, começou a ser formado, o “First Utterance”, alvo da resenha de hoje.


Comus, a banda

Chris Youle começou, já como empresário da banda, a trabalhar agendando shows, turnês e promoções em todo a Inglaterra. E graças a esse trabalho o público rapidamente reconheceu a paixão, a originalidade e a qualidade musical do Comus e a banda logo se tornaria uma das favoritas do circuito universitário.

Nessa mesma época o Comus fez um teste, aproveitando a popularidade que crescia, para a diretora canadense Lindsay Shonteff para escrever a trilha sonora de seu filme chamado “Permissive”. Lindsay ficou impressionada tanto com a música quanto com a maneira como Roger tocava e cantava, mesmo tendo cortado o dedo nas cordas de seu violão, respingando sangue de verdade enquanto tocava “Drip Drip”! Louco, não?

Em junho de 1970 Chris Youle garantiu um contrato de gravação com o selo “Pye/Dawn” depois que o Comus fez um show incrível no Purcell Rooms, parte do complexo Royal Festival Hall na South Bank, de Londres, apoiando, inclusive David Bowie que, na época estava gozando do sucesso de seu primeiro hit “Space Oddity”. E finalmente, em fevereiro de 1971, “First Utterance” foi lançado, precedido pelo single “Diana”, com capa original de Roger e Glenn.


Esse período a música folk e progressiva era procurada pelas grandes gravadoras. Achando difícil lidar com essas bandas como parte de suas agendas comerciais, as gravadoras criaram selos menores que se concentravam nas periferias. A “Pye” fundou o selo “Dawn”. O Comus assinou com a Dawn em outubro de 1970, sendo uma das primeiras do cast.

No início do ano de 1971, como dito, a banda entrou em estúdio. No entanto O Comus percebeu que, embora a gravadora estivesse feliz em contratá-los, eles não tinham nenhum entendimento da música e nenhum conhecimento de como gravá-los. O que não surpreende em se tratando de uma música extremamente vanguardista para o seu tempo.

O produtor que recebeu a missão de produzi-los foi Barry Murray, que até então se especializou em música pop e para a TV e trabalhou com Mungo Jerry, a banda de sucesso da gravadora. O Comus não era uma banda fácil de gravar e as técnicas tradicionais de sobreposição de faixas de ritmo e melodia não são boas nesse caso. Tudo de “First Utterance” teve de ser gravado ao vivo.

Se a música era de difícil assimilação para os fãs e para a indústria fonográfica a arte gráfica sintetizava essa estranheza no som. O desenho, à caneta, foi criado por Roger Wootton, que enquanto esteve na escola de artes foi fortemente influenciado pelos desenhos de Gerald Scarfe e MC Esher.

“First Utterance” trata de temas perturbadores como estupro, assassinato e doença mental e não se trata de um álbum majoritariamente de rock progressivo, mas de um trabalho calcado no folk rock, com nuances extremamente sombrias, um occult rock folk com um frisson de erotismo ou sadismo, fundamentado em violão, violino e a flauta. E apesar de ser encarado como um folk rock, logo algo solar e gentil, deixe suas visões pré-concebidas de lado, é algo lindamente aterrorizante, tenso e soturno.

 

O álbum é inaugurado pela faixa “Diana” que já se destaca pelo vocal melodioso de Wootton que logo são encorpados com os seus instrumentos de percussão tribais estranhos com o apoio etéreo de Bobbie Watson e o violão e violino pagão de Pearson. O tema bacanal da letra é evidente no tom da melodio e na entrega da faixa.

"Diana"

“The Herald” tem o mesmo tipo de sensação assustadora de “Diana”, com harpa sobre violão e flauta, mas logo se transforma em uma melodia calma e até agradável com o violino e o vocal agudo de Watson em total sinergia corroborando a condição da música, dando-lhe a textura necessária. O violão, a viola, o oboé e a flauta soam agradáveis e bem convergentes. Os vocais femininos me trazem a sensação de algo pop, meio sessentista, diria, mas de ótimo gosto.

"The Herald"

“Drip Drip” começa com um violão vibrante. O canto, meio perturbado de Wootton, se agita também nessa música e os bongôs também segue nessa toada, com toda a energia possível sendo a base, o sustentáculo para toda a proposta da música. A percussão nesta faixa me remete, mais uma vez, a algo tribal, algo africano e juntamente com o violão e o violão trazem algo meio feroz a música dando “adeus” a alegria e até sofisticação do folk praticado por outras bandas, digamos, mais ortodoxas do estilo.

"Drip Drip"

Segue com “Song to Comus” que começa com um belo violão e flauta repetitivos, com vocais lindamente bizarros interpretados por Wootton que lembra, em alguns momentos, com o Jethro Tull. A música segue uma linearidade, algo igual, mas novamente o violino e os bongôs são agradáveis e traz um caráter mais ousado à faixa. A letra corrobora a sua condição aterrorizante. Eis um trecho:

“Hymen caçador, mãos de aço, abra você e sua carne vermelha descasque, Procurador de dor, olhos de fogo perfuram seu ventre e empurram ainda mais alto, Comus estupro, Comus quebra, a virtude da doce jovem virgem toma, Carne nua, cabelos esvoaçantes, seus gritos de terror cortam o ar”.

"Song to Comus"

“The Bite” novamente usa vocais masculinos bem estranhos com os vocais femininos gorjeando ao fundo. Vocais bem executados, apesar de uma música mais curta e a letra é mórbida, falando sobre um mártir sendo enforcado.

"The Bite"

“Bitten” é um instrumental curto e atmosférico com linda execução de violino e talvez violoncelo e se torna uma espécie de passagem para a última e excelente faixa chamada “The Prisoner”, que fala, na primeira pessoa, sobre um esquizofrênico paranoico. É sombria, perturbadora e como sempre, em destaque, o violão e o violino, inicia a faixa, mas começa discreta, ao fundo e em seguida se torna mais otimista e até agradável por um tempo, mas a melodia diminui. O dedilhar de violão e do violino são novamente a base da música, como todo o álbum.

"The Prisoner"

Uma combinação de circunstâncias fez com que “First Utterance”, que teve a prensagem de 10.000 cópias, não conseguisse sucesso comercial e, embora o Comus continuasse em turnê pela Inglaterra, pelo Reino Unido, inclusive, parecia que o ímpeto da banda começou a diminuir.

Rob Young foi o primeiro a sair em julho de 1971 e, embora tenha sido substituído à altura por Lindsay Cooper, o Comus se separou em 1972, quando Chris Youle foi para a Polydor Records na Alemanha. Porém poucas semanas antes de deixar a Inglaterra e ir para a Alemanha, Chris Youle tentou garantir um segundo contrato de álbum para o Comus com o selo “Pye” para gravar o lendário, mas lamentavelmente nunca gravado “Malgaard Suite”.

Três dos membros originais da banda, Roger, Andy e Bobbie, no entanto, decidiram se reunir novamente em 1974, a pedido do até então recém-formado selo “Virgin” para finalmente gravar o seu segundo álbum, “To Keep From Crying”. Mais uma vez o sucesso comercial não veio e o Comus se desfez. Após o fim do Comus, os membros da banda fizeram várias trilhas para filmes subsequentes para Shonteff, como “Zapper's Blade of Vengeance” em 1973 e “Spy Story”, em 1975.

"To Keep From Crying" (1975)

Em 1995, “First Utterance” foi relançado no Reino Unido no formato CD e outros lançamentos se seguiram na Itália e no Japão, culminando no lançamento de um CD duplo em 2005 com os dois álbuns de estúdio e algumas outras faixas. Na verdade, tudo que o Comus gravou nos anos 1970 foi reunido nestes CDs. Em comemoração a esse lançamento o empresário Chris Youle conseguiu reunir todos os membros originais do Comus no final daquele verão. Alguns não se viam há mais de trinta anos!

A internet e alguns veículos de comunicação disponíveis na grande rede ajudou e muito a disseminar a história do Comus e muito ajudada também pelo guitarrista e vocalista sueco Mikael Åkerfeldt, com sua muito respeitada banda de metal Opeth, que frequentemente fazia referências e dedicatórias ao Comus nos shows do Opeth. Mikael era obcecado pela banda há muitos anos, chegando a nomear um dos álbuns do Opeth como “My Arms, Your Hearse”, uma citação da letra da música “Drip Drip” do Comus.

Mikael Åkerfeldt

E foi assim que, na primavera de 2007, Glenn Goring recebeu um e-mail do grande amigo e promotor de shows de Mikael, Stefan Dimle, outro fã dedicado do Comus da Suécia. A formação clássica de “First Utterance” foi persuadida e entusiasmada de volta a uma reformulação totalmente inesperada, diante de todas essas movimentações, embora Rob Young tenha decidido não prosseguir para a fase de ensaio.

O marido de Bobbie Watson, Jon Seagroatt, foi convocado para ocupar o lugar de Rob Young e, em um curioso eco da introdução do próprio Rob no Comus, Jon aprendeu sozinho a tocar flauta e percussão especialmente para acompanhar a banda. Chris Youle e o gerente de turnê original da banda, Will Wittingham, também retornaram para ocupar seus cargos anteriores na Comus.

O Comus tocou ao vivo novamente pela primeira vez em trinta e quatro anos no Melloboat Festival de Stefan Dimle, em 9 de março de 2008 gerando um DVD registrando sua atuação eletrizante no festival. Você pode ouvir o álbum, lançado naquele mesmo ano de 2008, aqui pelo site do "bandcamp".

Em 2012, mais de quarenta anos depois do lançamento de “First Utterance”, o Comus lançaria o seu terceiro álbum de estúdio, “Out of the Coma” e que pode ser ouvida aqui. E neste álbum foi incluída a faixa histórica e esquecida da banda, “The Maalgard Suite”, uma versão ao vivo registrada em 1972. Um clássico do folk obscuro que, por ser uma música marginalizada, será sempre lembrada por ser arrojada e um soco na cara daqueles fãs de rock conservadores. 



A banda:

Roger Wootton nos vocais e guitarra acústica

Glenn Göring nos slides, guitarra acústica, guitarra elétrica, vocais e “hand drums”

Colin Pearson no violino e viola

Rob Young na flauta, oboe e “hand drums”

Andy Hellaby no baixo, “slide bass” e vocais

Bobbie Watson na percussão e vocais

 

Com:

Gordon Caxon na bateria (faixas 8 e 10)

 

Faixas:

1 - Diana

2 - The Herald

3 - Drip Drip

4 - Song to Comus

5 - The Bite

6 - Bitten

7 - The Prisoner 






"First Utterance" (1971











 




































sábado, 25 de janeiro de 2025

Alma da Terra - Alma da Terra (1982)

 

Anos 1980, Brasil. A cena “Brock” começava a despontar. Bandas como Paralamas do Sucesso, Titãs e músicos como Lobão e Lulu Santos, ambos ex- Vimana, despontava com suas músicas ao estilo new wave e pós punk se tornando uma febre da música no Brasil e deve-se muito a rádios como a Fluminense, sediada no Rio de Janeiro, mais precisamente na minha cidade, Niterói, que, de forma abnegada, divulgava seus trabalhos inaugurais que ganhava repercussão, tendo o carinho e interesse de alguns críticos musicais, programas de TV como do apresentador Raul Gil, por exemplo.

O mercado, ávido por “novidades” absorvia, sugava ao máximo essas bandas que, com a notoriedade faziam shows e mais shows tendo, como palco emblemático, o Circo Voador, também no Rio de Janeiro. Mas o mercado segmenta, é perverso, colocando a música em último lugar, afinal o rock brasileiro não se resumia a essa cena, apenas.

Muitas bandas que seguiam propostas menos ortodoxas à época, ou seja, aquelas que não executavam a tão falada new wave e pós punk, seguiam vilipendiadas, esquecidas, marginalizadas, perecendo sem quaisquer apoios, vivendo apenas da sua criatividade e persistência, um amor à sua música.

O que dizer do rock progressivo dos anos 1970 no Brasil? O que dizer do hard rock, do psicodélico? Não gozaram de credibilidade, caíram no mais escuro ostracismo, vivendo, como disse, da sua verdade e criatividade. O rock Brasil dos anos 1980 atingiu o êxito de um pseudo pioneirismo, de uma falácia ufanista, esquecendo de um período que desbravou o rock na sua gênese, inclusive. E nada ganhou, não teve sequer um reconhecimento até hoje!

O discurso pode parecer de vitimismo, mas é histórico. Estruturas de gravação aquém do esperado, obscuridade era a tônica. Mas convenhamos a influência de uma indústria fonográfica perversa e manipuladora poderia envenenar essas bandas e a ausência de apoio, por pior e mais inusitado que seja, foi bom, sob o aspecto criativo, mas comercialmente foi alarmante.

E eu não posso deixar de citar, já que mencionei a minha cidade, de Niterói, de uma banda oriunda dessa cidade que duvido que muitos apreciadores de rock n’ roll dessa cidade, que tanto colaborou e ainda colabora para o estilo, conheçam. Falo do ALMA DA TERRA.

Alma da Terra

Em breve vou tecer comentários mais detalhados do seu único álbum, homônimo, lançado em 1982, mas a banda certamente esteve deslocada do seu tempo, pois, predominantemente seu trabalho é calcado no hard rock setentista, com pitadas psicodélicas e de um belo blues rock. Como que uma banda, em pleno ano de 1982, ápice da new wave no mundo inteiro, inclusive, claro, no Brasil, vingasse? Culpa da banda? Culpa da cena? Culpa da indústria fonográfica? Tudo isso? 

Cabe aqui uma contextualização do cenário do rock àquela época, mas não é de meu desejo falar disso, mas dedicar tempo e linhas a essa seminal e rara banda brasileira e niteroiense. Até porque, até aqui, expus, de forma pessoal, as minhas opiniões acerca da new wave brasileira e do comportamento da indústria fonográfica, haja vista que se fez sucesso é porque tinha um mercado que consumiu essa música.

Mas voltando ao Alma da Terra a banda, quando foi formada, também gozou de alguma repercussão, pasmem, quando a “Maldita FM”, como também era conhecida a Rádio Fluminense, sediada em Niterói, no Rio de Janeiro chegou a divulgar seu álbum. O ponto positivo da rádio, inteiramente independente, era que tocava, sem maiores preconceitos, muitos álbuns e demos que eram entregues à rádio e assim o foi com outras bandas que não executavam a new wave, como o seminal Bacamarte, por exemplo, que, ao lançar seu debut, “Depois do Fim”, de 1983, que foi gravado em 1977, ganhou repercussão graças a rádio.

Contudo por mais que tenha sido independente, a Rádio Fluminense FM, acabou, instintivamente, segmentando seu som de acordo com os anseios de consumo do seu público dando destaque às bandas dessa new wave que culminou, com a participação de algumas delas em um novo festival, cuja primeira edição aconteceu em 1985, chamado “Rock in Rio”, dando alguma projeção, primeiramente às bandas participantes e as demais que beberam do momento.

O álbum “Alma da Terra” foi gravado e mixado no Estúdio da Sono-Viso do Brasil, no Rio de Janeiro entre os meses de dezembro de 1981 e janeiro de 1982, lançado em 1982 pelo selo Vento de Raio Produção Artística Ltda, com a produção de Toninho Barbosa e da própria banda, tendo também a banda no comando da direção musical e arranjos, mostrando que os jovens músicos à época já mostravam talento e competência e isso pode ser confirmado no álbum, na sua sonoridade.

A prensagem do LP ficou à cargo de Ivan Lisnik, da Polygram e a arte da capa ficou sob responsabilidade de Raul Varady, tendo ainda Sônia Regina no projeto gráfico e fotos da banda que figuraram no encarte do álbum. A banda trazia na sua formação Fábio Mattos Agra (vocal, guitarra, violão), Paulo Fernandes Martins (vocal, baixo) e Antônio Augusto Ventura (bateria). Das dez faixas compostas para esse único trabalho do Alma da Terra trazia a predominância da composição o vocalista e guitarrista Agra e o baterista Ventura, com Paulo Fernandes tendo uma tímida apresentação no processo de criação deste álbum.

O álbum transita entre o hard rock, a psicodelia, bebendo da fonte dos anos 1970, mas trazendo uma roupagem mais básica, diria até “moderna”. Pode parecer um tanto quanto contraditório, mas sim, é um rock n’ roll básico, porém vigoroso, cujo instrumental é direto e bem executado, ao mesmo tempo, mostrando uma incrível versatilidade e mesmo que esteja descolado do seu tempo, a banda conseguiu produzir um álbum que, de alguma forma, poderia atingir um público mais jovem e que não se aproximasse do hard rock setentista ou da sofisticação do rock progressivo.

E já que falei do instrumental, não podemos negligenciar os riffs de guitarra de Agra, com solos marcantes, acompanhado pela bela “cozinha”, com alguns momentos acústicos que nos remete, inclusive, ao folk rock. As letras são todas em português e bem elaboradoras trazendo temas sociais e comportamentais da época, mas que podem ser conduzidas a uma atemporalidade assombrosa. Outro ponto determinante pelo Alma da Terra ter figurado pouco nas FMs brasileiras pode ter sido exatamente o teor de suas letras, trazendo à tona temas poucos confortáveis para uma sociedade conservadora e podre.

O álbum é inaugurado pela faixa “Solto no Ar” que traz a “cozinha” como destaque, baixo pulsante e bateria pesada e marcada, com riffs que, pasmem, lembra um pouco o pós punk e a new wave. Mas o contexto é pesado e tem no hard rock como sustentáculo. Na metade da faixa corrobora isso, pois é pesada, chegando a ser agressiva, capitaneada também pela pegada áspera e dura da bateria. Os solos de guitarra de Agra surgem, logo em seguida, irrompendo no típico “hardão”.

"Solto no Ar"

Segue com “Vivença” que começa como um trovão, com destaque para um duelo arrepiante de baixo, cheio de peso e groove, e a guitarra com riffs pegajosos e pesados. A bateria segue marcada, mas discreta. Mas ela, ao longo de sua execução, vai ficando mais pesada, mais arrastada. O hard rock é o rei nesta faixa. Solos de guitarra trazem mais sofisticação e complexidade à música.

"Vivença"

“Prá John” inicia meio intimista, soturna, a guitarra com dedilhados vagos e estranhos. Irrompem em uma pegada mais discreta, mais leve, uma balada melódica e dramática. A letra melancólica corrobora a condição, mas a bateria, pesada e agressiva, dá um tom mais pesado, fazendo com que a música tenha algumas mudanças de tempo e assim alterna entre momentos súbitos de peso e de uma linda e sombria balada.

"Prá John"

“Tente mais uma Vez” é mais animada, dançante e solar. Remete ao rockabilly dos anos 1950 e algo como The Rolling Stones nos seus primórdios. Os riffs de guitarra se afastam do peso do hard rock setentista e estimula a qualquer um afastar o sofá e dançar e dançar e dançar sem parar. Baixo e bateria trazem a textura rítmica dos anos 1950, mas os solos de guitarra de Agra revelam um lado pesadão e a bateria segue a proposta com uma batida mais aguda e pesada também.

"Tente Mais uma Vez"

“Natural” começa meio contemplativa e pastoral, mas por pouco tempo porque o peso da seção rítmica apavora com um baixo pesado, tocado com raiva, bateria igualmente pesada, mas o vocal nos remete ao rock psicodélico, algo como uma tropicália eletrificada, um psych rock ácido e lisérgico. Música cheia de momentos e que pode cativar a todos os gostos!

"Natural"

“Cante Comigo” começa com a mesma proposta da faixa anterior, uma balada, com lindos dedilhados de guitarra em solos mais diretos, porém interessantes. E assim se mantém, linear durante grande parte da faixa, com a bateria em uma pegada mais leve, baixo acompanhando o ritmo. Mas o destaque ficaria guardado para o solo de guitarra de tirar o fôlego que fecha a música. Excelente!

"Cante Comigo"

“Cabeça Feita” traz de volta aquela pegada de rock dos anos 1960, lembrando The Rolling Stones, é dançante e animada. Uma faixa solar que tem um viés comercial e radiofônico bem evidente. Sem dúvida foi composta com a intenção de ser a música para divulgar o álbum. Os solos são igualmente animados que faz qualquer um dançar.

"Cabeça Feita"

Segue com “Anjos de Cristal” que volta com o peso e a agressividade do hard rock! Riffs pegajosos de guitarra, baixo pulsante e bateria marcada, mas com uma batida pesada. A “cozinha” ganha destaque nessa faixa. Vocal cheio de melodias, melancólico, sombrio, ancorados por um instrumental invejável. Eu costumo dizer que, músicas como essa, são de banda, porque todos participam e tem um protagonismo importante. Mas não podemos negligenciar, claro, o solo de guitarra. Uma das melhores faixas do álbum, sem dúvida!

"Anjos de Cristal"

A faixa título, “Alma da Terra”, vem com uma pegada bluesy, um blues rock volumoso, com uma pegada de rock psych, lisérgico, ácido que me remete a bandas da transição dos anos 1960 para o 1970, como Cream, Steppenwolf e o peso do Blue Cheer. O blues com o rock, com o hard rock. A bateria agressiva, o baixo com aquele groove, riffs de guitarra que pedem solos excelentes.

"Alma da Terra"

E fecha com a música “Não Morra de Susto” que entrega, logo de cara, um riff duro, áspero, sujo, de guitarra que irrompe em uma faixa veloz, pesada e agressiva que me fez lembrar de um belo heavy metal. A bateria, mais uma vez, ganha em destaque, pela batida pesada e agressiva. Baixo pulsante e guitarra com solos diretos, curtos e grossos. O heavy rock é a tônica dessa faixa. Intensa e arrastada, em alguns momentos, mostra o lado mais pesado do Alma da Terra nesse álbum.

"Não Morra de Susto"

Reza a lenda que o Alma da Terra já teria novas músicas compostas já para um segundo álbum e que, por algum motivo obscuro, o projeto do segundo trabalho não teria vingado. Mas a realidade nós sabemos o motivo pelo qual esse segundo álbum não teria sido lançado. O fato é que a banda produzia uma música totalmente marginal e que não seguia os interesses da demanda de mercado animada com a new wave oitentista.

Se de fato esse material novo existe claro que aos apreciadores do velho hard rock estariam ávidos por ouvir esse material. Mas infelizmente pouco se sabe também do paradeiro dos músicos e se eles ainda estão na ativa, trabalhando com música. Esse fator também seria determinante, além, claro, do interesse de alguma gravadora para registrar oficialmente esse novo e perdido trabalho. É preciso, também, saber onde estariam essas fitas para trazer à tona um novo trabalho do Alma da Terra.

Uma pérola perdida e que teria um potencial enorme para se ter uma longevidade na história do rock brasileiro. Um representante, mesmo que obscuro, fiel de uma cidade que sempre respirou o que sempre teve de melhor no período marginal do rock brasileiro, sobretudo dos anos 1970 e que até os dias de hoje, luta contra as “novidades” e modismos dos dias atuais. Alma da Terra, com seu álbum de 1982, mostra, com arrojo e personalidade, um tempo que foi vilipendiado com o que havia de verdadeiramente melhor da nossa música. Você pode fazer o download de "Alma da Terra" aqui. Ou se você quiser ouví-lo pelo YouTube clique aqui.


A banda:

Fabio Mattos Agra na guitarra, violão e vocal

Paulo Fernando Martins no baixo e vocal

Antônio Augusto Ventura na bateria

 

Faixas:

1 - Solto no Ar

2 - Vivença

3 - Pra John

4 - Tente Mais Uma Vez

5 - Natural

6 - Cante Comigo

7 - Cabeça Feita

8 - Anjos de Cristal

9 - Alma da Terra

10 - Não Morra de Susto






 



 










 





 











 




sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Grave - Grave 1 (1975)

 

Como conceituar valor? É mensurável? Quais os critérios que podemos utilizar para definir valor a um item, a um objeto? Parece ser difícil mensurar isso sem incluir fatores sentimentais a esse processo. O que pode não ter nenhuma relevância para você sobre um objeto antigo e simples, ao primeiro olhar, pode ser muito importante, porque tem um aspecto sentimental que está envolvido.

Mas também há outros fatores envolvidos e, para dar um exemplo a você, bom amigo leitor, vamos falar de música. Um blog como este que você lê, um álbum gravado em porão, um álbum gravado de forma totalmente “artesanal” pode, para muitos que apreciam as bandas que trafegam no mainstream, ser algo descartável, mas para este que vos escreve, traz uma relevância inigualável.

Evidente que apenas o aspecto histórico, a forma como o álbum foi concebido não é preponderante para se avaliar esses trabalhos, mas também a qualidade do som que foi produzido nele. Mas pode parecer para você que a produção ruim e deficitária acaba influenciando negativamente na qualidade musical, mas, em muitos casos, parece se tornar o “charme” dessas bandas de garagem.

A guitarra distorcida, as vezes tocada de uma forma tão ingênua, incipiente aos ouvidos mais apurados e exigentes, o som abafado, ruídos na gravação, pode ser um fator de incômodo para aqueles que apreciam uma sonoridade calcada na sofisticação na produção elevada, de qualidade.

Porém amigos leitores esses anos de blog que vem aguçando o meu interesse pelas bandas obscuras, vilipendiadas, esquecidas e que tem motivado o meu desbravar, está despertando, dentro de mim, uma predileção que eu jamais esperaria desenvolver: pelas bandas de garagem, pelas bandas que gravaram seus álbuns de uma forma muito “artesanal”, quase que caseira. Ou teria eu iniciado o meu interesse no meu caminho pelo blog? Confesso que não sei dizer se desenvolvi o amor por essas bandas e foi nascendo junto com a minha caminhada com o blog.

O fato é que essas bandas e suas circunstâncias de gravação de seus trabalhos estão no meu radar mais do que nunca e a cada descoberta o meu interesse vem se aguçando de uma forma muito, muito avassaladora. As histórias também contam como um fator predominante para essa predileção, afinal essa é a razão, a essência deste famigerado blog.

Essa introdução toda é para anunciar mais uma banda nesses “moldes” e que surgiu na Alemanha nos prolíficos anos 1970, década que foi um verdadeiro celeiro de bandas obscuras e raras que, se não lançaram um álbum nessas condições adversas, outras sequer conseguiram lançar seus trabalhos oficialmente. Falo da banda GRAVE.

Grave

O Grave foi formado na cidade de Bremen em 1970 e, como tantas outras bandas, não dispõe de tantas referências para pesquisa, sua história foi esquecida como a sua música. O pouco que se pode apurar é que a banda lançou apenas um álbum, em 1975, intitulado “Grave 1”. Reza a lenda que o Grave foi formado por adolescentes em um porão de uma casa de jovens, talvez um reformatório ou algo do tipo, em uma região, perto de Bremen, chamada Brinkum.

Algo pode ser considerado universal: aquele sonho de adolescentes, de jovens que, com o rock n’ roll, quer ganhar o mundo, ser o dono do mundo, fazendo shows, se apresentando em vários e grandes palcos e fazendo sucesso com a sua arte. Sabe aquela coisa, aquela inquietude da juventude em quere fazer algo, então vamos fazer e que nada os fará parar. É mais ou menos isso, o prazer de fazer música sem se preocupar se irão tropeçar.

E os garotos? Vou apresentá-los! Aqueles que gravaram “Grave 1” foram: Lutz Wowerat na guitarra e vocais, Wolfgang Kiesler na guitarra, Günter Wendehake no baixo e Klaus Moritz na bateria. Devidamente escalados, agora vamos tentar falar um pouco de seu único trabalho, lançado em meados dos anos 1970, mais precisamente em 1975.

“Grave 1” foi lançado, no formato LP, pelo selo Sound Record com uma edição limitadíssima de 100 cópias, pasmem! Imaginem se uma dessas cópias estão disponíveis no mercado para venda. Quanto valeria uma pérola como essa atualmente? Não duvido que saia por centenas de euros!

Para você, bom amigo leitor, ter uma noção do quão difícil foi para esses jovens gravar esse álbum, sem nenhum apoio, “Grave 1” foi concebido com um gravador primitivo e usando apenas dois microfones para captar o som, captar e produzir as seis faixas que compõe esse trabalho do Grave. Une as condições adversas de produção e a baixíssima quantidade de cópias, não seria um exercício difícil entender o futuro da banda, mas disso falaremos depois, porque agora falemos de “Grave 1”.

“Grave 1” traz aquele “rock de garagem”, com simplicidade, com uma pegada calcada no hard rock com viés psicodélico, com guitarras lisérgicas e distorcidas, com uma pegada pesada na seção rítmica e alguns momentos de rock progressivo. Era o que se fazia em meados dos anos 1970 na Alemanha, música pesada, psych rock e rock progressivo.

O álbum é inaugurado com a faixa “Morning Sun” que, ao dedilhado da guitarra, em uma atmosfera sombria e soturna é encorpada por uma bateria suave em uma batida marcada e um baixo razoavelmente pulsante, seguindo basicamente o “humor” da música. Os vocais seguem na mesma linha: soturno e estranho. A faixa é psicodélica e determinados momentos te remete ao krautrock em seus primórdios. Quando se encaminha para o seu final ganha mais velocidade, um pouco mais de peso, com destaque para a “cozinha”, com a bateria mais pesada e o baixo marcante.

"Morning Sun"

“Imitations” começa como a faixa anterior: sombria, tocada em um tom abaixo, como se estivesse abafada, como se a música personificasse um estado de espírito de uma pessoa deprimida, envolta em sombras. Diria ser um exemplo fiel de uma faixa de occult rock em uma mescla de psych e um hard rock. Guitarras lisérgicas, vocais dramáticos.

"Imitations"

“The Hunter” se difere em sua introdução e começa mais pesada e direta. A bateria conduz a proposta da música e é tocada de forma pesada e logo entra os solos lisérgicos de guitarra e o baixo dando um “tempero” mais hard ainda à faixa e envolto a tudo isso tem um vocal mais rasgado, alto, regendo a essência da música e que, em alguns momentos, percebe-se gritos, algo mais teatral. Percebe-se na faixa algumas mudanças de ritmo, a veia mais progressiva se faz mais presente, com direito, entre uma e outra “camada” de som, um solo bem interessante de baixo.

"The Hunter"

Segue com “Ohrwum” que retoma aquele clima mais sombrio e o destaque fica para a guitarra que, além de dedilhados, traz também uma veia mais bluesy, solos mais ao estilo The Doors, límpido e bem executado. A bateria segue o mesmo compasso e entrega o lado mais encorpado da música.

"Ohrwum"

“Please Gunter Play The Bass” é viajante, inebriante, que remete ao krautrock, com uma pegada mais experimental tendo a guitarra como regente. Logo entra o baixo que, em um solo lindo, entrega a versão mais pesada da faixa, entrando a bateria pesada e marcada e um vocal mais alto cheio de groove. E assim surge a sequência mais pesada da música. O “aparato” instrumental é bélico, é pesado, é dançante, é solar.

"Please Gunter Play The Bass"

E fecha com a faixa “Little Giant” que começa ao estilo meio rockabilly, algo como um country music recheado de ácido, de lisergia, que vai ganhando em groove, o baixo é tocado com muita qualidade, é igualmente dançante. A psicodelia trafega por essa música e ganha intensidade com solos de bateria e guitarras ácidas, meio blueseiras.

"Little Giant"

Após o lançamento do álbum o Grave, mesmo com muitas dificuldades para a promoção de seu “Grave 1”, seguiu sua trajetória, com alguns shows esporádicos, até 1980 quando se dissolveu. O fim da banda era inevitável, não pela falta de sua qualidade sonora, mas pela falta de divulgação e até mesmo pela inexperiência de seus jovens músicos que não souberam gerir a banda e seus interesses.

Mas depois de um longo hiato de quase nove anos parado o Grave retorna em 1989 e é reformulado. Entraria na banda a vocalista Anke Meyer e o baixista Thomas Lamp, mas não vinga, não conseguiu dar sequência, mas deixaria apenas quatro músicas gravadas. São elas: “Father Dead”, “Get Out Of My Life (Imitations II)”, “Death Driver” e “Out of Sight”.

 Inclusive, para a nossa alegria, essas músicas, juntamente com as faixas de “Grave 1”, seriam relançados naquele mesmo ano, 1989, o que, de certa forma teria motivado o retorno da banda, porém sem êxito, por um selo alemão (“Not a Label”). Em 1994 novo relançamento, agora em CD, pelo selo Penner Records com sete faixas e outro relançamento, em 2003, também no formato CD, pelo icônico selo alemão Garden of Delights com as faixas gravadas e lançadas em 1975 e as faixas de 1989.

"Grave 1" com as quatro faixas gravadas em 1989

Apesar de todas as adversidades, de todas as condições difíceis de gravação e difusão do álbum o Grave deixou um trabalho interessante, calcado em hard psych com viés progressivo e experimental, mostrando que, mesmo diante das complicações, jovens músicos conseguiram imprimir um som arrojado e importante para o seu tempo. E com isso nos faz refletir que nem tudo que reluz é ouro e não se pode, em momento algum, julgar o livro pela capa. Pérola mais do que recomendada.




A banda:

Lutz Wowerat na guitarra e vocais

Wolfgang Kiesler na guitarra

Günter Wendehake no baixo

Klaus Moritz na bateria

 

Faixas:

1 - Morning Sun

2 - Imitations

3 - The Hunter

4 - Ohrwurm

5 - Please Günter Play The Bass

6 - Little Giant




"Grave 1" (1975)